segunda-feira, 24 de outubro de 2011

UNS COM TANTO E OUTROS...

A DEMOCRACIA APRESENTA VANTAGENS que, digam lá o que disserem, se sobrepõem largamente a qualquer das outras teorias políticas, sobretudo às ditaduras, que essas então não dão oportunidade aos povos de evidenciarem as suas opções e, obviamente, as suas críticas.
Poderão não servir para nada as manifestações de descontentamento que, sob qualquer forma, as populações em geral e os mais atentos em particular entendam dever divulgar para conhecimento dos seus parceiros. Os políticos sempre têm forma de disfarçar, não utilizando a proibição do direito de dar mostras do descontentamento, que isso lhes está impedido fazer através das leis incluídas nas Constituições de cada País, mas sempre se servem da utilização dos Tribunais, quando estes têm as portas abertas para dar o seu apoio aos que governam e que, por isso, sempre têm algum poder adicional, e também fazem valer a sua força com ameaças subterrâneas aos veículos transmissores das críticas, logicamente os meios de comunicação tradicionais. Mas, de qualquer modo, mesmo ultrapassando as regras que as liberdades estabelecem, alguma coisa se escapa sorrateiramente para a opinião pública e acaba por ser dado a conhecer o que os governantes não apreciam que isso aconteça.
Não vale a pena referir o que já é tão conhecido e que foi a forma como Churchill, na altura da guerra mundial,  caracterizou a utilização da Democracia, considerando que era “a menos má das políticas”, isto para  tornar claro que não existia sistema de regulamentação ideológica para exercer o poder em qualquer país que pudesse ser considerado como inteiramente perfeito, dado que os homens não são capazes de usar sem defeitos um regime que tem a liberdade como ponto de partida.
Por que digo eu isto? Pois nada mais nada menos devido ao facto de, no meio de todas as dificuldades que atormentam nesta altura os portugueses, sempre é possível fazer sair para o conhecimento público, é certo que em doses reduzidas de cada vez, determinados acontecimentos que mais escandalizam sobretudo os mais perseguidos pelos castigos que, sob a forma de impostos ou de redução de benefícios antes existentes, não encontram forma de se esgueirar de tamanhas perseguições.
A troika desenhou uma série de obrigações que, no acordo firmado pelo lado português, não atingiram porém uma série de benesses que, tal como decorreu no antigo regime, mas que também se continuou a passar após a Revolução de Abril, foram e são aproveitadas por uma série de “espertos” que andam sempre atentos às oportunidades com que deparam e lhes concedem a possibilidade de aumentar os seus pecúlios. Os casos dos políticos que, saindo dos postos públicos que ocuparam em dada ocasião e que, devido a isso, recebem sob a forma de pensões vitalícias, importâncias não desprezíveis que acumulam com os salários que passaram a auferir pela sua actuação em lugares de preponderância em empresas privadas, quase sempre criadas durante as suas vigências como responsáveis governativos, tais situações foram agora reveladas e, com enorme espanto e indignação, especialmente dos que têm de resolver as suas vidas com reformas mínimas que não chegam para dar descanso aos que se encontram já fora da área do trabalho.
Os nomes de alguns – porque há muitos mais – desses beneficiados apareceram agora, com fotos e tudo, com as indicações dos montantes que lhes cabem mensalmente, não o que ganham agora nos postos que ocupam, mas nas tais pensões que o Estado lhes entrega. Vou reservar aqui um espaço para, copiando das notícias saídas nos jornais, não sendo portanto uma pesquisa que me pertença, dar a conhecer aos leitores do meu blogue e que eventualmente não tenham tido ocasião de acompanhar o que a comunicação social divulgou:
Jorge Coelho – 2.400 euros; Dias Loureiro – 1.700; Ângelo Correia – 2.200; Joaquim Ferreira do Amaral – 3.000; António Vitorino – 2.000; Armando Vara – 2.000; Rui Gomes a Silva – 2.100; Duarte Lima – 2.200; Álvaro Barreto – 3.400; Bagão Felix – 1.000; Zita Seabra – 3.000; e Carlos Melancia – 9.750 euros, imagine-se!
Ora aqui está como, nesta pequena amostragem, se pode fazer ideia do dinheiro que sai dos cofres, já tão combalidos, do Estado. E os que, nesta ocasião, já andam a temer que as suas pequenas reformas vão diminuindo e que até, em determinado ano, deparem com a exaustão completa desse dinheirinho que, enquanto durar, por pouco que seja, sempre é alguma coisa, todos os reformados podem beneficiar da Democracia, ao menos isso, que não tapa a boca aos que se podem revoltar e gritar bem alto contra as divisões dos cidadãos, uns de primeiro e outros de terceira…

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