ESTA A PERGUNTA QUE SE PODERÁ FAZER a quem chegou à conclusão que meia hora por dia de aumento do horário de trabalho é bastante para aumentar a produtividade.
Quem conhece bem o País que somos por dentro, quem contempla as saídas, todas as manhã e a meio das tardes, de funcionários de empresas (e no sector feminino ainda mais se nota por se apreciar as carteirinhas nas mãos com o porta-moedas para pagar o cafezinho e o bolo que vão apreciar) que também saem dos lugares para fumar o seu cigarrito ao ar livre, quem não anda distraído e apenas conhece a sua ida para as funções que desempenha, utilizando o carro do Estado e com motorista privativo, não tem consciência das realidades, referindo esta caso apenas aos funcionários públicos… mas Portugal não é só composto por essa actividade.
Se compararmos como funcionam os nossos chamados trabalhadores – e que a CGTP e seus congéneres tanto gritam pela sua defesa e clamam agora contra o que chamam de “roubo” de direitos dos ditos seus protegidos –, se fizermos a referida comparação com os mesmos que actuam noutros países, na Alemanha, por exemplo, mas igualmente noutros pontos do Globo onde os nossos compatriotas, sendo ali imigrantes, são tão apreciados (porque lá, evidentemente, os portugueses estabelecidos não querem correr o risco de serem mandado passar pela tesouraria para cobrarem o seu dinheiro, sendo despedidos se actuarem como fazem na sue Pátria natal), se estabelecermos a tal diferença logo entendemos o que é trabalhar com perfeição e sem distracções com telefonemas e conversatas e percas de tempo nas casas de banho e para fumar a patanisca e beber uma “bica”, sendo que aí as horas de começar as funções – e não as de entrar ao serviço – e as de dar como findo o trabalho diário são cumpridas com o maior rigor e os que vêem necessidade de prolongar a actividade que lhes está destinada são criticados pelas respectivas direcções porque consideram tais prolongamentos como falta de aptidão para fazer o serviço no limite de tempo que lhe é atribuído.
Mas, dizendo isto como preâmbulo, o que está na ordem do dia é analisar o que foi dito pelo Chefe do Estado, primeiro, e depois pelo primeiro-ministro, em que a lista penosa de sacrifícios que passam a constituir a obrigação dos portugueses, dentro de regras e de excepções que fazem parte das condições de cada um dos compatriotas.
Sem analisar cada uma das referidas penalizações, sem, referir o facto de acabarem para quase todos os subsídios a que se acostumaram os portugueses, basta fazer uma apreciação do conjunto de penalizações que fizeram arrepelar de medo os que não estavam preparados (que ingenuidade!) para escutar tudo o que foi dito.
Já se sabe, se bem que na maioria dos casos, não se faça esse raciocínio por comodidade de querer contemplar apenas o que se considera um mar de rosas, que os governos que tomam posse, prometem tudo antes de ocuparem os lugares pretendidos e as oposições são formadas para criticar tido o que os que ganharam eleições digam e façam. Os políticos, tendo necessidade de ser uns grandes mentirosos, pois se o não forem não conseguem atingir os seus objectivos, para alcançarem os votos das populações que todos desejam ardentemente, não podem dar-se ao luxo de abrir completamente os seus corações, pois que o “bolo” que tanto anseiam conseguir não é coisa que possa ser alcançado com a verdade nua e crua dos proponentes às regalias oficiais.
A dúvida que se pode pôr e que neste momento ainda mais ela deve bailar nos pensamentos dos que não deixam funcionar as políticas sem lhes dedicarem alguma reflexão, é a de pretender avaliar se os que obtiveram a vitória eleitoral, no caso o PSD e o CDS, tivessem tido conhecimento profundo e antecipado do que os esperava ao assumirem as funções que lhes caiu nas mãos, se prestariam às campanhas eleitorais antecipadas, conscientes de que o “presente envenenado” os colocaria na cabeça do cartaz e que os ódios, as rebeliões, os desencantos de toda uma população que não pode ficar satisfeita com todas as medidas, ainda que absolutamente necessárias, vão passar a constituir o dia-a-dia de todo um povo.
As oposições, na situação presente, ainda poderão dar graças por não terem de acarretar com os descontentamentos gerais. E até farão parte do grupo dos que se consideram enganados, como é o que sucede nesta altura em que a “guerra” está estabelecida. Dizer mal, descompor, atirar culpas aos adversários é o mais fácil para os que põem o rabo de fora.
Nós, os que pomos em letra de forma as opiniões próprias, ainda temos o recurso de não conservar no íntimo as amarguras que somos obrigados a sofrer. Mas esta é solução para alguma coisa? E ainda outra questão que abordarei na primeira altura, talvez amanhã: então as greves que são anunciadas pelos grupos adeptos do excesso, as manifestações que paralisam largos sectores que só encontram nesses desaforos a forma de consolar os seus desencantos, tudo isso são solução para os problemas actuais?
As questões que podemos por e que aguardam uma explicação, pelo menos fazem raciocinar. O que já não é mau!
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