terça-feira, 31 de janeiro de 2012

AMAR OS OUTROS



Se a ti não te amas
nem sequer o teu umbigo
se não te interessam as famas
se não és teu próprio abrigo
nem se calhar tens paixão
por tudo aquilo que fazes
se és tua oposição
e não gostas do que trazes
se é isso mesmo que sentes
um permanente desgosto
esse nem sequer tu mentes
sobre qual é o teu gosto
então está tudo sabido
p’ra sentires alguma flama
e não ficares esquecido
ao menos os outros ama

TUDO PORREIRO, PÁ!

SÓ FALTAVA MAIS ESTA. Então não é que o Governo se mostrou incomodado após o Presidente da República ter feito críticas à política de austeridade que o Executivo tem estado a seguir! E, de imediato, essa falta de solidariedade que foi atribuída à atitude de Cavaco Silva, foi aproveitada para acusar o Homem de Belém de tentativa de desviar atenções para a sua infeliz e polémica afirmação de que o valor das reformas que lhe são atribuídas, aliás por sua vontade, por abdicar em contrapartida do ordenado de Chefe do Estado, não chegam para fazer face às suas despesas.
Com razão ou sem ela, porque na situação de enorme défice em que Portugal se encontra não tem cabimento qualquer tipo de arrufo por parte das instituições que têm sobre os ombros a grande responsabilidade de levar com eficiência a nossa Terra,  já que não são capazes de fazer progredir o País, ao menos que não dêem má imagem no exterior, sobretudo numa altura em que se impõe que sejamos olhados, tanto pelos actuais credores como pelos que eventualmente venham a ser requisitados, com um mínimo de confiança.
Por outro lado, não cabendo ao Chefe de Estado interferir nas acções que sejam oriundas do Governo, como eu aqui já tenho referido sempre pode ter efeitos positivos se, neste caso Cavaco Silva, não se mantenha mudo e mostre aos portugueses qual é a sua opção em cada caso, isso sempre depois de ter dado a conhecer pessoalmente ao primeiro-ministro que não está conforme com a medida que tenha sido anunciada. A isso chama-se colaboração e não intervenção, podendo também o chefe do Executivo contrapor com a sua opinião, podendo as duas não serem equivalentes e, nesse caso, governa quem é governante. Mas, em tais circunstâncias, ficam os portugueses a conhecer ambos os pontos de vista e isso contará para, mais tarde, quando forem chamados a colocar o seu voto em momentos eleitorais que não são coincidentes, apoiarem uma ou outra personalidade. E as oposições, que existem precisamente para tornarem públicas as críticas que os seus partidos sustentam, têm de fazer o seu papel, com respeito absoluto pelo sistema democrático que consiste precisamente nas exposições dos pensamentos que comandem as atitudes de cada qual.
Se o Presidente da República não está, nesta altura, de acordo com as medidas de austeridade que estão a ser sucessivamente impostas como, de resto, é o que se ouve com maior assiduidade em todos os locais onde nos deslocamos, pois não se espera que os cidadãos, ao verem o seu dinheiro ser cada vez mais escasso, pelo menos que diga aos portugueses qual seria a sua actuação se voltasse a sentar-se na cadeira em S. Bento onde, de resto, já esteve numa ocasião em que se deu início a despesas incontroladas que, depois, no período de Sócrates, atingiram proporções completamente disparatadas e que puseram Portugal na situação em que se encontra neste momento.
Se, uma das últimas frase cavaquistas foi de que “o Presidente da República é o provedor dos portugueses”, pois então que cumpra essas funções expondo claramente aquilo que considera ser o melhor para o País, sujeitando-se, está bem de ver, a escutar toda as reacções daqueles que se colocam na posição contrária. O facto de cada um assumir uma opinião sua diferente da de outro não tem, forçosamente, de ser considerado inimigo, podendo as relações serem mantidas com afabilidade e respeito, pois o que importa é que cada um actuecom o seu sentido de melhor querer servir a Nação.
Como custa, em Portugal, praticar-se a Democracia, sendo bem visível que os muitos anos de ditadura não saíram ainda do espírito da maioria dos nossos concidadãos, faltando aquilo que tanto tenho proclamado e que é de, nas escolas primárias, se começar, urgentemente, a ter aulas práticas de saber ouvir e de, mesmo não estando de acordo com o que está a ser ouvido, nunca levantar uma discussão estéril, esperando para expor a seu tempo, quando o outro se calar, a controvérsia da conversação.
Se este ensinamento já tivesse sido introduzido, 38 anos após a Revolução que terminou com o regime de imposição da política dos “chefes” seria tempo quase suficiente para, pelo menos, o que foi juventude na época e hoje já anda por aí na área da política, teria um comportamento bem diferente daquele que se verifica aquém fronteiras lusitanas.
Nesta altura, já de ambos os lados, de Belém e de S. Bento, sairam comunicados a afirmar que não se verifica nenhum azedume e que os relacionamentos estão "porreiros, pá!". Isto é Portugal!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

ALENTEJANOS

Debaixo de um chaparro
é bem bom pensar na vida
não tendo outra saída
se não fumar um cigarro

Alentejano de um raio
não é igual a ninguém
é sua forma também
de não olhar de soslaio

Se no Inverno faz frio
e o capote o protege
há sempre quem o inveje
e recuse o elogio

Recorrendo à anedota
julgando que o ofende
mas se é isso que pretende
faz papel de idiota

O Alentejo isso tem
muita paz, um bem-estar
pode-se tal procurar
noutro sítio, mas porém…

…por cá não se vê aonde
outras belezas existem
mas por mais que se registem
se as há bem se escondem

Sem pressas p’ra responder
lá vão saindo as sentenças
sem certezas e sem crenças
pois têm mais que fazer

FERIADOS E PONTES

ISTO DE O GOVERNO ANDAR MUITO PREOCUPADO a acabar com feriados civis e dias santos, da mesma maneira que teve um desmedido interesse em aumentar em meia hora diária o horário de trabalho, é coisa que se entenderia se todo o resto que há para fazer, no sentido de fazer crescer a produção nacional, já estivesse a decorrer na prática e não apenas em manifestações de vontades que os discursos políticos não param de encher os ouvidos dos portugueses.
Não é novidade o que afirmo, pois que o meu blogue ultimamente se tem referido a este tema que, confesso, me ocupa em demasia, sobretudo por não assistir, por parte dos que se encontram à mesa das directrizes a tomar o menor gesto que traduza, na prática, estarmos em Portugal a dar passos significativos em tal sentido, da mesma maneira que a redução dói desemprego não se encontra, pelo menos à vista e na prática, a fazer parte das acções concretas que o grupo PSD/CDS, sentado no Executivo, deveria há muito levar por diante.
Não é a continuar a pedir empréstimos, que só servem para liquidar os anteriores e os respectivos juros, que conseguiremos vermo-nos livres de um encargo que, como afirmou em França o ex-primeiro ministro José Sócrates, não é coisa que tenha de ser  liquidado, devendo manter-se ad-eterneo, pois que o futuro se encarregará de solucionar essa carga vinda do passado (tem graça e não ofende).
Pois, quanto aos feriados, às pontes e à tal meia hora diária de laboração (de que o Executivo já abdicou, por se ter convencido de que, naturalmente, não era coisa que aumentasse a produção, porque o problema do trabalho no nosso País não é que se trabalhe pouco, sendo muito pior do que isso: é que se trabalha mal!), o que se impõe é que se ofereça formação aos indivíduos que, por cá, exercem as funções de dirigente laborais, dado que é aí que reside o grande mal da nossa produção, como se comprova pela actuação dos nossos compatriotas que se deslocam para o estrangeiro para aí desempenharem as suas actividades e que são todos considerados como gente cumpridora e de bom relacionamento. É que, por lá, as greves não têm nenhuma CGTP a propô-las, e embora também se verifiquem reivindicações em favor dos que laboram, não ocorrem situações como a que a TAP, já por mais de uma vez trouxe para a rua, ainda que se trate de uma classe que, comparativamente com a maioria das actividades laborais, recebe remunerações bastante mais altas do que todas as outras.
Mas, como igualmente no capítulo dos transportes, em que as paralisações afectam toda uma população que tem de se deslocar para exercer os seus deveres, o mesmo comportamento só serve para “enterrar” ainda mais as situações financeiras das empresas onde prestam serviço os grevistas, os quais não levam em conta que sempre é preferível não verem atendidas todas as reivindicações do que encontrarem as portas fechadas, de um dia para o outro, e perderem os empregos milhares de reclamantes que deixam de ter a quem apresentar as suas exigências.
Claro que esta linguagem, mesmo provindo de alguém que, noutras épocas políticas e em que a PIDE não era “pêra doce” para os que saíam da linha imposta pelo regime, enfrentou dificuldades, será apelidada agora de direitista, ainda que tenha de ser o bom senso a analisar toda uma situação que Portugal atravessa e se devam por de parte, por algum tempo, as ideologias políticas. E o aviso saído na Imprensa de que nos encontramos numa fase de perigo de banca-rota, nem esse perigo faz reflectir os que, por de trás de bandeiras que os ocultam, se detenham perante o entusiasmo de movimentarem multidões.
Mas depois do mal feito já não vale a pena chorar a penates…

domingo, 29 de janeiro de 2012

SEM PANO PARA MANGAS


Pegar num assunto a sério
comentá-lo com alguém
mesmo sendo um mistério
que levanta o seu porém
é base de discussão
mesmo zanga à portuguesa
todos julgam ter razão
ninguém quer mostrar fraqueza

Eu é que sei, diz de um lado
tenho de tal a certeza
não posso ficar calado
e não me causa surpresa
tal afirma o sabedor
que é quem provoca zangas
e seja o tema que for
ele dá pano p’ra mangas

E a língua popular
usa termos curiosos
como este do pano dar
p’ra enervar os nervosos
p’rá conversa prolongar
as mangas vêm à baila
só é preciso falar
ainda que nada valha

Isto das mangas faz rir
porque até lembra o pobrete
que nem precisa falir
anda em mangas de colete
afinal neste País
que é bem terra de tangas
não espanta haver quem diz
não chegar pano p’ra mangas

NÃO HÁ PACIÊNCIA QUE RESISTA

JÁ ME É ESCASSA A PACIÊNCIA para me dedicar, nos meus desabafos escritos, a temas que, numa situação tão delicada como aquela em que nos encontramos em Portugal, têm de ser relegados para uma posição muito distante daquela em que a nossa atenção deve ser concentrada.
Quero lá saber do que tornou público o Presidente da terá em nada República quando revelou que tinha trocado o seu ordenado de primeira figura da Nação pelas reformas a que tem direito, ainda que estas superem o montante que lhe seria aplicado e lhe conservem os pagamentos extras, do Natal e de férias, devido ao Banco de Portugal se reger pelo Banco Central Europeu e não pelas leis do Estado português.
Como já me desliguei da situação criada pelo Jardim da Madeira, pois houve uma mão que, mesmo não sendo completamente do agrado do madeirense, o deixou em posição que virá a ser-lhe mais facilitada no que diz respeito à opinião desfavorecida dos votantes, na altura das novas eleições no Arquipélago. E daí até talvez não!...
De igual modo, a transferência do comando da CGTP, de Carvalho da Silva para Arménio Carlos, é tema que não altera em nada a atitude dura que fez sempre parte da actuação daquela central sindical, pois continua a ser a política do PCP que orienta os passos reivindicativos que justificam a existência da Central Sindical.
O que sim, tem de continuar a constituir uma preocupação severa para todos os portugueses, incluindo os que não se mantêm ao par dos acontecimentos – e são muitos - que, em catadupa, são acrescentados ao já tão apavorante panorama de sacrifício nacional, é, no meu entender e que aqui neste blogue  tenho assinalado: a falta de actuação, por parte dos governantes que temos, para que se deixe a teoria de apenas se assinalar a falta de produtividade e não se actue na prática fazendo aquilo que pode transformar completamente uma deficiência que não deixa que levantemos a cabeça, como igualmente o problema do grande desemprego que grassa de Norte a Sul, e que continua a aumentar também nas áreas da juventude acabadas de sair das faculdades, o que não se pode aceitar pois que é o futuro que fica em causa, não bastando já que lhe deixemos um País endividado devido à perdulária actuação de antecedentes portugueses que gastaram em obras supérfluas, não só no Continente como também no arquipélago da Madeira, e lhes passam em testamento um exemplo que envergonha a Pátria, a mesma que, pelo contrário e ao longo da História, deixou marcas que merecem a nossa veneração e que, se fosse hoje que apelariam para a bravura lusitana, não haveria quem fosse capaz de se sacrificar por qualquer causa. É, pelo menos, o que eu penso das características actuais de uma Nação que se deixou envolver por um tipo de egoísmos, aliás dominantes na vida moderna, dado que, o salvemo-nos nós e deixemos aos outros os problemas difíceis, é o que constitui o lema da grande maioria dos seres humanos e a Europa, tal como se encontra nos dias de hoje, em que o sentido de fraternidade custa a enraizar-se nos parceiros que a formam, não deixa que se altere a má caminhada que se percorre.
Perante o espectáculo a que se é obrigado a assistir e nele termos mesmo de fazer parte, como é possível que nos atinjam preocupações menores, dessas que não passam de meras passagens da vida, sem grandes consequências para o futuro, mesmo que elas tenham a ver com “segredos” que apoquentam a política mas são passageiras, como é o caso da “trindade” tida como vias de divulgação de secretismos que, sobretudo no caso português, não passam de questões de pátio, no que, afinal, nós por cá somos especialistas.
Bem sei, por experiência própria – muito embora nunca tivesse, como nas vezes que exerci a responsabilidade de dirigir um órgão de comunicação social, seguido esse tipo de jornalismo -, que os casos que podem constituir novidade para atrair leitores são muitas vezes explorados sem o mínimo de atenção quanto à veracidade dos elementos. Mas compete aos seguidores das notícias separar o trigo do joio, e é isso que estou a tentar fazer neste texto de hoje.

sábado, 28 de janeiro de 2012

GAVETA


Gaveta que guarda
segredos de outrora
é coisa que tarda
‘inda não é hora
de querer abrir
p’ra não recordar
e ter de engolir
o que a guardar
e não sendo peta
ficou na gaveta

Era então desgosto
mazelas d’antanho
hoje é já sol posto
papéis não apanho
reler hoje em dia
o que então guardei
isso não faria
nem jamais farei
não abro a gaveta
não vou eu abri-la
falta-me a vontade
não quero senti-la
dar-lhe liberdade
outros que o façam
sem eu estar a ver
e que se desfaçam
não quero saber

Não estando presente
no mundo dos vivos
quem não vê não sente
nem dá mesmo ouvidos

Também não importa
não estarei p’ra ver
fechou-se a porta
que posso fazer?

Gaveta não puxo
falta-me a coragem
será mesmo um luxo
oferecer viagem
ao que há tantos anos
está encafuado
não causando danos
por estar olvidado

Não vejo agora
quem ficando cá
após minha hora
s’interesse quiçá
por ler o que fica
pois se enquanto vivo
não ligam nem nica
ao que é meu activo
de escrita, pudera,
que o outro se houvesse
seria quimera
seria benesse
bem apetecida
coisa que um poeta
ao longo da vida
não deixa em gaveta.



SEGREDOS DE POLICHINELO

É CERTO QUE NEM TUDO se pode tornar público na vida política e que uma certa contenção nas palavras serve para não criar na população uma desmedida apreensão que em nada ajuda a que as medidas que depois chegam ao conhecimento dos, neste caso, portugueses, não ocasionem críticas, protestos, reclamações e até desmotivações que não são a melhor maneira, agora, de colaborar com o objectivo de se progredir na caminhada penosa que o País tem de empreender para, pelo menos, mostrar que a vontade dos governantes é essa.
Se a transparência, palavra que nesta altura tanto se pronuncia, é amiga da tranquilidade com que os “maiores” da condução política de Portugal devem sempre manter, por outro lado o não divulgar certas negociações que estejam a ocorrer, para que as partes não se vejam acossadas antes de chegarem a um apuramento das causas em discussão, isso também se tem de considerar aceitável, desde que, num curto espaço de tempo, se dê conhecimento do andamento e das conclusões que foram conseguidas em ambiente reservado.
O caso da Madeira, com as ameaças de Alberto João Jardim, que se mostra sempre disponível para fazer prevalecer os seus pontos de vista e não levar em conta as resoluções oriundas do Governo da Nação, o enorme buraco criado por sua má conduta no poder local, que resultou no volume atingido de 6 mil milhões e meio de euros com obras que poderiam e deveriam ser levadas a cabo apenas dentro das disponibilidades financeiras de que dispunha em cada altura, essa situação, em vez de tornar mais razoável o tom com que sempre se dirige ao poder no Continente, pelo contrário e sempre com o propósito de criar nos madeirense a ilusão de que a sua atitude é que serve melhor os interesses daquele povo, descambou nos habituais despropósitos linguísticos e, pelo menos, deslocou-se a Lisboa para ser recebido pelo primeiro-ministro e discutir com ele as formas que proporia para libertar o Arquipélago da dose de sacrifícios que teriam de lhe ser exigidos.
E é aí que Pedro Passos Coelho resolve manter em segredo, quer a conversa havida quer a proposta que teria sido apresentada, sendo que também Jardim não divulgou uma linha do que consistia o acordo e, mesmo chegado à Madeira, fechou-se em copas e recolheu-se no seu gabinete sem soltar nada do que passaria a ser exigido aos habitantes madeirenses.
Pois, não se sabendo do lado de cá nem vindo da Madeira nenhum sinal do que seria aplicado – apesar de se tratar de um tema que tocava perto dos portugueses do Continente e também dos que residem na Madeira -, não pode deixar de se considerar que se tratou de um mistério que, já talvez amanhã seja destapado mas que não havia razão para que se tivesse guardado tanto segredo do que, afinal, acaba por ser revelado e não haverá outra forma de actuar.
A importância disto tudo reside apenas na necessidade de os governantes, os principais e os subalternos, como é o caso em apreciação, não utilizarem escondidas do povo situações que interessam directamente aos bolsos dos cidadãos, sempre mas sobretudo num período como este em que qualquer centavo que deva ser pago por eles não pode surgir de surpresa.
Não é que os governados possam fazer alguma coisa, ainda que, por parte dos madeirenses, exista a possibilidade de não repetirem a eleição de um homem que, com tantas manifestações próprias de imputável, mas será por uma questão de actuar sempre com a maior limpidez que se devem evitar os segredinhos de polichinelo…
Já depois de ter redigido este texto, no final da tarde de  sexta-feira, teve toda a gente a possibilidade de se actualizar quanto ao acordo firmado pelo Governo da Nação e o da Madeira, pois Jardim, sentado no Funchal, dispôs-se a comunicar numa conferência de Imprensa quais foram os pontos assinados. E aí tomou-se conta das exigências que vão cair sobre os madeirenses e de que esse plano durará ente 2012 e 2015. No entanto, Alberto João não deixou de salientar que não tem certezas sobre se serão cumpridos todos os compromissos tomados pela Madeira. E, por obrigação que envolve as finanças do Continente, conta-se um empréstimo de um milhão e quinhentos mil euros que o Governo madeirense terá de liquidar até 2031. E nós, os continentais, a aguentar mais este esforço que é feito em favor daquele Arquipélago.
E, caso a referir: Jardim deu mostras ao longo das explicações que prestou aos órgãos da comunicação social da sua tradicional formação de “imperador” não discutível, de ser o possuidor de toda a razão e aproveitou mesmo a oportunidade para criticar a Imprensa em geral por ser, como ele disse, “catastrófica”, conduzindo as perguntas que lhe foram feitas com mão dura, como se se tratasse de uma aula em que ele era o professor e os jornalistas meros alunos mal comportados. Nem aqui se assistiu a um procedimento não criticável…

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

DIFERENTE-INDIFERENTE

O ser-se igual não anima
a estar-se um pouco contente
a ter o ego em cima
coisa de ser diferente

Imitar pode ser belo
se o retrato sair bem
se for feito com desvelo
cópia de um bom alguém

 Mas p’ra se poder ser gente
que os outros olhem com gosto
tem de ser bem diferente

mostrar que não está ausente
que não tem qualquer desgosto
por não ser indiferente

ORTOGRAFIA PORTUGUESA -NOVA?

COMO TEM SIDO CONSTATADO pelos leitores deste blogue, eu não aderi ainda (e espero não andar por cá na altura em que a mesma for obrigatória, lá para 2015) à ortografia dita actual, em que a língua portuguesa se sujeita a modernizações impostas por decreto, alterando-se a forma de escrever que nos foi ensinada, a nós, os da minha geração, e de que não existe motivo para nos termos de submeter a formas utilizadas por países, que, embora considerados e bem lusófonos, receberam o ensinamento da escrita da portugalidade que lá foi chegando ao longo de séculos, nomeadamente o Brasil que, tendo-se tornado numa potência pela sua grandeza de território e também pela expansão populacional e económica, sobretudo nesta altura que dá mostras de ter um peso de produtividade e, por isso, financeira dignas de louvores, não constitui razão para que tenhamos nós de modificar as origens do nosso idioma escrito, o qual, tendo-se vindo a actualizar ao longo da nossa História, pelas naturais mudanças que o nosso próprio povo vai introduzindo, não será pela sua adaptação à forma seguida por um filho que foi nosso aluno, que teremos que nos submeter à pouca verticalidade de uns tantos “patrões” políticos em que não se reconhece qualidade nem conhecimentos suficientes para quererem fazer o que, por exemplo, a Grã Bretanha não fez nunca em relação aos E.U.A. ao Canadá, à Austrália, à nova Zelândia, à África do Sul e em todos os locais em que o inglês se fala e se escreve, deixando que, em cada sítio com a sua forma particular, mas que não obriga a que a origem linguística tivesse de ser modificada num espírito tristonho de existir uma “inglateridade”.
Não é por ocorrer esta imposta mudança que a nossa língua alcança maior expansão de qualquer espécie. Antes pelo contrário, só provocam confusão e dúvidas as mudanças que só destroem aquilo de muitos nos devemos regozijar, por ser uma continuação da língua usada por tão ilustres génios do português, em que se incluem Luís de Camões, Fernando Pessoa e todos os autores de literatura exemplar que fazem parte da riqueza que nos enche de respeito pelas obras publicadas ao longo dos anos.
Cada local, até mesmo no interior do nosso território continental e ilhéu, utiliza as suas forma específicas de pronunciar as palavras portuguesas e isso só representa a riqueza que se junta para dar um cariz próprio ao português falado, sendo também que existem maneiras diferentes de apelidar certos instrumentos de uso corrente. Mas isso não leva a que o resto do território adopte como suas as particularidades de cada zona. Até na escrita literária, têm existido escritores que se serviram de expressões específicas de certas áreas geográficas nacionais para enriquecer as suas obras. Aquilino Ribeiro é um exemplo bem conhecido de se servir da linguística beirã, o que não o tornou, de maneira nenhuma, como um deturpador do português.
O que diriam Eça de Queiroz, Alexandre Herculano, Camilo e todos quantos enriqueceram a língua pátria, se, nesta fase de mortificação do que nos é mais rico, tivessem de modificar completamente os textos que têm de ser lidos pelos alunos que devem aprofundar os conhecimentos do que nos foi deixado pelos antepassados, mesmo que algumas aliterações tivessem sido introduzidas, mas nunca para unificar com antigas colónias ultramarinas. De facto, o “ph” em vez de “f”, teve de sofrer a mudança, mas não porque no Brasil se fizesse questão de não utilizar as “pharmácias”.
Quando a nossa maior preocupação deveria residir na produtividade do nosso País e de encontrarmos formas praticas de acabar de vez  com o desemprego, uns tantos ditos “académicos” dedicam-se a retirar os “hifens” e as letras consideradas mudas, que é o que fazem os brasileiros.
Esta revolta merecia que o Carvalho da Silva, ainda antes de deixar a CGTP, organizasse uma manifestação que mostrasse bem a revolta muda de muitos dos lusitanos por terem de andar “às aranhas” sem saber como devem escrever esta ou aquela palavra.
Eu, por mim, para dar um ar de que aderi a esta ridícula moda, imito a fala brasileira quando, sentado muito repimpado, diz a alguém que telefona a pedir a comparência urgente: “Estou indo!...”
E acabo este texto com um: “Fui!...”

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

ODE A BOCAGE

Ao ler Bocage, homem que sofreu
tem-se a aprova que depois de morto
os de cá o levam ao apogeu

Bocage, personagem não qualquer
é o exemplo que só depois de morto
tem jus ao que antes devia ter

quem até lá viveu no desconforto
versejando para ganhar a vida
sem conseguir então um bom porto

fazendo poesia atrevida
mesmo com pouca ajuda dos amigos
chegou cedo à hora da partida

e são estes exemplos bem antigos
que hoje se repetem mundo fora
sendo a clara prova dos castigos

praticados antes, também agora
porque o ser humano é o mesmo
e é muito ingrato a qualquer hora

todos os anos passados a esmo
a contemplar o que o Homem faz
fazem-me acreditar que há abantesmo

que persegue aquele mais audaz
vindo da indigência mediana
e que nas artes se tornou primaz

CONFIANÇA PRECISA-SE

A CERTEZA COM QUE PASSOS Coelho afirmou que não iria ser preciso a Portugal nem pedir extensão do tempo do pagamento das várias dívidas e muito menos solicitar mais empréstimos, essa afirmação tão peremptória pode deixar muitos portugueses descansados, sobretudo os que não se encontram bem ao corrente da situação que nos envolve, mas, aos que fazem contas e procuram seguir com algum pormenor o estado em que nos movimentamos, esse tipo de afirmações aumentam a preocupação e fazem reflectir quanto ao espírito de rigor que se tem de exigir dos governantes.
Bem natural será que, por nada adiantar que nos embrulhemos numa manta de choros e de temores, alguma dose de esperança que saia da boca dos principais responsáveis poderá servir de uma espécie de água benta e de um calmante que sempre produzirá os seus efeitos, dando um pouco de força para que os portugueses, especialmente a maioria que são os mais desprotegidos, sintam menos os efeitos da vida tão difícil que tem sido levada até agora e que se apresenta, ao longo deste ano e, quem sabe, também em 2013, ainda pior de suportar.
Porém, salvaguardado esse intuito, o que tem de facto de preocupar toda a população é a ausência de actuação dos homens que fazem parte dos dois grupos partidários que formam o Executivo de se dedicarem ao que é verdadeiramente essencial e que reside na transformação da economia, tornando-a produtiva e exportadora, e o desemprego que tem de ser reduzido substancialmente, sob perigo de se vir a criar um movimento de revolta que, a exemplo do que se verifica em certos países europeus e que as televisões dão publicidade noticiaria, apareçam os primeiros actos que reúnem protesto e selvajaria, com as destruições que sempre ocorrem quando a actuação é em grupos e, por de trás deles, se conhecem comandos organizativos que se encontram ligados a extremismos políticos.
Se os comentadores (que estão sempre a apontar as necessidades que se verificam nessas duas áreas, incluindo os partidos das oposições), se encarregassem de indicar soluções, mesmo que umas tantas não sejam exequíveis, dado que o diagnóstico de Portugal de hoje está feito há já bastante tempo, e o que se torna imperioso é indicar a cura, visto que se isso fosse feito, em virtude de ser essa a atitude que se torna verdadeiramente útil e urgente executar, já haveria matéria para se poder optar pela medida que se considerasse mais apropriada, podendo então ser o Governo apontado concretamente pela falta de aproveitamento das soluções que surgissem e pelo aparente adormecimento que se tem averiguado num período, como este que atravessamos, em que não há perdão para adormecimentos nem para reflexões  muito arrastadas.
Eu continuo, nesta pouco importante actuação de um humilde blogue, a lançar propostas que poderão ser ou não aproveitadas. E, até demonstração contrária, não as considero como inúteis, pelo que até os comentários que poderão ser deixados após cada um dos textos que aqui deixo, esses farão pensar se, na verdade, se tratam de ideias peregrinas de que nem vale a pena discuti-las.
Enquanto tiver cabeça e computador, aqui continuarei nesta luta tão vazia de glória. Até as poesias que me saem poderão amenizar de alguma maneira os textos que me vão saindo. Como, até hoje, não se paga IVA ou qualquer outra actuação fiscal pela publicação de blogues, cá se irão fazendo. Pela minha parte é o que me resta…
E este ponto de vista ocorre exactamente na altura em que, segundo tudo indica, a conversa havida hoje, quarta-feira, em Lisboa, entre Passos Coelho e Alberto João Jardim (de que só se conhecerão os pormenores das condições que serão impostas a um eventual empréstimo ao Arquipélago para poder cumprir, na próxima sexta-feira, em que terá lugar outra reunião, dessa vez na Madeira), será a base do acordo que receberá a assinatura do considerado culpado de ter aparecido um “buraco” de mais de 6 mil milhões de euros, que foi consequência das obras e luxos a olhos fechados que se realizaram naquele espaço nacional e que ele mesmo tem vindo orgulhosamernte a afirmar que não poria a sua assinatura sem condições que ele considerasse interessantes.
E Passos Coelho lá vai indo a navegar num mundo de propostas que, para causar ainda mais confusão aos portugueses, até fez surgir nesta altura o anúncio de que, na área da electricidade, se deixa de ter obrigatoriamente de ser cliente de um só fornecedor, pelo que as propostas já existentes e as que virão a ser apresentadas em breve, por fornecedores ainda em fase de estudo, procurarão transmitir confiança que, por sinal, é a que mais falta neste nosso rectângulo. Confiar é um exercício que é da maior utilidade quando não existem razões para se estar de pé atrás. E é só aí que a confiança pode transmitir tranquilidade.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

VENTO

Bem longe de mim estão esses ventos
Que sopram a outros e por mim passam
Sem parar, sem olhar os meus tormentos
Que também tenho e me trespassam

Quero agarrar o silvo desse vento
Pleno de saber, de compreensão
Quero-o para mim e bem o tento
Mas é todo um esforço em vão

Brisa que passa cheia de alegria
Envolta em bem e com boas notícias
Se eu pudesse nunca partiria

Só tempo agreste é que quer ficar
O que vem carregado de sevícias
E que insiste à minha volta rodar

UNIDOS SÃO MAIS FORTES

NÃO TENHO A PRETENSÃO de supor que a visita a Portugal de Mariano Rajoy, presidente do Governo espanhol, para se encontrar com Passos Coelho, em S.Bento, seja consequência das minhas repetidas alusões para que ocorresse, já há bastante tempo, mas agora com maior razão para que se efectivasse, um entendimento dos dois Países da Península Ibérica, por forma a ser feito um ponto da situação da nossa presença, mútua, na Europa. Não, não chego a esse ponto de auto estímulo, porque se, por cá, os governantes não se dão a esse trabalho de seguir o que dizem os blogues das suas actividades, muito menos é de esperar que os nossos vizinhos além fronteiras se dediquem a querer saber o que se escreve do nosso lado, mesmo que se refira a temas de interesse mútuo.
O que poderei, modestamente, dizer é que, uma vez mais, se verificou o facto de, no que me diz respeito, ter razão antes de tempo, situação que me tem perseguido ao longo da minha existência e, por esse facto, me faz pensar cada vez mais antes de expor os meus pontos de vista em relação a acontecimentos futuros, os quais não têm nada a ver com adivinhações que os astros ou outra ciência desse tipo me facultem tal prioridade. Trata-se somente de uma reflexão sem qualquer tipo de preconceitos, em que o patriotismo, que alguns tanto proclamam, não tem de estar em causa, antes é o interesse pelo melhor para Portugal e para os portugueses que põe de parte esse “aljubarrotismo” que ainda reside na cabeça de uns tantos que são consumidores de histórias inventadas da “padeira”, que ficou dos tempos antigos da escola primária.
Não se sabe ainda se a reunião dos dois chefes de Executivo terá focado a vantagem deste par que constitui os Países Ibéricos formar uma frente para dar mostras da importância de uma força da zona Euro, oriunda desta ponta do Continente, a qual poderia representar outros parceiros que, não pertencendo ao grupo dos mais fortes, têm também necessidade de expor os seus pontos de vista e de lutar por eles.
Mantenho que um passo como este marcaria uma posição que só ilustraria a presença dos seus autores, e, quanto a resultados, também antecipo que não seriam negativos, sobretudo se se arregimentassem outros interessados em levar avante aqueles princípios que estiveram na origem da formação da então CEE, e que, conforme se verifica até aos dias de hoje, se encontram bem longe de serem postos em prática.
E só mais uma pequena nota: se aquilo que, sendo um desejo meu, corresponder à realidade, só será pena que tenha sido o governante espanhol a deslocar-se a Lisboa, em lugar de ocorrer o contrário, como prova de que seríamos nós, os da ponta oeste do Continente, a mover os meios para que nascesse a medida que ficaria na História da criação dos Estados Unidos da Europa.