quarta-feira, 28 de setembro de 2011

ET PLURIBUS UNUM

POIS ESTA É UMA MANIA QUE OS PORTUGUESES têm desde sempre. O princípio de que a união faz a força, aquela frase latina que consta no emblema do Benfica ”et pluribus unum”, que representa precisamente a junção do máximo de adeptos para que os resultados saiam melhores, como dá a ideia aos mais egoístas – e o ser humano segue bem esse defeito – de que quando são muitos é mais difícil sermos nós a comandar, tal ideologia não é preferida em muitos sítios e, por cá, na verdade damos mostras com frequência de que preferimos sermos poucos em redor de um ideal, para termos possibilidade de nos caber o comando, do que juntarmos muita gente, dado que aí fica mais longínqua a eventualidade de nos caber o mando.
Isto que aqui deixo expresso vem a propósito de o ministro da Economia que se encontra agora a ocupar o referido lugar, ter deixado sair uma afirmação que dá que pensar: a de que existem em Portugal 700 associações empresariais e isso em comparação com o que ocorre, por exemplo, na Bélgica – país com as dimensões mais ou menos como as nossas -, em que o número de agremiações não ultrapassa as setenta.
Por aqui se pode ver como não conseguimos, desde que somos o que somos, a possibilidade de formarmos uma força que tenha condições para lutar e tentar vencer certos confrontos não bélicos, como sejam os de conquistarmos mercados onde colocar os nossos produtos e, antes disso, sermos nós próprios os produtores daquilo que desejamos exportar.
Quando algum empresário se instala no nosso País e até alcança sucesso, logo surgem os maldizentes abespinhados contra aquilo que chamam de “invasão” de estrangeiros e se forem espanhóis ainda maior aflição aparece que lhes salta. Isso em vez de nos congratularmos todos com a ajuda que é dada aos nossos interesses por entidades que não nasceram na nossa Terra.
O número de associações de agricultores, antes chamados grémios, que pululam pelo nosso País, por vezes de terra em terra, com a fragilidade que é evidente pelo pequena quantidade de elementos que podem contribuir com as suas quotas e produções, esse exemplo, que foi motivo das minhas repetidas críticas escritas no tempo em que eu era director da revista “País Agrícola”, tal falta de quantidade de sócios, logo de força, é também muito culpada pelo nossa fraca produção e igualmente pela dificuldade que temos em colocar os nossos produtos nos mercados estrangeiros, pois que para efectuar uma actividade desse tipo impõe-se ter uma dimensão mínima que suporte os custos de uma organização técnica e comercial que é essencial para que a acção seja minimamente eficiente.
O português – e não me escuso de criticar os meus compatriotas, incluindo-me nesse alvo, pois o reconhecermos os nossos defeitos é fundamental para tentarmos emendá-los -, tem a pretensão de ser dono do lado da sua rua e colocar-se na posição de adversário do que se encontra no passeio em frente, o que faz com que possa ser o “chefezinho” dessa pequena junção, o que talvez não conseguisse se o grupo tivesse maior dimensão. Ser chefe do pequeno em vez de ser membro do grande é uma característica que só nos faz bem reconhecer que é o que seguimos, e nesta fase de ínfima produção em todos os campos, sobretudo o agrícola e o industrial, compete-nos a todos nós, fazer os “impossíveis” para que mudemos rapidamente de procedimento.
E é isto que os governantes não devem ter receio de afirmar publicamente, pois com palavras só elogiosas não conseguem, modificar as populações.
É pena que o que eu tenho escrito desde que, há mais de 50 anos, pratico o jornalismo, não tenha motivado os políticos que, na sua actividade não mostram coragem para dizer as verdades, por mais duras que elas sejam. Antes da Revolução era obrigatório fazer afirmações camufladas. Mas depois, que se mantenha tudo na chamada defesa, para que, nos actos eleitorais, sejam os escolhidos e os que não “fazem muitas ondas” são os que são convidados para lugares de assessorias, essa atitude é que nos coloca na posição difícil em que nos encontramos.

Sem comentários:

Enviar um comentário