segunda-feira, 31 de outubro de 2011

BRASIL/PORTUGAL

Já fui ao Brasil
vezes sem conta
iria mais mil
com toda a afronta
lá me deslumbrei
por lá convivi
e gostei
de tudo que vi
as paisagens
o clima
as viagens
por terra ou vistas por cima
o doce falar do português
o deles de modo seu
pelo que o entender talvez
nosso falar se faz breu
as comidas são delícia
e dos sumos nem se fala
e não é preciso perícia
pois ali ninguém se rala

O pior é o resto
os cuidados que há que ter
pois há sempre um pretexto
para perder o prazer
ir à rua sem cuidado
sem o dinheiro do ladrão
pode causar mau bocado
e estragar todo o festão

Nem tudo são prazeres
não se vive só dos olhos
de ver as lindas mulheres
todas cheias de folhos
quanto a entrar nas favelas
isso aí é outra coisa
haverá lá coisas belas
mas entrar ninguém ousa

Em tempos mais recuados
portugueses se instalavam
e ficavam acomodados
e bom dinheiro ganhavam
depois da Revolução
gentes de cá partiram
era alguma protecção
para os que daqui fugiram
agora dá-se o contrário
são eles que nos procuram
vive-se pois neste rosário
amizade os dois juram

Porque irmãos todos nós somos
a língua até bem nos junta
pobrezinhos também fomos
sempre se fez a pergunta
quando andávamos de tanga
à espera de uma resposta:
se o grito do Ipiranga
ajudava na encosta!

PORTUGAL/BRASIL

QUEM HAVERIA DE DIZER, naquela época e mesmo no decorrer dos séculos que, passados cerca de 500 anos sobre a data que marcou a descoberta por antepassados nossos das Terras de Vera Cruz, surgiríamos desta vez como pedintes a solicitar a ajuda de um País, já muito crescido e com ares de padrinho bem na vida, implorando o apoio financeiro e económico para podermos sair da situação de penúria em que nos encontramos?
É certo que foram até reis nossos que, instalados naquelas paragens, entenderam que deveria aquele povo dar o grito do Ipiranga e proclamar a independência, pois que os habitantes lá naturais também foram criados por nós através do transporte de população vinda de África e que participou naquela nova mistura em que o nosso sangue, tal como a língua que levávamos, com as respectivas diferenças, tornou possível que, o que é hoje um grande País, se apresente ao mundo impondo respeito e largueza de vistas.
Durante várias gerações o Brasil serviu-nos para depositar nas suas terras vagas de lusitanos que ali procuraram colher riqueza que depois seria transposta para a nossa terra natal. Participámos, portanto, no desenvolvimento daquele enorme espaço, se bem que a participação que nos coube se limitasse a actividades menores, como foi a de padeiros que não merecia grande respeito por parte dos que lá nasciam. Mas, com o hábito que nos caracteriza de criarmos famílias nos pontos para onde nos deslocamos, os luso-brasileiros constituíram as fornadas de filhos de emigrantes que, por sua vez, alargaram a mancha de habitantes que é hoje muito numerosa e em que bastantes deles nem tiveram ocasião de conhecer a Pátria dos seus antepassados oriundos do outro lado do Atlântico.
Ainda recentemente, nas duas últimas décadas, já depois do 25 de Abril, em que as circunstâncias de vida no Brasil não se apresentavam benéficas para os seus naturais, verificou-se uma mudança de direcção de emigrantes, pois que a aparência de Portugal atravessar um período de enorme bem-estar era convidativa para acolher os desejosos de beneficiar das vantagens de falarem a mesma língua que nós.
Só que as coisas se alteraram e constatou-se que afinal esse aspecto de fartura portuguesa não passava de pura ilusão e, ao mesmo tempo, do outro lado do Atlântico se descobria que, ali sim, a economia se encontrava numa fase de desenvolvimento que contrastava com a penúria que se instalara na Europa, de uma maneira geral e em Portugal em particular, pelo que o regresso de muitos dos antes emigrantes brasileiros à que é considerada pela sua dimensão como sendo a 5.ª maior nação do mundo, passou a constituir outra realidade.
Aí, a irmandade que sempre se proclamou do nosso lado, veio ao de cima, tendo evidentemente um peso maior a circunstância do crescimento económico brasileiro que, neste século XXI, arredou as simples emigrações nos dois sentidos ocupando esse espaço a iniciativa empresarial, aquela que, do nosso lado, provoca um interesse muito mais aberto, pois os investimentos oriundos do estrangeiro são os que tanto desejamos, quer no capítulo da aceitação das nossas exportações seja, especialmente, os investimentos que possam alargar a nossa pouco relevante produção e, por via disso, a diminuição do terrível panorama do desemprego que cá se verifica.
Em conclusão, pois, mais do que nunca as relações amistosas entre a nossa Terra, em situação precária, e a Pátria irmã que atravessa um período de prosperidade é um objectivo que deveria ocupar toda a nossa atenção e fazermos todos os possíveis para que transformemos essas relações amistosas num apoio verdadeiramente concreto, sabendo-se que, naturalmente, ninguém contribui para aliviar as penas de outros sem poder tirar daí algum proveito. Por isso, as empresas que se anunciam agora como estando na disposição de serem vendidas a investidores estrangeiros, no caso de merecerem a atenção desses nossos irmãos a eles devemos dar preferência, tanto mais que, com o exercício da língua pátria comum, todos beneficiamos com a junção.
É chegada, pois, a altura de abrirmos bem os nossos cérebros e de procurarmos fugir dos erros que, ultimamente, tanto têm encontrado razoável campo de acção em Portugal.
Vamos a ver se é desta que acertamos os passos. E já que a Paulo Portas foi entregue a oportunidade de tomar conta da área da expansão comercial para lá das nossas fronteiras, acreditando nessa sua habilidade de bom vendedor, aguardemos por algum êxito, ainda que seja já com pouco ar para respirarmos.

domingo, 30 de outubro de 2011

ESPERANÇA

Todos nos olham, ficam espantados
estamos na montra do mundo real
afinal, todos nós os enganados
fiámo-nos na pureza ideal

Um raio de luz
chegará um dia
qu’alegria
em que a nossa cruz
terá um bom fim
enfim

O Homem verá
que é bom sorrir
e aí partir
para o que será
um mundo melhor
o maior!

E é o Homem o maior culpado
porque é grande a sua ambição
nem os maus exemplos do passado
mostram dever ser outra a sua acção

ESPERANÇA PERDIDA

SEM PERDER A ESPERANÇA, por muito débil que ela seja, quanto a ser encontrada uma forma de sabermos onde é que a situação portuguesa vai parar, ainda que o panorama com que deparamos não seja, de forma alguma, susceptível de, com um raciocínio limpo de preconceitos, nos conduzir na direcção de uma expectativa animadora, não é com os braços caídos e com uma entrega cega ao que vier a acontecer que todos nós, portugueses, especialmente os que têm idade que obriga a lutar pelo futuro que lhes chegará, que será prestado o contributo que é indispensável para lutar com todas as forças no sentido de se poder ver alguma luz ao fim do túnel, por mais sombrio que ele se encontre neste momento.
Se, por um lado, os governantes têm procedido ao despedimento de muitos funcionários públicos – até ao fim de 2012 calcula-se o seu número na casa dos 15 mil -, e, no capítulo dos subsídios de Natal e de férias a economia será à volta dos mil e 800 milhões de euros (o que, por outro lado, acarreta a perda de 800 milhões em IRS), já no capítulo das anulações de empresas públicas que constituem, com os seus prejuízos, uma grande verba que o O.E. suporta, incompreensivelmente, o Governo tem dado mostras de não dar o passo decisivo e rápido para cumprir também uma das medidas impostas pela Troika, demora esta que não merece o apoio dos contribuintes, sempre os mesmos, que fazem parte da mole enorme de pagadores de impostos, sejam eles de que forma gorem aplicados, e em que o IRS tem um relevo de grande dimensão.
Esta é uma pequena demonstração das dificuldades que pesam sobre os ombros dos que são governados nesta altura, mas é sabido que, para além do descrito no Orçamento para 2012, os sacrifícios que vão ainda ser exigidos a todos nós, mais penosos, naturalmente, para os que têm rendimentos baixos e que são a maioria da população nacional, trarão um descontentamento geral de que não se podem prever que consequências trarão à acalmia tradicional do nosso povo, que, o mesmo é dizer, se não se pegarão dentro de portas as destruições raivosas de tudo o que os manifestantes noutros países já provocaram, aproveitando as junções de multidões que resultam nos mais destruidores distúrbios e em que são utilizadas essas ocasiões para efectuar roubos nos estabelecimentos de tudo que encontram à mão.
Mantermo-nos, pois, agarrados a uma ilusão que nem sempre será assim tão má, é um comportamento que se recomenda aos portugueses, falando só de nós que é o que nos interessa nesta perspectiva. Mas estarmos acautelados para maus momentos, isso não deve ser posto de parte, dado que “homem prevenido vale por dois” e é melhor pormos trancas à porta ainda tempo do que termos nós depois que fugir para o meio da rua.
Esta é a melhor maneira que encontro para, não provocando o pavor entre a massa nacional, deixar alguma nota de cautela em relação ao que não podemos deixar de ter em vista como possível, mesmo por nada desejável que seja.
E isso de fazer a pergunta se algum dia, no futuro, conseguiremos recuperar de tudo o que uns políticos do nosso País ocasionaram – mesmo sabendo que a crise veio de fora, mas que poderia e deveria ter sido prevista para evitar os males maiores que nos obrigam a acarretar -, cujos nomes não podem ser escondidos e que, quando a situação o permitir, ficarão gravados numa pedra de qualquer cemitério, essa questão, por agora, passará ao lado, posto que o que nos incomoda actualmente é olhar para o dia-a-dia e para o que ainda virá aí.
Mas que essa ocasião chegará, quanto a isso admito que não andarei muito longe da realidade no futurismo inevitável.

sábado, 29 de outubro de 2011

BRAÇO A TORCER

Se os homens fossem iguais
no pensar e no dizer
sendo até todos mortais
era grande o desprazer
opiniões diferentes
certo interesse provocam
e mesmo entre parentes
modos de ver não se tocam

É preciso é aceitar
aquilo que os outros são
cada um no seu lugar
quem sabe quem tem razão
por vezes nenhum dos dois
ambos estão enganados
e só tempos depois
descobrem que são culpados

Mas nem sempre se acusam
não querem dar a ver
do erro até se escusam
não dão o braço a torcer

NEM TUDO É MAU!...

É BOM QUE NOS CONHEÇAMOS, nós portugueses, apreciando o que temos de bom mas não fazendo por esquecer a parte que não se pode classificar merecedora de louvores. Sendo o local para o efeito dentro de portas e pertencendo-nos fazer de juízes de nós próprios, porque o inaceitável é que sejam estranhos a comentar a parte má que nos cabe, e só pode produzir num bom efeito procurarmos emendar o que se considera de errado nos nossos actos. No que respeita a comportamentos que se têm de colocar na folha do activo das acções que nos cabem, não caindo na modalidade tão comum de nos enchermos de orgulho, pois que a vaidade, sobretudo a excessiva, também resulta num defeito, será apreciável que as boas acções sejam guardadas como exemplo a seguir em atitudes futuras.
Nesta altura da nossa História, por sinal a atravessarmos um período em que se deseja que os cidadãos lusitanos façam prevalecer a parte benéfica do seu caminhar na vida, posto que são maiores as dificuldades do que os benefícios, será extraordinariamente útil que cada português, por seu lado, se esforce por ser tão exemplar quanto possível, cumprindo as regras, ainda que difíceis, nos sectores da produção e da economia de gastos, pois só assim será possível irmos caminhando para um desenrolar, mesmo que distante, do nó que nos tem sido provocado por essa crise, que é a culpada que os homens encontraram para descarregar as fúrias e as revoltas face ao aperto em que se encontram.
Nós, portugueses, apesar de mais pessimistas do que o contrário, sempre nos valemos de casos passageiros que nos distraem dos malefícios que nos caem sem os pedirmos e procuramos disfarçar os contratempos. Afinal, não sendo só nós que enfrentamos com demoras e faltas de resolução os problemas que nos atacam, a situação da Europa que, desde que foi criada a pretensão da sua união de países, tem vindo a adiar sucessivamente as soluções que dependem de todos os membros e a cimeira que teve lugar na quarta-feira em Bruxelas, ficando arredada para o próximo encontro, já a seguir, a possibilidade de se chegar a um consenso de molde a que a ajuda à Grécia surja de todos os lados, até porque na calha estarão outros países que, não se sabe bem quando, necessitarão igualmente de apoio.
Pois em Portugal, perante esta má notícias e também não tendo sido dada mostra de que, através do Conselho de Estado reunido, se encontraria a resposta adequada para se enfrentar o que está determinado no Orçamento do Estado para 2012 que, ao ser aprovado no Parlamento, grande transtorno causará aos portugueses, não tardou muito em se ficar a saber que o anúncio já não tão novo de que poderemos extrair petróleo no Oceano Atlântico que temos à porta e que no Alentejo a possibilidade de explorarmos minas de oiro e de ferro, que também se encontram no nosso território, no Alentejo, podem ser uma realidade, pois essas vagas promessas portaram-se como uma luz, ainda que ténue, ao fim do túnel que tem constituído a nossa existência desde que D. Afonso Henriques, em 1147, colocou a primeira pedra da nossa Pátria.
Está ainda por saber se, para aliviar um pouco a tensão ou se, pelo contrário, ela vai ficar mais negra, o Orçamento do Estado, que está para ser apresentado na Assembleia da República, passa só com a oposição da Esquerda ortodoxa ou se o PS, consciente da sua responsabilidade, prefere utilizar o voto nulo, posto que, não sendo embora aquele documento um hino à alegria, na presente conjuntura não se conhece uma saída que provoque satisfação a todos os concidadãos nacionais. Haja, portanto, a expectativa de que não desiludiremos os credores estrangeiros, tanto mais que não se sabe se, com o correr do tempo, não viremos a necessitar de mais apoio, nem que seja a da prorrogação de prazos.
Por mim, junto-me a essa vaga esperança dos portugueses das próximas gerações e, ainda que não conte já cá estar para assistir à euforia que resultará dessas fortunas salvadoras e crendo também que, nessa altura, não se terá posto de parte o uso dos combustíveis agora tão preciosos, por terem aparecido substitutos que arredam o consumo do chamado “oiro negro”, deixando para os que estiverem as alegrias e as preocupações que envolvem o mundo, sempre com o ser humano a ser o causador de umas e de outras, aqui fico com as amarguras bem guardadas.
Eu, por mim, já assisti a muita coisa e não tenho o desejo de me preocupar com o que será o que vem aí. Morrerão mais Kadhhafis e descobrir-se-ão mais regalias que o Homem gozará em seu proveito. Os dois mil anos ocorridos desde o início da História escrita não se ficarão por aqui. Prefiro, pois, deliciar-me a imaginar o que será a esfera terrestre lá para o ano 3.011 e, agarrando-me à poesia, cá vou juntando aos meus milhares de poemas guardados, as fantasias que ainda sou capaz de produzir. E ninguém tem nada com isso.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

ACERTAR

Ter sempre razão
é uma doença
é provocação
pode até ser crença

Melhor é por vezes
dizer coisas tontas
ignorar as teses
fazer poucas contas

É bom enganar-se
s’aprender com isso
do certo fartar-se
não ter compromisso

Falhar no que diz
depois emendar
é mostrar cariz
senso salutar

Agora esse orgulho
de estar sempre certo
tem ar de entulho
pregar no deserto

O normal humano
que pensa acertado
aceita o engano
é bem educado

Pela vida fora
razão lá vai tendo
na última hora
já não tem remendo

ESTOU DE ACORDO, SIM SENHOR!

CHEGOU AGORA AO CONHECIMENTO PÚBLICO que, na divisão de pastas entre os membros do Governo, no que se referia ao CDS, o seu representante principal, Paulo Portas fez finca pé em lhe ser entregue o sector da Economia, o que não conseguiu pois que Pedro Passos Coelho entendeu que o ministério deveria ser dirigido por um independente, o que coube a Álvaro Santos Pereira.
Nesta altura, face a uma situação que já não tem condições para se andar a discutir a posse de sectores, sobretudo os que são vitais para o desenvolvimento que se espera há tanto tempo e que tem a única base na produção do nosso País, dado que é através dela que poderão existir esperanças de que se consiga dar resposta ao pagamento das elevadas dívidas e dos respectivos juros que temos sobre as costas – pedindo ou não o adiamento de tais liquidações, dado que já aqui referi que sem essa prorrogação de prazos não conseguiremos cumprir os acordos firmados -, surge a novidade para a grande maioria dos portugueses de que o instituto que tem a seu cargo a enorme responsabilidade de fomentar o sector das vendas no estrangeiro, o AICEP, que, até hoje e desde antigos tempos não cumpriu como devia a sua função, esse importante órgão f içará nas mãos de Paulo Portas, ou seja incluído no Ministério dos Negócios Estrangeiros, o qual também tutelará o Turismo de Portugal, ao mesmo tempo que se fundirão o Instituto de Camões e o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, o IPAD.
No entanto, e creio que por ser considerado valioso para o prosseguimento do espírito de produção que tem de dar um salto visível por lhe caber um papel de tão grande responsabilidade, Passos Coelho deixou claro que a liderança do AICEP ficaria nas suas mãos, sendo apenas cedida a delegação ao ministro dos Negócios Estrangeiros, da mesma maneira que o sector do turismo.
Sendo assim, as várias delegações do AICEP e do Turismo de Portugal ficam integradas nas embaixadas e consulados espalhados por vários países, sob a dependência de cada respectivo chefe de missão.
Ora, quem acompanha desde o seu início este meu blogue e os que me seguem na minha actividade jornalística desde larga temporada, sabe como me tenho empenhado em ter sempre o ICEP, como se chamava antes de lhe ter sido acrescentado aquele “I” inicial, debaixo de olho e sempre defendi que havia que juntar nas instalações espalhadas pelo mundo, com os seus directores e funcionários a desempenharem funções e sendo vizinhos de outros serviços portugueses, como sucede em Nova Iorque, em que, com custos elevadíssimos, em portas quase pegadas se encontram os diferentes departamentos cuja actividade é a de trazerem para Portugal visitantes, investidores, e passageiros, como é o caso da TAP que e4sta também deveria estar integrada nos mesmos serviços conjuntos, o que não sucedeu ainda desta vez e é pena, tanto mais que se procura tentar equilibrar as contas pesadíssimas que a nossa companhia aérea pesam no O.E.
É por isso que o título deste texto dá mostras da concordância da minha parte com esta medida agora anunciada, muito embora ainda se fique a meio do passo mais largo que aguarda ainda um raio maior de bom senso por parte dos nossos governantes que levam sempre tempo, como é tradicional, a tomar as boas decisões.
O facto de Paulo Portas ficar situado, mesmo sob a vigilância do primeiro-ministro, no lugar que lhe dá oportunidade para mostrar o seu valor como promotor daquilo que me parece ser capaz, tendo em vista a sua capacidade para propagar a sua imagem sempre que se aventura em promoções nas feiras e romarias.
Agora, afastado que foi o desperdício de tempo e de dinheiro com Basílio Horta, pois que se tratou de um lugar que o PS lhe entregou para compensar a sua coragem de se transferis do CDS para outra bancada no Parlamento, já se pode exigir um bom comportamento a alguém específico que, segundo se sabe, não procura nunca escapar-se do exercício de um lugar que ocupe, tanto mais sendo funções que o podem elevar a cargos futuros ainda de maior relevo.
Cá fico, portanto, de olho nos resultados e nas acções que forem sendo desenvolvidas numa iniciativa que não pode falhar, pois que, nesse caso, seria o afundamento de Portugal mais ainda do que se encontra agora.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

CANTEMOS À CHUVA

Chove lá fora, ai chove
depois de uma longa seca
será a prova dos nove
dos que molham a careca

Primeira chuva é tão bom
lava as ruas, lava a alma
dá gosto ouvir o seu som
e até o calor acalma

Há que sair com chapéu
e que fugir das goteiras
com alegria Deus meu
vêm aí as janeiras

Depois das primeiras águas
nas cidades são bastantes
pois surgem depois as mágoas
queixam-se os lamuriantes

Mas para ter sol na eira
e a chuva no nabal
há que ir pedir à feira
à bruxa do arraial

Chuva, chuva venha ela
contratempo não será
pode-se ver da janela
e o sol depois virá

Cantemos portanto à chuva
à sua força de vida
assenta como uma luva
quando com conta e medida

A DIFÍCIL UNIÃO

TAL COMO ESCREVI ONTEM, o facto de se terem realizado na quarta feira, ontem portanto, duas reuniões da alto nível, uma, com a designação de Cimeira e que juntou os chefes de Estado e de Governo dos países europeus que têm o euro como moeda - pois que os que não aderiram a essa troca do dinheiro próprio para utilizarem o comum no Continente a que se pertence, esses que não se incluem nos 27 deveria ser-lhes imposto que não usassem a soberba da moeda própria e nesse caso ser-lhes retirada a filiação no agrupamento que começou por ser a CEE – e a outra, que diz respeito apenas aos portugueses, pois que se tratou do encontro em Belém dos conselheiros de Estado, sendo esses dois acontecimentos de uma importância que não deveria ser ignorada por tudo que tivesse a pretensão de comunicar com os seguidores, neste caso, dos blogues, pelo que aqui me apresento, ainda que, nos dois casos, pouco se ficou a saber sobre o que resultou de importante para todos nós que nos encontramos envolvidos pela perseguição da tal crise, que não há forma de nos largar.
No que diz respeito ao encontro em Bruxelas e em que a pretensão era a de se encontrar uma solução para resolver todos os problemas que grassam no nosso Continente, com países membros em dificuldade e em que a Grécia ocupa o lugar mais melindroso, mas em que se encontram na calha outros países que estão a fazer todos os esforços para não serem atingidos pelo mesmo drama das dívidas enormes que suportam, ainda para mais dos juros que os agiotas se aproveitam para impor, podendo ser que, a breve trecho, tudo se envolva num emaranhado de faltas de dinheiro para serem cumpridas as obrigações assumidas mutuamente, conhecida que era a razão da convocatória da referida Cimeira no que diz respeito a resultados pouco ou nada ficou estabelecido, pois que, perante a decisão já assumida do duo Merkle e Sarkosy de formarem uma frente que ditasse as ordens a serem seguidas pelos restantes membros, verifica-se uma retracção de bastantes dos Estados que se sentem “invadidos” por não dependerem de cada País as decisões que cabem de resolver os seus próprios problemas.
Esta Europa, que prometia vir a ser um Continente que causaria inveja a todos os outros, devido à união de interesses num bloco que cuidaria da felicidade de todos os seus membros, com todos os anos que já passaram e em que não se verificou nada disso, o que se presencia nesta altura é o pior que se poderia desejar aos nossos inimigos. Já era de esperar que tal sucedesse, pois que o ser humano – como eu aqui nestes textos repito com o maior desconsolo – não tem vocação para se juntar a outros, com receio de não lhe pertencer a parte de leão, e prefere o isolamento que, no caso europeu, deu o resultado que está à vista.
Verificando-se resistência em criar o que foi desejado por alguns, os Estados Unidos da Europa, em que, mantendo-se as características de cada povo, as línguas, as bandeiras, os regi mes políticos, os costumes, as tradições, tudo que faz parte do modelo que tem cada nação e, mesmo dentro delas, as regiões diferenciadas, no capítulo da economia, da produção, das trocas privilegiadas dos materiais que sejam oriundas da actuação de cada membro, pois que a moeda já é a mesma nos dezassete países que não se esquivaram dessa regalia, sendo que, ao pertencer a cada um dos participantes de tal sonho o cumprimento de colocar os seus produtos, em primeiro lugar, nos restantes parceiros dessa união, do mesmo modo estaria sempre preferentemente disponível para adquirir o que não possuísse e sobrasse dos companheiros europeus que subscrevessem o dito acordo, em face de tudo isso e constatando-se que quase todos os participantes não mostram disposição para formarem “parelhas”, pelo que ficou determinado que, no próximo fim de semana, se verificaria outra Cimeira para tentar encontrar-se uma solução.
É sabido que nada disto é o que ocorre no nosso Continente e que as enormes diferenças de comportamento entre o que deveriam ser uns “sócios” de um agrupamento que lutaria todo para o mesmo lado e que, dispondo de um Conselho europeu que funcionasse correctamente, não poria obstáculos ao que fosse determinado pelos representantes de todos os membros, por isso, a referida Cimeira em Bruxelas não apresentou soluções que pudessem servir para retirar os problemas, sobretudo de ordem financeira, com que lutam já uns tantos e que, seguramente, por este caminho, se alargará a outros.
Vem a propósito repetir mais uma vez que a ideia por mim expressa de que, pelo facto de a Península Ibérica ser constituída por duas Nações que têm um peso histórico de grande importância, Espanha e Portugal, deveriam estes dois vizinhos formar um bloco que lutasse pelos interesses de todo o Continente, servindo de exemplo a todos os restantes membros que, com excepção da França e da Alemanha, não mostram disposição para lutar pelos interesses deste nosso Continente.
Até que os homens que têm a obrigação de não serem egoístas, entendam que o que já foi, séculos passados, denominado de “perigo amarelo” e que, nesta altura, constitui um volumoso concorrente devido a uma mão de obra barata que não pode ser acompanhada pelos elementos que fazem parte da Europa, deva ser confrontada em termos de uma união de países que cuidem da qualidade e tenham apenas esse caminho a prosseguir na luta contra os preços baixos.
Falta-me espaço para referir a reunião do Conselho de Estado que ocupou seis horas de troca de opiniões e em que, segundo consta, o aviso de que não constituirá uma medida salutar para a nossa situação os “chumbos” no Parlamento do Orçamento de Estado para 2012 que o Governo apresentou e que, devido às exigências profundas no que diz respeito à vida dos cidadãos nacionais, se não se verificar o tradicional “dizer mal” que as oposições utilizam para demonstrar que não se conformam com a vitória de outros partidos no acto eleitoral, e que por aí a imagem de Portugal junto dos credores da nossa dívida e de que se exclui a eventualidade de continuarmos a recorrer para ser possível suportar os gastos que o Estado tem a seu cargo, essa ideia de bom comportamento fica bastante deteriorada e não são previsíveis as consequências que tais desavenças podem fazer-nos sofrer.
Quer dizer, tanto em Bruxelas como em Lisboa, as reuniões ocorridas tiveram como objectivo apelar aos homens para que tomem juízo e sejam capazes de dar as mãos, pois que os desencontros não dão outro resultado que não seja atirar mais para o fundo o que já não anda ao sabor das ondas, embora as soluções desses encontros não sejam animadoras e haja que repetir as vezes necessárias para que não se fique sempre na mesma.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

ACHAR

Nossa língua portuguesa
tem essa coisa de achar
e usa-a com franqueza
até poder encontrar

Eu acho, diz toda a gente
quando tem a impressão
sobretudo quando sente
que não é só ilusão

Achar o que alguém perdeu
não guardar por ser honrado
pode deitar mãos ao céu
por não ficar com achado

Receber confirmação
de algo que já se disse
é pedir opinião
não acha que é tolice?

Uma acha na fogueira
aumenta lume que existe
pode ser grande asneira
e tornar tudo mais triste

Acho eu, posso dizer
quando não tenho certeza
sem querer comprometer
também não faço surpresa

Não acha? Quero saber
para aplauso sair
só o sim me dá prazer
e já não volto a pedir



FREGUESIAS... POR ENQUANTO

Mesmo tendo ocorrido, na quarta feira, dois acontecimentos que nos dizem directamente respeito, um como europeus e anuentes ao euro e outro devido à nossa condição de portugueses, enquanto não se tiver um conhecimento perfeito do que se passou nessas duas reuniões vou-me ficar por temas que, a nós todos em Portugal, interessa discutir e expressar uma opinião.

A REDUÇÃO DE FREGUESIAS que o Governo entendeu dever levar por diante, atendendo à necessidade absoluta de redução de gastos que a crise e as imposições dos acordos com os credores obrigam, tal medida é, na verdade, uma redução do contacto do sector governamental com os habitante espalhados por todo o País.
Que se trata de uma acção que se alia à falta de benefícios que o Estado tem vindo a desenvolver, quanto a isso não haverá duas opiniões. Mas que são as necessidades que as circunstâncias nos trazem, numa fila imensa de confortos que as altas esferas do poder vão riscando da lista que, apesar de tudo, constituíam auxílios ao povo que somos, também isso tem de ser entendido e portanto aceite, se bem que talvez pudesse ser objecto de uma reflexão cuidada para que não se tratasse de uma medida tomada a eito, de alto a baixo, sem levar em conta circunstância específicas que, pelo menos os interiores de Portugal, obrigam a excepções bem ponderadas.
Analisando as Juntas de Freguesia que cumprem escrupulosamente o seu papel, ou seja o contacto directo e pessoal dos funcionários de cada um desses organismos, incluindo cada presidente, dando com essa função uma ligação assumida dos poderes com os cidadãos e o conhecimento dos casos que merecem ser acompanhados e até reconfortados pelas equipas de cada Junta, ao aumentarem as áreas que resultam das referidas junções, portanto de um alargamento que representa a necessidade dos residentes em cada zona terem de se deslocar, nas diferentes localidades na Província, em distâncias que não podem ser cumpridas pelos mais débeis dos habitantes, especialmente os de mais idade e os doentes.
Que nas cidades, sobretudo naquelas onde os transportes públicos permitem as deslocações, se aplique este princípio de redução de instalações e de pessoal ainda se compreenderá. Mas que no resto do País se aplique a mesma norma, com as consequências descritas, aí valerá a pena que os decisores das medidas levem em conta cada circunstância e sejam comedidos nas suas decisões.
Bem se sabe que, em muitos casos, não se pode considerar que as Juntas de Freguesia tenham sempre cumprido escrupulosamente a sua missão. Mas que, apesar de tudo, existe uma ligação muito pessoal entre os cidadãos e os detentores dos cargos das Freguesias, conhecendo-se todos e encontrando-se naturalmente nas ruas e nos locais de reunião, quanto a isso não haverá que ter muitas dúvidas. Quando, por outro lado, se está a ponderar o fecho de várias estações dos CTT e até de outras dependências mesmo comerciais que prestam os seus serviços com porta aberta, será caso para dar a sugestão que os atendimentos de vária espécie bem poderiam centralizar-se nos postos que o Estado mantém ao serviço e que nem necessitariam de aumento de pessoal. Logo, o espírito da economia de meios não se perderia e os habitantes de cada lugar não sofreriam as consequências da eliminação de despesas.
Não sei se alguém levará em conta as sugestões que os portugueses, com os meios ao seu dispor, expressam. Mas, no que diz respeito ao cumprimento da participação, por este meio do blogue, de um cidadão como é o meu caso, pelo menos fico com a satisfação de ter cumprido a parte que me cabe. É pouco, mas é alguma coisa!
Tanto quanto se sabe, na reunião do Conselho de Estado que o Presidente convocou para ontem, não foi aí levantado o caso da redução de freguesias no quadro administrativo da Nação. Nem teria que o ser, por muitas razões mas, principalmente, porque este problema tem de ser encarado pelo Governo e não constitui, por agora, assunto que necessite da opinião dos Senhores Conselheiros, alguns deles até pouco sabedores do que quer que seja.
Amanhã talvez me debruce sobre esta reunião à volta da mesa, tudo dependendo do que for publicitado sobre o que ali se discutiu.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

A REALIDADE

Ilusão é de facto uma virtude
o sonho também ajuda a vencer
pensar no que é belo dá saúde
é só ver na vida o que é prazer

Imaginar agrada, as coisas boas
deixar para trás tudo que não presta
não atender às popas só às proas
seguir no mundo levantando a testa

Os desejos, mesmo não conseguidos
não serão no todo fatalidade
ainda que acabem nos olvidos

No fundo existe alguma crueldade
ao pôr em uso todos os sentidos
vendo ser outra a realidade

QUEM É O CULPADO?

ESTA PALAVRA TEM SIDO a mais escrita e pronunciada, nos tempos e anos mais recentes, por tudo que é comunicação social, assegurando-se que é por via dela que o mundo em geral e alguns países em particular se encontram perante um dilema feroz de luta pela subsistência e em que as perspectiva em grande parte dos casos são as mais sombrias que se podem imaginar.
E enquanto se vai resistindo perante dificuldades que o panorama oferece, as culpas do aparecimento dessa crise e da sua manutenção, com o avanço cada vez maior das manifestações clamorosas, chegando até, como já se assistiu lá fora, a serem sanguinárias, e que as populações várias acabam por adoptar na ilusão de que com isso solucionam os problemas, essas culpas são exigidas, pelos manifestantes Afinal, toda essa forma de reagir o que provoca é um afundamento cada vez maior dos casos onde a referida crise apareceu fazendo das suas.
As bandeiras, os cartazes, os gritos, os braços no ar, as marchas, as greves e não ficando por aí até os fogos postos e as lojas assaltadas, tal aparato só serve para que as consideradas vítimas das consequências da falta de emprego, das subidas dos preços, dos impostos cada vez mais pesados, acabando tudo por se converter em revolução sem rei nem roque, essa desgovernação conduz a que, cada vez mais, se situe mais longe a eventual forma de se solucionar o afundamento de cada Nação.
Além do que ocorre nos diversos pontos que se encontram sob a fúria da tal crise, surgem as vontades de identificar os causadores da mesma, cada qual no ponto onde ela provoca os estragos que cada indivíduo e cada família têm de suportar as consequências. Nos governos que, entretanto, tenham tomado posse e apanhem com as reacções que as vítimas denunciam, aqueles, naturalmente e numa atitude de autodefesa, atiram com as origens da calamidade para os antecessores, sendo que, em certas circunstâncias até é certo, muito embora não sejam somente os antecedentes imediatos que devem apanhar com as culpas, mas sim será o resultado de sucessivos poderes que, cada um por seu lado, não foram capazes de antever o enorme perigo que ia avançar.
No caso de Portugal, muito embora já não sirva para nada pendurarmos os nomes dos cabecilhas governamentais na placa do Inferno dos prevaricadores, alguma utilidade tem guardar para a História as suas identidades, posto que não se poderá, nesta altura, prever qual vai ser o futuro, próximo e seguinte, que se deixa aos seguidores.
Mas, dito tudo isto, poderemos nós, em perfeita independência de pensamento, encontrar os verdadeiros autores de toda a pavorosa situação que somos forçados a suportar? As instituição bancárias, norte americanas ou de outras origens, o capitalismo devorador, os empresários pouco eficientes de grandes empresas internacionais, os empréstimos por agiotas ávidos de lucro fácil de vultosas quantidades de dinheiro sem o menor cuidado de se estudar antes se seria bem aplicado e reprodutivo, que o mesmo é dizer com possibilidades de reembolso sem prejuízos e apenas para ajudar a desenvolver as produções de cada caso, tudo isso poderá estar na origem da bola de neve que rolou por toda a parte e que, em dado momento, ao verificarem-se as dificuldades nas liquidações das dívidas contraídas e aplicando-se sucessivamente juros cada vez mais pesados, toda essa actuação acabou por alastrar e desfigurando como mancha de petróleo todo o sítio por onde passava, fazendo com que se assista nos dias de hoje ao espectáculo angustiante de países em plena banca rota, uns já com a situação definida e outros que se encontram na dramática posição de tudo estarem a fazer para não passar a porta da falência.
Afinal, perante todo este espectáculo, não nos ficará mal se tivermos a coragem de afirmar que o único e grande causador de tudo que ocorre é exclusivamente originado pelo SER HUMANO. A ele e só a ele cabe a responsabilidade de fazer com que o mundo atravesse, neste princípio do século XXI, uma das mais graves – senão mesmo a mais grave – destruições de uma vida minimamente tranquila que, desde o seu início tem vindo a percorrer todo o Globo. É a sua ganância de todos os géneros, de poder, de riqueza, de autoridade, de sobranceria sobre os parceiros que leva o Homem a, sem olhar a meios, provocar calamidades que, em certas ocasiões, foram originárias de guerras – e a mundial ainda está na lembrança dos que viveram os anos em que um odioso Adolfo Hitler ocasionou, com confrades, a destruição de grande parte do nosso hemisfério -, as quais, nesta altura e dado o avanço tecnológico até das armas – não será tão previsível… ainda que não se trate de uma probabilidade longe de ser encarada.
É, portanto, o racionalismo animal que está na cabeça dos destruidores desta grande Casa onde todos somos forçados a morar. Os irracionais não vão tão longe nos seus distanciamentos dos seus parceiros. Guardam o sítio que têm e não se “orgulham”, como o Homem, de nada do que fazem.
Face a este raciocínio, cabendo aos seres humanos a responsabilidade de tudo que de bom e de mau ocorre neste Planeta, o que se tem de ansiar é que, com união e bondade se consiga, milagrosamente, modificar o comportamento das figuras de duas pernas que se movimentam em todo o espaço que nos foi entregue. E, a menos que, quem nos ofertou o mundo resolva tirá-lo devido ao seu péssimo aproveitamento, com essa fé talvez consigamos tomar juízo.
Será, por isso, uma boa ajuda ter crença, seja ela qual for!

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

POBRE CABEÇA

Como será possível
que só me reste a cabeça?
O demais mesmo incrível
qu’aos poucos desapareça
é triste mas é verdade
dar-me conta das fugidas
algo deixa de saudade
pois bem sinto as descaídas

O contrário era o melhor
o resto todo perfeito
sentir em pleno vigor
e o andar bem escorreito?
Mas a cabeça, essa então
a não dar nada de si
sem dizer nem sim nem não
nunca entrando em frenesim?

Pergunto-me nesta altura
o que é o menos mal
que cause menos agrura

não havendo o ideal
talvez seja porventura
ir correndo p’ro final

UNS COM TANTO E OUTROS...

A DEMOCRACIA APRESENTA VANTAGENS que, digam lá o que disserem, se sobrepõem largamente a qualquer das outras teorias políticas, sobretudo às ditaduras, que essas então não dão oportunidade aos povos de evidenciarem as suas opções e, obviamente, as suas críticas.
Poderão não servir para nada as manifestações de descontentamento que, sob qualquer forma, as populações em geral e os mais atentos em particular entendam dever divulgar para conhecimento dos seus parceiros. Os políticos sempre têm forma de disfarçar, não utilizando a proibição do direito de dar mostras do descontentamento, que isso lhes está impedido fazer através das leis incluídas nas Constituições de cada País, mas sempre se servem da utilização dos Tribunais, quando estes têm as portas abertas para dar o seu apoio aos que governam e que, por isso, sempre têm algum poder adicional, e também fazem valer a sua força com ameaças subterrâneas aos veículos transmissores das críticas, logicamente os meios de comunicação tradicionais. Mas, de qualquer modo, mesmo ultrapassando as regras que as liberdades estabelecem, alguma coisa se escapa sorrateiramente para a opinião pública e acaba por ser dado a conhecer o que os governantes não apreciam que isso aconteça.
Não vale a pena referir o que já é tão conhecido e que foi a forma como Churchill, na altura da guerra mundial,  caracterizou a utilização da Democracia, considerando que era “a menos má das políticas”, isto para  tornar claro que não existia sistema de regulamentação ideológica para exercer o poder em qualquer país que pudesse ser considerado como inteiramente perfeito, dado que os homens não são capazes de usar sem defeitos um regime que tem a liberdade como ponto de partida.
Por que digo eu isto? Pois nada mais nada menos devido ao facto de, no meio de todas as dificuldades que atormentam nesta altura os portugueses, sempre é possível fazer sair para o conhecimento público, é certo que em doses reduzidas de cada vez, determinados acontecimentos que mais escandalizam sobretudo os mais perseguidos pelos castigos que, sob a forma de impostos ou de redução de benefícios antes existentes, não encontram forma de se esgueirar de tamanhas perseguições.
A troika desenhou uma série de obrigações que, no acordo firmado pelo lado português, não atingiram porém uma série de benesses que, tal como decorreu no antigo regime, mas que também se continuou a passar após a Revolução de Abril, foram e são aproveitadas por uma série de “espertos” que andam sempre atentos às oportunidades com que deparam e lhes concedem a possibilidade de aumentar os seus pecúlios. Os casos dos políticos que, saindo dos postos públicos que ocuparam em dada ocasião e que, devido a isso, recebem sob a forma de pensões vitalícias, importâncias não desprezíveis que acumulam com os salários que passaram a auferir pela sua actuação em lugares de preponderância em empresas privadas, quase sempre criadas durante as suas vigências como responsáveis governativos, tais situações foram agora reveladas e, com enorme espanto e indignação, especialmente dos que têm de resolver as suas vidas com reformas mínimas que não chegam para dar descanso aos que se encontram já fora da área do trabalho.
Os nomes de alguns – porque há muitos mais – desses beneficiados apareceram agora, com fotos e tudo, com as indicações dos montantes que lhes cabem mensalmente, não o que ganham agora nos postos que ocupam, mas nas tais pensões que o Estado lhes entrega. Vou reservar aqui um espaço para, copiando das notícias saídas nos jornais, não sendo portanto uma pesquisa que me pertença, dar a conhecer aos leitores do meu blogue e que eventualmente não tenham tido ocasião de acompanhar o que a comunicação social divulgou:
Jorge Coelho – 2.400 euros; Dias Loureiro – 1.700; Ângelo Correia – 2.200; Joaquim Ferreira do Amaral – 3.000; António Vitorino – 2.000; Armando Vara – 2.000; Rui Gomes a Silva – 2.100; Duarte Lima – 2.200; Álvaro Barreto – 3.400; Bagão Felix – 1.000; Zita Seabra – 3.000; e Carlos Melancia – 9.750 euros, imagine-se!
Ora aqui está como, nesta pequena amostragem, se pode fazer ideia do dinheiro que sai dos cofres, já tão combalidos, do Estado. E os que, nesta ocasião, já andam a temer que as suas pequenas reformas vão diminuindo e que até, em determinado ano, deparem com a exaustão completa desse dinheirinho que, enquanto durar, por pouco que seja, sempre é alguma coisa, todos os reformados podem beneficiar da Democracia, ao menos isso, que não tapa a boca aos que se podem revoltar e gritar bem alto contra as divisões dos cidadãos, uns de primeiro e outros de terceira…

domingo, 23 de outubro de 2011

VERGONHA

Se há razão para a ter
se algo te faz corar
merecer
chorar
a consciência ajuda
a dar um passo atrás
se não há quem acuda
para encontrar a paz
fugir
corar
não resolve só partir
há que de frente encarar
e fazer por conseguir
e o mal reparar
a vergonha
é remédio
de nada serve a ronha
que só provoca tédio
tapar a cara
esconder-se
com isso não mascara
o que pode é precaver-se
p’ro futuro
ter cuidado
fazer tudo com apuro
para não ser perdoado
a vergonha
não é peçonha





NÃO TER VERGONHA

AO CONTRARIO DO QUE afirmaram tanto o Presidente da República como o primeiro ministro portugueses, de que não aceitam que o nosso País se veja na necessidade de pedir perdão das nossas dívidas, pois que isso representa um acto de fraqueza e, a partir daí os credores não facilitarão mais qualquer empréstimo (o que, só por si, significa que não conseguiremos suplantar as dificuldades com que nos estaremos a debater e, nesse caso, será dar a mão á palmatória), por minha parte não temo o tornar pública a minha opinião de que, uma coisa é solicitar às instituições que nos valeram para desistirem de cobrar o que nos facilitaram e outra bem diferente é, estando a cumprir – sabe-se lá com que sacrifícios – aquilo que recebeu a nossa assinatura como garantia de que aceitávamos as condições negociadas, face a essa atitude de gente confiável, como estaremos a demonstrar, o pedir que o tempo da liquidação seja alargado e, simultaneamente, que os juros acima das percentagens normais (e não de agiotas) venham a ser reduzidos, tais obrigações excessivamente duras são susceptíveis de um pedido de moderação do acordo que foi aceite numa situação de grande fragilidade da nossa parte.tirar o partido mais nojento que um rico pode aplicar a um necessitado.
E acrescento ainda que deveríamos ser nós a dar a notícia claramente a todos os nossos parceiros europeus, sem vergonha e antes pelo contrário, a dar mostras de que somos um País que se preocupa em cumprir, mas que necessita de que as atrozes condições postas nas diversas alturas em que recorremos aos dinheiros estranhos foram aproveitadas por organizações com poucos escrúpulos e que, em vez de auxiliar um membro da Europa que se encontrava em dificuldade o que fizeram foi aproveitar-se do mal dos outros para obter benefícios de qualquer maneira. E essa indicação de que foi efectuado um gesto que merece de toda a comunidade de nações europeias a maior repulsa (dado que nenhum dos países que comungam este conjunto, o qual não há maneira de formar o bloco que constituiu sempre a aspiração dos fundadores da CEE), poderá garantir que, mais dia menos dia, não venham a encontrar-se em condições idênticas às nossas e até da própria Grécia, que sendo o País que merece todo o respeito por ter sido o fundador da democracia e situar-se nos antípodas de grande número de povos, não deveria encontrar-se na montra das desgraças, posto que o auxílio que é pedido deveria constituir uma espécie de obrigação de ajuda por parte dos que, situando-se neste Continente, alguma coisa lhes é devida, quanto mais não seja por motivos históricos.
Porém, ao assistir-se ao triste panorama do desentendimento que reina neste velho Continente, faltando dar as mãos como se faz com um parente muito chegado e a quem se deve grande respeito, tudo é de esperar, sendo mais uma razão para que, sendo necessário – e começa já a sê-lo -, se verifica  nesta ocasião uma demonstração de boa vontade e de auxílio aos mais necessitados (mesmo que a culpa lhes caiba por terem procedido erradamente na governação que lhes coube), mas que esse mau paramento também servirá para prevenir em ralação ao que vem adiante.
Ao fim e ao cabo, esta crise maldosa que se instalou um por toda a parte também deveria ser utilizada como escola aos povos e seus governantes que ultrapassaram o nível dos seus gastos e não controlaram o que nunca se deve perder de vista, quer se trate de um indivíduo, de uma família ou de uma nação inteira.
Porém, os seres humanos detestam reconhecer os seus erros e particularmente os políticos, sejam eles quais forem e pertençam a que grupo ideológico seja, não aceitam nunca reconhecer os erros praticados e, no caso português, essa característica tem sido bem demonstrada.
Mais uma razão, pois, para que, ocorrendo os tais maus procedimentos em períodos anteriores e estando os seus responsáveis já distantes do palco das actuações, os que tomam lugar e os substituíram não têm que se envergonhar por pedir auxílio ainda que fora de portas.