terça-feira, 6 de dezembro de 2011

IMAGINAÇÃO E CORAGEM (2)

TOMEI ONTEM O COMPROMISSO de me referir no meu blogue de hoje a um tema que, dentro dos princípios do bom senso e da coragem, pode tratar-se de um bom alvitre que o Governo que não se tem mostrado muito inventivo, mesmo assim tem deitado a mão a algumas fugas que as circunstâncias oferecem. A agora anunciada de ter passado para o sector do Estado o avolumado valor das reformas do sector bancário, como já tinha sucedido antes com outra fonte, fez com que se juntassem 2 mil milhões de euros para fazer face a necessidades urgentes que não podiam ser encaradas pelos dinheiros públicos e que, por esse motivo, constitui agora um excedente que resolve uma situação pendente.
Mas vamos lá então apresentar o que, tendo saído da imaginação do autor deste blogue, não constitui nenhuma medida que possa ser considerada como genial.
Todos sabemos que o interior do nosso País se encontra num quase abandono, existindo mesmo lugares e freguesias onde a população está resumida à terceira idade, pois que toda a gente nova que lá residia fez as malas e instalou-se nas cidades e no litoral português. Sobretudo, devido à iniciativa tomada por Cavaco Silva, quando exerceu o cargo de primeiro-ministro, e em que fez divulgar largamente a proposta apresentada pela CEE da época, em que, contra a desactivação da actividade agrícola e também a das pescas, eram oferecidas verbas apetitosas, no que resultou no que hoje se verifica e em que as terras se encontram abandonadas e os barcos de pesca que tinham a sua ocupação no imenso Atlântico que nos banha, fossem destruídos, passando o produto dos mares a serem consumidos por via da importação, especialmente de Espanha que bem se aproveitou da situação. Hoje existe um certo receio em referir esta atitude que teve origem na atitude cavaquista e de que nesta data, penso eu, bastante incomodará o pensamento do chefe do Estado. Mas o que foi feito, foi feito, pelo que de nada nos serve arrepanharmo-nos por tal medida ter servido para o agricultores terem adquirido viaturas de luxo, por troca com a maquinaria agrícola destruída, passando-se outro tanto com os pescadores, este evidentemente noutra escala.
Pois o que se torna necessário e urgente é enfrentar concretamente a nossa situação e, com o tal bom senso e a coragem de falar verdade, lutar-se contra o desemprego, especialmente da juventude, fazendo com que muita dela, sobretudo os pares recém casados, se instalem nessas terras abandonadas e, através de facilidades que os municípios e as juntas de freguesia proporcionem, arranjar casas e terrenos agrícolas abandonados onde os novos proprietários comecem a sua vida, seguindo um sistema que os israelitas podem ensinar bem como se pratica, ou seja, aquilo que eu vi ao longo de seis visitas de estudo que fiz àquele País e em que me foi proporcionado analisar como apareceram os primeiros “kibbutz”, ou seja, zonas que acolheram os muitos milhares de judeus que se instalaram na “Terra Prometida”, oriundos sobretudo de zonas da Europa de Leste, sendo que a grande maioria dos mesmos se tratavam de gente com formação académica superior, com actividades bem longínquas do cuidar da agricultura, mas que, com o apoio do governo daquele País, que criou organismos de ensino e de apoio agrícola e que, com a facilitação de todos os apetrechos que são essenciais à produção, criou também os locais em que as famílias se instalaram, sendo que, dessa forma, toda a família, mulher e marido, se entregavam à nova actividade, sendo que, não recebendo ordenado, pois que a sua actividade era toda contabilizada e as próprias refeições eram tomadas em cantinas, podendo, em qualquer momento, qualquer casal desistir da função a que se tinha proposto e, nessa altura, a contabilidade apurava qual o saldo a que tinham direito.
Bem sei que esta modalidade teve a ajuda de algo que no nosso País não tem seguimento. São todos judeus e, mesmo com formações académicas superiores, não hesitaram em seguir a via que as circunstâncias do País impunham. E foi precisamente essa situação que eu tive oportunidade de acompanhar jornalisticamente e, como na altura dirigia uma revista que tinha o nome de “o País Agrícola”, preocupei-me em fazer chegar ao conhecimento do ministro da Agricultura português o que poderia ser aproveitado para ser seguido em Portugal, com as necessárias adequações, pois que se tratava de uma forma de desenvolver uma área que, desde sempre, foi por cá tratada com enorme amadorismo e sem o desenvolvimento que se impunha neste século XXI em que nos encontramos.
Mas não. Como é costume nós não precisamos de lições! Temos séculos de existência e não são países recém constituídos que nos vêm dar lições!... Essa a arrogância que nos foi apresentada.

Sem comentários:

Enviar um comentário