segunda-feira, 19 de março de 2012

A D E U S !

TENHO ANDADO há um certo tempo a tentar convencer-me de que é altura de terminar com este meu blogue, que já existe há anos e que, por erro do computador, tive de mudar em dado momento de endereço de josé.vacondeus.bloggspot.com para jos.vacondeus.blogspot.com até que reuni forças para dar seguimento ao que me faltava coragem para efectuar.
Refiro-me à decisão de pôr ponto final neste meu desabafo diário, em que tenho extravasado a opinião que detenho sobre o que se passa neste nosso mundo, com realce, evidentemente, para o interior de Portugal, mas cada vez que dava início a esta pretensão faltava-me a coragem, por convencer-me a mim próprio que teria um elevado número de leitores que lastimariam a atitude que pretendia assumir.
Mas, não há nada como a idade e o despirmo-nos de toda a vaidade que vamos alimentando dentro de nós para enfrentarmos a realidade e assumirmos a decisão de uma vez para sempre.
Para além disso, hoje, 19 de Março, é dia do meu aniversário – por isso sou José – e se era necessária uma razão profunda, nada mais do que atingir os 82 anos para, metendo a mão na consciência, concluir que algum dia teria de ser o indicado para pôr fim em alguma coisa e talvez seja mais adequado fazê-lo por livre vontade do que acontecer o adeus por ausência neste mundo do autor do blogue.
Cheguei a este altura sem ter tomado conhecimento se, de facto, eram muitos os leitores e o que pensavam, pois que no capítulo dos comentários, se recebi uma dúzia ao longo de todo o tempo em que me empenhei neste escrita e em que inclui diariamente um poema da minha autoria e retirado de cerca de mais de dois mil que conservo guardados e que talvez um dia apareçam em livro quando eu já cá não existir, a raridade de opiniões alheias no que se refere a aprovarem ou criticarem o que considero serem os meus pontos de vista, obviamente sujeitos a que existam aplausos mas também a darem-me conta da pouca validade dos mesmos, nem sei se mais uns do que os outros, tal ausência também me deu força para deixar de me preocupar com a redacção, e ainda por cima dentro do acordo ortográfico imposto que não atrai minimamente, tudo isso incutiu-me o esforço de colocar este ponto final.
E agora, que já dei o passo decisivo, vou também deixar de acompanhar as notícias diárias que me absorviam a atenção e que serviam de pano de fundo para o que eu considerava essencial de forma a seleccionar as matérias que considerava de maior importância.
E pronto. A partir desta altura não me continuarei a sentar em frente do computador, a pensar profundamente nas palavras que iria utilizar e a emendar aqui e ali o que já estava escrito, se bem que eu não seja muito de reler o que está feito, devido à tendência exagerada de ser o meu mais severo crítico.
Arrependimento conto que não surja. E se ele aparecer, farei por passar ao lado. Depois de 50 anos de jornalismo, interrompido alguma vez por imposição do regime político que terminou com o 25 de Abril, tudo isso deu-me o mínimo de convicção que, como dizia o que chegou a ser meu amigo, quando passou uma temporada em Portugal, Ortega y Gasset, são as  circunstâncias que comandam o homem e se eu exerci aquela profissão devido ao acaso que me levou a afastar-me da minha formação escolar da economia, é nesta altura a idade que me indica que chegou o que chegou e que, também devido a um exercício de bom senso e de alcance da meta de uma idade que, embora conservando a cabeça no seu lugar, domina noutras funções físicas que retiram força e entusiasmo ao que, noutros tempos, consistiram no empurrão que tive de dar à vida para não me deixar dominar pelo desânimo.
Digo, pois, adeus com tristeza mas com a consciência de que se trata de uma medida que não tem alternativa. Cá vou ficando com a tristeza de quem sabe o que faz, mas que não encontra outra forma para se deixar ficar no seu cantinho.
E, tal como costumo fazer, não releio este meu texto, pelo que se existir algum erro na grafia não sou eu que vou emendar.





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