quarta-feira, 5 de outubro de 2011

RECOMENDAÇÕES

OUVE-SE TANTAS VEZES DOS QUE SE INTITULAM como responsáveis pelo caminhar do nosso País nesta luta confrangedora que Portugal mantém para não ser apanhado pela onda que se diz contagiosa e que colocou a Grécia na situação em que se encontra, são tão repetidas as recomendações de que é necessário que produzamos todos nós, que trabalhemos mais, que se invista abertamente no sector produtivo, que demos todos as mãos para que se ultrapassem as dificuldades que sentimos tanto na pele, são tão largadas as frases doutas que há já um bom par de anos chegam aos nossos ouvidos que, por minha parte, o que sinto é um verdadeiro enjoo por continuarmos, como sempre, a recomendar mas sem que se vejam acções concretas, pois é disso que o nosso País necessita e não de doutrinas de catecismo que não servem rigorosamente para nada.
De facto, Portugal não é um Pais isolado que luta contra as adversidades várias que a chamada crise espalhou pelo mundo inteiro e que, umas nações mais do que as outras, vão tentando resolver mas todas em pior situação do que lhes acontecia uns anos atrás. É sabido que o capital, esse invejado modo de riqueza se encontra cada vez mais retraído, pois que se perdeu a confiança nos investimentos e os detentores de fortunas já nem confiam nos jogos de bolsa e até nos depósitos, posto que as notícias que chegam a todo o momento são de que ocorreram perdas de variadas espécies e que se torna perigoso efectuar operações que, épocas atrás, eram muito lucrativas e não se davam situações que, de repente, transformam aplicações que mereciam o respeito dos investidores em desastrosas aplicações.
As instituições bancárias, mesmo aquelas que asseguravam a melhor guarida para os montantes que eram catalisados para utilizações em negócios sem qualquer risco, esses enormes bancos surgem repentinamente a dar mostras de fragilidade e de se encontrarem mesmo às portas de falências, como é o que está a suceder ao maior banco da Bélgica e que as televisões deram larga projecção. Esse panorama provoca a retracção dos dinheiros que flutuavam de mercado em mercado e essa é uma das causas das actuações que se presenciam de falta de capital para ser utilizado em investimentos que reproduzem riqueza. Por cá não se pode fugir a esta onda e as consequências estão claramente à vista.
Ora, perderem tempo os políticos de serviço a ditar recomendações como se estivéssemos todos numa escola e se dissesse aos alunos para estudarem sem os ensinar primeiro e lhes dar as condições para que empreguem o que aprendem da melhor maneira, essa atitude de muito efeito televisivo não resulta verdadeiramente em nada.
Por exemplo (e eu tenho-me dedicado, nos meus escritos, a proclamar por esta actuação), sabendo-se que o interior de Portugal tem vindo, a ficar, cada vez mais deserto e esse panorama arrasta-se desde que, no tempo de Cavaco Silva como primeiro-ministro, foram oferecidas quantias para que os agricultores abandonasse a sua actividade, da mesma maneira que se financiaram largas verbas europeias para que a nossa pesca acabasse, pagando-se por cada barco destruído, a partir dessas medidas, que hoje parece haver receio de as lembrar para que o Presidente da República não se sinta atacado, a agricultura ao abandono e a actividade pesqueira sem aplicação em nosso favor do maior espaço europeu de mares próprios que pertencem a um só país, tudo isso, em lugar de inúteis recomendações que se repetem, o que se tornava e torna ainda (se formos a tempo) necessário fazer é colocar os desempregados que atingem já um número assustador, mesmo que sejam jovens com instrução universitária, a ocupar as funções que, como fez Israel quando nasceu como nação e recebeu judeus de toda a parte do mundo, sendo a maior parte gente com elevados conhecimentos académicos, e os ensinou a fazer agricultura, lhes deu os meios para se dedicarem a uma actividade que estava bem longe da sua vocação e com isso, com os kibbutz, fez nascer uma “Terra Prometida” que aí está a fazer frente aos que a rodeiam, mesmo de mau modo.
Mas isto é tema que eu estou cansado de referir, só que, nesta nossa Terra, não se é capaz de passar das teorias às práticas, das recomendações ao “vamos a isso”.
O discurso de Cavaco Silva, pela comemoração do aniversário da fundação da República, não foi mais do que a repetição dos discursos fartos de serem proferidos, por ele e por outros políticos. Não acrescentou nada de novo.
E nós cá ficamos à espera de mais dificuldades em mantermo-nos como portugueses.


Sem comentários:

Enviar um comentário