sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

BEM VINDOS CHINESES


COM A COMPRA QUE O GOVERNO CHINÊS fez de uma parte importante e maioritária da EDP surgiu a ideia de que ficámos nas mãos pouco escrupulosas de uma Nação que, desde tempos antigos e já pela pena de Eça de Queiroz, era considerada de “perigo amarelo”. Apenas, essa má impressão que possa existir em alguns portugueses, se forem bem analisados os nossos contactos com o referido povo, sobretudo nos casos das abundantes “lojas dos chineses” que se seguiram à grande dispersão dos restaurantes dirigidos pelos mesmos chineses, teremos de concluir que este tipo de imigrantes foi e é de entre todos os que se instalaram em Portugal, desde a época em que tal vinda se tem verificado, os que menos damos por eles, não se verificando pedintes com aquela origem e nem se contam no grupo de criminosos de todas as espécies, ao contrário do que se tem verificado com bastantes romenos e outros, que têm trazido para o nosso País os vícios que já praticavam nas suas origens.
 Pareceu sempre um mistério a organização que dirigiu e dirigirá a vinda e acomodação dos milhares de cidadãos que se instalam por cá, a maioria deles sem saberem uma palavra da nossa língua, pois que nem são localizados à procura de casas para habitarem, chegando alguns deles com família completa. Mas afinal, a coisa acabou por ser entendida sem nenhuma complicação: tratam-se de organizações que, desde lá longe o enorme País chamada China, e depois de se ter levantado, quase completamente, a proibição dos milhões de chineses que constituem a população da tão grande Nação oriental, imposta antes pelo ditador que sucedeu a Mão-Tse tung, a expansão pelo mundo passou a ser feita por controlo com o apoio dos governantes “amarelos” que, para obterem autorização de saída, têm de estar arregimentadas a uma organização que garante as viagens e as acomodações no destino, bem como a actividade que irão desempenhar, também ela estabelecida com dinheiros da referida empresa oficial e garantida antes a sua rentabilidade através de estudos de mercado feitos pelos eus técnicos. Na verdade, não se assistiu ainda ao encerramento por falência de uma loja que aparecia quase sem se dar por isso numa cidade ou até vila no território português. E essa instalação tem vindo a ocorrer pela Europa fora e, para surpresa nossa, encontramos nos sítios menos esperados em Portugal, um estabelecimento comercial com os balõezinhos vermelhos indicativos da origem dos seus exploradores.
Até o fornecimento de produtos para serem vendidos são feitos por armazéns que, também eles, pertencem ao grupo chinês, havendo uma atenção muito especial em relação ao que é mais conveniente ser posto à disposição das bolsas dos compra doires, pelo que, quando se verificou a invasão nas janelas portuguesas de bandeiras nossas, as primeiras que estiveram à venda foram feitas na China, ainda que as primeiras tivessem incorrido num erro dos castelos que envolvem a coroa nacional.
Que será então que vai passar-se com a EDP, agora sob a administração chinesa, ainda indirectamente, como manda a modéstia técnica daquele povo?
O futuro dirá se foi uma medida bem tomada, mas, em princípio, parece que só temos a ganhar com uma aliança comercial que seja feita com uma Nação em que fomos o primeiro povo ocidental a termo-los contactado através dos nossos navegantes no século XV.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

JUSTIÇA?

NESTE DIA QUE SE SEGUE ao Natal, julgo que vem a propósito referir o tema da Justiça que, julgo que será a opinião de mais gente, constitui um ponto fulcral para que em todo o mundo mas, neste caso em Portugal, apelemos para a acção dos homens que têm a seu cargo o dilema de fazer uma justiça rápida e justa, pois que a tal Eterna, essa só surgirá, para os que crêem, para lá do Infinito.
Foi por isso que, depois dos poemas que deixei ontem, precisamente para nNESTE DIA QUE SE SEGUE ao Natal, julgo que vem a propósito referir o tema da Justiça que, julgo que será a opinião de mais gente, constitui um ponto fulcral para que em todo o mundo mas, neste caso em Portugal, apelemos para a acção dos homens que têm a seu cargo o dilema de fazer uma justiça rápida e justa, pois que a tal Eterna, essa só surgirá, para os que crêem, para lá do Infinito.
Foi por isso que, depois dos poemas que deixei ontem, precisamente para não ter que abordar lugares comuns e opiniões que não viriam a propósito, hoje só deixo um texto que, para além de estar relacionado com o que ocorre entre nós, chama a atenção para a justiça dos homens.
Bem me recordo de, anos atrás mas já depois do 25 de Abril, ao ter ido fazer um trabalho jornalístico a Goa, fui sorrateiramente convidado a ir ver um lugar esconso que existia numa igreja sem actividade onde, com enorme surpresa minha, deparei com uns oito caixões, todos eles identificados com uma placa onde se lia o nome dos restos do ocupante, existindo até um desses invólucros caído o chão e espalhando as ossadas do que teria sido o seu ocupante. Fiz o que devia. No jornal que eu então dirigia, “o País”, relatei o acontecimento, mas a reacção dos responsáveis pela governação fizeram vista grossa. Não se verificou a mais pequena atitude de procurar recuperar e trazer para o nosso País aquilo que, apesar de tudo, os indianos tinham respeitado. E mais ainda fiquei desconsolado com a justiça dita dos homens.

SEM ME QUERER REPETIR, tenho de fazer aqui um reparo, pois há situações que pedem que os detentores de opinião não fiquem a observar em silêncio, sem expressar abertamente aquilo que pensam. E este caso do Duarte Lima, o qual só está acusado pela Justiça brasileira, justifica plenamente que se lance um olhar sobre toda a situação e nos interroguemos no que respeita as leis que os homens fazem e a coincidência dos acontecimentos que são abrangidos pelas penalidades que a legislação impõe.
Esclareço: então um português que no Brasil mata outro, no caso uma cidadã também da mesma nacionalidade, é acusado por homicídio na Terra de Vera Cruz mas, ao ter-se abrigado em Portugal e existir legislação que não permite a extradição do nosso País de compatriotas lusitanos para terra estrangeira, mesmo que a vítima também tenha sido da nossa nacionalidade, o que sucede é que o que se passou lá fora, mesmo tratando-se de um assassinato que liquidou uma vida portuguesa, não seja levado em conta e, portanto, a protecção é feita exclusivamente ao cidadão, por sinal o acusado pela polícia do outro país e que se oculta para cá das nossas fronteiras?
Há justiça nesta atitude? Ficamos todos a olhar sem levantar a voz, deixando que a assassinada portuguesa seja deixada ao abandono, mesmo que o seu corpo possa ser eventualmente transferido para Portugal? E ninguém, por parte das nossas autoridades judiciais – e mesmo do próprio Governo, para não falar já no Presidente da República – dá um passo no sentido de procurar que se altere essa legislação que demonstrou abertamente que não beneficia casos como este que podem, perfeitamente, repetir-se com outros cenários?
Foi apresentado um triste exemplo e se a moda pega teremos, qualquer dia, um português que queira praticar uma acção semelhante e sabendo que o visado seu compatriota e que é alvo da sua perseguição se encontra no País irmão do outro lado do Atlântico, bastando fazer uma viagem de ida e volta até ao Brasil, efectuar a operação e regressar tranquilamente, até no próprio dia, à Terra Natal, deixando lá o corpo da vítima e o encargo policial às instituições locais. Mesmo que reúnam as provas e concluam que o acto foi praticado por quem o fez, nem vale a pena acusar judicialmente o matador, pois que o português assassino encontra-se protegido pelas leis que não permitem que seja cá que a justiça se pratique.
Isto até parece ser o drama contado num filme de terceira ordem, mas a realidade é que é assim mesmo e que não tem qualquer efeito que se levante a indignação porque alguém, em tempos passados, redigiu um acordo entre os dois países que, na prática, resulta neste drama.
A discussão que tem sido mostrada agora, entre Marinho e Pinto e a ministra da Justiça, mais por parte do Bastonário dos Advogados do que da detentora do cargo ministerial, espelha bem o motivo por que não se consegue formar uma frente única que resulte em algo positivo, pois aquilo que é fundamental para que o bom exercício da Justiça seja seguido num País em que se pretende utilizar a Democracia em pleno, é que as opiniões se juntem num objectivo único.
E quando foram divulgadas nesta altura imensas irregularidades praticadas por advogados que são chamados a defender graciosamente casos em que os arguidos não têm posses para se defender, especialmente quanto a horas de exercício dessas funções, tal actuação demonstra que, a provar-se ser verdade, então as irregularidades na Justiça se situam mesmo fora dos Tribunais.
E é tudo lastimável…

E vem a propósito de justiça deixar aqui o que foi relatado alguns anos atrás:
Bem me recordo de, anos atrás mas já depois do 25 de Abril, ao ter ido fazer um trabalho jornalístico a Goa, fui sorrateiramente convidado a ir ver um lugar esconso que existia numa igreja sem actividade onde, com enorme surpresa minha, deparei com uns oito caixões, todos eles identificados com uma placa onde se lia o nome dos restos do ocupante, existindo até um desses invólucros caído o chão e espalhando as ossadas do que teria sido o seu ocupante. Fiz o que devia. No jornal que eu então dirigia, “o País”, relatei o acontecimento, mas a reacção dos responsáveis pela governação fizeram vista grossa. Não se verificou a mais pequena atitude de procurar recuperar e trazer para o nosso País aquilo que, apesar de tudo, os indianos tinham respeitado. E mais ainda fiquei desconsolado com a justiça dita dos homens.

domingo, 25 de dezembro de 2011

PARAR DE ESCREVER

Se eu não escrevesse o que faria?
Se não pudesse passar ao papel
o que arde dentro e faz azia
seria de mim próprio infiel
estoirava
acabava
guardar só p’ra mim sem desabafar
recalcar no fundo as amarguras
já porque quem não gosta de falar
nas letras se vinga e nas pinturas

Quem escreve debita desalentos
em texto simples ou mesmo poemas
é uma forma d’abrir sentimentos
e igualmente de quebrar algemas
libertar-se
superar-se
no dia em que deixar de escrever
quando vier a sentir-me incapaz
é então a hora de perceber
que o que resta nada me traz
melhor é partir
deixar de existir
e quem cá ficar que faça as contas
que julgue os que primeiro partiram
e se conseguir que agarre as pontas
dos que quiseram mas não conseguiram

São assim os alcatruzes da vida
sobem p’ra encher descem e despejam
mesmo aqueles que passam de corrida
sem tempo que chegue p’ra o qu’almejam
mas génio mostram
mais tarde gostam
depois de cá não estarem p’ra ver
e de não lhes chegar a admiração
não tendo já por isso o prazer
de merecer especial menção

Enquanto por cá eu puder pensar
e possa escolher o que mais gosto
ao menos que não tenha de guardar
p’ra mim e tenha de esconder o rosto
envergonhado
culpado
por isso o qu’escrevo, o que pinto
melhor ou pior é para mostrar
porque o que deixo é bem o que sinto
outros que guardem ou queiram queimar

DESASSOSSEGO

Que desassossego é este?
Será por ter de aguardar a diligência
a que nunca se sabe quando chega,
aquela que nos leva quem sabe para onde,
que nos tira deste lugar
onde todos somos diferentes
fingindo que somos iguais ?
Iguais a quê ?
Será porque muitos se julgam génios
e que, pobres deles, não medem o infinito,
esse infinito de que se continua a não saber onde acaba?


Vale a pena ter certezas ?
Dizer coisas como sendo as definitivas ?
Afirmar sempre: “então é assim” ?
Quem só tem dúvidas
e tem consciência de que se engana muitas vezes
não pode ter outra atitude
que não seja a de se andar a perguntar,
constantemente,
se, neste mundo, alguma coisa é assim tão importante
que valha a pena...


Que desassossego é este ?
Por que não me conformo ?
Se o mundo é isto que fizeram
dizem que perfeito,
que genial,
que bem pensado
e que até foi cansativo
que houve mesmo que descansar ao 7.º dia
e afinal saiu aquilo que vemos,
que foi piorando desde o tempo das cavernas
até chegarmos ao que somos hoje
aos muito ricos e aos desgraçados
às multinacionais,
aos donos de tudo,
que, cada vez mais, fazem com que tudo seja igual
com gente a empurrar-se
e a andar sucessivamente mais apertada,
porque se uns desistiram de ter filhos
outros fazem-nos com fartura
e compensam largamente.
Para quê ?
para daqui a pouco não caberem
os que cá andarem,
não comerem senão todos o mesmo,
não beberem sempre que têm sede,
terem de acabar por se matar
uns aos outros ?


É esse o desassossego.
não por nós, que cá andamos ainda
mas pelos que virão depois,
não muito depois
porque não vai tardar que acabem por se dar conta
de que os que andavam por estes sítios antes
não foram capazes de ser sinceros,
de fazer alguma coisa para que não se chegasse ao
irresolúvel
afinal, haverá motivo para o desassossego ?
Hoje ? Agora ? Já ?


Resta-nos apenas a esperança,
a tal, aquela a que se recorre sempre,
a que é tão comum aos mortais
Agarremo-nos a ela e confiemos nos homens.
Podemos fazer outra coisa ?

NESTE NATAL DEIXAI-ME SER POETA

Olho de longe a vida
oiço todos os ruídos
falo às pessoas que passam
esclareço quem duvida
uso todos os sentidos
vejo os pássaros que esvoaçam

É isso que dia-a-dia
nesta fase me sucede
em que sem obrigações
já perdi qualquer mania
e até olhar p’ra parede
me provoca ilusões

Quando fumava lá tinha
certa ajuda ao pensamento
agora já sem tal vício
busco fundo alma minha
que me dê algum alento
p’ra cumprir o sacrifício

Sim, porque sendo um prazer
e também certo castigo
para as horas ocupar
e ter algo que fazer
nesta espécie de abrigo
algo de mim posso dar

O poeta é isso mesmo
um contemplador da vida
que anota tudo que sente
e quando produz a esmo
com genica incontida
conta tudo e até mente

No fundo, de todo o ser
penso eu, por isso digo
ao poeta com seus temas
não apetece bater
e pode-se ser amigo
apenas dos seus poemas

O que se passa comigo
com todos será igual
àqueles que à poesia
se entregam como um mendigo
a pedir sem ser por mal
dando em troca fantasia

Olhar de longe a vida
procurar estar fora dela
sem querer ser arrastado
na canseira da corrida
só debruçado à janela
é o que faço sentado

Deixai-me, pois, prosseguir
enquanto eu ando por cá
sem com depois me importar
com o que vem a seguir
mesmo que com um quiçá
dê muito gosto sonhar

sábado, 24 de dezembro de 2011

BEM LONGOS ANOS

Bem longos anos já por mim passaram
tantos que a memória ficou confusa
alegrias, desgostos se afogaram


O julgar dos factos pede escusa
pois hoje muita coisa já perdoo
e tenho de pedir ajuda à Musa


Não serei nem santo nem abençoo
aqueles a quem fiz o bem possível
de igual modo não o apregoo


Resigno-me com o que é visível
um mundo pleno de ingratidão
pois há que conviver com o horrível


Antevendo o fim da estação
não muito longe, andará por perto
coloco na consciência a mão
ao aceitar o que está mais certo
já quase nada valerá a pena
o futuro já é um livro aberto
e ao ter de abandonar a cena
quem cá fica que diga o que quiser
fará a História sem verdade plena


Esforço-me p’ra encontrar o Norte
mas sem bússola e sem passaporte
perco ilusões, pois só vejo a morte

AO MENOS O BOLO-REI!

COMO GOSTARIA DE CHEGAR a esta data emblemática e olhar com um renascer bem estampado no pensamento e não como me encontrasse num funeral em que todos os assistentes lacrimejam, numa espécie da despedida a que o mundo assistiu com a veneração ao líder norte coreano e em que, mulheres e homens, aparentemente sentindo o acontecimento – não ocultaram custa a crer que tenha sido tudo autêntico -, propagandearam bem aquilo que lhes foi ensinado pelo pai e pelo avô do actual leader norte coreano, Kim Jom-il. De facto, o ambiente em que se vive, apesar de nos encontrarmos numa altura de festejos natalícios e de inicio do ano que entra, não é num ambiente de esperanças, tanto nacionais como também no que diz respeito ao que se passa por esse mundo fora, nuns sítios pior do que nos outros, que podemos nós, e falo de Portugal, confiar de que o 2012 que está aí a bater à porta se as perspectivas que os nossos governantes nos transmitem, sucedendo-se as notícias de que teremos de suportar as maiores exigências que, dizem, a crise nos impõe?
Lá por fora, a inquietação que está a causar a sucessão ao “trono” da metade do Norte da Coreia que, já entregou a um marechal recém–nomeado, de 28 anos, o mando absoluto de um País que detém uma dose apreciável de poder atómico e que não se tem cansado de demonstrar a facilidade do seu uso se os adversários, que são todos os países mundiais, excepto os chineses e os cubanos, não se comportarem a contento das suas intenções. Noutra zona, no Iraque, logo após a saída das forças armadas dos E.U.A., já se verificou um confronto entre xiitas e sunitas, o que provocou muitas mortes e imensos feridos, tudo motivado pela concordância de uns e o contrário de outros, envolvendo nessa disputa a própria Turquia que já deu conhecimento da sua desconfiança em relação ao que chama uma “chacina sem precedentes”. E não vou prolongar esta lista de casos que só podem aumentar as preocupações dos viventes nesta nossa Esfera, porque bem nos bastam os problemas que defrontamos por cá a todos os momentos, tendo que se culpar, com imensa mágoa, os governantes que colocámos eleitoralmente no poder e que, para muitos de nós, não têm dado mostras e conseguir retirar lástimas dos sofredores portugueses.
Já o tenho dito aqui que a situação periclitante a que chegou Portugal e sem ser necessário repetir as acusações contra anteriores governos que, praticamente desde a data da Revolução em 1974, não foram capazes de seguir o melhor caminho que a queda da ditadura proporcionou., mas não se pode olvidar. E se, sobretudo nos últimos anos e já dentro deste século, as asneiras foram mais evidentes, não temos porquê esconder que o próprio Cavaco Silva, quando exerceu as funções de primeiro-ministro, não actuou com a prudência e a sabedoria que seriam esperadas de um homem que se diz professor de economia e muito sabedor. Mas aquela de ter anulado as actividades, agrícola e da pesca, a troco das ofertas de dinheiro da então CEE, foi um pecado muito grave e de que muito nos queixamos agora.
Só que a falta de produtividade do nosso País e, portanto, a ausência de exportação que é primordial para que se equilibre a balança de pagamentos, tudo isso é que constitui a mais grave causa de nos vermos obrigados a recorrer aos empréstimos externos, e os políticos, quer os do Executivo quer os das oposições, falando dessa ausência não são capazes de indicar o que na prática é possível levar a cabo. Eu, que não tenho a pretensão de me colocar na posição de membro de um qualquer Governo, já aqui neste meu blogue dei algumas sugestões sobre como solucionar o caso dos desempregos e dos abandonos do interior do País e da agricultura, com as facilidades conseguidas para que sejam entregues parcelas de terrenos para serem cultivadas pelos jovens que, em vez de serem aconselhados a emigrar, poderão receber casas e ensino agrícola, bem com os respectivos utensílios, de modo a que por cá fiquem e sejam úteis à comunidade – e dei o exemplo de uma experiência directa que observe i em Israel -, mas os homens que se encontram à frente da nossa governação preferem não seguir as ideias vindas de gente que não pertence ao seu convívio partidário e o que sucede é que nos estamos a afundar dia-a-dia e o que nos espera não pode ser nada de bom.
Que passem, todos os que ainda acreditam em milagres, este Dia de Natal pelo menos com alguma fatia de bolo-rei, que para isso talvez consigam encontrar algumas moedas do euro para ter essa fantasia de levar um embrulhinho para casa.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

QUE FUTURO?

Cheguei a uma altura
em que ando pelo mundo
sem saber para onde olhar
já não me interessa a figura
nem procuro ver o fundo
para onde vou ficar

Para trás foi o que foi
já nada será mudado
não vale a pena lembrar
e se agora algo dói
o melhor é pôr de lado
e o futuro adivinhar

Mas futuro? Que mistério!
Nesta ânsia de escrever
acumular prosa e verso
já não é nada de sério
mesmo dando algum prazer
serve tanto como um terço

DÁ DEUS NOZES...

NESTA ÉPOCA DO NATAL E DO FIM DO ANO, encontramo-nos, em Portugal, numa situação de colocar à venda alguns dos nossos valores, sendo verdade que, se vão os anéis e ficam os dedos, o que temos de esperar é que as cabeças que os comandam funcionem o mais inteligentemente possível, posto que só nos resta a esperança de que, por cá, com a situação difícil que se atravessa isso pelo menos desperte aqueles que têm a seu cargo a função de conduzir o nosso País e melhor, se possível, do que aquilo que tem sucedido, especialmente nos anos para trás mais próximos da nossa existência.
Sim, porque satisfeitos com as medidas que têm sido tomadas e em particular aquelas que estão a ser agora anunciadas e que apontam tanto para o futuro mais próximo como mesmo o mais distante, contentes não é possível que estejamos perante a calamidade que os portugueses têm de suportar.
É evidente que, face à política que tem sido seguida de, para além da redução de despesas para o Estado que, como aqui tenho clamado, levam tempo a ser repelidas, pelo que o castigo dos impostos esse é o que os políticos melhor accionam, até por serem as de mais fáceis actuações, perante este dilema entrámos já na fase de pôr à venda empresas que, encontrando-se sob a alçada do Estado, permitem arrecadar nos seus cofres os montantes que firmas estrangeiras, estas também com ligação aos referidos governos.
Estando a realizar-se hoje, na altura em que escrevo este texto, a decisão por parte de S. Bento sobre a quem é vendida a parte de 21,35% da EDP, que constitui a maioria do capital reunido num só proprietário, logo a maioria, não posso deixar aqui expresso se são os chineses, os brasileiros ou os alemães, todos eles que utilizaram as suas influências, ao mais altos dos níveis, quem fica a gerir a eléctrica nacional. Seja como for, dado que as condições apresentadas por todos prometem a melhor administração, com promessas de alargamento para outras áreas, é de se ficar esperançoso que a mudança de mão de uma das nossas propriedades com valiosos activos estratégicos, venha beneficiar também os consumidores portugueses e, nem sei se isto terá sido uma condição, facilitando o preço do consumo eléctrico por parte dos consumidores.
Porém, a meio deste blogue recebi a notícia de que o grupo chinês foi o que obteve a aceitação da sua proposta de 2 mil e 700 milhões de euros, pagos imediatamente, e que atingirá os 8 mil milhões com outras intervenções a definir, mas acho mais prudente continuar no meu percurso do texto como se não me tivesse chegado a indicação da vitória chinesa. Depois analisarei em pormenor este assunto.
Entretanto, existindo uma lista de empresas que o Estado pretende colocar à venda em concursos internacionais, o próximo ano, o tal que se anuncia ser verdadeiramente doloroso de aguentar pelos portugueses, proporcionará que se sigam outras liquidações, como a REN, a TAP, a ANA, as Águas de Portugal, a CP-Carga e, noutros moldes, a RTP, esta é considerada a altura de serem feitos todos os esforços, por mais dolorosos que eles sejam, que proporcionem entradas de dinheiros nos cofres estatais, tudo isso com o objectivo de se equilibrarem as contas públicas e de que a percentagem do PIB atinja o nível imposto pelo grupo da troyka, quanto mais não seja no ano de 2014. Não havendo outro meio…
Tudo isto sucede enquanto as atenções dos governantes se fixam no aumento das horas de trabalho dos empregados nacionais, a tal meia hora por dia que, a meu ver, não constitui uma forma de podermos competir com a indústria estrangeira, pois o que se necessita é “trabalhar melhor” e não mais, em condições que não são aproveitadas para o bom exercício dos trabalhadores dentro das horas de que dispõem para cumprir com o trabalho que lhes é entregue.
Numa palavra e com o Dia de Natal à vista, esta parecerá uma prenda do Pai natal, pois vindo logo a seguir o pavoroso Ano Novo, em que todos nós portugueses não temos razões para nos sentirmos felizes, só nos resta pedir que, neste período em que até se entusiasmam os cidadão a emigrarem, só é desejável que os últimos a sair apaguem a luz e fechem a porta. Pode ser que, quem venha atrás, tenha capacidade para tirar partido deste rectângulo que, apesar de tudo, se encontra geograficamente voltado para fora da Europa e possui um mar à sua frente e de seu exclusivo uso, pelo que muitas outras nações do nosso continente bem desejariam que estes dotes fossem pertença deles.
Mas dá Deus nozes…

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

APODRECER

Como ele passa, o grande atrevido
Nem nos dá descanso para pensar
O que fica p’ra trás cai no olvido
Tudo se conjuga no verbo amar

Mas esse tempo, o tão necessário
P’ra levar a vida que nos impõem
Acaba por ser enorme calvário
Da via que os outros nos dispõem

Tal como um verme, rói-nos e tortura
Vai corroendo a carne e a alma
Quase nos tira o que é bom de viver

E é do lado de cá da sepultura
Com o seu tempo e sem perder a calma
Que nós começamos a apodrecer

MARIMBANDO

SERÁ ESTA A OCASIÃO para, tanto em Portugal como por essa Europa fora, estarmo-nos a marimbar para o que passa e o que vem já aí?
Ao ler esta expressão lançada por um fulano que se encontra ligado à política nacional, pus-me a perguntar a mim mesmo se, de facto, o melhor que todos nós temos que fazer é não ligar nenhuma aos acontecimentos que ocorrem à nossa volta e aguardar, de olhos fechados e a consciência castigada, apenas deixando que a fantasia possa reinar na nossa cabeça, posto que essa, a imaginação, se o quisermos será brilhante e apetecida de viver.
E isso, porque o arrepelarmo-nos face às gravíssimas penas que temos de suportar, já agora e pior ainda no ano que se avizinha, não melhora nem adianta absolutamente nada que possa afastar os maus presságios que são lançados pelos governantes. Assim, o que eu vou deixar neste meu blogue e na altura das clássicas Boas Festas, é apenas um passagem rápida sobre os acontecimentos que se anunciam e que nos porão ainda mais assustados do que aquilo que andamos.
A rectificação ao Orçamento do Estado, que se encontra ainda em Belém a aguardar que o Presidente da República a promulgue ou a recuse subscrevê-la (o que não é provável, por não existir em Cavaco Silva ideia sobe a forma de solucionar o problema que temos pela frente), esse documento dá mostras de inscrever no próximo ano mais 478 milhões de euros para pagar as pensões dos bancários, visto que os milhares de milhões que o Estado recebeu ao tomar a seu cargo as liquidações sucessivas dessas reformas já deram entrada nos cofres do Estado. E andamos nisto, num tira aqui e tapa ali, mas com o futuro cada vez mais comprometido e o actual bem castigado.
Mas isso de nos estarmos marimbando para tudo o que constitui a circunstância de ainda estarmos viços, essa indiferença não liga com a imposição que a Troyka nos fez de serem despedidos, até 2014, 30 mil funcionários públicos, tanto no Governo central como nos municípios, enquanto, no sector privado já saíram e v irão a caminho novas legislações que facilitam o despedimento de pessoal sem necessidade de serem seguidas regras que facilitam o “pôr na rua” os empregados que não sejam necessários.
Enquanto isso, também na Madeira a autonomia que concedia a Alberto João Jardim a gestão do arquipélago, essa qualidade é-lhe retirada, sobretudo na área da economia e das finanças, o que pôs o seu agora pouco chefe, numa atitude de fúria ainda maior do que é costume ver nele, pelo que até poderá suceder que por aquelas ilhas surja o grito do Ipiranga… o que não é viável pela falta de meios que ali sempre se verificou, não podendo viver apenas dos seus próprios meios.
As decisões que o conjunto de governantes tomaram para enfrentarem os problemas do País, o que ocupou um fim de semana dos “desgravatados” mão podia consistir noutra coisa que não fosse o contrário do marimbanço, mesmo que as medidas que foram encontradas não tenham encontrado uma forma de fazer com que a população nacional não se atormentasse mais do que aquilo que está. Apesar de eu estar em desacordo com algumas das posições que o actual Governo tem tomado, não posso deixar de reconhecer que se, por um lado, aparecem como fazia o grupo de José Sócrates, a mostrar um optimismo doentio e, por outro, põem as cartas na mesa e falam a verdade, nua e crua, com o anúncio das desgraçaas que ainda estão para vir, nenhuma das duas posições merecerá aplausos e haverá sempre quem se escandalize por querer ouvir e ler exactamente o contrário do que foi expresso. É o preso por ter cão e também por o não ter!
Agora, quem se prontifica para assumir as funções que lhe correspondem como governantes de um País em enorme dificuldade, não tem que se lastimar e só lhe resta submeter-se a aplausos, se os houver, e aos assobios, como já está a acontecer até a Pedro Passos Coelho que, há dias, se viu nessa situação. Porém, o que estes homens do Executivo ainda não entenderam é que essas cerimónias das inaugurações, em que aparecem umas comitivas dos “penduras” que, pelo menos, se deliciam com os “lanchezitos” que têm lugar, para além da paralisação dessas personagens que, estando ali não podem ocupar-se dos seus deveres e, ainda por cima, fazem gastar combustíveis com as deslocações, esse gesto de não querer “acólitos” nesses casos não desapareceu nos hábitos que vêm do tempo monárquico e que se desenvolveu largamente durante a ditadura.
Não vou continuar com uma lista enorme de acontecimentos que não podem admitir o marimbar-se que a população possa estar a fazer. Se o procurar não encaixar muito no íntimo as incomportáveis misérias que a vida tem estado a proporcionar e se prepara para aumentá-las ainda mais, pode isso representar uma fuga à realidade, mas não é maneira de se fugir dos efeitos de tais pancadas.
Eu, por mim, infelizmente não me marimbo. Não consigo!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

NÃO DEVO TER RAZÃO

Aquilo que nós pensamos
quando em tese insistimos
e depois nos admiramos
quando por fim consentimos
que afinal não é assim
que a razão não nos assiste
não vale fazer chinfrim
que a certeza não existe
ao chegar a esse ponto
dar a mão à palmatória
não fazer papel de tonto
e pôr fim na oratória
é o que se deve fazer
sair bem visto de cena
e com isso aprender
que teimar não vale a pena

E mesmo tendo razão
se o outro não a aceita
melhor oferecer a mão
porque amizade desfeita
só por uma teimosia
coisa que não vale a pena
pode ser que algum dia
noutra conversa amena
o assunto volte à calha
e quem antes discordava
já não faça de muralha
e com desculpa alinhava
e aí o que nos compete
é disfarçar utilizar
em vez de deitar foguete
assobiar para o ar

As muitas vezes na vida
em que a razão é nossa
não tem de causar ferida
nem provocar qualquer mossa
Com cuidado e gentileza
mais vale fazer de tolo
porque mesmo com certeza
deve ao outro dar consolo

Não custa nada fingir
é como esmola ao pobre
no fundo é só repartir
e ter um gesto mui nobre

Já com dúvidas é pior
melhor ficarem calados 
teimar é risco maior
dá azo a sermos julgados

Assim, prudência aconselha
em qualquer ocasião
ter sempre atrás da orelha
dúvidas sobre a razão


BELAS PRENDAS!

A NOTÍCIA DE QUE O FMI EMPRESTOU mais euros do que o que estava previsto pela troyka representou uma prenda de Natal que, pelos vistos, constituiu uma simpatia posta na bota na chaminé do nosso País, que foi apanhado de surpresa, tal como sucede quando o Pai Natal deixa ficar um brinquedo para os meninos que se portam bem.
No fundo, tratou-se de um presente destinado aos pobres dos portugueses que, nesta altura, se arrastam sujeitos às maiores maldades que foram pregadas por governantes que estiveram instalados no chamado “poder” e que, não mostrando habilidade para exercer as suas funções, só souberam pedir emprestado para que os nacionais que venham a nascer ainda em Portugal sejam apanhados na ratoeira e tenham a surpresa de deparar com os encargos que irão tornar as suas vidas muito complicadas.
Segundo os estudos que já foram feitos, até ao ano de 2026 caberá aos que cá estiverem a incumbência da pesada obrigação de liquidarem qualquer coisa como muitos milhares de milhões de euros. Nem digo quanto para não apavorar os que lerem este blogue. Mas, se não se verificarem perdões de parte da dívida e até um alargamento do prazo, para tornar mais aceitável o sacrifício que os nossos descendentes serão obrigados a fazer, não pode haver dúvidas de que se trata de um panorama que talvez faça, até, com que as mães, nas alturas dos partos, se desloquem lá fora e não esperem por qualquer recomendação de um primeiro-ministro para que emigrem para um País que tenha condições para lhes dar um futuro aceitável.
É que, se já nesta altura e com o ano de 2012 à vista, os portugueses nem doentes podem estar, posto que as cirurgias nos hospitais públicos, devido a terem sido cortadas as horas extraordinárias aos médicos operadores e às respectivas equipas auxiliares, irão tornar as já longas listas de espera para um tempo que, em muitos casos, não permitirão que as intervenções cirúrgicas actuem a tempo de salvar vidas. Este o ponto a que chegámos, nem conseguindo os pobres enfermos e dependentes das referidas operações, colocarem-se em frente do Palácio de S.Bento fazendo greve, para seguir os exemplos de muitos outros reclamantes que, como por exemplo os pilotos da TAP que, esses plenos de boa saúde, também têm tomado tal posição e, ainda em dúvida, se preparam para clamar por mais ordenado, pelo que vão decidir em assembleia dos sindicatos na sexta-feira que se aproxima quais as datas em que não conduzirão os aviões.
Isto quer dizer que, quanto a prendas de Natal, o nosso País está muito bem servido. Ninguém pensa nos enormes prejuízos que causam a Portugal com as reivindicações que surgem, especialmente nos transportes, em que o paralisarem milhares de trabalhadores constitui a oferta de não terem de ir cumprir as suas obrigações nos pontos respectivos onde fazem os seus serviços, tornando esta nossa Pátria numa diminuição cada vez maior de produção, o que se traduz em empresas que fecham as suas portas e, obviamente, no aumento do desemprego que já se situa na casa dos setecentos mil.
Afinal, o Natal sempre constitui motivo para que as movimentações em diferentes áreas do panorama nacional, podendo, de facto, ser uma circunstância casual, mas, como o que é descrito acima do empréstimo suplementar por parte do FMI, se pode apresentar como uma delicadeza natalícia, pelo menos na imaginação dos seguidores zelosos da praxe do Pai Natal, pois deixe-se que se mantenha, enquanto for possível, o hábito das Boas Festas, que isso também amolece, pelo menos por uns dias, as agruras que os homens provocam uns aos outros.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

NATAL

A data chega, infalível
cada ano, sem faltar
com festejos, consumível
dizem ser tempo de amar
sem ser com amor carnal
distribuir amizade
pelo menos no Natal
porque s’afasta a maldade
como manda o calendário
25 de Dezembro
como se fosse um notário
se tu t’esqueces eu lembro
boas-festas p’ro vizinho
seja amigo ou nem isso
há que parecer bonzinho
para depois dar sumiço.
Antes da data festiva
às compras se tem de ir
gastar pouco é missiva
faz falta é iludir.

Mas se no dia seguinte
for preciso fazer mal
com o máximo requinte
já se esquece o ideal
isto de ser comandado
pela folha da agenda
cumprindo sempre o feriado
como sendo uma encomenda
é caso p’ra perguntar
s’aquilo que está marcado
é que tem de se levar
até estar realizado

Cumpramos o estabelecido
façamo-lo tal e qual
será ele parecido
com todo e qualquer Natal

NATAL - HÁ SEMPRE QUEM FESTEJE

AGORA, QUE ESTAMOS A POUCOS DIAS DA DATA natalícia, volto aqui a referir que me sinto novamente, ao longo dos oitenta e um anos que já cumpri, como atravessando um período de tristeza, pois que, certamente ao contrário da maioria dos cidadãos, desde sempre não me traz a alegria que é tão habitual e em que uns desejam aos outros as típicas “Boas Festas”, que são retribuídas pelos que recebem essa saudação.
É verdade que eu não sou um grande entusiasta pelas datas que mercam qualquer acontecimento ao serem recordadas. Festejar em colectividade não representa, no meu entender, uma obrigação estabelecida pelo calendário. Não sendo, portanto, apenas o 25 de Dezembro que me arrasta para pensamentos nada alegres, pois nos Carnavais e em todas as manifestações que decretam o hábito de marcar a sua passagem, o que poderá querer representar uma certa indisciplina que, só nestas circunstâncias, se revela.
Mas, este ano, atravessando uma forma de vida que, no caso de portugueses, sentimos ser da maior precariedade e sem esperanças de podermos assistir a uma mudança para melhor, a situação não é, de facto, propícia a festejos, sendo que, por esse País fora, a maioria das famílias sofrem as consequências penosas que os desempregos provocam. E quando o seu número já atingiu as sete centenas de milhar e, para a juventude, até os governantes recomendam a saída para o estrangeiro, não consigo descortinar qualquer motivo para festejarmos o dito “feliz” Natal.
Não escondo que, no meu caso, as lembranças do passado, até da minha infância, não me ocasionam uma sensação de alegria, pois que essa peregrinação de ir ansioso à chaminé ver o que foi colocado no sapatinho, esse gesto que, pelo menos antes, provocava na criançada um desejo de descobrir como se comportou connosco o Pai Natal, tal inquietação não ocorreu comigo. E nem sei se me fez falta não ter vivido esse momento.
No que diz respeito ao seguimento da prática religiosa, por aí não tenho motivo para lhe sentir a falta. Pois sempre assisti, à meia-noite, às três missas do Galo, e, aos domingos tinha de participar com a vestimenta vermelha e segurando na vela comparticipar nas orações que, na Igreja de S.Cristóvão, tinham lugar a seguir à missa. Da mesma maneira que, anos mais tarde, como acólito, e em latim, ajudava ao Sacramento que o Padre Cruz rezava, ansioso sempre pelo seu terminus para, logo a seguir irmos, vários jovens, para a praia de S. João do Estoril até à hora do almoço.
Faço este relato para demonstrar que a minha infância não ocorreu longe da prática cristã. E talvez seja mesmo o excesso que provocou o meu afastamento a partir da altura em que a cabeça que tinha sobre os ombros me proporcionou a faculdade de pensar e de fazer comparações entre o que os chamados Livros Sagrados, feitos pelos homens, apelavam e o que os seres humanos, com que me deparei ao longo de todo o meu trajecto de vida, mostravam nas suas acções. E as interrogações sucederem-se, sem respostas que me convencessem de que existia algo que, lá do alto, deveria ir transformando para melhor o que era a constituía ser a Sua criação. Sem certezas, fui apanhado pelas dúvidas e, pelo menos enquanto não aparecer a explicação do que é isso do Infinito, conservo-me de pé atrás e aceitando apenas o que é impossível contrariar: a nossa morte.
Aí está, pois, o motivo por que não me sinto feliz nesta data do Natal. O presépio, a Virgem Maria, os Reis Magos, tudo isso que me foi incutido na cabeça não ocasionou que eu me sinta alegre e satisfeito com aquilo que é oferecido à vida do ser humano. Festejar o quê? As guerras? A fome que atinge tantos milhões de habitantes do Globo? As doenças que atinge muita gente em todos os sítios?
E agora em Portugal: este arrastar de uma vivência sofrida e cada vez com menos esperanças de se ver uma melhoria, pode dar azo a festividades?
Cada um tem os seus motivos, de sim e de não. Há que respeitá-los e, especialmente junto das populações que se vão mantendo com convicções que lhes foram transmitidas e sem capacidade para reflectir, a esses felizardos não há que procurar chamá-los à realidade.
Este meu blogue provavelmente não chegará às mãos dos que, nos seus recantos, não têm contacto com os “infelizes” que se preocupam em descobrir as “verdades”. Ainda bem!”

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

BEM LONGOS ANOS

Bem longos anos já por mim passaram
tantos que a memória ficou confusa
alegrias, desgostos se afogaram

O julgar dos factos pede escusa
pois hoje muita coisa já perdoo
e tenho de pedir ajuda à Musa

Não serei nem santo nem abençoo
aqueles a quem fiz o bem possível
de igual modo não o apregoo

Resigno-me com o que é visível
um mundo pleno de ingratidão
pois há que conviver com o horrível

Antevendo o fim da estação
não muito longe, andará por perto
coloco na consciência a mão
ao aceitar o que está mais certo
já quase nada valerá a pena
o futuro já é um livro aberto
e ao ter de abandonar a cena
quem cá fica que diga o que quiser
fará a História sem verdade plena

Esforço-me p’ra encontrar o Norte
mas sem bússola e sem passaporte
perco ilusões, pois só vejo a morte

RECOMENDAR É FÁCIL

QUANDO UM PRIMEIRO-MINISTRO, em entrevista pública, dá o conselho para que os professores portugueses emigrem para obterem melhores condições de vida, eles e as suas famílias, coisas que, nas condições actuais, não são conseguidas no nosso País, perante esta declaração e sem tomar uma posição precipitada e política com o ar de escândalo e como as que têm sido proferidas por parte de elementos das oposições ao Governo, prefiro e considerando essa proposta no mínimo infeliz, por muito consciente que seja por parte do seu autor que, reconhecendo não ter nas mãos, segundo parece, a solução dos múltiplos problemas por que passa Portugal, decide expor, com toda a franqueza, aquilo que pensa ser melhor para uma parte importante dos naturais deste nosso País, sujeitando-se, como admito que constituiria uma convicção do próprio político, a toda a sorte de críticas que, inevitavelmente, apareceriam no largo espectro de portugueses que andam descontentes com o que está a ocorrer nesta nossa Terra.
Mas, se por um lado, Passos Coelho afirma que “”Portugal começa a crescer em 2013”, então menos aceitável terá de ser este desabafo de “empurrar” para o exterior gente nossa que, por sinal, se situa numa área que tem de merecer o apoio dos poderes soberanos portugueses e que, nos tempos atrasados mais próximos, tem sido alvo de diferentes medidas do sector educativo e, simultaneamente, contestações por parte do grupo sindical esquerdista que tem fomentado desacordos que não contribuem para se encontrarem soluções dentro de uma acalmia que ses torna essencial.
Porém, manda o raciocínio, frio e independente de ideologias políticas, afirmar que, chegados que estamos a este tempo de actuação do Executivo, já é possível apurar algum saldo que nos ponha a aplaudir ou a criticar aquilo que faz parte da obra que o grupo de Passos Coelho/Paulo Portas está a deixar quanto à sua actuação. Por um lado e depois do que constitui a “herança” de José Sócrates, é certo que se tratou de um “presente envenenado”, posto que o montante elevadíssimo de dívidas que o Estado tem por liquidar e suportando os juros pesados que o anterior Governo aceitou – talvez, também, porque não terá tido outra alternativa nas condições de aflição que lhe surgiram na altura -, mesmo não se podendo agora afirmar que constituiu uma surpresa tal panorama, o que sim não pode escapar à observação de quem não se encontra vinculado a qualquer dos lados das posições políticas que se mexem por aí, mas apenas tendo toda a atenção fixada no melhor para Portugal, é que, para além do peso quanto à dívida pública que nos “afoga”, o que tem de constituir prioridade é a urgência em criar condições para que a produção do País suba rapidamente e, para isso, há que desenvolver o espírito de facilidades em relação às condições que oferecemos a todas as iniciativas, tanto nacionais como oriundas do estrangeiro, que representem possibilidade de passarmos a exportar mais e que, ao mesmo tempo, utilizem mão de obra nacional que contribua para diminuir o desemprego que tanto flagela os portugueses. Vem a propósito acrescentar que não é com o aumento de meia hora de trabalho em cada dia que se consegue a subida da produção. Não é preciso trabalhar mais, o que é indispensável é que se trabalhe melhor, com mais sentido de responsabilidade na participação de todos em favor de uma produção que crie riqueza para Portugal.
Ora, é preciso dizê-lo, nesta área, os nossos governantes não têm dado os passos enérgicos e rápidos que dêem mostras de terem essa função como prioritária. Também, no capítulo da redução de gastos por parte do Estado, essa medida, ainda que alguns passos tenham sido dados, não foi tomada com a rapidez que se impunha (e ainda existe matéria para que os dinheiros públicos sejam poupados, com o encerramento, puro e simples, de empresas assu7midas pelo Estado que, sendo inúteis, por serem mantidas com o auxílio de verbas dos contribuintes, não há por que ter cautelas excessivas em limpar a sua existência do mapa), pelo que essa também é uma falta que é preciso criticar o Governo pela sua moleza.
E como a imaginação é necessária para, em múltiplas possibilidades que podem ser seguidas – e, neste blogue, tenho tentado contribuir, por exemplo, com a ideia de encaminhar a juventude portuguesa para a área agrícola, cabendo aos municípios a tarefa de distribuir terras sem cultivo e casas que se encontram abandonadas, constituindo um deserto de população -, ora aqui está uma proposta que, em lugar de encaminhar professores para emigrarem, poderia e deveria fazer com que cá ficassem, arranjando-lhes, evidentemente, ocupação e residência, sobretudo a casais.
Atingi, devo dizer, o fim do tempo que concedi ao Executivo actual para que pudesse encarar as possibilidades de salvar o nosso País do pior e, não estando apenas a prever, tranquilamente, “crescimento económico” para daqui a alguns anos. A situação que os portugueses atravessam é, de tal maneira preocupante que não se pode pensar que se tranquilizam com sugestões de partirem para fora para se libertarem do flagelo que se vive agora.
Assim, não conseguirá Passos Coelho, por mais Conselhos de Ministros que se efectuem como o deste último domingo no Forte der S. Julião da Barra, sem gravata para dar a ilusão de que se esteve a trabalhar a fundo, lançar uma réstia de confiança nas cabeças dos portugueses.
Chegou-se a um ponto tal em que, mesmo que sejam anunciadas melhorias ou até “milagres” para daqui a alguns anos, já não há forma de convencer os portugueses que vale a pena aguentarem o pior, sabendo-se até que o período que está à porta e começa em de 1 de Janeiro será de perspectivas dolorosas.