sexta-feira, 30 de setembro de 2011

ANDAR POR CÁ

Andar por cá a arrastar-se
sem que a idade ajude
vá lá a gente fiar-se
pois tudo nos desilude
e os dias vão passando
vem mais um aniversário
sem saber como e quando
acaba este calvário

O sofrer com a doença
ninguém quer mas tal sucede
lá se vai mantendo a crença
de vir o que bem se pede
p’ra não fugirmos à sina
de dar com o inesperado
situação que mofina
mesmo passando ao lado

Mas, p’ros novos ensinar
devem cá estar os mais velhos
se dizem não precisar
sempre metem os bedelhos
mesmo p’ra não repetir
os erros já praticados
para poder prosseguir
caminhos novos traçados

Ao menos que o sacrifício
que cada idoso suporta
preste algum benefício
e ajude a abrir a porta
qu’aos novos a vida oferece
com teoria sem prática
e a juventude merece

São assim as gerações
e os que ainda se movem
assumem obrigações
por isso não se comovem

O ESTADO GASTA DEMAIS E FAZ DÍVIDAS

ATÉ QUE ENFIM que saiu uma determinação que condiciona as dívidas praticadas pelas empresas subjugadas aos Estado a 5 milhões de euros, sendo o Tribunal de Contas que tem de dar o visto prévio, ao mesmo tempo que esta Instituição tem o poder de responsabilizar e sancionar os gestores públicos nos casos de má gestão. Vale mais tarde do que nunca, diz o povo desde sempre, mas que esta determinação, se tivesse existido antes, desde que se começou a verificar que ocorriam exageros nos compromissos assumidos com dívidas e que os responsáveis por tais actos não sofriam qualquer sanção, como se passa agora mesmo com o caso da madeira, em que Alberto João Jardim sai impune e se ri até na cara dos que, no Continente, se “atrevem” a fazer comentários ao “dono” do Arquipélago, se isso existisse desde há anos atrás, mesmo quando Cavaco Silva exerceu as funções de primeiro-ministro e foram aplaudidas as ofertas de dinheiro da Europa para acabarmos com os barcos de pesca e reduzir drasticamente o cultivo de uma riqueza que existia, se o Tribunal de Contas já pudesse actuar então não teríamos chegado a este estado de paralisação, nos mares que temos à porta e nas terras que se encontram nesta altura abandonadas do cultivo.
Tudo isto e muito mais tem de figurar nas páginas da História que contará, passo a passo, como se comportaram variados políticos que, neste momento, se escondem das verdades e clamam tarde demais pela produção nacional e pela necessidade de exportarmos e recebermos o menos possível de fora.
Vale a pena passarmos uma vista de olhos sobre os montantes em que diversas instituições ligadas à acção governamental contribuíram para as dívidas monumentais que se acumulam nos livros do Estado. A CP, por exemplo, tem um encargo por pagar de 3,32 mil milhões de euros, mas as Estradas de Portugal mostram que 2 mil milhões causaram tanto “orgulho” ao Governo que saiu antes do actual. Mas o Metro de Lisboa, a Carris, a C P, o Metro do Porto a Refer as Águas de Portugal e mesmo os Parques Escolares conseguiram atingir mais de 12 mil milhões de euros até à data em que o Tribunal de Contas tomou conhecimento da tão grave realidade.
Quando alguns economistas, tidos como mais pessimistas, avisam que nem em 2015 conseguirá Portugal libertar-se deste fardo que nos atinge a todos e que os descendentes encontrarão como prémio de terem nascido neste País, logo surgem os cheios de esperanças, ainda que não as filiem em nenhum dado concreto, de que conseguiremos dar a volta por cima – frase bem carioca -, que, com o espírito brasileiro do “deixa comigo” sempre se agarram a todo o tipo de fantasias para encherem o seu ego, e não se mostras dispostos a aceitar as realidades, sobretudo se elas são sombrias.
Se não aparecerem formas na Europa - agora tão dividida mas talvez veja necessidade imperiosas de “juntar os trapos” -, que nos ajudem a libertarmo-nos das dívidas e dos juros que não param, em cada segundo, de aumentar os valores que se devem, se isso não ocorrer tenho muita pena mas não consigo descortinar uma maneira de, pelos nossos próprios meios, equilibrarmos as contas e começarmos vida nova.
Não há ninguém que tenha mais vontade do que eu de me encontrar equivocado em relação ao futuro que nos espera. Oxalá me chamem depois todos os nomes que entenderem, se Portugal levantar a cabeça e o meu pavor em relação ao amanhã seja completamente desprovido de razão.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

PERFEIÇÃO

Não sei se a felicidade
reside no se julgar
que não constitui vaidade
o nunca se enganar
perfeição
que ilusão
atingi-la se presume
ser algo quase impossível
chegar mesmo lá ao cume
pode ser mas é falível

A obra-prima afinal
por muito bela que seja
não será nunca ideal
melhor sempre se deseja
alcançar
abraçar
o autor desconsolado
sofre por não conseguir
ver o trabalho acabado
sem o super atingir

Isso será consciência
de longe o máximo ver
e tal como em penitência
prosseguir sempre a sofrer
insistir
sem conseguir
o fazer coisa perfeita
não pertence ao ser humano
não se inventou a receita
pois a vida é um engano

Trabalho e aplicação
ajudam a lá chegar
mas nem o que é sabichão
deixa de se enganar
estar perto
não é o certo
é bem bom à roda andar
os génios o conseguiram
já chega p’ra s’admirar
sem perfeição s’atingir

Imperfeito mesmo sendo
é bom não ficar parado
original ou remendo
o preciso é que dê brado
com amor
o melhor
tem de sair bem do fundo
da alma, do coração
o ser primeiro ou segundo
só importa a devoção

Se um dia surgir o tal
o homem da perfeição
e se for em Portugal
que não haja presunção
em boa hora
mesmo agora
que tanto necessitamos
que surja alguém capaz
para qu’em ordem ponhamos
quem precisa tanta paz




NÃO HÁ QUEM SEJA PRÁTICO?

A TVI, TENDO COMO entrevistadora Judite de Sousa, que saiu da RTP e exerce naquela estação funções idênticas às que executava na televisão estatal, tomou a iniciativa de pôr Cavaco Silva a responder às perguntas que lhe foram apresentadas. Não aceitando que o Presidente da República tivesse posto condições no que respeita às questões que lhe iriam ser apresentadas – e digo isto porque, a mim, em certas ocasiões em que foram propostas entrevistas sobretudo a políticos, saíram condições de serem apresentadas antecipadamente as perguntas que iriam ser feitas, coisa que no meu Jornal, “o País”, nunca foi dada concordância a tais pedidos, pois que em jornalismo os entrevistados devem ser sujeitos à surpresa, e isso para que não sejam falseadas as afirmações de quem responde e tenha tempo para “dar a volta” ao que deve ficar registado nessa operação de entrevistar -, com esta convicção continuo a manter a opinião de que o nosso detentor do poder em Belém não será desses que deseja estar preparado para questões que lhe sejam apresentadas e que ele terá dificuldade em responder.
Sendo assim, considero que o que foi perguntado a essa figura pública deveria provocar maiores esclarecimentos às dúvidas que têm de pairar na cabeça dos portugueses sobre o que nos estará reservado para o futuro. É que, não competindo ao P.R. a acção governativa e podendo este não estar de acordo com o que se passa em S. Bento, independentemente das conversas havidas com o primeiro-ministro e que Cavaco Silva considera que não devem ser divulgadas, caso os caminhos a seguir sejam completamente contrários ao que se passa na realidade, em minha opinião o papel de deixar informados os cidadãos tem de ser exercido pelo P.R., dirigindo-se com clareza aos seus compatriotas e não escondendo nenhuma parcela das atitudes que não são e o deveriam ser, na sua opinião, e o que se prevê que aconteça a seguir, tratem-se de notícias boas ou más.
A confiança tem de ser incutida sempre aos portugueses, mas mantê-los iludidos para depois surgir o momento de grande dor e não estarem preparados, nem que seja psicologicamente, para não perderem a cabeça e meterem-se em condições de suportar os maus momentos, evitando criarem-se tumultos e revoltas que pioram ainda mais a situação.
No capítulo do aumento excessivo de impostos, sendo os mesmos necessários para sustentar os gastos que o Estado tem de enfrentar, cabe à figura suprema da Nação explicar e pedir paciência para um acto que não pode ser evitado. Como lhe cabe o pedido para que a portuguesa que exercem ainda alguma actividade para se dedicarem ao trabalho com afinco, para que as faltas de funcionários nos departamentos oficiais seja substituída por uma maior dedicação.
E no que diz respeito ao desemprego pavoroso que andamos a aguentar com as graves consequências que tal provoca no seio das famílias, o deserto que existe hoje no interior do Paios, com uma grande quantidade de terras agrícolas abandonadas, poderá o P.R. convencer os proprietários de tais riquezas a permitirem que os jovens que não têm emprego e a maior parte com cursos superiores sejam eles a dedicar-se à agricultura e, para isso, sugerir ao Governo que dê cursos rápidos de actividade agrícola, pondo-lhes à disposição o material necessário e as sementes que podem ser fornecidas por associações que possam tê-las ou obtê-las de outros associados que abandonaram a actividade e ai, seguindo o exemplo de Israel que, segundo sei, se encontra disponível para ensinar como funcionam os kibbutzin (já me referi a isto em texto anterior), sendo uma forma de solucionar um problema e, quem sabe, de criar uma nova onda de agricultores que nunca pensaram entrar em tal profissão.
Isto é o que tenho a dizer sobre a actuação do Presidente da República. Se nem essa figura consegue contribuir de forma positiva para que o nosso País encontre uma saída para a situação actual, então bem pode chegar à conclusão que não há ninguém por cá que saiba dar a volta e depressa.
Termino reforçando o meu ponto de vista. Há que deixar para trás as recomendações teóricas sobre o que devemos fazer, mas sem se verem acções concretas que terminem de vez com a contemplação e se fiquem apenas nisso.
Alguém há-de haver que siga esta via. Mas, por enquanto, da boca de toda essa fornada de políticos, o único que se assiste é às indicações do que devíamos fazer… sem fazer nada por isso!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

DEFINHANDO


Nem sol nem chuva
umas nuvens que causam incerteza
nada assenta como uma luva
tudo provocou já surpresa
será a vida uma chateza
não vale nem um bago de uva

Andar assim à toa
sem saber o que fazer
olhar para Lisboa
dando para entristecer
pensar no que poderia causar tanto prazer
a mim, como no seu tempo a Pessoa

Vai definhando
Falta imaginação
com todo o tempo que foi passando
não houve quem tivesse mão
para ir resguardando
o que nos foi deixado por missão

Capital tão bela
que tantos invejaram
podia ser hoje aquela
que lisboetas desejaram
mas por fim não alcançaram
nem olhando da janela

ET PLURIBUS UNUM

POIS ESTA É UMA MANIA QUE OS PORTUGUESES têm desde sempre. O princípio de que a união faz a força, aquela frase latina que consta no emblema do Benfica ”et pluribus unum”, que representa precisamente a junção do máximo de adeptos para que os resultados saiam melhores, como dá a ideia aos mais egoístas – e o ser humano segue bem esse defeito – de que quando são muitos é mais difícil sermos nós a comandar, tal ideologia não é preferida em muitos sítios e, por cá, na verdade damos mostras com frequência de que preferimos sermos poucos em redor de um ideal, para termos possibilidade de nos caber o comando, do que juntarmos muita gente, dado que aí fica mais longínqua a eventualidade de nos caber o mando.
Isto que aqui deixo expresso vem a propósito de o ministro da Economia que se encontra agora a ocupar o referido lugar, ter deixado sair uma afirmação que dá que pensar: a de que existem em Portugal 700 associações empresariais e isso em comparação com o que ocorre, por exemplo, na Bélgica – país com as dimensões mais ou menos como as nossas -, em que o número de agremiações não ultrapassa as setenta.
Por aqui se pode ver como não conseguimos, desde que somos o que somos, a possibilidade de formarmos uma força que tenha condições para lutar e tentar vencer certos confrontos não bélicos, como sejam os de conquistarmos mercados onde colocar os nossos produtos e, antes disso, sermos nós próprios os produtores daquilo que desejamos exportar.
Quando algum empresário se instala no nosso País e até alcança sucesso, logo surgem os maldizentes abespinhados contra aquilo que chamam de “invasão” de estrangeiros e se forem espanhóis ainda maior aflição aparece que lhes salta. Isso em vez de nos congratularmos todos com a ajuda que é dada aos nossos interesses por entidades que não nasceram na nossa Terra.
O número de associações de agricultores, antes chamados grémios, que pululam pelo nosso País, por vezes de terra em terra, com a fragilidade que é evidente pelo pequena quantidade de elementos que podem contribuir com as suas quotas e produções, esse exemplo, que foi motivo das minhas repetidas críticas escritas no tempo em que eu era director da revista “País Agrícola”, tal falta de quantidade de sócios, logo de força, é também muito culpada pelo nossa fraca produção e igualmente pela dificuldade que temos em colocar os nossos produtos nos mercados estrangeiros, pois que para efectuar uma actividade desse tipo impõe-se ter uma dimensão mínima que suporte os custos de uma organização técnica e comercial que é essencial para que a acção seja minimamente eficiente.
O português – e não me escuso de criticar os meus compatriotas, incluindo-me nesse alvo, pois o reconhecermos os nossos defeitos é fundamental para tentarmos emendá-los -, tem a pretensão de ser dono do lado da sua rua e colocar-se na posição de adversário do que se encontra no passeio em frente, o que faz com que possa ser o “chefezinho” dessa pequena junção, o que talvez não conseguisse se o grupo tivesse maior dimensão. Ser chefe do pequeno em vez de ser membro do grande é uma característica que só nos faz bem reconhecer que é o que seguimos, e nesta fase de ínfima produção em todos os campos, sobretudo o agrícola e o industrial, compete-nos a todos nós, fazer os “impossíveis” para que mudemos rapidamente de procedimento.
E é isto que os governantes não devem ter receio de afirmar publicamente, pois com palavras só elogiosas não conseguem, modificar as populações.
É pena que o que eu tenho escrito desde que, há mais de 50 anos, pratico o jornalismo, não tenha motivado os políticos que, na sua actividade não mostram coragem para dizer as verdades, por mais duras que elas sejam. Antes da Revolução era obrigatório fazer afirmações camufladas. Mas depois, que se mantenha tudo na chamada defesa, para que, nos actos eleitorais, sejam os escolhidos e os que não “fazem muitas ondas” são os que são convidados para lugares de assessorias, essa atitude é que nos coloca na posição difícil em que nos encontramos.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

TER PRESSA

Que pressa que eu tinha
quando comecei
faltava-me o tempo
não dava para descansar
os planos eram muitos
a ambição desmedida
o desejo de fazer tudo
de não deixar nada a meio
roubou-me a juventude
retirou-me a alegria

E muita coisa fiz
até demais
mal tinha acabado uma
já estava metido noutra
não parava
lutava contra os desconsolos
ia à frente dos acontecimentos
não respirava

os projectos sucediam-se
muitos tinham pernas
outros não

E os anos corriam
outros disseram
que eu não era deste tempo
que andava demasiado à frente
que tinha razão
mas antecipadamente
o que queria dizer que deveria esperar
sentar-me a ver o mundo avançar
e só depois actuar
na hóra apropriada

E para quê tanta pressa?
Quem ganhou com isso?
Eu?
Não creio, não dei por isso
não deparei com qualquer vantagem
não beneficiei
só me cansei
e o mundo não deu por nada
nem reparou
tinha mais que fazer
do que perder-se com ninharias
havia outros que interessavam mais
que davam nas vistas
que faziam ruído
esses interessavam

Passados todos estes anos
chegado aqui onde estou
olhando para trás
tenho de conformar-me
que dar razão aos que não deram por mim
que não encontraram motivo
para reparar
no que um qualquer
se teria esforçado por fazer
e que se perdeu
no meio da azáfama
dos milhões de cidadãos
que enchem este mundo

Que me resta?
Aguardar pela partida
e ficar quieto
conformado
não culpando ninguém
e só me culpando a mim
por não ter escolhido outro caminho
que, mesmo sem me satisfazer,
chamasse mais a tenção
e não desafiasse os invejosos

Estarei conformado
por fora
pois, por dentro,
ninguém dá por isso

GOVERNAR DE CABEÇA LEVANTADA

JÁ NÃO É A PRIMEIRA VEZ que me refiro a este instituto apontando a sua importância se for bem conduzido e indicando a forma de poupar dinheiro ao Estado se a sua utilidade for bem aproveitada. Infelizmente, apesar das inúmeras referências que têm saído dos meus escritos, nem no Executivo de Sócrates nem ainda neste que o substituiu foi dado o valor do seu uso. Por isso volto à carga.
Anuncia-se agora a eventual fusão do AICEP com o IAPMEI, dentro do espírito de diminuir gastos e não surgindo o que será de enorme importância e que é tirar o maior proveito da actuação de um organismo, o AICEP, que foi constituído, com a designação apenas de ICEP (o acréscimo do A não foi convenientemente explicado, mas tratou-se apenas uma forma de se pretender mostrar uma diferença do funcionamento do anterior organismo) e cuja utilidade era a de desenvolver a promoção da actividade turística no nosso País e, simultaneamente, fazer expandir os nossos produtos nos mercados estrangeiros.
Ora, em plena e eficaz serviço nunca aquele Instituto deu mostras do seu total aproveitamento. Apesar das delegações, com bastantes funcionários, que foram espalhados por diversas cidades por esse mundo, os resultados nunca se verificaram com aquela dimensão que se esperava. Mas os custos com os directores espalhados e os respectivos escritórios, esses foram bem visíveis.
Pois o que eu me fartei de chamar a atenção era para a junção daquele ICEP – até quando era ainda assim o seu nome – com outros departamentos cuja razão de existirem era a de marcar posição, comercial e outras, nos mercados que deveríamos conquistar para colocar aquilo que sempre desejámos vender, como sejam o turismo, a atracção de investimentos de fora para serem utilizados em diferentes áreas, a industrial, a agrícola e também de serviços e, também, a nossa companhia de transportes aéreos.
Ora, segundo apareceu agora uma opinião de que seria uma desgraça se se juntasse a TAP à Ibéria, como se isto constituísse uma subordinação da nossa companhia aérea à do País vizinho, quando se os destinos na nossa Península não se prestassem aos espanhóis, sendo que quem faz turismo para um lado não possa e deva ser convidado a prolongar a estadia no que se encontra ao lado, e isso com as economias nos dois vizinhos, evitando existirem escritórios e pessoal em duplicado, bastando uma união bem conduzida para a Ibéria com os benefícios que isso representaria, tal função também tinha a maior conveniência no que diz respeito às propostas para que as exportações dos dois parceiros fossem propostas em comum.
Claro que este tema dá pano para mangas, mas se analisarmos com independência os resultados conseguidos desde que o ICEP existe, anotando os gastos e os benefícios conseguidos até hoje, logo verificamos que não são famosos, quer porque a actuação dos responsáveis pela actuação de tal Instituto não constituíram o mínimo do apreço ou porque o que tínhamos para oferecer não interessava aos clientes em potência.
Ora, juntando o turismo, a companhia de a viação e as ofertas de produtos nacionais e a nossa presença continuada em todas as manifestações de propaganda de bens e serviços, assim como as buscas de investidores que possam aplicar os seus saberes e dinheiros quer em Portugal como em Espanha, isso com gastos divididos e, nesse caso com instalações espalhadas pelo mundo com uma presença até mais faustosa e que representasse abertamente o nosso valor, até o cultural e o artístico, empregando aí os nossos melhores méritos com seguiríamos, nós e os espanhóis, poderíamos impressionar os que nos julgam sem importância e marcar uma posição que não seria de pedintes mas sim de ofertantes.
Não tenho grandes esperanças de que, até mesmo o actual Governo que parece querer fazer algo de vulto no capítulo de nosso ressurgimento, dado que é muito difícil convencermo-nos de que o nosso ressurgimento, baseado bastante numa economia de meios, necessita acima de tudo de tudo fazer para que passemos de Nação sem importância e mal governada a uma zona plena de vontade de engrandecer.
Por muito difícil que isso seja, se não dermos mostras de que somos capazes nunca lá chegaremos!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

AMOR DE PARDAIS

Quatro pardalinhos brincam no chão do meu jardim
picam a terra com entusiasmo
e eu olho-os com ternura
pensando no mundo dos homens
desses que se guerreiam uns aos outros
e não confraternizam como estes pássaros
não dividem o que há para comer
são egoístas, querem só para si

E estes pássaros inocentes
que não sabem o que é pecado
que só procuram defender-se
dos que são gulosos
dos que apreciam o petisco
dos passarinhos fritos
saltitando, piando
lá vão apanhando as migalhas que
sem querer
os homens deixam cair

Que bom seria
se o mundo fosse todo como o dos pardais
dividindo o amor e as migalhas




domingo, 25 de setembro de 2011

ASSOBIA-LHE ÀS BOTAS

Tudo o que temos e parte
deixando as mãos vazias
talvez por não termos arte
ou por falta de energias
isso que foi nosso antes
e depois deixou de o ser
até os próprios amantes
choram depois de perder

Há quem lute p’ra guardar
o que está mesmo a fugir
faz tudo para agarrar
acaba sem conseguir
tinha de ir lá se foi
já não chegam cambalhotas
mais vale fazer de herói
e assobiar-lhe às botas

Há certas botas que guincham
outras rangem ao andar
as que apertam e pés incham
como as que fazem suar
mas quando alguém lh’assobia
é o sinal de partida
não se trata de mania
mas sim concreta fugida

Perdida que é a esperança
de reaver o perdido
às botas com sua andança
só lhe resta o olvido
lá longe o assobio
do dono atarantado
pode ser um desafio
nada é recuperado

SÓ BURACOS!...

NA VERDADE, DE HÁ ALGUM TEMPO PARA CÁ o tema que se encontra em quase a todas as notícias que se referem ao nosso País é o dos “buracos”, forma muito curiosa de apelidar os erros, voluntários ou não, que se descobrem nas contas de uma empresa, de uma região ou até de todo o País.
O da Madeira, por ser de grande dimensão e estar situado num local em que o seu “comandante” se considera o mais competente e o melhor político que terá passado por aquele arquipélago, estando sempre a acusar os outros, sobretudo o Continente, de mafiosos e de mações, este tem ocupado grande parte das notícias e os órgãos que constituem a “troyka” já têm conhecimento de tamanha forma de enganar as contas e confundir os eleitores, essa atitude tem o demérito de aumentar as dificuldades que se enfrentam em Portugal e em que o “castigo” imposto aos portugueses toma foros de verdadeiro sacrifício que vai durar uma série de anos.
No entanto, não é apenas esta falha que merece castigo que preenche a lista dos tais “buracos” que constituem surpresas que não param de aparecer. Voltou-se agora a falar do BPN, cuja nacionalização em Novembro de 2008 foi alvo de grandes protestos pois custou ao Estado qualquer coisa como 4,5 mil milhões de euros. Ao pé da dívida agora revelada de 5,8 mil milhões de euros, levantando-se a dúvida que se põe sobre a forma de liquidar, os activos que poderão cobrir os valores elevados por pagar, é certo que os mesmos existentes terão de ser sacrificados e, se não forem suficientes, serão os cofres do Estado a responder.
Concretamente, no caso do BPN ainda existe uma colecção de quadros, sobretudo do pintor espanhol Miró, cujo valor é bem maior, quase o dobro, do montante oferecido pelo banco luso- angolano BIC para ficar proprietário do estabelecimento bancário que o Estado nacionalizou. Veio agora a público o pormenor de “somenos importância” de que a colecção de 85 quadros que terão sido avaliados pela leiloeira britânica Christie’s, em Junho de 2007, numa importância superior a 81,2 milhões de euros, o que quer dizer que o activo que o referido banco falido tem de ser rigorosamente avaliado, posto que “cheira” largamente que a operação que está em vias de se realizar poderá satisfazer largamente os apetites de uns tantos fulanos que rondam a negociata, dado que se trata de uma mudança de mãos de um valioso património artístico que representa um montante total que não é fixo, dado que haverá sempre possibilidades de atribuir preços diferentes, segundo os intervenientes na operação.
Nesta época dos “buracos”, houve-os quando Oliveira e Costa foi dispensado do lugar que ocupava e cujo prejuízo global da sua actuação foi avaliado em dois milhões e meio de euros, e está agora outro à vista se for de 40 milhões de euros a mudança de mãos do BPN, do Estado para a instituição bancária luso-angolana.
O que se espera é que o departamento do Governo que tem a seu cuidado acompanhar todos os passos da referida transacção não se deixe enganar, posto que bem basta o grande prejuízo que foi encontrado com a nacionalização do BPN.
Como os referidos “buracos” com que se tropeça constantemente na vida económica, financeira e política que tem lugar no nosso País, nesta altura tão melindrosa que se atravessa não pode ninguém fazer de distraído. Seria uma vergonha…
O meu blogue mudou de endereço. A gora é:

josvacondeus.blogspot.com

sábado, 24 de setembro de 2011

À ESPERA

Quem na vida que se leva
parte dela não passou
à espera de quem lhe deva
veja o dia em que pagou?

O esperar é bem a sina
dos que andam pelo mundo
e sentar-se numa esquina
não é só p’ra vagabundo

Eu já vou, não me demoro
diz quem pede paciência
se se trata de um namoro
é sempre grande a urgência

Espera aí um bocadinho
às vezes é coisa d’anos
pode bem ser um espinho
que causa enormes danos

À espera andamos todos
desde o primeiro dia
e cansamo-nos a rodos
na esperança de magia

POUCO OU NADA HÁ A ESPERAR

AQUILO A QUE NÓS ASSISTIMOS em cada dia que passa nesta altura nem é preciso criar ilusões de que se trata de algo que não tem motivo para nos afligir. É real e só deparamos com um caminhar cada vez para pior, posto que as dificuldades que sentimos neste nosso País não dão mostras de melhorar, pelo menos no panorama que se apresenta aos nossos olhos.
Os anos que, se formos vivos todos nós os que lemos este texto e eu que o escrevo, decorrerão ao longo de um futuro próximo - e os que sabem destas coisas até dizem que tal acontecerá no decorrer dos próximos cindo anos – serão de aumento de sacrifícios e de mau viver, posto que as condições que foram criadas para trás e são até apontadas a políticos, mesmo antes de José Sócrates, que ocuparam o lugar de primeiro-ministro, não deixam a oportunidade de, ainda que exista uma governação executada com saber, podermos retroceder nos erros cometidos e que nos colocaram nesta posição em que, na Europa, depois do devastador desastre da Grécia, é Portugal o que se encontra na fila do mau comportamento de que mais se aproveitou a tal crise que, sem contemplações, ferrou os dentes nas nações mais mal conduzidas pelos seus governantes.
Já sabemos, pois, que até 2016 a nossa vida vai decorrer num permanente sacrifício, com impostos sucessivos e um nível de vivência que, nós próprios mas especialmente as gerações que chegarem a apanhar tamanha onda de apertos, seremos todos alvo de um pagamento de incompetências atrasadas de políticos que, eles próprios se conseguiram libertar da punição que lhes devia ser atribuída, pois não é apenas nesta altura um Jardim na Madeira, que comete pecados de gastar dinheiros que são dos contribuintes, mas sim vem tudo de épocas anteriores em que uns fulanos que estão identificados destruíram as riquezas que deveriam ter sido bem guardadas, sobretudo não deitando pela janela fora enormes montantes que, à custa dos horripilantes empréstimos contraídos para enganar os habitantes do nosso País com a ilusão de que se vivia com luxos que não tinham razão de ser.
É tudo de uma gravidade que tem de nos enraivecer, mas o que as populações mais sentem, mesmo acima do que lhes tiram dos bolsos, é que o sector da saúde de Norte a Sul de Portugal esteja a sofrer cortes de toda a ordem, indo mesmo o sector dos medicamentos continuar a constituir um gasto que só os ricos têm condições para aliviar as suas enfermidades. Isto do I.P.O. se encontrar perante um aperto de financiamentos, ao ponto de, quer em Lisboa quer nas delegações existentes pelo Pais fora, se verificarem enormes atrasos no atendimento e nas acomodações e tratamento de enfermos dessa tão grave doença, como é o cancro, o que representa uma verdadeira situação bem penosa a que uma nação pode chegar.
De igual modo, os centros de saúde que sempre prestaram assistência nos lugares do interior onde essa era a única forma de deitar a mão aos pacientes que, sem os mais rudimentares meios de vivência, a eles recorriam para receber ajuda, esses lugares de obrigação por parte do Estado de dar mostras de que as contribuições dos portugueses eram bem utilizadas, até isso está a ser anulado, ficando uma enormidade de portugueses entregues à sorte, posto que o encerramento de tais postos constitui a derradeira má acção que os governantes fazem, se bem que se saiba que as possibilidades financeiras do “Poder” atingiram o seu último degrau na escada descendente das nossas possibilidades.
Nem sei o que dizer neste blogue que hoje estive até para não o redigir. Mas, como é sábado, alguma coisa deveria dizer, até porque amanhã, domingo, provavelmente não vou encher este espaço.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

AINDA QUE

Nesta vida a esperança tem de ser
Aquilo que sempre faz renascer
A desejada luz que alumia
Aquele que para muitos faz de guia

Ainda que as nuvens se acinzentem
E que as más sortes se movimentem
Contra tu que anseias p’la fortuna
Nem tudo é intransponível duna

Ainda que percas todo o negócio
Que as relações se azedem com o sócio
Que seja preciso mudar de vida
Haverá outro ponto de partida

Ainda que a saúde dê de si
E sintas que o mundo não te sorri
Apesar disso há que acreditar
Que a cura p’ra doença vai chegar

Ainda que um amigo te magoe
Deixe de ser p’ra ti aquele herói
Por muito que te faça indignar
Vale sempre a pena perdoar

Ainda que a família vá morrendo
Que os amigos vão desaparecendo
E a solidão te deixe abatido
Ainda assim nem tudo está perdido

É duro golpe para um só mortal
É como cravar no peito um punhal
Mas mesmo que todo o mal aconteça
É preciso levantar a cabeça
Pô-la a comandar o coração
E seguir firme noutra direcção

Tudo tem remédio neste mundo
Puxando p’ra cima o que está no fundo
Não deixando que haja sempre um se
E dando razão ao ainda que

JARDIM SEM FLORES1...

JÁ AQUI ME REFERI AO PROBLEMA QUE o Jardim Da Madeira criou a todos os portugueses, desfazendo a ideia que já se tinha con3saguido obter dos observadores estrangeiros em relação à nossa capacidade de não atingirmos a situação da Grécia, pois estava assumido o compromisso de cumprirmos o que se estabeleceu com a Troyka e que os números encontrados em relação à dívida de Portugal estavam correctos. Por isso, entendi que não voltaria a focar o assunto, posto que temos necessidade de enfrentar questões de optimismo e não acrescentarmos mais desgostos aos que já acumulamos com a situação que nos deixou o Governo chefiado por José Sócrates.
Mas não. Ao surgirem novos encobrimentos nas contas do arquipélago da Madeira, os quais aumentaram substancialmente o montante antes divulgado e que atingem agora uns bons milhares de milhões que nos colocam ainda n uma posição mais difícil da que se anunciou anteriormente.
A minha intervenção agora pretende chamar a atenção dos madeirense que, por ventura, acompanhem o meu blogue e que, devendo deitar o seu voto nas próximas eleições que terão lugar em 19 de Outubro, não será admissível que, de novo, Alberto João Jardim obtenha uma maioria absoluta, o que lhe dará nova legislatura a comandar um Executivo local, sabendo-se que o povo local vai sofrer as consequências do seu disparatado e sucessivo gesto de gastar enormemente os dinheiros dos contribuintes e aqueles que são provenientes dos cofres do Continente, com obras megalómanas só para convencer os madeirenses de que ele é um governante que tem a preocupação de lhes oferecer o que não pode, sem ter a honestidade de mostrar até que ponto existe a capacidade de Portugal poder suportar tais despesas, fazendo afinal, o mesmo que foi a actuação de José Sócrates que ele tão odientamente ataca permanentemente.
Já são conhecidos os objectivos de tais buracos financeiros que o arrogante Alberto João foi acumulando ao longo da sua actuação: o de obter o consecutivo apoio dos habitantes da Madeira nas alturas da eleições e por isso a repetição de votos maioritários não lhe têm faltado ao longo dos anos em que tem mantido o poder.
O essencial é que as penalizações com impostos ao povo madeirense, especialmente destinados a cobrir os gastos que o político da sua preferência provocou de maneira tão criminosa, sejam do conhecimento público a tempo de fazer pensar os votantes para ter uma preferência diferente. Sobretudo também porque, perante a a formação de Jardim de que, se não obtiver maioria na Assembleia fará uma coligação com o CDS, tendo este partido já declarado que aceitará tal junção, pois não quer servir de “tábua de salvação” de quem não é susceptível de ter um bom trato por se julgar ser ele sempre o da razão absoluta, face a esta declaração aberta a governação da Madeira não será igual ao que tem sido nestes anos para trás.
Nós no Continente, sendo todos portugueses só temos de desejar o melhor para os nossos compatriotas ali nascidas e residentes, pelo que só podemos aspirar por umas eleições que sejam matutinamente pensadas, sabendo-se que aquele turbilhão de obras que, na maioria dos casos não extremamente necessárias – como a larga lista das mesmas que, quase todas, não acrescentam melhoria de vida ao povo local -, não irão repetir-se, por mais “mãos largas” com o dinheiro dos outros que queira ser o tal Jardim… sem flores.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

ALFINETES

Como mudam os desejos
tal e qual as ambições
mas hoje não há sobejos
nem no fundo dos colchões

Dantes todos os pobretes
que tinham dinheiro à justa
não chegava p’ralfinetes
a vida era bem injusta

E agora, nesta luta
rodeados de falsetes
há quem mesmo com labuta

esconda sob os tapetes
a verba até diminuta
que tinha pr’ós alfinetes?

A ENTREVISTA A P.P.C.

A RTP, COM POMPA E CIRCUNSTÂNCIA anunciou a entrevista que ia ser feita ao primeiro-ministro em exercício e ela de facto surgiu, tendo como entrevistador um redactor da televisão do Estado que, por sinal, não cumpriu, com verdadeiro profissionalismo, a missão de que estava incumbido. É que, não posso deixar de registar, como antigo jornalista da escola rígida que existia há mais de cinquenta anos, o facto de um entrevistador não dever fazer comentários ao entrevistado (devendo, porém, acrescentar outra pergunta se entender que a resposta recebida não satisfazer o possível interesse dos leitores ou, neste caso, dos espectadores televisivos) e muito menos interrompê-lo quando a personagem que está a expor os seus pontos de vista está ainda a responder a uma questão que lhe foi feita.
Ora foi isto que ocorreu várias vezes quando Pedro Passos Coelho estava a desempenhar o seu papel de inquirido, pois o profissional da RTP em causa falava ao mesmo tempo que as respostas estavam a ser dadas a perguntas anteriores.
Seja como for, Passos Coelho não se escusou a esclarecer os pontos que lhe foram apresentados e, no caso agora descoberto, da dívida encoberta que atinge já o “ridículo” montante de mil e novecentos milhões de euros, não se pôs de lado no capítulo de, sendo o presidente do PSD, retirar a confiança a Alberto João Jardim também primeira figura do mesmo partido no referido arquipélago, afirmando que, no caso das eleições que terão lugar em 9 de Outubro, competia aos eleitores locais escolhê-lo ou não para vencedor da referida prova.
Se fosse eu o jornalista de serviço naquele caso teria ido mais longe, não contestando o que tinha sido respondido mas fazendo-lhe outra pergunta que seria se não julgava o primeiro-ministro que deveria fazer uma alocução dirigida aos madeirenses no sentido de comunicar claramente que a falta gravíssima do seu presidente iria penalizar os habitantes daquele arquipélago, com imposto só aplicado aos madeirenses e não aos residentes fora daquela área, posto que não era justo que os que têm elegido sucessivamente Alberto João para o cargo em que está investido, tivessem a companhia de outros portugueses a suportarem os custos que cabiam somente a Jardim.
Enquanto isso, embora essa questão não tivesse sido posta com a devida clareza, o caso da ruptura de medicamentos que, devido às dívidas dos hospitais aos respectivos fornecedores (a qual atinge os três mil milhões de euros), já se verifica uma falta notável de material clínico nos referidos estabelecimentos hospitalares e irá prosseguir se não for encontrada uma forma de suprir a falta de cumprimento por parte dos estabelecimentos hospitalares públicos ou, como já sucede, sejam aconselhados os doentes que estejam internados sejam aconselhados a levar de casa os remédios que estão a tomar. Já foi divulgado que o Estado deve só à empresa Roche, o principal fornecedor de medicamentos aos hospitais o montante de 115 milhões de euros, tendo sido já feita a ameaça de que aquela empresa suspenderá o fornecimento se, até ao final deste mês, o sector público não apresentar um plano de liquidação da dívida.
E é isto e muito mais que deveria ter constituído uma boa parte das perguntas a Pedro Passos Coelho, mas que ficará para outra altura, se houver ocasião para isso… a menos que a desgraça final chegue antes…

AMANHÃ

Chegado aqui
a esta hora da vida
já percebi
como foi triste a corrida
desenfreada
cheia de baixos e altos
desencantada
não faltaram sobressaltos
só compensada
pelo intercalar de sonhos
na busca imensa
da fuga dos enfadonhos
e com descrença
contemplo esta vida chã
e no escuro
não me censuro:
pois bem temo o amanhã!...


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

VÃO-SE OS ANEIS...

QUANDO UMA FAMÍLIA chega à conclusão de que a única forma que tem para prosseguir a ter aspirações na vida é vender aquilo que possui, por muito que lhe custe desfazer-se de bens que, muitos deles até terão uma ligação profunda, quer seja porque deram muito trabalho a consegui-las ou porque chegaram às nossas mãos por heranças de familiares que conseguiram juntar certos valores que deixaram para os seus descendentes, seja como for o certo é que desfazermo-nos de propriedades de qualquer espécie que constituíram as belezas dos nossos olhos representa, sem dúvida, uma punhalada que recebemos no peito e de que não sabe mos defender-nos.
Pois é isso que todos nós portugueses, nesta altura, temos de encarar, pois que as vendas que vamos enfrentar, com as privatizações de empresas e o desfazermo-nos de bens que chegaram até aos nossos dias, é aquilo que vai ocorrer em Novembro próximo, isso segundo o que afirmou o primeiro-ministro Passos Coelho, numa entrevista concedida ao jornal francês “Le Fígaro”, em que, face ao agravamento da crise grega e tornando-se mais difícil a recuperação de Portugal, sendo objectivo do nosso Executivo o manter o défice orçamental nos 5,9% este ano, não haverá outra forma que não seja o desfazermo-nos de valores que ainda possuímos.
Segundo o antigo ditado nacional de que, sendo necessário, que se vão os anéis mas que fiquem os dedos, se essa acção servir para que, com juízo e sem demagogias, sermos capaze4s de recomeçar nova vida, pois então que partam valores que, pelo menos, servem para alguma coisa bem diferente da vaidade de mostrarmos o que ainda permanece nas nossas mãos. Patriotismo também é isso. Defender até ao infinito o nome honrado do nosso País e. obtendo esse conforto, dar início a nova caminhada, mas desta vez com o cuidado absoluto de não acolhermos no comando das operações gente que está convencida de que nunca erra e que tudo o que faz é merecedor dos maiores elogios. Desses estamos fartos e não queremos mais os que nunca têm dúvidas e acertam sempre!
Por mim, teria o maior gosto de assistir ainda ao começo do alvorecimento de Portugal e darmos início a uma nova era que nos fizesse esquecer tudo o que ocorreu antes, ao longo da nossa existência.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

ABRE-TE

Abre-te, abre-te caminho
deixa-me ver para a frente
eu quero sair do ninho
mostrar como sou valente

Mesmo sem depois saber
se no fim da caminhada
algo de bom lá estiver
que agrade à minha chegada
quero partir, eu confio
onde estou é que não fico
eu aceito o desafio
não serei mais mafarrico

Abre-te, abre-te minha estrada
estás em frente, é só andar
ocupo a minha jornada
estou pronto para me cansar

Tem sido assim toda a vida
na busca de algo melhor
à procura da saída
mesmo que seja com dor

Se só com muito trabalho
sofrendo e com cansaço
aproveitando um atalho
e sem medo de fracasso
for possível lá chegar
eu espero não desistir
até em mim se acabar
a força p’ra poder ir

Mesmo de rastos lá vou
até ver que se acabou!...


AUTO-ESTRADAS PORTUGUESAS

SERÁ QUE UMA CABEÇA bem pensante de um político que se julgue responsável faça gastos astronómicos a mandar construir auto-estradas num País pequeno, estreito e tendo já, em relação às duas principais cidades e em direcção do sector que recebe mais turistas, vias de comunicação que satisfazem as necessidades primárias e que, sem verbas excedentes que possam cobrir as despesas enormes que tais obras provocam, endivida o seu país e chega ao ponto de fazer com que os habitantes futuros, até aqueles que ainda não nasceram, se vejam daqui a alguns anos com a obrigação de suportar os maiores sacrifícios para poderem alcançar uma vida minimamente decente? Será possível que isso possa suceder?
Pois é exactamente em Portugal que tal situação ocorre e foi por via de um primeiro-ministro no mínimo demente pelo convencimento que mostrou de ser um homem extraordinário, sempre convencido da sua razão no que dizia e fazia, que foi o autor de tamanha calamidade que, já hoje, coloca a maioria dos portugueses numa posição de quase penúria, sujeitos como andam a impostos incomportáveis que o Estado tem de exigir para cumprir alguma compreensão por parte de representantes de credores, que tomou o nome de Troyka, a qual está muito longe de atenuar visivelmente os encargos com as dívidas e os juros das mesmas provocam.
Pois é nesta Nação que temos de viver, os que já cá estavam até antes da existência dos culpados pelas construções de auto-estradas, mesmo em duplicado, como é o que ocorre entre Lisboa e o Porto, sendo obrigado o País a aumentar agora, depois da saída do indivíduo que criou a situação que se enfrenta já, a aplicar novos encargos para utilizar tais vias, com scuds e portagens, mas que não chegam para diminuir a situação de falência como a que foi tornada pública em relação à empresa estatal Auto-Estradas de Portugal, a qual apresenta um passivo de muitos milhares de milhões de euros, os quais vão custar aos dinheiros públicos grande soma de dinheiro para tentar solucionar aquele berbicacho de tamanha dimensão.
Com tantas falências que diariamente passam para o conhecimento público, mais esta não altera o panorama triste que se vive já.
Só nos resta aguardar por uma grande dose de sorte que seja capaz de ultrapassar as asneiradas políticas que, não sendo só de hoje, pois que a História, mesmo ocultando muitas, ainda nos dá mostras de umas tantas que ainda sentimos hoje, como foi o caso da expulsão dos judeus que o rei D. Manuel tanta questão fez em situar essa camada de portugueses de religião diferente da católica e apostólica que se mantém na época actual que, fizeram progredir a Holanda que dá mostras do seu progresso graças à actuação de tal gente, pois, repito, será necessária uma onda de sorte para que consigam, as gerações futuras – que esta que atravessamos não irá tão longe - , levantar cabeça e vencer as dificuldades que são deixadas para eles solucionarem.
Estamos cheios de auto-estradas, sobretudo as que poderiam ser dispensadas, ao contrário de estradas normais no interior que dariam prosperidades a locais ermos e abandonados, e com isso, mesmo com a raridade de transeuntes motores, posto que os custos da gasolina faz com que grande número de portugueses deixem estacionadas as suas viaturas por impossibilidade de sustentarem tantos custos.
E é este o panorama. Que desventura!...