quarta-feira, 12 de outubro de 2011

IGUAL PARA TODOS

Imagino que o tema que vou debater no meu blogue de hoje vai escandalizar bastante gente e até, provavelmente, não voltar a ler o que escrevo. Por mim só tenho que manter a compostura e aceitar que não poderei ser dono absoluto da razão. Mas quem expõe as suas ideias tem de sujeitar aos aplausos ou aos assobios e já estou como o outro que dizia “falem de mim, ao menos mal”…
Mas é este o meu ponto de vista: numa altura em que a expansão da fome é cada vez mais evidente por todo esse mundo e que aqui, no nosso País, não estamos livres dessa enorme maldade, verificando que existem riquezas que se encontram encerradas ou até expostas em museus, a questão que se põe é a de saber se é legítimo, pelo menos moralmente, que se evidencie o que se encontra a mais num lado e completamente inexistente num outro.
Ora, quando a Igreja Católica dá mostras de tamanhas fortunas acumuladas, sobretudo as que são compostas por valiosas peças em oiro e também semelhantes valores provenientes das esmolas dos fieis, a questão que se põe é se não deveria uma Instituição que prega a bondade, sobretudo dando como exemplo a figura histórica de Jesus Cristo que, segundo se sabe, há mais de 2.000 anos viveu na absoluta ausências de valores materiais, se não deveria essa Igreja distribuir os pertences que lhe vão parar à mãos por ofertas de gente que acredita na misericórdia que deve ser facultada aos seus semelhantes, actuando com plena coerência e atendendo por ordem de necessidades e sem atender mesmo às crenças que tenham os atendidos, dado que quando se dá não se tem de pôr condições ideológicas a quem quer que seja.
Quando a Igreja anda a pedir protecção para ajuda aos pobres – esta a frase que foi divulgada na Imprensa portuguesa – e isso através da Conferência Episcopal que fez tal demanda em Fátima, invocando a aplicação de novos impostos que o Governo prepara em relação ao Orçamento de 2012, não se discute se a sua preocupação não seja válida, mas o que poderá afligir é que os autores de tanta misericórdia por parte dos poderes estatais não sejam os primeiros a dar o exemplo, adiantando-se num gesto que poria os Cristãos e não Cristãos bastante envolvidos num acto que obrigará a tirar-se o chapéu e, quem sabe, até a converter alguma gente que estará afastada daquela e de outras religiões.
È certo que se trataria de uma atitude que deixaria bastante desfalcada financeiramente uma Organização que subsiste, em grande parte, pelos valores, quantas vezes altíssimos que os praticantes dessa linha religiosa transmitem como pagamento da sua crença. Deixar de ter cálices que, muitas vezes, são de oiro puro e mesmo com pedras preciosas a ornamentar, passando-se a utilizar tais instrumentos de fabrico corrente (pois que também não se entende muito bem que os Homens não tivessem copiado o que era feito na mesa da Última Ceia, em que não se vislumbra em nenhuma reprodução pictórica que a riqueza tivesse feito parte do Acto que ocorreu na época respectiva), ter a coragem de descer à realidade dos tempos de hoje – e também dos de ontem, posto que miséria tem havida sempre ao longo da História do mundo -, esse gesto que, seguramente teria de sair do Vaticano, especialmente porque o cadeirão papal, transportado por carregadores humanos já foi abolido há uns anos, bem poderia ser agora aumentado com a transformação dos bens de riqueza em ajuda para que a fome fosse afastada, nem que fosse apenas por um tempo.
Pois é isto que eu admito ser considerado como um insulto a uma Instituição religiosa que conta com milhões de seguidores em toda a Esfera terrestre. E, obviamente, esse gesto não teria de ser apenas tomado pela Igreja Católica e Apostólica Romana. Mas por todos os elementos que fazem parte de outras crendices e que, sem os designar, cada uma resguarda para seu uso e protecção os valores que consegue obter das mãos dos que pedem protecção para terem os seus desejos realizados.
Pois que digam o que disserem todos os que não concordam com o meu ponto de vista, mas desculpar-me-ão por eu ter a ideia de que a haver uma Figura sobrenatural que, lá onde estiver, sabe tudo de nós, pobres humanos, que andamos por cá a calcar as pedras duras da vida, não haverá castigo para quem apela ao bom senso e tem a coragem de, como humano, enfrentar os outros humanos e chamar-lhes a atenção para o que, seguramente, ele consideram ser um atrevimento, posto que não aceitam críticas de quem, segundo eles, não tem capacidade para julgar.
E a isso me sujeito.



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