quinta-feira, 29 de setembro de 2011

NÃO HÁ QUEM SEJA PRÁTICO?

A TVI, TENDO COMO entrevistadora Judite de Sousa, que saiu da RTP e exerce naquela estação funções idênticas às que executava na televisão estatal, tomou a iniciativa de pôr Cavaco Silva a responder às perguntas que lhe foram apresentadas. Não aceitando que o Presidente da República tivesse posto condições no que respeita às questões que lhe iriam ser apresentadas – e digo isto porque, a mim, em certas ocasiões em que foram propostas entrevistas sobretudo a políticos, saíram condições de serem apresentadas antecipadamente as perguntas que iriam ser feitas, coisa que no meu Jornal, “o País”, nunca foi dada concordância a tais pedidos, pois que em jornalismo os entrevistados devem ser sujeitos à surpresa, e isso para que não sejam falseadas as afirmações de quem responde e tenha tempo para “dar a volta” ao que deve ficar registado nessa operação de entrevistar -, com esta convicção continuo a manter a opinião de que o nosso detentor do poder em Belém não será desses que deseja estar preparado para questões que lhe sejam apresentadas e que ele terá dificuldade em responder.
Sendo assim, considero que o que foi perguntado a essa figura pública deveria provocar maiores esclarecimentos às dúvidas que têm de pairar na cabeça dos portugueses sobre o que nos estará reservado para o futuro. É que, não competindo ao P.R. a acção governativa e podendo este não estar de acordo com o que se passa em S. Bento, independentemente das conversas havidas com o primeiro-ministro e que Cavaco Silva considera que não devem ser divulgadas, caso os caminhos a seguir sejam completamente contrários ao que se passa na realidade, em minha opinião o papel de deixar informados os cidadãos tem de ser exercido pelo P.R., dirigindo-se com clareza aos seus compatriotas e não escondendo nenhuma parcela das atitudes que não são e o deveriam ser, na sua opinião, e o que se prevê que aconteça a seguir, tratem-se de notícias boas ou más.
A confiança tem de ser incutida sempre aos portugueses, mas mantê-los iludidos para depois surgir o momento de grande dor e não estarem preparados, nem que seja psicologicamente, para não perderem a cabeça e meterem-se em condições de suportar os maus momentos, evitando criarem-se tumultos e revoltas que pioram ainda mais a situação.
No capítulo do aumento excessivo de impostos, sendo os mesmos necessários para sustentar os gastos que o Estado tem de enfrentar, cabe à figura suprema da Nação explicar e pedir paciência para um acto que não pode ser evitado. Como lhe cabe o pedido para que a portuguesa que exercem ainda alguma actividade para se dedicarem ao trabalho com afinco, para que as faltas de funcionários nos departamentos oficiais seja substituída por uma maior dedicação.
E no que diz respeito ao desemprego pavoroso que andamos a aguentar com as graves consequências que tal provoca no seio das famílias, o deserto que existe hoje no interior do Paios, com uma grande quantidade de terras agrícolas abandonadas, poderá o P.R. convencer os proprietários de tais riquezas a permitirem que os jovens que não têm emprego e a maior parte com cursos superiores sejam eles a dedicar-se à agricultura e, para isso, sugerir ao Governo que dê cursos rápidos de actividade agrícola, pondo-lhes à disposição o material necessário e as sementes que podem ser fornecidas por associações que possam tê-las ou obtê-las de outros associados que abandonaram a actividade e ai, seguindo o exemplo de Israel que, segundo sei, se encontra disponível para ensinar como funcionam os kibbutzin (já me referi a isto em texto anterior), sendo uma forma de solucionar um problema e, quem sabe, de criar uma nova onda de agricultores que nunca pensaram entrar em tal profissão.
Isto é o que tenho a dizer sobre a actuação do Presidente da República. Se nem essa figura consegue contribuir de forma positiva para que o nosso País encontre uma saída para a situação actual, então bem pode chegar à conclusão que não há ninguém por cá que saiba dar a volta e depressa.
Termino reforçando o meu ponto de vista. Há que deixar para trás as recomendações teóricas sobre o que devemos fazer, mas sem se verem acções concretas que terminem de vez com a contemplação e se fiquem apenas nisso.
Alguém há-de haver que siga esta via. Mas, por enquanto, da boca de toda essa fornada de políticos, o único que se assiste é às indicações do que devíamos fazer… sem fazer nada por isso!

Sem comentários:

Enviar um comentário