quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

AVAREZA

No poupar há algum ganho
dizem os tais cautelosos
mas isso de ser tacanho
já pertence aos mais medrosos
                       sovinice
gastar demais é tontice
pode levar à pobreza
como também é tolice
preferir a avareza
                   sabujice  

Ter muito e não ter nada
não ajudar quem precisa
muito merece a piada
daquele que bem avisa
                e critica
que ao chamar-lhe sovina
está a falar com franqueza
é bem ave de rapina
quem pratica a avareza
                 com larica

O contrário do guardar
com medo que tudo acabe
o grande prazer de dar
é a generosidade
               bem fazer
afinal o que se tem
quando partimos do mundo
fica cá para alguém
gastar tudo num segundo
           desfazer

A PEDIR - ATÉ QUANDO?

SERÁ QUE AS NOTÍCIAS que surgem de vez em quando, de que foi concedido mais um empréstimo a Portugal, merecerão o nosso entusiasmo, como esta agora da nova tranche de 14 mil e 600 milhões de euros que entrarão em breve nos cofres do Estado e que levarão o destino que é o normal e corrente de todos os anteriores favores em dinheiro e que os organismos estrangeiros que os concedem terão apontado nos seus canhenhos de devedores, contabilizando logo os juros que são atribuídos e tendo em vista a data em que os respectivos  montantes deverão regressar à base?
Bem sei que se trataram e tratam de aflições da nossa parte, que impõem a necessidade de estendermos a mão à caridade, não se podendo chamar de uma esmola, pois que é evidente, que se tem de classificar de um auxílio que nos é concedido e que, se forem cumpridas integralmente as condições postas, se colocará na lista dos negócios bem lucrativos para as partes que abrem os cordões à bolsa. Mas todo o longo e pesado enredo que tem ocorrido com o chamado caso da Grécia, esse poderá criar situações complicadas aos respectivos credores, dado que é mais do que evidente que a ausência de meios para aquele País repor, nos tempos que foram estabelecidos, as dívidas que tem vindo a contrair, essa situação poderá deixar outros parceiros do grupo europeu em circunstâncias de bastante debilidade financeira, fechando-se a porta para outras atitudes semelhantes que venham a ser colocadas a pedir ajudas semelhantes.
Seja como for e agora que já se tornou público que existem outros países que se seguirão ao estado a que chegaram os gregos -  grupo esse em que Portugal se inclui –,  em virtude de não se ter conseguido que a Europa se tivesse preparado para formar uma equipa que se ajuda mutuamente, não deixando que nenhum dos seus membros caísse na posição de necessitar de favores financeiros que os libertassem daquilo a que se dá o nome de bancarrota, face a essa realidade o que se pode vislumbrar do que ocorre neste nosso Continente é que se encontra cada País do grupo dos 27 entregue às suas próprias mãos, o que quererá dizer que, se se deixaram entregar a um descontrolo condenável das suas possibilidades financeiras, isto é, que gastaram mais do que deviam e podiam, então, na situação derradeira, não poderão salvar-se pelos seus próprios meios e o resultado não vai ser o da salvação continental, deixando que sejam países extra europeus a aproveitar as circunstâncias e a instalarem-se, de armas e bagagens, a dominar a situação.
Poderá ser considerada esta perspectiva como tratando-se do maior pessimismo que poderia ser aplicado. E é, de facto. Mas não será aconselhável que estejamos todos preparados para o pior – que até pode não ser -, como seja, por exemplo, o caso da China que, com as suas farturas de todas as espécies, poderá dar uma volta completa no que ocorre da Europa?
Púnhamos, pois, as nossas imaginações a funcionar, de forma a podermos antever o que tem possibilidades de passar-se, lá mais para o futuro…

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

DESCENDENTES

JÁ NÃO SE ESCONDE a situação preocupante da pouca natalidade que se verifica, por sinal há bastante tempo, na parte portuguesa dos habitantes neste nosso País. Por outro lado, o aumento de anos de vida que, por via de bastantes cuidados médicos modernos, se verifica na parte dos idosos, esse desequilíbrio faz com que, a olhos vistos, quem anda pelas nossas ruas, especialmente de Lisboa, depare com uma quantidade assinalável da chamada terceira idade e a criançada é, ao contrário, a menor percentagem que se desloca sobretudo pelos bairros que, tempos atrás, contribuía para compensar os que se arrastam agarrados a bengalas.
E então na província, no interior de Portugal, o abandono das vilas e aldeias, com um grande número de casas vazias e a raridade de jovens que, logo que tiveram oportunidade, fugiram para a beira-mar ou até terão emigrado para o estrangeiro, esse panorama é verdadeiramente aflitivo, retirando-nos a possibilidade de enfrentar a luta que tanto se necessita e que consiste na entrega eficaz à produção, por forma a podermos desenvolver as exportações, ao mesmo tempo que o desemprego, que muito aflige as famílias, poderá assistir a uma baixa significativa desse número em que nos encontramos agora superior a um milhão de gente de braços caídos.
Como os sustos não raras vezes ocasionam que, quando damos de caras com as situações de perigo, só então é que deitamos as mãos a uma tarefa, pode muito bem ser que este enorme desequilíbrio entre novos e velhos faça com que se desperte de um quadro que, neste caso, já está a atingir um ponto de que não é fácil nem rápido sair dele. Eu, no meu caso, não me encontrando já na idade da participação na causa de deixar muitos filhos entregues à sua sorte, pelo menos não deixo de lançar o alerta que poderá entusiasmar os potenciais pais ao ponto de assumirem essa responsabilidade.
Sim, porque numa situação económica e financeira que se atravessa em Portugal, lançar ao mundo descendentes impõe ter a cabeça bem assente nos ombros e fazer as contas dos custos que isso ocasiona, para não falar já na responsabilidade de criar novos entes que irão assumir as dívidas volumosas que os governantes que passaram pelo poder, vários que lutaram pelos lugares de comando e que não cuidaram de não gastar mais do que aquilo que um País como o nosso pode suportar, só porque a vida deles é que constituía a principal preocupação e quem viesse atrás que fechasse a porta… e apagasse a luz.
Submarinos, auto-estradas não necessárias nem urgentes, estudos de aeroportos sem se saber sequer onde se situariam, e todos os desperdícios que encheram de orgulhos os mandões dos Executivos onde se situavam, foi isso que obrigou, nas fases seguintes, a que se tivesse de recorrer a dívidas de muitos milhares de milhões de euros que, nas épocas, foram até recomendadas por todos os estabelecimentos de crédito que, por terem essa tarefa como objectivo das suas funções, obviamente porque ocasionavam grandes lucros com os juros que foram exigidos, abriram as portas aos governantes ingénuos.
E é isso que se tem de enfrentar com todo o sentido de responsabilidade que as situações difíceis impõem. É que, daqui a uns tantos anos, ao fazer-se o inventário da população portuguesa, verificar-se-á que cidadãos naturais de Portugal, com características de pele e de costumes bem nacionais, serão até ultrapassados por descendentes de imigrantes de diversas origens e de comportamentos relacionados com a sua cor de pele, não podendo ser considerados como portugueses de cepa, com as características que têm vindo a ser bem vinculadas no que se pode chamar de gente lusitana.
Será grave esta situação? Provavelmente não, até porque o desvio de maneira de ser original talvez traga alguma melhoria de comportamento. Quem sabe? Mas que tenhamos consciência do que se passa e do que virá a acontecer, isso será também importante.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

AINDA A TEMPO

Já era tempo de se respirar
d’enfrentar a vida mesmo que resto
não nos imporem para trás andar
não precisar mais de fazer protesto
quem até hoje aguentou tanto
 que com esperança lá foi vivendo
não é agora mesmo com espanto
que vale a pena gritar não entendo

Se metermos a mão na consciência
se humildade nós apelarmos
não pusermos a menor reticência
abandonando o desenrascarmos
talvez se encontre a solução
p’ro estado a que Portugal chegou
pois que isso está na nossa mão
cada um crendo “o melhor não sou”

Mas é pena pois que heróicos feitos
também tivemos com certa fartura
mas dessas acções tirarmos proveitos
se existiram foi de pouca dura
nunca soubemos recolher partido
que resultasse num bem pr’o País
foi escasso sempre esse sentido
tudo nos passou longe do nariz

Seja qual for a nossa conclusão
o que importa agora é mudar
estamos metidos na confusão
nem se sabe quem pode ajudar
e como um País não corre taipais
colocando letreiro de falência
nem remedeia andar a gritar ais
só nos pode salvar a coerência

Se agora somos mal governados
por quem bem devia fazer labor
e sem se sentirem sequer culpados
dizendo ao povo que “fazem favor”
há muita razão em os querer fora
em despedi-los com chuto no rabo
e pô-los à distância sem demora
não querendo ter mais nenhum nababo

Então depois quem vier a seguir
será capaz de por tudo nos eixos?
Se for igual a Alcácer Quibir
como foram outros tantos desleixos
após catástrofe nós não sabemos
se podemos pôr a casa em ordem
pois em discussões o tempo perdemos
ficando tudo na mesma desordem

Tenhamos então alguma memória
olhemos para trás e reflictamos
é o que nos diz toda a nossa História
sobretudo aquela que aplaudamos
e é pena, porque heróicos feitos
cá existiam com certa fartura
mas sempre os vimos de parapeitos
mesmo os que causaram certa agrura

Nesta altura já se perdeu bastante
o respeito pelo que fomos antes
a luta por esta vida andante
não nos dá tempo que seja sobrante
para reconhecer o bom que fomos
e o mais que podíamos ter feito
enquanto também ver o mal que somos
o que nos traria algum proveito

Ainda que mudar ao que chegámos
não seja obra fácil de assumir
após os males com que carregámos
e pouco ânimo para reflectir
faltando forças p’ra recomeçar
no sítio que tão bem conhecemos
aquilo que se impõe é não parar
esquecendo tudo o que sofremos

Antes do 25 e depois dele
lá p’ra muito longe tentando ver
para um futuro a que se apele
 mais alegre e que se possa ver
o que mantemos é a esperança
de os vindouros serem mais felizes
que lhes chegue a bem-aventurança
de igualarem outros bons países

Se já nem isso conseguirmos ter
então é porque o fim está à vista
como depois da vida há um morrer
até aquele espírito fadista
não ficará para ser recordado
e cantares estranhos cá chegarão
pois que o chorar a ouvir o fado
é coisa que todos esquecerão

Os que ficarem neste canto luso
com outras cores e com outros falares
aos poucos deixarão tudo difuso
pois serão diferentes patamares
deve entregar a chave e partir
que era a causa de tanto afligir
tendo já sido apagada a brasa
pois quem não sabe manter sua casa

INSIGNIFICÂNCIAS

NÃO PERDEMOS O COSTUME de ligar excessiva importância a situações que são largamente comentadas em tudo que se encontra dentro do panorama de informação pública – jornais, televisões e, por certo, também os blogues – e a que diz respeito à duvidosa licenciatura em engenharia de José Sócrates, se ela ocorreu de facto ou se foi apenas consumada num golpe proveniente de manobras em que teve larga influência a sua posição política, sobretudo de primeiro-ministro, o que poderá ter contribuído para que a Universidade Independente, que acabou por ficar encerrada devido a falência  e em que, por via do seu ex-reitor, acabou por ser vagamente concretizada, mas sem a convicção que uma outra qualquer faculdade que mereça o alto crédito dos canudos que passe, transmitiria para o exterior. Este é um desses casos.
Seja como for, numa altura em que o então chefe do Governo já se encontra fora de actividade e será a lembrança da sua conduta política que pesará ainda, para uma grande parte de portugueses, no sentido negativo, que se continua a debater o problema da veracidade da sua afirmada licenciatura em engenharia, e dando-se até o facto de José Sócrates se encontrar a viver em Paris, a tentar seguir, diz-se, a licenciatura em filosofia – que não tem nada a ver com a engenharia que se mantém em discussão -, a qual, neste preciso momento e em que Portugal se debate com a adversidade de uma crise que, também constitui motivo de discussões entre socratianos e seus adversários, alguns entendem ser útil perder tempo com esclarecimentos que não servem para nada, pois que do tempo passado e das suas recordações estão os portugueses fartos e não vão servir para solucionar o que nos apoquenta.
Verdade que, no que me diz respeito, sou dos que não crêem que Sócrates tenha cumprido uma carreira escolar de engenharia, mas essa atitude não tem peso suficiente para me distrair do importante, pois que o que interessa é dedicarmos toda a nossa luta no sentido de contribuirmos, cada um com o que tem à sua disposição, no sentido de apoiar ou combater, dentro da sua consciência, os passos que o Governo actual está a seguir. E, por muito que se note alguma má vontade quanto aos escritos que alguma população, de uma forma geral, deposita nestes tipos de desabafo e que são os blogues, sobretudo os que são absolutamente identificados pelos seus autores, defendo o princípio de que, quem expõe publicamente aquilo que considera ser uma participação não merece ser ignorado, especialmente se não toma posições radicais e não se serve apenas de informações tomadas de ouvido. No meu caso, com mais de meio século de profissão jornalística, continuo a usar essa experiência de não me deixar levar pelo que “consta”, só afirmando peremptoriamente quando possuo dados totalmente seguros. Se não, aviso os leitores das dúvidas que me assaltam.
Por exemplo, neste momento a notícia de que a Troyka está em fase de estudo de não aprovar a contabilização do défice orçamental deste ano, e em que os 478 milhões de euros que o Estado recebeu anteriormente das pensões do sector bancário, montante esse que os “fiscais” que se encontram em Portugal a estudar a situação em que nos encontramos tencionam “perdoar”, tal notícia é muito mais importante do que todas as discussões que se levantem sobre a verdade ou não da licenciatura de Sócrates. 
Para além de tudo, o importante é que os portugueses se preocupem com o valor total, avaliado em cerce de seis mil milhões de euros, proveniente da transferência do sector da reforma dos profissionais da banca e que a partir já de 2012, existe a possibilidade de atingir os 600 milhões cada período anual que têm de ser extraídos das contas públicas. Daí também o pedido já ter sido falado à Troyka, em reunião havida no Parlamento à porta fechada e em que, sobretudo o PS, levantou a questão de ser necessário mais tempo de folga para a consolidação da dívida nacional no referido sector.
O que se tem já como certo é que os 12 mil milhões que constam do volume a entrar no nosso País se destinam exclusivamente à banca e para que esta possa responder às necessidades das empresas que necessitam urgentemente de apoio para prestar aquele auxílio de crédito.
Então, a discussão sobre se a formatura em engenharia de José Sócrates é verdadeira ou falsa deverá merecer o tempo que se perde em analisar esse facto? Por mim já dei a minha opinião.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

AFINAL

Ao não estar pronto em seu dia
seja por bem ou por mal
 quem procura a harmonia
só persegue o afinal
o mau assim
tem seu fim
porque isso do finalmente
leva tempo a conseguir
não é bem o que se sente
quer a sério ou a fingir

Afinal sempre vieste
é desabafo de amigo
a prova de que quiseste
trocar impressões comigo
se nos vemos
 nos entendemos
assim acordo lá chega
e as mãos num bom aperto
põem fim a qualquer pega
afinal está tudo certo

Não era assim afinal
mas sim de outra maneira
é como no prato o sal
se é demais sai asneira
peso e medida
não causa ferida
está escrito no destino
há que ter um ideal
mas quando se perde o tino
não se chega ao afinal

Afinal tão simples era
afinal não custa nada
já chegou a primavera
do ar fresco, uma lufada
que delícia
tal carícia
impossível afinal
há muita coisa na vida
mas copiar tal e qual
faz-se mesmo de fugida

O fim de tudo lá chega
sem se alcançar ideal
vê-se muita gente grega
p’ra pôr o ponto final
o mortal
o fatal
e o que se diz nesse dia
como é regra geral
terminou a agonia
lá se foi o afinal

IMPEDIMENTOS, ÀS VEZES DÃO JEITO

A SITUAÇÃO CRIADA A CAVACO, com a necessidade de voltar para trás, direito a Belém, quando a polícia tomou conhecimento da espera que estava a ser preparada na altura em que o Presidente da República se dirigia à escola António Arroio, para inaugurar uma melhoria feita naquele estabelecimento escolar (mas pelos vistos, considerada insuficiente), essa precaução para não ser melindrado por cerca de 500 alunos que se colocaram à porta, podendo suceder muita coisa, para além dos cartazes insultuosos que já ali se encontravam, e da suspeita de irem ser atirados ovos contra a figura do Presidente, foi a razão que levou os “protectores” a não aconselhar a continuação da viagem do carro presidencial, tendo sido uma marcha-atrás o que ocorreu, evidentemente com a permissão do Chefe de Estado. E como se estava em pleno Carnaval, pior ainda poderia ser a espera que estava preparada para receber o visitante com o mínimo de salvaguarda das desagradáveis consequências.
Até aqui, tudo parece ter sido uma medida de precaução que não tem de ser considerada como uma atitude não corajosa, pois que, goste-se ou não da figura do principal elemento da escala oficial de Portugal, não poderá ser nunca um festival de má educação aquilo que fará o Presidente sujeitar-se a insultos que, por serem de elementos a gritar em plena rua, se têm de considerar como um acto de liberdade. Muito longe disso.
Liberdade, democracia, relativa concordância com as opiniões dos cidadãos que fazem parte do conjunto de portugueses, neste caso estudantes de uma escola que ia ser visitada, por se tratar de uma manifestação pública que poderá ser transmitida para a comunicação externa, essa atitude só serve, a dar-se, para colocar toda a opinião pública fora de portas a comentar o facto e a comprovar que o ambiente interno do nosso País não se situa na zona da concordância e do bom viver dos portugueses. Não é, independentemente do que se pensar de Cavaco Silva, uma situação que nos deixe bem situados na fotografia dos comentários externos à nossa posição como defensores do respeito pelas opiniões, a favor ou contra, que devem ser sempre manifestadas, mas com total respeito pelos outros, por muito distantes que estejam do nosso gosto.
O que tem de causar até um certo desconsolo, foi a atitude de Cavaco Silva, quando depois da retirada atrás descrita, numa viagem ao Norte, se ter mostrado surpreendido ao tomar conhecimento, naquela altura, da taxa de desemprego de 14% da população activa e 35% dos jovens registados no último trimestre de 2011, como se até então não constituísse um número bem conhecido dos portugueses daqueles que não andam distraídos com os acontecimentos nacionais, pelo que essa demonstração de ignorância não se pode esperar de alguém que se senta no alto da escadaria do poder.
E, igualmente, o desabafo que teve como resposta às perguntas dos jornalistas de um comentário no que dizia respeito a essa aparente fuga da espera dos alunos, em que iludiu a resposta com uma conversa sobre a sua experiência à frente do Governo e agora em Belém, em que os resultados obtidos comprovam a preferência dos portugueses pela sua presença, essa espécie de desculpa não tinha que ser aplicada, pois que não lhe ficava mal ter afirmado que não era a sua pessoa que estava em causa, mas sim o lugar de Supremo Magistrado da Nação, cuja imagem lhe competia proteger de atitudes de multidões que não têm uma personagem que responda pelas atitudes das massas completamente irresponsáveis que se protegem entre os participantes e sem existir quem responda pelas suas acções quase sempre destruidoras.
Não sou eu que tomo posição defensora da liderança política de Cavaco Silva, mas estando essa personagem a exercer as funções máximas da hierarquia nacional, o que compete a cada cidadão responsável é proteger a sua imagem e não deixando que ela seja ofendida pelas turbas de cidadãos que se deixam envolver pelas fúrias que são fáceis de incendiar, mas difíceis de chamar à razão e de não entrarem pelas vias da destruição, como se costuma assistir em muitos locais onde isso se passa.
Se não gostamos de ser comparados à Grécia, então não sigamos as manifestações destruidoras que por lá ocorrem.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

DAR NAS VISTAS


Sair-se do formato sempre igual
ao que por toda a parte se encontra
  pode parecer uma mera afronta
mas também ser coisa natural

Há quem se diferencie e só isso
por pertencer ao grupo dos solistas
não é que pretenda só dar nas vistas
e com isso assumir um compromisso

Mas dos outros chamar a atenção
pelo seu porte e modos d’aparecer
há quem o faça por outra razão

Apenas p’ra mostrar que é um ser
que dá nas vistas com uma intenção
a de fazer inveja só de o ver

SERÁ QUE FICAM OS DEDOS?

SE O NOSSO PAÍS se encontrasse apenas com toda a atenção assente no seu dia-a-dia, sem problemas extraordinários que o distraíssem do que é comum, seria natural que situações mais raras e distantes das que são realmente importantes para que os portugueses não se sentissem perseguidos por azares, fossem essas as que constituíssem notícias que atrairiam a atenção que dominasse o ambiente dos normais habitantes de Portugal. Para me fazer mais explícito, quero dizer que andamos agora a explorar situações e notícias a que, numa vida regular, não prestaríamos a menor atenção.
Dou alguns exemplos: o tema denominado Casa Pia, que ocupou o seguimento atento, ao longo de cerca de 13 anos, dos noticiários vindos nos diversos elementos de comunicação, não mereceria seguramente a participação tão intempestiva da opinião pública se não constituísse uma matéria que envolveu figuras públicas que, naturalmente, ocasionam posicionamentos dos contra e a favor que podem distrair os sentimentos dos que precisam de deixar de pensar, nem que fosse por alguns minutos, da grave situação económica e financeira em que nos encontramos.
Assim, a decisão agora tomada de rectificar as penas que tinham sido aplicadas, em Setembro de 2010, aos considerados condenados que, tempo antes, ao terem conhecimento do acórdão do Tribunal, o que deu azo a que os respectivos advogados desses tidos como implicados nos actos de proxenetismo, tivessem recorrido das penas aplicadas, o que os conservou em liberdade até terem dado entrada no Tribunal da Relação que, nesta altura, deu conhecimento da sua decisão final (até agora), com pequenas alterações às penas que tinham sido aplicadas antes e considerando necessário efectuar novo julgamento de situações que suscitam dúvidas.
Vamos esperar para ver quanto tempo ainda terá de decorrer até que o assunto fique solucionado e eu, como é evidente, não tomo posição em relação a ser justo ou não castigar os acusados de terem abusado sexualmente de crianças alunos da Casa Pia.
Outro caso, também de tribunal, que esta semana saiu a lume e que constitui também uma demorada situação que tardou 14 anos até o tribunal decidir se existem culpados e que pena se lhes deveria aplicar. Trata-se do desaparecimento de um rapaz que, se aparecesse a gora, teria à volta de 20 anos, de nome Rui Pedro, e em que se apuraram os passos que deu e com quem, mas que não se conseguiu descortinar se morreu ou se, ainda vivo, se encontrará em algum lado. Os pais e familiares é que bem choram com a falta de resolução do problema, pois como o corpo não existe e não se sabe qual o caminho que terá levado, conhecendo-se algumas voltas que terão ocorrido até ao último momento em que o Rui foi visto, por sinal na companhia de um vizinho mais velho e de uma prostituta a quem ele foi entregue, para iniciar-se na aventura sexual, segundo parece, com todos estes elementos quer as forças policiais quer o próprio tribunal não apuraram o mínimo que fosse que retirasse à angustiada família as enormes dúvidas com que vive. Isto é uma amostra, entre tantas, de como funciona a nossa Justiça, desde que a polícia faz as suas averiguações e até ao momento em que são os juízes que poderão tranquilizar os que recorrem aos seus serviços.
O que parece que dá tranquilidade aos portugueses é o que ocorreu ao tão valioso profissional da voz, o antigos locutor, elemento ligado ao teatro e grande criador de programas radiofónicos que deliciaram as gentes que, tempo atrás, eram, fieis seguidores da sua actividade, pois quem, com 94 anos de idade, nos deixou de vez, Igrejas Caeiro de seu nome, já não tem que se preocupar com todas as anomalias que perseguem os portugueses e de que não está à vista a solução que conforte minimamente os habitantes do nosso País.
E, ao mesmo tempo que ocorrem as decisões que, por indicação da Troyka ou não, vão afogando cada vez mais o nosso Zé Povinho, assiste-se à renúncia da posse de valores que fizeram parte do nosso património, vendendo-se o que tem ainda algum valor e que possa diminuir a ausência de meios financeiros que o Estado necessita como pão para a boca e que, ainda por cima tratando-se de fundos oriundos do estrangeiro, substituem os empréstimos que esses há que pagar mais tarde e já não se sabe se algum dia o faremos. Trata-se, neste caso, da venda a uma empresa com capital angolano, da antiga produtora de filmes e que é bem conhecida pelo nome de Tobis Portuguesa.
Para animar ainda mais o panorama, a RTP prepara-se para se entregar em mãos que lhe proporcionarão a actividade e, enquanto isso não se verifica, vão ser encerradas algumas delegações, como as de Viseu, Guarda, Vila Real e Viana do Castelo, com as respectivas dispensas de pessoal que isso acarreta. È, pois, com estas medidas de abaixamento dos custos, que se vai tentando compor uma situação que só aponta para o emagrecimento de muitas actividades que têm feito parte da nossa posição como País integrado nos meios modernos de actividade. A TAP e a ANA estão já em sentido para marcharem para a posse de quem queira tomar conta de mais estes dois valores que, com o mesmo nome ou mudando de feição, saem do nosso domínio.
Que vão todos os anéis… mas que fiquem os dedos, desde que esses se disponham a trabalhar bem, que não é preciso ser mais tempo, se não se souber utilizá-lo convenientemente.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

NEGATIVOS

Muito amor diz-se eterno
são juras de namorados
ninguém diz que tais amados
mandam juras p’ro inferno

Um bom livro é bom amigo
por muito mau que ele seja
também provoca inveja
se escrever eu não consigo

Ter a certeza é banal
naqueles que pouco sabem
e na dúvida não cabem
dentro do erro fatal

E são sempre os negativos
que nunca dizem que sim
não concordam com o fim
usam mal os adjectivos

Sou daqueles que acredita
que quanto mais estudamos
mais ignorância alcançamos
descobrindo tal desdita

O tempo, tal corredor
sendo até bom conselheiro
acaba por ser coveiro
de tristeza ou grande amor