quinta-feira, 8 de março de 2012

ACABAR POR ACONTECER

MESMO QUE O NOSSO PAÍS forneça largos motivos para serem comentados por quem se julga capaz de o fazer com bom senso, não guardando apenas para si as opiniões que, em Democracia, podem e devem ser divulgadas – sujeitando-se, por isso, a todas as críticas que dai advenham -, o que ocorre no mundo exterior também pode ser analisado, sobretudo se os acontecimentos que se antevêem puderem influenciar o que ocorre para cá das nossas fronteiras. É, nesta altura, o que, no que me diz respeito, sucede e que, por tal razão, vai ocupar neste blogue algum espaço.
Tem sido motivo de alguma preocupação, segundo notícias emitidas em vários órgãos de comunicação de todo o mundo, em que as reunião do presidente dos E.U.A. com o seu homólogo de Israel, sobre o que se passa no Irão, em vista do desenvolvimento que se sabe estar ocorrendo, pode vir a ser caso para serem necessárias medidas suficientes e imediatas para evitar uma catástrofe que adviria do uso incontrolável do poder nuclear que os iranianos dispõem. E, se esta atitude não for uma repetição do que ocasionou no Iraque a invasão das forças americanas, sabendo-se depois que eram infundados os riscos, posto que os iraquianos não dispunham ainda de tal poderio destruidor, se isso não constituir um perigo infundado – o que parece que não é bem assim -, então terão razão os israelitas quando, pela voz do seu presidente, garantem que há necessidade do seu País, após as diplomacias terem falhado no sentido de ser conseguida uma visita de representantes de países estrangeiros para se confirmar ou não a existência de instalações nucleares que, com avanço ameaçador, pode corresponder às ameaças sucessivas que saem do poder iraniano de que se atirariam contra Israel, inimigo que consideram e cujo afastamento de ordem religiosa vem de longe, não se tratando, pois, uma simples ameaça mas podendo vir a tratar-se de algo que põe o mundo em alvoroço.
Se for, de facto, assim, o que tem de constituir uma situação que terá consequências que ultrapassam todos os problemas próprios com que se debatem muitos países e não só na Europa, a resposta que os poderes israelitas já divulgaram e que é de que não estão dispostos a dar mais tempo pela decisão americana de esperar para ver se se justifica a preocupação que se mantém, pois que, segundo estes, “Israel tem de ser senhor do seu destino”, pelo que se declaram preparados para invadir o vizinho que insiste em manter-se na posição de inimizade e que pretende a aniquilação pura e simples do povo israelita, face a esta situação, se o Iraque não surgir a prestar garantias de que permitirá a visita de técnicos alheios parta avaliar a situação concreta da existência de instalações avançadas na energia atómica, o que se pode prever é uma atitude dos israelitas que, apoiados por multidões de judeus existentes em vários países, mas sobretudo na América, tal como sucedeu na Guerra dos Seis Dias, poderão ir até ao extremo de solução e, com isso, nascer (ou melhor, concluir-se) um conflito em que a bomba atómica será a protagonista e cujas destruições em larga escala poderão ultrapassar tudo o que for imaginável.
E é aqui que entra o meu papel. É que, em 1954 escrevi uma peça de teatro, com o título “E a Terra, indiferente, continua a girar”, que ganhou o Prémio Ensaio desse ano e foi estudada pela grande Amélia Rey Colaço a possibilidade de a levar à cena no Teatro Nacional D. Maria II, coisa que não sucedeu porque a censura que era feita pelo regime de então não autorizou, e essa peça gira precisamente à volta da destruição do mundo provocada pela bomba atómica, restando apenas um casal, numa ilha, para contar o sucedido, pois há precisamente 58 anos esta personagem, que escreve agora o blogue que está a ser lido, imaginou o panorama da destruição da Esfera terrestre.
Até hoje não houve outra figura do mundo teatral que fosse capaz de tomar conhecimento da obra e a levasse à cena, mas agora que não há a mesma Censura, o que sim, infelizmente, poderá vir a acontecer é que seja a realidade a dar a conhecer os efeitos de tamanha desgraça para todos os que estejam vivos para assistir.
Da minha parte, já não tenho ambições de ver sobre um palco a reprodução do que me saiu da imaginação. Mas os que cá estiverem ainda…

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