sexta-feira, 16 de março de 2012

O QUE NOS ESPERA?

A HISTÓRIA DO MUNDO tem-nos mostrado que a memória das populações não é tão pródiga como por vezes se diz. A repetição de situações políticas que, anteriormente, tinham deixado más recordações, esse recurso a situações que acabaram por ser repudiadas até com revoltas populares não é assim tão invulgar como se pode imaginar. Na Europa isso deu-se em mais de uma vez e em mais do que num país e, por esta altura, aquelas nações que sentiram na pele a acção perversa do nazismo já surgiram mostras de que, na juventude, naquela camada que não teve ocasião de sentir na pele os efeitos da política severa praticada e levada a cabo por Adolfo Hitler, se verificam sintomas e ameaças de fazer reviver uma época de terror e de glorificação da exclusividade de cor da pele.
É evidente que as aspirações que algumas camadas de população demonstram com a criação de grupos que pretendem afastar o sistema democrático que, experimentado nas suas localidades, não satisfará por completo as ânsias de grupos inebriados com a ideia de ter um chefe que veneram e a quem pretendem saudar com a maior paixão e desvelo, envergando uma farda que estipula as regras ortodoxas e severas que não admitem a existência de diferentes preferências, esses grupos que, por enquanto, ainda não dão mostras de constituir uma tendência que interfira em prazo curto nos comportamentos políticos que vigoram pela Europa, não é possível garantir que, com o andar dos tempos, que são rápidos na fase actual da vida  humana, não inchem de importância ao ponto de, em eleições que venham a realizar-se e que aproveitem para dar conta da sua existência, causem a surpresa de ocupar um lugar que, depois de estarem instalados, não o deixarão senão à força.
Nesta Europa em que nos situamos agora e em que o desconsolo dos habitantes de várias zonas é bem visível, com as dificuldades a mostrarem-se cada vez mais severas em todos os capítulos, sobretudo com um desemprego que se tem espalhado ao ponto de já não existir o recurso da emigração intercontinental, pois cada país tem as suas dificuldades neste particular e começa a verificar-se a tendência dos jovens de irem ocupar um espaço em zonas como a China e para bem mais longe, poderá causar espanto a alguém, que se ocupe a reflectir sobre o panorama que o envolve, que, mesmo que silenciosamente, de início, apareça algum dia o tal grupo de extrema direita que venha com a promessa de afastar todas as políticas que seguem os princípios de discussão entre si para encontrar uma solução, assim como permitam que “o povo seja o que mais ordena” e que consintam que as greves são uma forma de protesto das massas populares, será que, quando os cidadãos derem mostras de saturação com essa menos má das políticas, fechando os olhos e fugindo de acreditar que o perigo de uma ditadura é algo que castiga a falta de memória, será  recebido, de braços abertos, o tal sistema político que não permite agrupamentos de mais de duas pessoas e que controla, um a um, todos os membros da população que, nos primeiros tempos, até poderá respirar de alívio por se considerar “protegido” da libertinagem que, na verdade, se instala porque o ser humano se aproveita da liberdade para a transformar ao seu gosto.
Portugal está nesse campo das possibilidades? Se não, o que dizer da iniciativa da autarquia de Santa Comba Dão em criar uma marca, para lançamento de vinho no estrangeiro, com a denominação “SALAZAR” ?
Ao mesmo tempo que se encontra em estudo a construção do museu do Estado Novo, ninguém pode garantir que, se tempos atrás, seria impensável que esta ideia fosse, no mínimo, pensada, o que dizer dela ser agora abertamente divulgada?
Se existe a convicção de que, lá pelo estrangeiro, a referida marca poderá ser bem aceite, então é porque o nome em si nunca foi condenado como sucedeu com outras ditaduras que deixaram um mal estar geral que ninguém se lembraria de utilizar agora para expandir produtos chamados, por exemplo, “DITADURA” !...
E já agora, embora não se deva confundir uma preocupação séria com algo que ainda pode cheirar a Carnaval, refiro neste espaço a declaração divulgada por Otelo Saraiva de Carvalho de que as forças armadas devem interferir para pôr ordem no País, numa repetição do 25 de Abril, sendo de facto uma amostra do desencanto que reina por todo o Portugal, só pelo facto do autor da frase não merecer crédito bastante para ser levado a sério, por isso só anoto o que foi dito por um coronel que não esteve à altura do acontecimento histórico que, infelizmente, não correspondeu ao que dele se esperava por diversas razões que, um dia, talvez deixe aqui expresso o meu ponto de vista.

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