terça-feira, 13 de março de 2012

TROYCAR AS VOLTAS

ESTA É UMA DAS HABILIDADES dos portugueses. Quando não podemos, não sabemos ou não nos apetece enfrentar os problemas, somos capazes de encontrar uma forma de remedeio e, puxando da imaginação, lançamos uma maneira de tirar partido improvisado, no que somos pródigos, e de contornar as situações. Não nos peçam para nos sentarmos a descobrir meios para, após sério estudo, levarmos a cabo o que nos compete realizar. Aí sai-nos tudo mal. No tempo que leva a realizar e até, se for caso disso, no preço por que ficará a obra a produzir. Tudo dessa forma não nos bate certo. Agora, sair-nos uma descoberta, uma frase ou mesmo uma realização, tudo produzido sobre o joelho, nisso não há ninguém que nos bata…
Esta, pois, de “troycarmos” as voltas a quem nos quer impor uma tarefa, de, metendo os pés pelas mãos, acabarmos por descortinar uma saída que “não lembra nem ao careca”, nesse aspecto destacamo-nos do resto do mundo e sobretudo daqueles povos que, sendo tidos como muito certinhos, quando no meio da sua tarefa muito estudada deparam com um impedimento não previsto, aí não são capazes de se desenvencilhar e ficam entupidos para o resto do trabalho.
A situação do nosso País é já tão conhecida que nem vale a pena repetir o rol de asneiras e de passos mal dados que nos conduziram ao que somos e estamos. Bem sei que não fomos os únicos nesta nossa Europa, agora o essencial é saber de que maneira seremos capazes de dar a volta ao estado em que nos colocámos – porque foi um de entre nós que, com o consentimento de muitos outros, também de entre nós,  deu azo a que ficássemos como estamos – e, com a tal habilidade da improvisação, “troycar” as voltas ao problema e sermos capazes de sair da recessão que se instalou com armas e bagagens
Não há, pois, um método que possa ser recomendado. Não vem nos livros. Não se aprende nas faculdades. Será apenas um golpe de genialidade do improviso que conseguirá desviar-nos da fatídica situação e de cujo salvamento, repito, se situa nessa referida característica tão lusitana. E não nos venham de fora perguntar como se pode transmitir essa verdadeira habilidade. Não há forma de ensinar, porque ela surge numa esquina do caminho e quando mal se dá por isso…, geralmente em último recurso.

Bem, feita a alusão a algo que nem nós, os privilegiados com essa característica, somos capazes de antever, teremos de ficar com a esperança desse “milagre”, pois que para ser de uma maneira clássica a libertação que nos pode ser aconselhada da tal malvada crise, para isso não contem connosco.
Por exemplo, o caso da falta de chuva que, até isso, nos chegou para complicar ainda mais a situação, o termos os campos agrícolas completamente secos, pois que nessa área sempre se contou com as épocas das chuvas e quando elas são em demasia também nos queixamos dessa fatalidade, essa situação não tem outro remédio que não seja aguardar que a Natureza se resolva a acudir-nos, pois que enquanto houve dinheiro para abandonarmos os campos – foi no tempo de Cavaco como primeiro-ministro que a Europa nos impingiu o abandono dos campos e da pesca a troco de largas somas, que foram utilizadas na aquisição de viaturas de luxo – não se teve a prevenção de montar nas terras que produzem os instrumentos que substituem as águas pluviais, pelo que aí não existem improvisos que cheguem para fazer crescer as culturas e dar pasto aos animais.
Assim, que não se tem bem ideia de como sairemos desta catástrofe. Há que aprender com as circunstâncias de forma a que não se repita, de futuro, o mesmo que nos coloca agora de calças na mão.
Trocar a “troyka” parece não ser possível. A não ser que a Comissão Europeia, que determinou que deve ser o Estado português a pagar a seca, reconheça que mais vale prestar-nos um auxílio nesta altura, não vá suceder mais tarde o mesmo por aquelas bandas e seja necessário recorrer às nossas albufeiras. Tinha graça!...

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