domingo, 30 de outubro de 2011

ESPERANÇA PERDIDA

SEM PERDER A ESPERANÇA, por muito débil que ela seja, quanto a ser encontrada uma forma de sabermos onde é que a situação portuguesa vai parar, ainda que o panorama com que deparamos não seja, de forma alguma, susceptível de, com um raciocínio limpo de preconceitos, nos conduzir na direcção de uma expectativa animadora, não é com os braços caídos e com uma entrega cega ao que vier a acontecer que todos nós, portugueses, especialmente os que têm idade que obriga a lutar pelo futuro que lhes chegará, que será prestado o contributo que é indispensável para lutar com todas as forças no sentido de se poder ver alguma luz ao fim do túnel, por mais sombrio que ele se encontre neste momento.
Se, por um lado, os governantes têm procedido ao despedimento de muitos funcionários públicos – até ao fim de 2012 calcula-se o seu número na casa dos 15 mil -, e, no capítulo dos subsídios de Natal e de férias a economia será à volta dos mil e 800 milhões de euros (o que, por outro lado, acarreta a perda de 800 milhões em IRS), já no capítulo das anulações de empresas públicas que constituem, com os seus prejuízos, uma grande verba que o O.E. suporta, incompreensivelmente, o Governo tem dado mostras de não dar o passo decisivo e rápido para cumprir também uma das medidas impostas pela Troika, demora esta que não merece o apoio dos contribuintes, sempre os mesmos, que fazem parte da mole enorme de pagadores de impostos, sejam eles de que forma gorem aplicados, e em que o IRS tem um relevo de grande dimensão.
Esta é uma pequena demonstração das dificuldades que pesam sobre os ombros dos que são governados nesta altura, mas é sabido que, para além do descrito no Orçamento para 2012, os sacrifícios que vão ainda ser exigidos a todos nós, mais penosos, naturalmente, para os que têm rendimentos baixos e que são a maioria da população nacional, trarão um descontentamento geral de que não se podem prever que consequências trarão à acalmia tradicional do nosso povo, que, o mesmo é dizer, se não se pegarão dentro de portas as destruições raivosas de tudo o que os manifestantes noutros países já provocaram, aproveitando as junções de multidões que resultam nos mais destruidores distúrbios e em que são utilizadas essas ocasiões para efectuar roubos nos estabelecimentos de tudo que encontram à mão.
Mantermo-nos, pois, agarrados a uma ilusão que nem sempre será assim tão má, é um comportamento que se recomenda aos portugueses, falando só de nós que é o que nos interessa nesta perspectiva. Mas estarmos acautelados para maus momentos, isso não deve ser posto de parte, dado que “homem prevenido vale por dois” e é melhor pormos trancas à porta ainda tempo do que termos nós depois que fugir para o meio da rua.
Esta é a melhor maneira que encontro para, não provocando o pavor entre a massa nacional, deixar alguma nota de cautela em relação ao que não podemos deixar de ter em vista como possível, mesmo por nada desejável que seja.
E isso de fazer a pergunta se algum dia, no futuro, conseguiremos recuperar de tudo o que uns políticos do nosso País ocasionaram – mesmo sabendo que a crise veio de fora, mas que poderia e deveria ter sido prevista para evitar os males maiores que nos obrigam a acarretar -, cujos nomes não podem ser escondidos e que, quando a situação o permitir, ficarão gravados numa pedra de qualquer cemitério, essa questão, por agora, passará ao lado, posto que o que nos incomoda actualmente é olhar para o dia-a-dia e para o que ainda virá aí.
Mas que essa ocasião chegará, quanto a isso admito que não andarei muito longe da realidade no futurismo inevitável.

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