domingo, 31 de julho de 2011

TER FORÇA NA EUROPA aljubarrotismos…
NUMA ENTREVISTA DADA por Cavaco Silvam dias atrás, o Presidente referiu-se ao “casamento” que se está a verificar entre a Alemanha e a França e que tem conduzido a que os pontos de vista dos dois países se juntem no que diz respeito ao caminho da Europa, que dizem ser de 27, pelo que as suas vontades são as que mais força têm no conjunto e que os seus interesses, nem sempre condizentes com os da maioria, são defendidos com a força de uma Senhora Merkel e de um Sarkosy que já não têm nada a ver com o que foi a Europa da Guerra a que bastantes de nós ainda tiveram ocasião de sentir os efeitos.
Pois o nosso Presidente da República, estando consciente da importância dessa comunhão franco-germânica, não faz o que pareceria mais adequado e que seria o encaminhamento, pelo menos pela formação de um ponto de vista, de existir uma unidade semelhante no que diz respeito ao que, pelo menos geograficamente, se pode considerar como a mais natural: a da formação de um enfrentar, de braço dado, de dois países que se situam lado a lado na ponta oeste do Continente europeu.
É evidente que os tratados de ordem económica, social e política, sobretudo esta, têm de ser iniciados e subscritos pelos governos e só raramente pelos chefes de Estado. Sobretudo nas Nações, como é a nossa, em que as Constituições estabelecem limites à actuação das figuras que têm o lugar mais cimeiro na escala do Estado. Mas não se pode negar que o exemplo, a palavra e a conduta das figuras do topo, e, no caso das Monarquias, até os próprios Reis e Rainhas, constituem uma formação que os políticos partidários sempre levam em alguma linha de conta, ainda que nem sempre sigam as directrizes que são originárias de quem, como é nosso caso, se situa no Palácio de Belém. Mas que, as teses oriundas desses pelouros, especialmente se são proclamadas em público, se as populações mostram alguma tendência para as aceitar é evidente que alguma força alcançam, obrigando, pelo menos, as forças situadas no Poder a colher ou a recusar aquilo que surge da área presidencial, mas, seja como for, a tomar uma posição. Na ignorância é que não permanecem.
Continuando fiel à tese que eu defendo há muitos anos, já desde a vigência do anterior regime, até com uma coluna semanal, no velho Jornal do Comércio, com o título genérico de “Campanha para uma criação económica luso-espanhola”, que acabou por ser proibida pela Censura e me colocou numa posição difícil, com a perseguição e suas consequências feitas pela PIDE, não encontrando até hoje controvérsia convincente para que nos mantenhamos da posição de isolados na ponta da Europa, não posso mudar de opinião, especialmente quando tão necessária é a formação de um núcleo de interesses por parte de mais do que participante na antiga CEE, sendo o ideal que não se fique apenas por grupos isolados, dado que, como se tem verificado e não se encontra à vista que a tal união europeia venha a ser uma realidade, como os seus fundadores preconizaram anos atrás, os exemplos que surjam dentro deste espírito só poderão ser da maior utilidade para a Europa que se deseja. E, obviamente, não é por agrupamentos saídos de uns tantos pares de nações que a unidade se constitui, mas, por algum lado se deve começar e o caso franco-alemão maior atenção deveria despertar para que, neste extremo europeu, se seguisse o exemplo.
Mas o tema, nas minhas teses, é já suficientemente conhecido. E a falta de discussão sobre a sua aplicação na prática, o desinteresse que se verifica por cá, e vem desde a época salazarista, dão mostras de que o velho “aljubarrotismo” se mantém e, tudo indica, será necessário deixar passar algumas gerações e, nesse caso, provavelmente cada vez mais nos enterrarmos na falta de um programa que nos retire da posição em que vivemos deste a nossa fundação como País.
Haja quem se quem se mentalize de que é mais do que tempo para sermos, de facto, EUROPEUS…