sábado, 29 de outubro de 2011

NEM TUDO É MAU!...

É BOM QUE NOS CONHEÇAMOS, nós portugueses, apreciando o que temos de bom mas não fazendo por esquecer a parte que não se pode classificar merecedora de louvores. Sendo o local para o efeito dentro de portas e pertencendo-nos fazer de juízes de nós próprios, porque o inaceitável é que sejam estranhos a comentar a parte má que nos cabe, e só pode produzir num bom efeito procurarmos emendar o que se considera de errado nos nossos actos. No que respeita a comportamentos que se têm de colocar na folha do activo das acções que nos cabem, não caindo na modalidade tão comum de nos enchermos de orgulho, pois que a vaidade, sobretudo a excessiva, também resulta num defeito, será apreciável que as boas acções sejam guardadas como exemplo a seguir em atitudes futuras.
Nesta altura da nossa História, por sinal a atravessarmos um período em que se deseja que os cidadãos lusitanos façam prevalecer a parte benéfica do seu caminhar na vida, posto que são maiores as dificuldades do que os benefícios, será extraordinariamente útil que cada português, por seu lado, se esforce por ser tão exemplar quanto possível, cumprindo as regras, ainda que difíceis, nos sectores da produção e da economia de gastos, pois só assim será possível irmos caminhando para um desenrolar, mesmo que distante, do nó que nos tem sido provocado por essa crise, que é a culpada que os homens encontraram para descarregar as fúrias e as revoltas face ao aperto em que se encontram.
Nós, portugueses, apesar de mais pessimistas do que o contrário, sempre nos valemos de casos passageiros que nos distraem dos malefícios que nos caem sem os pedirmos e procuramos disfarçar os contratempos. Afinal, não sendo só nós que enfrentamos com demoras e faltas de resolução os problemas que nos atacam, a situação da Europa que, desde que foi criada a pretensão da sua união de países, tem vindo a adiar sucessivamente as soluções que dependem de todos os membros e a cimeira que teve lugar na quarta-feira em Bruxelas, ficando arredada para o próximo encontro, já a seguir, a possibilidade de se chegar a um consenso de molde a que a ajuda à Grécia surja de todos os lados, até porque na calha estarão outros países que, não se sabe bem quando, necessitarão igualmente de apoio.
Pois em Portugal, perante esta má notícias e também não tendo sido dada mostra de que, através do Conselho de Estado reunido, se encontraria a resposta adequada para se enfrentar o que está determinado no Orçamento do Estado para 2012 que, ao ser aprovado no Parlamento, grande transtorno causará aos portugueses, não tardou muito em se ficar a saber que o anúncio já não tão novo de que poderemos extrair petróleo no Oceano Atlântico que temos à porta e que no Alentejo a possibilidade de explorarmos minas de oiro e de ferro, que também se encontram no nosso território, no Alentejo, podem ser uma realidade, pois essas vagas promessas portaram-se como uma luz, ainda que ténue, ao fim do túnel que tem constituído a nossa existência desde que D. Afonso Henriques, em 1147, colocou a primeira pedra da nossa Pátria.
Está ainda por saber se, para aliviar um pouco a tensão ou se, pelo contrário, ela vai ficar mais negra, o Orçamento do Estado, que está para ser apresentado na Assembleia da República, passa só com a oposição da Esquerda ortodoxa ou se o PS, consciente da sua responsabilidade, prefere utilizar o voto nulo, posto que, não sendo embora aquele documento um hino à alegria, na presente conjuntura não se conhece uma saída que provoque satisfação a todos os concidadãos nacionais. Haja, portanto, a expectativa de que não desiludiremos os credores estrangeiros, tanto mais que não se sabe se, com o correr do tempo, não viremos a necessitar de mais apoio, nem que seja a da prorrogação de prazos.
Por mim, junto-me a essa vaga esperança dos portugueses das próximas gerações e, ainda que não conte já cá estar para assistir à euforia que resultará dessas fortunas salvadoras e crendo também que, nessa altura, não se terá posto de parte o uso dos combustíveis agora tão preciosos, por terem aparecido substitutos que arredam o consumo do chamado “oiro negro”, deixando para os que estiverem as alegrias e as preocupações que envolvem o mundo, sempre com o ser humano a ser o causador de umas e de outras, aqui fico com as amarguras bem guardadas.
Eu, por mim, já assisti a muita coisa e não tenho o desejo de me preocupar com o que será o que vem aí. Morrerão mais Kadhhafis e descobrir-se-ão mais regalias que o Homem gozará em seu proveito. Os dois mil anos ocorridos desde o início da História escrita não se ficarão por aqui. Prefiro, pois, deliciar-me a imaginar o que será a esfera terrestre lá para o ano 3.011 e, agarrando-me à poesia, cá vou juntando aos meus milhares de poemas guardados, as fantasias que ainda sou capaz de produzir. E ninguém tem nada com isso.

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