sexta-feira, 2 de março de 2012

MAIS VALE TARDE...

A CHUVA, FINALMENTE, CHEGOU. Veio muito tarde, a agricultura estava sequiosa de água e os animais que precisavam de comer, foram também as vítimas que não entendiam o motivo porque os homens os faziam passar tão mal. E muitos não resistiram.
De facto, a fé, sobretudo dos agricultores, não foi suficiente para dar ânimo a todos aqueles que, de manhã à noite, passam o tempo a contemplar o céu, na ânsia de poderem ter o enorme prazer de cair uma bátega daquelas que, noutras ocasiões, até é considerada demasiada e que provoca inundações e estragos que a mesma gente, que vive agarrada à terra, já se desespera quando ela é mais do que a que faz falta.
É sempre assim, desde que o mundo é mundo. Ora a seca toma conta das plantações e acaba por ser necessário colocar toda a produção no lixo ou, pelo contrário, é a tal água doce que chega em demasiada quantidade e por mais tempo do que se pretende e, nesse caso, o prejuízo faz arrepelar os cabelos dos homens que dependem dessa riqueza/mortandade.
E numa altura em que se reconhece que as mulheres têm vindo a ocupar uma posição superior ao que sucedia antes na área do trabalho agrícola, tornando-se até empresárias naquela actividade, é mais doloroso ainda que a Natureza ande a pregar esta partida, pois que o desemprego que se instalou em toda a parte obrigou a que não fosse apenas o sexo masculino a tomar conta de uma profissão que, por ser necessário despender alguma força física, deixava o chamado “sexo fraco” reservado para actividades mais leves.
E, como é sabido por aqueles que seguem o meu blogue, uma das ideias que tenho lançado e que provem do que observei em Israel, nas várias visitas que fiz àquele País, consiste precisamente numa maneira de, numa penada, atacar três dos sacrifícios que estão a ser impostas aos portugueses (e refiro-me apenas a Portugal, muito embora se trate de uma crise generalizada por essa Europa fora). Refiro-me ao facto de existirem imensas terras pelo nosso País fora que se encontram abandonadas, assim como aldeias, especialmente no interior, de que os habitantes fecharam as portas e em que se assiste a um ror de casas sem habitantes.
Pois é precisamente uma medida que os governantes que se encontram nesta altura no poder, deveriam estudar com o maior rigor e com a urgência que a situação que atravessamos exige, e que consiste no entusiasmo que deveria ser transmitido aos casais jovens no sentido de lhes proporcionar um início de vida nova, sendo eles a instalarem-se nas zonas nacionais abandonadas, para o que os municípios locais deveriam prestar   o seu contributo, não só através de orientar os casais inscritos para se instalarem nas aldeias vazias e, ao mesmo tempo, lhes serem prestados os elementos que conduzissem à tomada de posse dos terrenos agrícolas sem produção, para o que o Ministério da Agricultura fornecesse os elementos técnicos fundamentais para que gente situada bem longe da produção agrícola e pecuária, ainda que fosse portadora de estudos de direcções bem diferentes e, por isso mesmo, com capacidade para apreenderem com relativa facilidade no que consiste fazer a terra produzir e o quê, já que também pertenceria à alçada pública o colocarem as respectivas produções nos mercados onde eles seriam mais bem aceites.
Foi assim que Israel, ao receber multidões de gente que, estando antes situada sobretudo em países do Leste Europeu, com estudos superiores nas mais diversas áreas do conhecimento, criando os sues “kibbutz” com regras de convívio bem severas, solucionou, de uma vazada, vários problemas com um só gesto.
Não havendo comparação que possa ser aplicada na íntegra, trata-se de um exemplo que, sendo aplicado com um mínimo de capacidade e bom senso, poderia bem ser seguido no seio das nossas fronteiras. E, desde já o afirmo, estou preparado para receber todas as discordâncias que me possa ser enviadas. É que ficar à espera e não experimentar pôr em prática algo que, por mais estranho que pareça, é sair da estagnação à espera do tal milagre, isso é que tem de ser condenado.
Passemos à acção e saiamos deste ar contemplativo, de só  fazer greves, entrar em manifestações, e de chorar sentados, porque isso é que não resolve coisa nenhuma. E sobretudo agora que já é corrente de que a nossa situação se agrava, de que o risco e os juros sobem e de que a probabilidade de incumprimento da dívida portuguesa subiu para 2,5 pontos percentuais, digam lá os que dizem que mandam se devemos ficar todos a aguardar que a coisa mude… sabe-se lá como!

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