sábado, 3 de março de 2012

TODOS ASSUSTADOS

É MAIS DO QUE EVIDENTE que, na vida quotidiana que todos nós levamos neste nosso Portugal – que Deus o conserve mas sem estes problemas que a crise provoca -, só deparamos com gente que, mesmo que procure disfarçar com o interesse nos encontros de futebol que, melhor ou pior, sempre distraem um pouco as pessoas, dá mostras de andar assustada em relação ao que vai suceder a seguir, em que cada dia as notícias não são, de forma alguma, animadoras.
De facto, por mais que existam os optimistas, os profissionais que, encontrando-se na área política e com responsabilidades nas suas actividades, só aparecem perante as câmaras de televisão para a firmar que nem tudo é tão mau como se imagina, essa atitude não chega para lançar na opinião pública o mínimo de esperança consistente que faça os portugueses mudarem de azedume em relação às dificuldades que lhes são oferecidas sucessivamente.
Para além de, numa forma geral, o futuro se apresentar demasiado comprometido para este nosso País, não se sabendo como tudo isto irá acabar, já nem é necessário ir tão longe pois a incógnita refere-se também ao que se irá passar também em toda a Europa, já é o dia-a-dia que faz levantar pesadas dúvidas no respeitante ao que nos espera. E as perguntas que cada um faz a si próprio sucedem-se, segundo a posição social de inquiridor, a sua idade e a sua profissão.
Quem ainda se encontra com emprego interroga-se, muito preocupado, sobre até quando a empresa em que está inserido não fecha as portas, e, ainda consiga receber o seu salário, em que altura é que, a exemplo de muitos outros casos que são conhecidos, deixa de o conseguir no final de cada mês.
E os desempregados, que diariamente caminham para as dependências onde possam registar as suas procuras de novo patrão, esses a pergunta que fazem é se levará ainda muito tempo a receberem as respostas aos currículos que entregam sucessivamente. Alguns com anos de espera.
Já quanto aos reformados, os que nem podem fazer filas em qualquer dependência oficial, pois que só lhes resta aguardar todos os meses a indicação de que se encontra já disponível o montante que lhe cabe em troca dos descontos que foram feitos ao longo de vários anos, a inquietação que os acompanha é a de não serem surpreendidos por cortes que sejam feitas nas verbas que lhes cabem, como já aconteceu com os casos dos subsídios de Natal e agora aguardam o milagre de não lhes faltar o outro de férias, para não ir mais longe e o Ministério confesse que não há mais reservas e que as tais reformas foram coisa boa…
O susto, portanto, é o sentimento que paira em múltiplas cabeças dos compatriotas portugueses, visto que não há mais  confiança nas atitudes dos nossos governantes – estes como poderiam ser outros – e as más notícias já constituem uma quase certa maneira de ir acostumando os cidadãos a não atirarem foguetes quando um clube de futebol da sua predilecção lá consegue uma vitória, pois que esse acontecimento, por muito que sirva como anestesia dos males maiores, não serve para pagar as despesas correntes e não substitui qualquer emprego em falta.
O ar de assustados é o que se verifica a cada passo e basta meter conversa com pessoas que não se conhecem, com o motorista do táxi. a vendedora da praça, a empregada do supermercado ou a vizinha que passa apressada de saco vazio na mão, para se ouvir o que já ninguém esconde: “Ai que vida!”.
Claro que este panorama provoca que as dívidas de muitos a muitos, entre individuais, no mundo das empresas e até em relação ao Estado, tenham aumentado de tal forma que se pode dizer que, hoje em dia, quem não deve nada a ninguém fica sujeito a suspeição de ter ganhos ilícitos.
As faltas de apoios por parte dos bancos nacionais, com os empréstimos completamente justificados que as empresas necessitam, claro que as pequenas e médias, essa situação constitui o motivo por que os empresários se vêem obrigados a pagar aos credores o mais tarde que podem, para poderem guardar alguns meios financeiros para efectuar outras operações e a dúvida que esses sustentam é de que a situação ainda vai piorar mais, mantendo-se na dúvida de continuar em funcionamento ou dar-se como falido, para poder esconder ainda algum património que lhe sirva para sustentar a família.
Tudo isto pode ser, de certo modo, compreensível. O susto generalizado que se instalou na nossa Terra, as dúvidas em relação ao dia de amanhã, as previsões do pior pegam-se como uma moléstia transmissível. E pior ainda quando, por outro lado, se toma conhecimento de que alguns privilegiados portugueses auferem salários e ajudas de custo que têm de provocar a maior indignação da enorme quantidade de cidadãos que não conseguem viver com as misérias de reformas – os que as têm – que provocarão, imagina-se, o acréscimo de crimes, de furto e roubo de todas as espécies, que se instalou em Portugal.
Então haja quem explique como é possível que o antigo ministro das Obras Públicas, por sinal o que exerceu as funções de ministro de diversas pastas, no Governo de Cavaco Silva e noutros, tendo sido o responsável pela encomenda da ponte Vasco da Gama quando ocupou as funções nas Obras Públicas, tendo, ao sair do Executivo, ido ocupar o lugar de administrador não executivo na Lusoponte – então não é estranho? -, como é que se aceita que , em 2010, neste último lugar na empresa que explora as receitas da mesma empresa, tenha auferido 290 mil euros, o equivalente a 20.723 por mês, montante que se repetiu em 2011. Mas, ainda por cima, Joaquim Ferreira do Amaral, de seu nome, não tendo obrigatoriedade de estar presente na Lusoponte, acumula com funções noutras empresas fora do grupo atrás indicado.
Perante esta autêntica estranha situação, autorizada pelos Governos que estavam no poder desde então, não admira que se ande em Portugal com o susto atravessado na garganta, pois que não é de crer que não se verifique, mais dia, menos dia, um ataque de fúria popular que, como se vê isso noutros países, tudo destrói e não deixa em pé o já tão pouco património que ainda existe. Será que os automóveis que têm aparecido por aí incendiados, representarão um princípio da perca da cabeça de cidadãos que, sendo criminosos a meter na cadeia, têm as suas razões para andar zangados com o que se passa neste País?
Que susto!...

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