quarta-feira, 30 de novembro de 2011

VERGONHOSO

Eu olho envergonhado em meu redor
Não encontro resposta p’ro que vejo
O mundo estava mal, mas está pior
É o que penso, digo-o sem pejo

O Homem faz guerras, uma vergonha
A inveja atingiu um grau maior
O ambiente está uma peçonha
Não se consegue ir para melhor

Envergonho-me, sim, do ser humano
Tratou-se por certo de um engano
Não foi para isto que foi criado

Assim, tenho de achar vergonhoso
E não poderei encontrar repouso
Se não se emendar o que está errado






DESENCONTROS DE FUTEBOL E...

O QUE OCORREU NO ESTÁDIO DO BENFICA, com a destruição pelo fogo de uma parte das bancadas onde se encontravam os adeptos do Sporting, esse mau comportamento não pode ser aprovado por ninguém, seja qual for o clube da sua preferência. E vale a pena chegar a uma conclusão sobre os causadores de tamanha demonstração de irresponsabilidade, para que se não voltem a repetir actos dessa natureza.
Mas, mesmo sem apurar concretamente que mãos criminosas foram as causadoras do sucedido, vale a pena parar para reflectir o suficiente no que diz respeito aos responsáveis pelas direcções dos grupos de futebol que, frequentemente, aparecem a prestar declarações perante as câmaras televisivas.
De uma maneira geral – é triste, mas é o que se contempla -, essas figuras que dão mostras de quererem ser figuras mediáticas, o que revelam é que são personalidades com baixa dose de instrução, e especialmente com diminuta consciência daquilo que afirmam e da responsabilidades que lhes cabe no capítulo da condução de milhares de pessoas que seguem fanaticamente os clubes de que são sócios.
Fazendo uma passagem de memória sobre essas figuras cimeiras que tanto gostam de demonstrar a sua inferioridade, que eles julgam ser de enorme superioridade, não me salta à ideia nenhuma que sobressaia no bom sentido e que possa merecer um mínimo de apreço face ao seu razoável comportamento.
O do Benfica, por exemplo, que nem sequer sabe olhar de frente para os técnicos das câmaras, fazendo sobressair uma vaidade que não se entende de que é que o homem terá orgulho, o que lhe sai pela boca são palavras sem sentido e não sendo capaz de atrair a simpatia dos clubes adversários, como foi agora, em que deveria ter prevenido os acontecimentos e transferido para outro encontro menos severo a inauguração da rede que salvaguarda os arremessos para o campo do jogo, mas que, pelos vistos, transmite para o espaço reservado as iras dos espectadores que, segundo dizem, nem sequer tinham à disposição os serviços de higiene que são indispensáveis a quem assiste a um espectáculo. E depois do acontecimento, mesmo com toda a razão que lhe assistisse pelo prejuízo que o sucedido provocou, o que lhe competia era procurar aproximar-se do responsável seu igual do clube que, por sinal, até perdeu a partida, e procurar um relacionamento que não enfurecesse ainda mais todos os adversários, isso em vez de ameaçar com o corte de relações com o outros clube. Era difícil, registo, mas quando se ocupa um lugar que obriga a actuar de maneiras diferente da reacção pessoal, tal passo que daria o presidente do Benfica só cairia bem na opinião pública.
Já no que se refere ao congénere do Sporting, o que deveria fazer o detentor desse clube era pedir desculpa pelo comportamento dos seguidores da sua bandeira e declarar publicamente, como fez mas sem grande convicção, no capítulo não só dos prejuízos que se verificaram mas também e especialmente quanto ao rancor que se verificou por parte de gente que, obviamente, não era apreciadora do clube hospedeiro, mas que teria que ser condenada perante toda a assistência, a pessoal e a televisiva.
E, já agora, poderei referir aqui o comportamento permanente de um outro responsável por um clube nortenho, o Futebol Clube do Porto, que parece ter sempre um enorme prazer em não esconder o seu desagrado perante todos os outros agrupamentos futebolísticos, sejam eles quais forem, e se se tratarem de clubes com poder suficiente para enfrentarem o “seu” Porto ainda pior, em que as afrontas de que parece gabar-se, sempre mordazes e conflituosas, para não dizer ofensivas, serão escolhidas antecipadamente. O tal Pinto da Costa não entendeu ainda, provavelmente até pela espécie de “paixão” que os seus sequazes lhe dedicam, em que o seu comportamento não o pode colocar como pessoa bem educada e não conflituosa.
É este afinal o panorama que se verifica no ambiente desportivo do nosso País, pelo que, desta forma nem é de estranhar que as chamadas “claques” utilizem meios tão vergonhosos no comportamento em público, seja dentro dos campos ou durante as viagens que realizam a caminho e no regresso dos campos dos adversários.
Eu sei que se tratam todos de seres humanos e que, por isso, não são capazes de evitar os desaguisados que, ao fim e ao cabo, nem se justificam porque em nada acrescentam de valioso ao nome que transportam e que devem defender. O homem é, em muitas ocasiões, o pior representante do bom senso e de um comportamento exemplar. Aqui verifica-se na área do futebol, como nos momentos das greves, das manifestações ideológicas e nas reclamações contra qualquer coisa que lhe desagrada, mesmo que tenham início esses gestos de insatisfação só com palavras de ordem, o seu fim bastantes vezes passam a ser de destruição de valores, como montras, automóveis, armazéns de alimentos e de outros bens, porque a raiva que reside no interior de cada um, quando esse vê acompanhado de uma multidão que esconde os seus gestos, não é capaz de ter tento nas acções que pratica.
Que remédio há para esta situação? Não conheço nenhum que assente no pedido de contenção por parte das autoridades, especialmente as policiais, pelo que os empurrões iniciais se transformam em cacetadas e o que até agora no nosso País não passou de umas leves escoriações, de palavrões e pouco mais do que isso. Mas, cuidado, é assim que começam todos os conflitos que, por esse mundo fora, têm lugar, até porque existem activistas estrangeiros que aproveitam essas ocasiões para largar o seu veneno

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A FAMÍLIA

A sua
a exemplar
satélite como a lua
conhecendo o verbo amar
e girando em redor
então se for bem amiga
sendo grande é melhor
estando pronta a ajudar
não recorrendo à briga
até se não concordar
essa é a desejável
a que todos bem precisam
é a única aceitável
os seus membros fraternizam

Mas se não é isto que passa
se é grande a indiferença
se a amizade é escassa
e a relação é mesmo tensa
nesse caso é preferível
fora de portas tentar
gente que seja sensível
p’ra receber e p’ra dar
amizade simples e pura
sem ser preciso pedir
tê-la é uma ventura
apetece bem sorrir

Se o mundo é uma família
aí está um mau exemplo
andar sempre em vigília
a defender cada templo
porque se a fraternidade
em cada um existisse
não haveria maldade
nem tão pouco malandrice

COMPANHIA

COM O TEMPO QUE VAI PASSANDO, o aparecimento de companhia na Europa de países que também necessitam de recorrer a empréstimos externos para poderem aguentar-se neste mar de dificuldades, esse panorama, estando previsto há já alguns meses, já não provoca grande espanto por parte do resto dos parceiros da Comunidade. A Itália era apontada como vindo a ser uma próxima “pedinte” de fundos que a governação de Berlusconi terá provocado com a sua actuação pouco recomendável. E lá se puseram a postos os dois governantes do centro da Europa, Angela Merkel e Nicolas Sarkosy que, sendo eles os detentores das decisões em nome da Zona Euro, deram a sua “aprovação” para que FMI e o BCE dispusessem de 600 mil milhões de euros para tentar salvar a nação, já com novo primeiro-ministro, Mário Monti, a tomar conta do leme.
Por aqui se vê a diferença que existe entre o que se necessita na terra dos grandes cantores e o que foi considerado como bastante, o que nos calhou a nós receber: 170 mil milhões de euros.
Mas o maior risco existe sobretudo na possibilidade de se estar a caminho do fim do euro, o que, por muito que existam defensores desta medida, a ser assumida pela totalidade dos parceiros, dos 17 que fazem parte da zona euro, não se sabe que consequências isso terá na confusão que passará reinar no nosso Continente.
Por cá, o Executivo de Passos Coelho, com aspecto de estar a navegar num mar que desorienta os seus passos, ao constatar que os dinheiros públicos continuam escassos, não obstante o nosso endividamento progressivo, está a fazer aquilo que passa com todos nós: vão-se os anéis e ficam os dedos, o que, por outras palavras, representa as vendas que se procuram fazer de tudo que possa fazer aumentar as verbas nos cofres públicos e nesta altura. os imóveis que sobram por não necessários e que são pertença do Estado, estão a ser leiloados para obter, do quem dá mais, alguma coisa que possa servir os encargos que não desaparecem assim de repente.
E fico-me por aqui. É triste chegar-se a uma situação destas. Mas, enquanto se puder usar o que até nem faz grande falta, pois que se venda. E, neste particular, há muitos activos e bem valiosos que o Estado poderia negociar, só se esperando que o faça com cabeça e sem a intervenção dos tais intermediários que, nestas situações, logo aparecem e… de que maneira!
Um dia deste faço aqui uma lista do que, valendo muito dinheiro, bem se poderá transformar em fundos para o Estado.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

PACIÊNCIA

Sem ela não se consegue
atravessar existência
p’ra ter uma vida alegre
é preciso paciência
mesmo muita
Tê-la sempre bem presente
e não perder o controlo
porque muito que se sente
provocará grande dolo
dor fortuita
O contrário de tal dom
é, bem sabemos, a ira
isso não é de bom tom
não há ninguém que a prefira
inconstante
Conseguir aguentar
é algo que tem ciência
obriga muito a pensar
recorrer à paciência
que brilhante
Alcançar ser paciente
com aquilo que irrita
transforma ateu num crente
destrói a vida aflita
milagre é
Mal sofre quem não atinge
defesa do irritante
se não é verdade fing
tê-la em dose bastante
mesmo ao pé
A ira só causa dano
sem dar razão a quem tem
é como sujar um pano
sem proveito p’ra ninguém
paciência
O melhor é não ligar
aos que só fúria provocam
é passar e não parar
sem choros que só chocam

PACIÊNCIA

AGORA, QUE JÁ TEMOS CONHECIMENTO dos resultados, quer da nossa candidatura em colocar o fado na posição justa e confortável de património da humanidade e que, pelo menos nesta fase, o Sport Lisboa e Benfica venceu o seu adversário de sempre, o Sporting Clube de Portugal, talvez reste algum espaço para analisarmos serenamente o que se passa à nossa volta e que tem a ver com a vida que nos é deixada viver.
De uma coisa não nos podemos furtar e essa é a de estarmos sujeitos às decisões dos governantes que se encontram na altura, neste momento a união do PSD e do CDS. E não servindo de nada optarmos pelo apoio a um partido situado na oposição, seja ele qual for, aconselha-nos o bom senso a não discutir o que o Executivo decide, pois que a situação bem difícil em que a nossa economia, as finanças e o ambiente social se encontra não será a mais apropriada para criarmos obstáculos às eventuais atitudes positivas que surjam no panorama político nacional.
Podemos não concordar e muito menos assinarmos por baixo quando constatamos que as tomadas de posição dos homens que têm a seu cargo, fruto de uma votação que ganharam, não será a mais acertada, mas será mais eficiente pregarmos rasteiras ao Executivo, fazendo-o tropeçar e, com isso, gastar mais dinheiro público sem qualquer proveito, ou, mesmo fazendo entoar o mais alto possível a nossa reprovação, para que possa existir a eventualidade de arrepiarem caminho, e, nesse caso, ainda se poder remediar o pior?
Refiro-me, com esta pergunta, às convocações de greves, especialmente as classificadas com a denominação de gerais, que paralisam o País, este que no aspecto da produtividade se situa numa tabela excessivamente baixa, e que, vistos bem os resultados, só servem para aumentar ainda mais o prejuízo que se verifica nas contas públicas do dia-a-dia deste nosso Portugal, visto que se não conseguimos diminuir as importações e aumentar substancialmente aquilo que deveríamos produzir (se existisse uma máquina verdadeiramente activa na área da produção – que me desculpem a redundância), o caminho que nos espera e está já bem à vista é o ficarmos cada vez mais endividados e a continuarmos a recorrer aos empréstimos que conseguirmos obter de fora, os quais não são infinitos e chegará um dia em que as portas se encontrarem totalmente fechadas e passar a ser ainda pior o estado deplorável em que já nos encontramos.
Perante esta catástrofe não haverá paciência que resista e, nessa altura, como, de resto, está a suceder em muitos pontos do mundo e mesmo na Europa a que estamos ligados, apesar de sermos considerados como “revolucionários pacíficos”, nunca se sabe até que ponto é que se resistirá aos impulsos de revolta que, basta haver uma ponta inflamada, para logo se formarem ondas de destruição maldosa. Com o arrombar de montras e as invasões de supermercados e outros estabelecimentos que não servem para alimentar as populações famintas.
O que ocorreu ontem, no campo do Benfica, em que, acabado o encontro de futebol e já passado até um período largo, começaram a arder as cadeiras que tinham servido de acento aos furiosos pelo Sporting, isso é bem um exemplo de que há sempre os atiçadores de manifestantes que estão preparados para “incendiar” as cabeças dos grupos tidos apenas como reclamantes de boca.
É que razões para que os portugueses sintam uma revolta por assistirem às indiferenças (ou incompetências) das autoridades perante casos que merecem uma intervenção judicial e um castigo severo aos causadores de percas enormes de fundos públicos, devido – não se sabe bem – a falta de capacidade para governar ou, pior ainda, ao aproveitamento das circunstâncias para meterem ao bolso vultuosos valores, tidos como comissões ou outros roubos, tudo o que provoca também a necessidade de aumentar impostos, pois que reduzir os gastos do Estado é atitude que bastante desgosta aos que têm nas mãos o fazer uma coisa e outra, motivos desse tipo, repito, não rareiam.
É tudo uma questão de tempo para se verificar se, perante uma Europa que já se pode considerar como uma vergonha no campo da solidariedade humana, pois que não consegue que os diversos líderes dos 27 países da Comunidade ou mesmo os 17 da adesão ao euro dêem as mãos e façam tudo para que se forme uma união completa do interesse básico que é o de se defenderem uns aos outros, por este andar basta começar o distúrbio popular num dos parceiros para, isso sim, logo se pegar aos restantes, visto que a união para o bem esse não é viável, mas a junção de revoltosos, como uma sarna peganhenta essa se alastrará sem fronteiras que as travem.
Avisos não faltam. O que não se vislumbra é o bom senso que, seja qual for a língua em que se empregue, parece ter desaparecido dos dicionários.
A paciência tem limites e, anos mais tarde, os historiadores contarão o vergonhoso acontecimento da desunião que reina neste Continente que poderia ser exemplar.
Antes de terminar apenas repito aquilo que tem tenho defendido há imensos anos e que, nesta altura, mais se justifica que se crie: que os dois países da Península Ibérica, num exemplo de humildade e de bem-fazer, surjam unidos abertamente perante todos os parceiros europeus e, tal como a França e a Alemanha que fazem o seu jogo que poderia ser mais útil à causa, clamem por uma unidade bem estruturada e batam a todas as portas dos outros membros na tentativa de os alertar para o grande mal que está a romper e que marcará o fim de um ideal que possuía à nascença todos os ingredientes para constituir uma verdadeira força d e estados unidos.
Ainda haverá um pouco de paciência para que este passo possa ser dado. Mas não será por muito tempo!

domingo, 27 de novembro de 2011

A ILUSÃO

Ter ilusão sempre ajuda
a vencer o dia-a-dia
ir pensando na taluda
provoca muita alegria

Viver uma vida inteira
a manter tais esperanças
é colocar feiticeira
num jardim só de crianças

Mas na falta de melhor
esperançoso ajuda
pois olhando ao redor

E vendo que nada muda
já serve seja o que for
esperança nos acuda

FADO, FUTEBOL E FÁTIMA

VOTA-SE HOJE em Bali, na Indonésia, se o fado vai ou não ser considerado como património universal e a esperança de que seja favorável a nossa adesão tem levado a que as estações televisivas se tenham empenhado com o anúncio e, por isso, difundido várias das interpretações de diversos cantores portugueses. Ainda bem.
Eu, por mim, confesso, de resto como faço sempre que tenho que expressar a minha opinião: na idade quando comecei a sair à noite sozinho, fui frequentador das casas de fado, aproveitando as companhias que me davam importância suficiente para me sentar às suas mesas; logo a seguir e interessando-me pelo jazz, por influência de um companheiro de escola que foi o grande impulsionador desse tipo de música, Luís Villas-Boas, colaborei na fundação do Hot Clube de Portugal, tendo-me calhado até a mim descobrir, por acaso, a cave onde se fixou a sede da instituição que ainda hoje existe. Depois disso e já me encontrando eu a palmilhar as letras, se guindo a carreira de jornalista, amante como sempre fui da boa música clássica, já que não pude, como tanto gostava, seguir aquela onda e pelo que fui aluno na Academia dos Amadores Música, com aulas de solfejo do Padre Tomaz Borba, desliguei-me desses dois estilos musicais e, nesta altura, de repente regressei a redescobrir o nosso fado lisboeta, e faço-o hoje com tanto empenho e prazer que me condói o afastamento que se produziu em mim ao longo de tantos anos.
Dito isto, que é o menos importante do acontecimento, acolho a notícia da candidatura do fado lisboeta a canção universal com verdadeiro empenho, tendo de saudar os autores desta iniciativa que, numa altura nada entusiasmante da vida portuguesa, se tenham dedicado a esta tarefa. Serve, no mínimo, para tentar unir a maioria dos compatriotas que, por razões bem compreensíveis e torturantes, se encontrem dispersos em pensamentos desmotivadores de tudo que constitua uma atitude gloriosa de Portugal.
Suponho que só pelo fim do dia é que se tomará conhecimento do resultado da votação, mas, nesta altura em que escrevo, ao fim do dia, já se conhece que o Benfica saiu vencedor do encontro com o Sporting, dois clubes rivais que, também eles, afastam os partidários das respectivas equipas dos pensamentos relacionados com as pesadas dificuldades financeiras que as circunstâncias que atravessamos nos impõem.
Verdade seja que, apesar do dinheiro estar cada vez mais escasso nos bolsos dos portugueses, para este tipo de espectáculos sempre se vai arranjando para pagar os bilhetes de ingresso e, se for caso disso, no final os vencedores dêem uma volta com os amigos e correligionários a tomar uns copos.
Vem muito a propósito recordar aqui uma frase que indiciava o espírito dos portugueses, a qual, segundo se diz, vem do tempo do Salazar: fado, futebol e Fátima, será o trio que constituía, em resumo, preocupações dos portugueses. As duas primeiras servem para distrair a população e a última, Fátima, tem serventia para os que têm a sorte de manter a fé, fazendo votos para que a situação terrível que ocorre no nosso País acabe o mais depressa possível.
Quanto a esta última esperança a coisa é bem mais difícil de alcançar, pelo que o conservarem-se o fado e o futebol pode constituir uma boa ajuda para que se aguente algum tempo mais. Mas não será muito!

sábado, 26 de novembro de 2011

DAR DE BEBER À DOR

Tanto brinca o nosso povo
usa as palavras de cor
como a galinha e o ovo
não se sabe com rigor
onde começa o dito
o que se usa a eito
na fala ou no escrito
que larga sem preconceito

Essa do caixão à cova
diz-se a quem está na penúria
depois de uma grande sova
já não resolve ter fúria
antes ainda podia
deitar uma mão ao caso
já não sofria agonia
de partir fora do prazo

Essa de p’ra cova ir
saindo doutro buraco
é caso para carpir
dando assim parte de fraco
é que o caixão também serve
p’ralimentar a fogueira
p’ra que nada se conserve
e não reste nem caveira

Da cova eu não preciso
faz-me perder o juízo



JUSTIÇA À PORTUGUESA

NEM SEI SE VALERÁ A PENA insistir neste tema que, sendo da maior importância para que o nosso País se liberte das algemas a que está sujeito, não se vê forma de solucionar o que se arrasta ao longo dos anos, mesmo de décadas, e que atormenta o nosso País sem se conseguir afastá-lo de vez da nossa existência. Refiro-me, está bem de ver, à triste função da Justiça que, por cá, constitui mais um empecilho em lugar de ser, como devia, uma forma de solucionar os problemas que o Homem causa, pois que onde um ser humano mete a mão já se sabe que provoca alguma trapalhada que não é capaz de resolver.
A Justiça em Portugal tem andado, há muito tempo, talvez séculos, distante de uma actuação que se possa considerar como “justa”, e as razões dessa falta de empenhamento, sendo conhecidas, sobretudo pelos elementos que participam no sistema, nem por isso é conseguido o desejável, que é, acima de tudo e simultaneamente com a aplicação correcta das leis, a anulação da sua demora em actuar, pois que ela não deixa que a tal justeza funcione.
No Congresso dos Advogados, que teve lugar na Figueira da Foz realizado no último fim de semana, e em que se assistiu a uma zanga que envolveu sobretudo a ministra da pasta, Paula Teixeira da Cruz, o bastonário da Ordem, Marinho e Pinto, o Procurador da República, Marinho Pinto, estes principalmente dado que a maioria de profissionais que esteve presente não interferiu muito na contenda, pois nessa reunião as palavras da pertencente ao Governo não caíram bem, em particular ao responsável pela Ordem.
Não interessa aqui focar o fundo do desacordo que, até em certa ocasião, deu azo a que a ministra tivesse deixado a sala, no primeiro dia em que se realizou o Congresso. sexta-feira, logo após o discurso que pronunciou, não regressando para ouvir as intervenções que ali tiveram lugar e que ocasionaram que fossem concluídas 420 propostas aprovadas pelos congressistas.
De entre as decisões votadas conclui-se o mesmo que, já antes, em na altura em que era bastonário o advogado Rogério Alves, mereceu a aprovação dos participantes, mas que, como é notório, não entraram em vigor até hoje. Trata-se da não permissão que deputados, jornalistas, padres e todos os titulares de órgãos de soberania, Acumulem essas funções com a actividade de advocacia, sendo consideradas totalmente incompatíveis. Nem é preciso registar o que toda a agente sabe: que em todas essas profissões se verifica existirem advogados.
É isto o nosso País e em todas as actividades se verifica a mesma forma de enfrentar os problemas e de não tomar a iniciativa de os resolver. Damos sempre a volta em redor das situações e enchemos páginas de prosa que acaba sempre no mesmo no mesmo sítio: no cesto de papeis.
Aquilo que os portugueses que não exercem a profissão de advogados desejariam ver, neste caso do atrofiamento em que encontra a Justiça nacional, era tomadas de posição frontais e claras, medidas que se iniciassem logo a ser tomadas e que não servissem apenas para desafogos verbais que merecem aplausos dos assistentes mas que, ao saírem portas fora, não são mais recordadas.
Nenhum Estado de direito, não existe um país democrático que consiga fazer valer as suas medidas de actuação e seja completamente aceite pelas populações, essas, também formadas por seres humanos que, como é sabido, procuram sempre escapar das leis formadas para se viver em liberdade, igualdade e fraternidade.
Este assunto merece a maior atenção, a mais profunda reflexão e, acima de tudo, uma absoluta isenção de preconceitos que levem a que as decisões finais sejam concretizadas na prática.
É isso que, nesta área como em muitas outras, eu, os da casa, não sou capaz de levar a cabo. Falta-nos coragem, termos receio de vir a sofrer mais tarde as consequências das medidas em que participamos para serem efectuadas, numa palavra, a cobardia comanda a acção daqueles que, tendo nas mãos a possibilidade de pôr em movimento as mudanças que se impõem, pelo que mais vale ficar tudo como está…
Que a ministra da Justiça actual, e até por ser mulher, tenha a capacidade para, saindo da sala ou lá se mantendo, leve a cabo aquilo que é preciso para que nada fica na mesma. Eu, por mim, apoio-a…

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

FADO TRISTE

De onde vens tu, ó fado
e como apareceste ?
Caíste bem no agrado
e como sobreviveste ?

Terão sido os muçulmanos
que p’ra cá te arrastaram
com os ventos africanos
se foram mas te deixaram ?

A guitarra portuguesa
que nunca falta no fado
alguém terá a certeza
como veio, de que lado ?

Com as dúvidas que temos
e só com suposições
a verdade é que soubemos
fazer bonitas canções

Muito chorosas é certo
sobretudo as mais antigas
porque eram o excerto
de amores perdidos, intrigas

E até como o flamengo
bem trinado com a voz
tinha ares de mostrengo
só merecedor de dós

Na cidade de estudantes
Coimbra tradicional
surgiram os praticantes
de um fado não igual

Mais galante, amoroso
cantado às raparigas
esse fado bem baboso
manda o estudo às urtigas

Mas o fado de Lisboa
cantado pelas vielas
nos ouvidos ‘inda soa
mesmo sem usar chinelas

Com os anos foi mudando
os poemas melhorados
foi-se até marquesando
nos salões eram cantados

Do povo passou p’rá alta
nas touradas, nos salões
passou-se a ver o peralta
a cantar suas paixões

Com Amália, já perto
alinharam bons poetas
e foi então descoberto
qu'essas eram boas metas

E qual será o futuro ?
Fica-se com ansiedade
de saber se qualquer muro
que não tenha piedade
travará a caminhada
bem longa do belo fado
dará como acabada
a senda de um bem amado

Ó fado antigo e castiço
pertences ao teu Magriço

FADO, FADINHO...

GOSTEMOS OU NÃO do tipo de música e da canção que constituem aquilo que se deseja agora que seja considerada como património nacional, o nosso fado, o que não pode ser desmentido é que se trata de algo que caracteriza os portugueses, especialmente os de Lisboa, e que arrasta nas suas lamúrias bastante da alma dos compatriotas que, na sua maioria, têm uma afeição muito especial por aquilo que faz parte do seu conjunto, da música e especialmente das letras.
Todo o percurso dos naturais de Portugal, neste canto na ponta oeste da Europa, não tendo sido constituído, ao longo da nossa História, por um percurso de alegria e de bem-estar, antes fazendo parte dele um rolo de tristezas e de sofrimentos (as excepções que os compêndios registam como heróicos não transmitiram ao povo a sensação de felicidade, pois que as glórias não passaram do seus promotores situados em escala superior), foi o fado que sempre transportou consigo o que se foi acumulando nos espíritos dos naturais da nossa Terra. E se a origem do fado for, como alguns afirmam sem garantias de certeza, a canção árabe, então não nos podemos admirar por termos tanta atracção pelo arrastadinho que marca o cantar fadista.
Seja como for, o certo é que não nos podemos divorciar desse lânguido e bem sonante tipo de música e ainda bem que assim é. Os nossos emigrantes transportam-no consigo e, com as saudades que provocam a sua ausência da Pátria, pelo menos através dos modernos meios de transportarmos o som e também as imagens dos nomes mais distinguidos na arte fadista. E assim se regalam e tapam as amarguras de terem saído de onde nasceram.
Agora, nesta época em que nos encontramos e em que nos debatemos com as grandes exigências que a crise nacional nos impõe, o fado está bastante apropriado para chorar as amarguras da vida que temos de suportar. Fechados num quarto, com a falta do que é mais necessário, vendo as mãos vazias de dinheiro e também, na maioria dos casos, de emprego, será essa a companhia que mais se adequa à situação.
Quando tomamos conhecimento das dívidas que têm sido contraídas para que o Estado possa ainda dispor de verbas que necessita para cumprir com as suas obrigações, um fado é apropriado para relatar os acontecimentos tristes que os políticos que os políticos, sem outro recurso, nos apresentam. E quem está atento aos pormenores de tais dívidas e das consequências que resultam de terem de ser pagas, não já por nós mas pelos nossos descendentes, ainda mais apropriado se torna o fadinho bem chorado.
Se não vejamos: Para além do que já foi recebido do Fundo Monetário Internacional (FMI), estamos a aguardar uma nova tranche que será faseada e que, no total, se situa na casa dos 26 mil milhões de euros, o que nos coloca em terceiro lugar na ordem de países que recorreram aos respectivos fundos, depois da Grécia e do México. É certo que este fundo tem actuado, com fundos financeiros, em 48 países, nos tem contemplado e já no próximo mês de Dezembro uma nova tranche de 2,7 mil milhões e em Janeiro 5,3 milhares de milhões, o que perfaz um total que se junta aos 10,4 mil milhões que já entraram nos nossos cofres. E tudo isso sujeito a juros que rondará os 3,25 % nos três primeiros anos e 4,25% nos seguintes, ainda que não exista a garantia de não surgirem oscilações, sobretudo quanto a um montante que Portugal acumula, estimando-se que o que Portugal terá de pagar juros e comissões, porque estas também existem e atingem um valor de 400 milhões de euros.
Com todos estes milhares de milhões que já se pronunciam com a maior ligeireza, o que nos está reservado representa uma dor de cabeça que nos acompanhará durante vários anos e isto se conseguirmos ir cumprindo os prazos que aceitámos nas alturas dos empréstimos. E é esta realidade que deixamos de herança aos nossos vindouros. É por isso nossa obrigação não escondermos o drama que temos vindo a compor, posto que, nos momentos em que tivermos de ir satisfazendo as dívidas, a maior parte dos responsáveis de hoje já não se contarão no número dos vivos ou estarão a fazer parte dos reformados… se nessa altura ainda se pagarem reformas…
Se os autores das letras fadistas estiverem dispostos a escrever a história do que constitui nesta altura a vida em Portugal, tratar-se-á, sem dúvida, de um choradinho bem triste. Assuntos para lamúrias não faltarão.
E tudo isto é fado…

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

GERAÇÃO SOFRIDA

Que esperanças tinha que houvesse Abril
o que eu ansiava por fim do inferno
bem dentro guardava sonhos mil
e que apodrecesse o que era governo

Levou tempo, tempo demais, demais
vivi o antes até muito tarde
passei por excessivos vendavais
tropecei em muita gente cobarde

Até que chegou, não era sem tempo
veio com armas, não era o ideal
para tantos terá sido contratempo
não estava no programa esse funeral

Foi a euforia, a loucura nas ruas
tirou-se o tampão da garrafa fechada
tal como quem tira por fim as gazuas
do portão de uma quinta trancada

Uns quantos tinham razão de estar felizes
terão sofrido muito até então
não tiveram conta por quantas crises
passaram, apenas por dizerem não

Mas terá sido assim com a maioria,
toda essa gente que se mascarou
vestiu a farda do revolucionário, seria,
por dentro aquilo que mostrou ?

Quantos apanhada a carruagem em giro,
não foram os que ganharam com a troca ?
Fizeram tal e qual como o vampiro
e puseram-se, matreiros, bem à coca

Como ganharam com isso os aproveitas
chorudo futuro festejaram
valeu a pena a troca, largas colheitas
tiraram do campo que outros lavraram

Aqueles que tinham idade para tanto
e passado que sangrava em ferida
quase que foram postos a um canto
tratava-se, afinal, da geração sofrida

Sofrer antes e sofrer depois é muito
não é justo, há que reconhecer
poderá não ter sido esse o intuito
mas é algo que dá para entristecer

Geração sofrida, tem que se dizer,
ela existe, obscura e triste,
a juventude nem pode agradecer
ninguém mostrou e disse em que consiste

E assim se vai escrevendo a História
com lacunas, esquecimentos, inverdades
a geração sofrida escapa à memória
quem não sabe não alimenta saudades

Geração sofrida,
o que não pode estar é arrependida

GREVE GERAL RESOLVE TUDO...

HAJA ALEGRIA, ESTÁ DESCOBERTA A FORMA de solucionar os problemas que a crise está a causar. Basta uma greve e se ela for geral, quer dizer se abarcar todas as múltiplas formas de produzir, então os resultados surgirão de imediato e acaba a onda de desemprego, os dinheiros públicos, agora tão escassos, cobrirão todas as necessidades e as empresas passarão a desenvolver-se com um aumento substancial de actividade.
Está bem de ver que nada disto sucede. Que as greves, até hoje, não solucionaram os problemas que puseram os funcionários a beneficiar de regalias e de salários mais elevados ou que substituíram falências de empresas em grandes crescimentos nos negócios. Muito menos que tenham acabado com o desemprego.
Mas observemos, então, com a serenidade que se impõe nas situações mais difíceis de resolver, sem tomar partido por nenhuma das partes, entendendo que os trabalhadores, como membros da população que está a sofrer as consequências da situação que chegou a um ponto que é verdadeiramente difícil de resolver a contento de todos, têm razões para se encontrarem revoltados, especialmente por verem que as suas famílias enfrentam cada vez mais barreiras para encontrar saídas para as suas grandes dificuldades de subsistência, sem paixões ideológicas observemos o que é a realidade pura e crua.
Sendo assim, faz-se a pergunta: então como é que uma greve como a que está marcada para hoje, sendo ela chamada de “geral” e em que os sindicatos, sobretudo a CGTP e a UGT, se põem à cabeça a estimular a não comparência ao trabalho de todas as profissões que existem neste País, sabendo-se, como se sabe, que a grande maioria dos empresários, os que não fecharam ainda as portas, estão a lutar contra todas as correntes negativas que ocasionam uma actuação periclitante que os deixam naquela fase de estar entre o continuar ou o encerrar as suas actividades, como é que se pode admitir que é através de uma paralisação no trabalho que deparamos com todos os problemas resolvidos neste nosso País?
É que não são apenas os funcionários das empresas ainda em funções que, aliciados pelos seus sindicatos, não comparecem nos lugares que lhes competem, mas uma massa enorme de outros trabalhadores nos mais variados sectores, que, sem os transportes públicos que os podem conduzir aos pontos laborais, não têm condições para comparecer e alargam o volume já avantajado de gente que fica em casa e hoje não comparece a cumprir as suas funções. Como haverá muita gente que, aproveitando-se desta atitude de paralisação, mesmo que tenham maneira de se deslocar para chegarem a cumprir os seus deveres no trabalho, se refugiam sob a desculpa de que a ausência de transportes os impedem de chegar até ao sítio da laboração, ainda que seja mais tarde porque teriam de ir a pé…
Mas o que seria necessário perguntar aos impulsionadores das tais greves gerais é se estão contendidos de que, no dia seguinte ao da paragem, tudo aquilo que constitui o desagrado que existe em todos os portugueses – e isso é indiscutível -, a situação difícil que se vive em Portugal muda radicalmente para um mar de felicidade e de problemas resolvidos.
Os Governos – e este não é excepção – cometem erros. Dão prioridades a questões que podem ficar para depois, em que a ordem de actuação não será a mais indicada, até que as exigências que, no nosso caso, são oriundas (ainda que talvez exageradas) de memorandos, como se usa tanta dizer, que impõem o seguimento de regras que, mandadas executar a frio, por gente que não habita no nosso território, castigam excessivamente os portugueses, levando em conta tudo isso a pergunta que se formula neste blogue é se uma greve geral como esta substitui a vida tão difícil por que passamos e nos traz algo parecido com a felicidade.
Dizem os técnicos que o ano que se aproxima ainda trará mais exigências no capítulo das carências de toda a ordem e a retirada dos subsídios do Natal e de férias será apenas uma das várias penitências que se impõem ao nosso povo. É triste, doloroso, muito castigador. Mas terão os responsáveis principais por esta ausência ao trabalho uma medicina técnica que, através da demonstração, faça aparecer todos os benefícios que têm sido e serão retirados aos portugueses? Sim, porque não são somente os chamados trabalhadores (digo assim porque não entendo que se apelide de trabalhadores apenas aqueles que trabalham por conta de outros) que sofrem com esta paragem.
É Portugal inteiro! E se o nosso País já é apontado como sendo de baixa produtividade, ao contemplarem-nos de fora os credores de quem dependemos, a sua preocupação aumentará e se necessitarmos – como vamos precisar – de novos empréstimos, o mais natural é que levantem dificuldades e, por isso, os juros poderão aumentar substancialmente.
Só chamo aqui a atenção dos dois responsáveis principais por esta greve geral: é que as consequências desta atitude poderão atingir também as suas actividades sindicais que lhes dão guarida. E se o que é hoje o seu emprego acabar por ser atingido pela onda de falências que não escolhe as vítimas, então nessa altura já será tarde para pôr os seus neurónios em funcionamento…

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

TRATOS DE POLÉ

Procuro sempre saber
as razões de certas frases
toda a vida a aprender
bem queremos ser uns ases

Algumas por muito antigas
não chegamos lá ao pé
serão temas de cantigas
e dão tratos de polé

O que é isto, por sinal
o que quererá dizer
este termo tão banal

Não é fácil perceber
e de forma natural
o melhor é esquecer

SAÚDE QUEM NOS DERA!



QUE O DINHEIRO NÃO CHEGUE À MAIORIA DOS PORTUGUESES para manter um nível de vida no mínimo aceitável, é situação que, segundo parece, já se aceita sem grandes lamúrias, posto que, em face das informações que alguns políticos situados no Governo actual não escondem, os dias não estão para continuarmos, nós portugueses, no fingimento que transportamos, já há alguns anos, de que somos um País rico e que o nosso futuro será sempre risonho. A verdade é agora clara e temo-nos de nos habituar ao que está a terminar e que não constituiu uma mar de rosas e, sobretudo, ao que vem aí a seguir e em que os sacrifícios exigidos serão ainda muito mais pesados do que os que já conhecemos.
Agora, que pelo menos não nos faltem minimamente as assistências no campo da saúde, que, ainda que limitadas às condições que existem em Portugal e que nunca foram de excepcional rigor, isso é o que se pede, pois esse último recurso de termos a garantia de que, nessa condição bem penosa da falta de saúde, não nos faltarão os meios mínimos para não morrermos todos aí pelos cantos.
Mas, infelizmente, o que está a suceder com os centros de saúde, em que os meios mesmo que reduzidos que ainda se encontram já são apontados como insuficientes, sendo até o próprio ministro da Saúde a declarar que os mesmos centros de saúde não têm condições, o que nos resta a todos nós é fazer os possíveis para conservar a saúde, porque as verbas familiares não dão para se recorrer a médicos privados.
Estamos a chegar ao ponto máximo de abandono dos portugueses à sua própria sorte, porque sem dinheiro e sem serviços públicos de saúde o que nos resta é bem pouco.
O que indigna, para além de tudo, é que aquela minoria que continua a gozar das maiores regalias, porque os seus bens têm até aumentado ao longo deste período da chamada crise, essa não tem de que se queixar e passa indiferente às lamúrias dos restantes… que são a maioria esmagadora dos nossos compatriotas.
As notícias que, todos os dias, entram pelas nossas casas de que, apesar de, nesta altura tão rara no nosso País, estarem a ser indiciados para julgamento indivíduos de que se dão nota das suas enormes fortunas, com casas situadas em diferentes pontos do nosso País, e dos valores que acumulam, como sejam obras de arte que foram cumulando ao longo dos últimos tempos, situações como a que é bem pública de existir um compatriota que, não tendo há bem poucos anos onde cair morto, tendo passado por lugares facultados através de partidos políticos, de repente surge dono e senhor de um poder financeiro que, como é sabido, não é com trabalho que se consegue.
O que tem ocorrido com o advogado e antigo partidário influente de uma organização política, de nome Duarte Lima, nesta altura a sentir a mão da justiça mas de que não se sabe muito bem como tudo isso terminará, pois que o dinheiro continua a ser o dono de todas as instituições que, sendo também conduzidas por seres humanos, se rebaixam quando a oferta é generosa e que tudo apagam dos registos perante a atracção pelo patrão máximo, o tal que não tem pátria nem partido.
Porém, assistir-se a gestos generosos desses ricos de milhões, ao ponto de não deixarem que a saúde dos não acolhidos pelas acções que fazem enriquecer, de um dia para o outro, caia no total abismo, isso é que não existe registo e já nem as Santas Casas de Misericórdias que apareceram pelas mãos de rainhas benevolentes que houve por cá, até essas atravessam um período de grande exaustão de meios.
Por mais que eu deseje vislumbrar uma ponta de céu azul, isto é, de uma mudança radical dos terrores para um mínimo de esperança, não sou eu que a vou agarrar, porque por mim também não se dá ao trabalho de parar e de ouvir-me

terça-feira, 22 de novembro de 2011

ALÉM

Que me digam, não preciso
ninguém me esconde também
tenho o suficiente siso
p’ra saber que existe Além

Onde está, como é que é,
isso já me ultrapassa
aspirando ou sem fé
essa dúvida embaraça

O poeta solitário
não tem de que se queixar
a ignorância ajuda

P’ra pensar em seu diário
e nos versos se vingar
sua alma se desnuda



ISTO SÓ CÁ!...

UMA DAS FORMAS DE MOSTRARMOS, nós portugueses, a nossa indignação ou de aplauso por assistirmos a determinadas acções que ocorrem é muito radicalmente a expressão “Isto só por cá!”
E, se bem que noutras paragens ocorram casos idênticos ou até piores, como de aspecto melhor do que os nossos, a apreciação que mais nos apetece largar é essa de considerarmos que só em Portugal é que determinados acontecimentos, de mal como também de bem, sucedem.
Dado que nos encontramos nesta fase de devermos proceder sempre em defesa dos nossos interesses, é natural que apontemos os maus comportamentos que sucedem para cá da nossa fronteira e demos conta da nossa repulsa por vermos que Portugal, em lur de ser ajudado é, pelo contrário, castigado com atitudes que merecem a divulgação pública com o apontar do dedo aos nossos compatriotas que participam em tais atitudes.
A notícia surgida de que a Madeira vai despender 3 milhões de euros em festas de Natal e de fim do ano, isso não só por andarmos a viver dos múltiplos empréstimos que têm origem do estrangeiro como, ainda por cima, por ter sido aquele arquipélago que apresentou um gasto de milhares de milhões, que se tinham escondido das contas e que se encontram ainda por pagar a empreiteiros que foram utilizados para as faustosas e nem sempre necessárias de urgência obras que serviram a Alberto João Jardim para se ufanar dos melhoramentos que efectuou na ilha de que é o maior responsável – depois, claramente, do Governo do País -, tal intenção de ir utilizar dinheiros públicos com esses objectivos só se pode classificar como sendo uma coisa que merece a indignação com o “isto só cá!”.
Mas, ao mesmo tempo que é divulgado esta incongruente intenção, aparece também, e no que respeita aos transportes, essa zona que constitui um prejuízo constante que o Estado suporta, outra nota nos jornais é dada a conhecer e em que se relata que as empresas públicas de transporte pagam salários de luxo e como exemplo é indicado o Metropolitano de Lisboa que, apesar das correcções que foram efectuadas por mais de uma vez, pois que seis secretárias da administração da referida empresa, depois de terem auferido 63.OOO mil euros por ano, passando a auferir 52 mil, mantendo-se ainda várias regalias que são concedidas, essas mãos largas que se verificam nesta sociedade de transporte público de prejuízo permanente só deveria terminar através de um despedimento sem contemplações dos responsáveis maiores e sem quaisquer benefícios suplementares, posto que quem não sabe gerir um empreendimento em que são os dinheiros públicos que os mantêm não deve esperar outra coisa que não seja a porta da rua e com atenção para que não saiam desses lugares para irem ocupar outros também nomeados por elementos do Governo, coisa que sucede com regularidade.
Tanto que há a fazer em situações idênticas e a que o Executivo de Passos Coelho não deu ainda solução, apesar dos meses que leva já no comando, também é caso para que os portugueses, em uníssono, gritem bem alto: “Isto só cá!”