quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A ENTREVISTA A P.P.C.

A RTP, COM POMPA E CIRCUNSTÂNCIA anunciou a entrevista que ia ser feita ao primeiro-ministro em exercício e ela de facto surgiu, tendo como entrevistador um redactor da televisão do Estado que, por sinal, não cumpriu, com verdadeiro profissionalismo, a missão de que estava incumbido. É que, não posso deixar de registar, como antigo jornalista da escola rígida que existia há mais de cinquenta anos, o facto de um entrevistador não dever fazer comentários ao entrevistado (devendo, porém, acrescentar outra pergunta se entender que a resposta recebida não satisfazer o possível interesse dos leitores ou, neste caso, dos espectadores televisivos) e muito menos interrompê-lo quando a personagem que está a expor os seus pontos de vista está ainda a responder a uma questão que lhe foi feita.
Ora foi isto que ocorreu várias vezes quando Pedro Passos Coelho estava a desempenhar o seu papel de inquirido, pois o profissional da RTP em causa falava ao mesmo tempo que as respostas estavam a ser dadas a perguntas anteriores.
Seja como for, Passos Coelho não se escusou a esclarecer os pontos que lhe foram apresentados e, no caso agora descoberto, da dívida encoberta que atinge já o “ridículo” montante de mil e novecentos milhões de euros, não se pôs de lado no capítulo de, sendo o presidente do PSD, retirar a confiança a Alberto João Jardim também primeira figura do mesmo partido no referido arquipélago, afirmando que, no caso das eleições que terão lugar em 9 de Outubro, competia aos eleitores locais escolhê-lo ou não para vencedor da referida prova.
Se fosse eu o jornalista de serviço naquele caso teria ido mais longe, não contestando o que tinha sido respondido mas fazendo-lhe outra pergunta que seria se não julgava o primeiro-ministro que deveria fazer uma alocução dirigida aos madeirenses no sentido de comunicar claramente que a falta gravíssima do seu presidente iria penalizar os habitantes daquele arquipélago, com imposto só aplicado aos madeirenses e não aos residentes fora daquela área, posto que não era justo que os que têm elegido sucessivamente Alberto João para o cargo em que está investido, tivessem a companhia de outros portugueses a suportarem os custos que cabiam somente a Jardim.
Enquanto isso, embora essa questão não tivesse sido posta com a devida clareza, o caso da ruptura de medicamentos que, devido às dívidas dos hospitais aos respectivos fornecedores (a qual atinge os três mil milhões de euros), já se verifica uma falta notável de material clínico nos referidos estabelecimentos hospitalares e irá prosseguir se não for encontrada uma forma de suprir a falta de cumprimento por parte dos estabelecimentos hospitalares públicos ou, como já sucede, sejam aconselhados os doentes que estejam internados sejam aconselhados a levar de casa os remédios que estão a tomar. Já foi divulgado que o Estado deve só à empresa Roche, o principal fornecedor de medicamentos aos hospitais o montante de 115 milhões de euros, tendo sido já feita a ameaça de que aquela empresa suspenderá o fornecimento se, até ao final deste mês, o sector público não apresentar um plano de liquidação da dívida.
E é isto e muito mais que deveria ter constituído uma boa parte das perguntas a Pedro Passos Coelho, mas que ficará para outra altura, se houver ocasião para isso… a menos que a desgraça final chegue antes…

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