sábado, 10 de março de 2012

DE MÃOS NA CABEÇA

PROVAVELMENTE OS PORTUGUESES, NA SUA MAIORIA, não dedicam, no seu dia-a-dia, uma atenção muito escrupulosa aos casos que ocorrem no seu País, especialmente as acções que são originárias dos políticos que foram votados – e refiro-me aos actuais, não perdendo de vista os vários que os antecederam, desde há 38 anos -, pelo que não há que discutir se lá foram colocados por “cunhas” de quem quer que fosse. E digo isto, não englobando no molhe o período da ditadura, em que era o Salazar quem escolhia os seus ministros e que os tinha ali à rédea curta, pelo que, com raríssimas excepções (lembro-me de António Ferro e de Duarte Pacheco), só faziam o que ele mandava.
Mas, quando um dia for feita a História portuguesa dos últimos 50 anos, para dar uma margem larga que possa permitir uma análise mais concludente, se houver a paciência na busca dos acontecimentos, que os homens públicos que muitos de nós tivemos ocasião de ver por perto, que mais deram nas vistas, poder-se-á analisar a série de erros, para não chamar asneiras, que saíram das cabeças de figuras políticas, por sinal de diferentes áreas partidárias, e que fizeram com que esta Terra à beira-mar plantada e de onde saíram, ao longo de perto de mil anos de História, casos que muito honrariam outros países que, mesmo contando com figuras memoráveis, não desdenhariam acrescentar nomes como Luís de Camões, Nuno Alves Pereira, Infante D. Henrique, múltiplos Descobridores, até Fernando Pessoa, para resumir ao máximo a escolha. Mas, como se trata agora de apontar os autores de múltiplos passos que só envergonham os seus autores, não preencho este espaço com as tristes causas que nem vale a pena relembrar, apesar de muitos de tais erros nos tenham provocado, a nós cidadãos com idade para isso, uma enorme revolta e profunda tristeza.
Vou pegar apenas em alguns acontecimentos que saíram recentemente nas páginas dos diários. O caso da chamada “derrapagem” de 1,3 mil milhões de euros, nas obras do Parque Escolar, em que os custos concretos não coincidiram, aliás como é costume por cá, com os orçamentos feitos anteriormente, e isso quando se reclama tanto pela falta de condições das escolas públicas, sendo este um sector, a par com o da saúde, que os cidadãos podem e devem exigir que sejam facilitados aos contribuintes nacionais, pois que existem hospitais onde já faltam lençóis e cobertores nas camas dos doentes; estes “pequenos” sustos que nos estão a ser pregados fazem parte do vasto panorama negro que estamos a suportar.
Mas, ao mesmo tempo que se apontam faltas de recursos de primeira necessidade, verificam-se situações verdadeiramente escandalosas que este Governo, como seria outro que lá estivesse, consentem, como é o caso de se estarem a pagar reformas a ex-ministros que, em vez de se colocarem em lugar de exemplo, antes têm de ser apontados como antigos e actuais beneficiários das funções superiores que exerceram. O ter-se conhecido agora que o antigo ministro socialista Alberto Costa, tendo passado à reforma tem direito à pensão de 2.793 euros por mês, a partir do próximo Abril.
E no que se refere a prendas valiosas que é costume oferecer aos figurões que até parecem o Fernando Mendes quando, nos seu programa “Preço Certo”, recolhe as ofertas que lhe são feitas, mas isso justifica-se, as que foram anunciadas por estes dias e em que, por exemplo, o ex-administrador do BCP, Armando Vara, não sendo fazendo ele parte de um grupo de interessados que recebiam idênticos presentes, arrecadou peças de prata, relógios e canetas durante muitos na os, pelos favores que prestou a um sucateiro, essas acções fazem parte do tal somatório de vergonhas que nem vale a pena relatar em pormenor, por fazerem parte de um hábito que se instalou, vindo evidentemente de muito de trás.
Mas, actualizando o mais possível, o rol inumerável de asneiras e deficiências dos governantes, tendo sido dado a conhecer o lucro fabuloso que a EDP apresentou em relação a 2011, por sinal a empresa que foi transferida a parte do Estado aos chineses – pudera, pois se não fosse bom negócio ninguém lhe pegaria! – e, dias depois, a informação de que o preço da electricidade em Portugal iria aumentar a partir de Janeiro próximo, este “achado”, que o Governo evidentemente apadrinha, fica desde já definido.
É, pois, este apontamento que eu deixo aqui para que o fim de semana que já começou e em que a grande maioria de automobilistas nem mexerá nos seus carros, arrumados à porta de casa, dado que o preço dos combustíveis não permite essa extravagância (ainda se fosse para comprar bilhete de futebol ou para qualquer festival pop !), pelo que a vida (?) continua e, por minha parte, apenas deixo expressa no meu blogue diário o que me sai das entranhas.


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