TAL COMO ESCREVI ONTEM, o facto de se terem realizado na quarta feira, ontem portanto, duas reuniões da alto nível, uma, com a designação de Cimeira e que juntou os chefes de Estado e de Governo dos países europeus que têm o euro como moeda - pois que os que não aderiram a essa troca do dinheiro próprio para utilizarem o comum no Continente a que se pertence, esses que não se incluem nos 27 deveria ser-lhes imposto que não usassem a soberba da moeda própria e nesse caso ser-lhes retirada a filiação no agrupamento que começou por ser a CEE – e a outra, que diz respeito apenas aos portugueses, pois que se tratou do encontro em Belém dos conselheiros de Estado, sendo esses dois acontecimentos de uma importância que não deveria ser ignorada por tudo que tivesse a pretensão de comunicar com os seguidores, neste caso, dos blogues, pelo que aqui me apresento, ainda que, nos dois casos, pouco se ficou a saber sobre o que resultou de importante para todos nós que nos encontramos envolvidos pela perseguição da tal crise, que não há forma de nos largar.
No que diz respeito ao encontro em Bruxelas e em que a pretensão era a de se encontrar uma solução para resolver todos os problemas que grassam no nosso Continente, com países membros em dificuldade e em que a Grécia ocupa o lugar mais melindroso, mas em que se encontram na calha outros países que estão a fazer todos os esforços para não serem atingidos pelo mesmo drama das dívidas enormes que suportam, ainda para mais dos juros que os agiotas se aproveitam para impor, podendo ser que, a breve trecho, tudo se envolva num emaranhado de faltas de dinheiro para serem cumpridas as obrigações assumidas mutuamente, conhecida que era a razão da convocatória da referida Cimeira no que diz respeito a resultados pouco ou nada ficou estabelecido, pois que, perante a decisão já assumida do duo Merkle e Sarkosy de formarem uma frente que ditasse as ordens a serem seguidas pelos restantes membros, verifica-se uma retracção de bastantes dos Estados que se sentem “invadidos” por não dependerem de cada País as decisões que cabem de resolver os seus próprios problemas.
Esta Europa, que prometia vir a ser um Continente que causaria inveja a todos os outros, devido à união de interesses num bloco que cuidaria da felicidade de todos os seus membros, com todos os anos que já passaram e em que não se verificou nada disso, o que se presencia nesta altura é o pior que se poderia desejar aos nossos inimigos. Já era de esperar que tal sucedesse, pois que o ser humano – como eu aqui nestes textos repito com o maior desconsolo – não tem vocação para se juntar a outros, com receio de não lhe pertencer a parte de leão, e prefere o isolamento que, no caso europeu, deu o resultado que está à vista.
Verificando-se resistência em criar o que foi desejado por alguns, os Estados Unidos da Europa, em que, mantendo-se as características de cada povo, as línguas, as bandeiras, os regi mes políticos, os costumes, as tradições, tudo que faz parte do modelo que tem cada nação e, mesmo dentro delas, as regiões diferenciadas, no capítulo da economia, da produção, das trocas privilegiadas dos materiais que sejam oriundas da actuação de cada membro, pois que a moeda já é a mesma nos dezassete países que não se esquivaram dessa regalia, sendo que, ao pertencer a cada um dos participantes de tal sonho o cumprimento de colocar os seus produtos, em primeiro lugar, nos restantes parceiros dessa união, do mesmo modo estaria sempre preferentemente disponível para adquirir o que não possuísse e sobrasse dos companheiros europeus que subscrevessem o dito acordo, em face de tudo isso e constatando-se que quase todos os participantes não mostram disposição para formarem “parelhas”, pelo que ficou determinado que, no próximo fim de semana, se verificaria outra Cimeira para tentar encontrar-se uma solução.
É sabido que nada disto é o que ocorre no nosso Continente e que as enormes diferenças de comportamento entre o que deveriam ser uns “sócios” de um agrupamento que lutaria todo para o mesmo lado e que, dispondo de um Conselho europeu que funcionasse correctamente, não poria obstáculos ao que fosse determinado pelos representantes de todos os membros, por isso, a referida Cimeira em Bruxelas não apresentou soluções que pudessem servir para retirar os problemas, sobretudo de ordem financeira, com que lutam já uns tantos e que, seguramente, por este caminho, se alargará a outros.
Vem a propósito repetir mais uma vez que a ideia por mim expressa de que, pelo facto de a Península Ibérica ser constituída por duas Nações que têm um peso histórico de grande importância, Espanha e Portugal, deveriam estes dois vizinhos formar um bloco que lutasse pelos interesses de todo o Continente, servindo de exemplo a todos os restantes membros que, com excepção da França e da Alemanha, não mostram disposição para lutar pelos interesses deste nosso Continente.
Até que os homens que têm a obrigação de não serem egoístas, entendam que o que já foi, séculos passados, denominado de “perigo amarelo” e que, nesta altura, constitui um volumoso concorrente devido a uma mão de obra barata que não pode ser acompanhada pelos elementos que fazem parte da Europa, deva ser confrontada em termos de uma união de países que cuidem da qualidade e tenham apenas esse caminho a prosseguir na luta contra os preços baixos.
Falta-me espaço para referir a reunião do Conselho de Estado que ocupou seis horas de troca de opiniões e em que, segundo consta, o aviso de que não constituirá uma medida salutar para a nossa situação os “chumbos” no Parlamento do Orçamento de Estado para 2012 que o Governo apresentou e que, devido às exigências profundas no que diz respeito à vida dos cidadãos nacionais, se não se verificar o tradicional “dizer mal” que as oposições utilizam para demonstrar que não se conformam com a vitória de outros partidos no acto eleitoral, e que por aí a imagem de Portugal junto dos credores da nossa dívida e de que se exclui a eventualidade de continuarmos a recorrer para ser possível suportar os gastos que o Estado tem a seu cargo, essa ideia de bom comportamento fica bastante deteriorada e não são previsíveis as consequências que tais desavenças podem fazer-nos sofrer.
Quer dizer, tanto em Bruxelas como em Lisboa, as reuniões ocorridas tiveram como objectivo apelar aos homens para que tomem juízo e sejam capazes de dar as mãos, pois que os desencontros não dão outro resultado que não seja atirar mais para o fundo o que já não anda ao sabor das ondas, embora as soluções desses encontros não sejam animadoras e haja que repetir as vezes necessárias para que não se fique sempre na mesma.
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