quarta-feira, 28 de março de 2012

NÃO SEI EXPLICAR

S’uma  ingénua criança
me pede que lhe explique
mostrando-me confiança
naquilo que lhe replique
aperto o coração
não fico indiferente
há qu’encontrar solução
à criança não se mente
e por difícil resposta
há sempre que atender
tal como seja uma aposta
e acabar por vencer

O pior é se à questão
 não se sabe responder
pode não haver à mão
uma forma de atender
a quem tem curiosidade
e por ser uma criança
que pergunta sem maldade
há que deixar confiança
a quem pouca idade tem
e deseja bem saber
por isso pergunta a’alguém
que o possa satisfazer

Mas aí é que um velho
s’ainda tem consciência
deve mirar-se ao espelho
usando toda a prudência
e perguntar a si mesmo
se com idade s’é sábio
e que sabe tudo a esmo
tal como um alfarrábio
porém vid’é diferente
bem dura de aceitar
pode magoar a gente
por isso desagradar
Será um pequeno então
que mostra qu’o ser humano
mesmo sendo um ancião
não deve mostrar-se ufano
por saber mais qu’um miúdo
pois até hoje em dia
mesmo p’ra quem tem canudo
não deve ter ousadia
de pensar que sabe mais
das novas tecnologias
naquilo que aos mortais
causam até arrelias

Mas isso aos de pouca idade
não lhes provoca pavor
com toda a felicidade
mexem no computador
e os velhos arregalados
se rendem a tal ciência
e assim se vêem forçados
à’ceitar a evidência
e em fase de tristeza
só esperam qu’o futuro
se apresente com grandeza
saindo bem do escuro

Não sabendo explicar hoje
aquilo que os jovens pedem
não é como um bate e foge
em qu’efeitos não se medem
o melhor é a verdade
olhar de frente a criança
que mesmo com pouca idade
merece a confiança
p’ra dizer alto e claro
que tudo o que sabemos
já não serve de amparo
pois o que havia perdemos

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