quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

ESPERAR SENTADO

JÁ TINHA REDIGIDO o texto abaixo quando chegou a notícia de que a SIC ia efectuar uma entrevista com o primeiro-ministro Passos Coelho. E assim aguardei pelo acontecimento para fazer o meu comentário ao acontecimento, não mudando, no entanto, uma só vírgula ao que já se encontrava escrito e que reproduzo seguidamente.
As perguntas que foram formuladas, precipitadas e sem atacarem o problema principal que nos pode fazer sair da cepa torta, isto é não entrando a fundo no sector da economia – posto que se centralizou no sector das finanças -, não deram oportunidade a Passos Coelho de deixar uma ideia sobre as acções que, no meu ponto de vista e provavelmente de muitos portugueses, não sendo nunca focado, nos deixa preocupados quanto à actuação que tem de ser levada a cabo para tudo ser feito para diminuir drasticamente o desemprego e aumentar substancialmente o sector da produção nacional.
Sobre isto nada foi referido e, como neste meu blogue, tenho deixado propostas para se avançar positivamente em ambas as preocupações que os portugueses suportam, devido a essa minha atitude esperava que o entrevistador, que esteva sempre a interromper o entrevistado, pusesse em cima da mesa.
Em resumo, porém, devo expressar a minha opinião de que, embora não tivesse sido quase nada adiantado no que diz respeito às previsões para o futuro imediato, deixou boa impressão o primeiro-ministro quanto a alguma consciência do panorama nacional, tendo faltado abordar o problema que, como adianto no meu texto abaixo e que já se encontrava escrito, constitui uma dúvida: a perca de tempo em reduzir drasticamente os dispêndios com as empresas públicas que, grande parte delas já deveriam ter sido arrumadas. Voltarei ao tema da entrevista. Mas não é agora.

CONFESSO QUE JÁ SE ME ESGOTOU a paciência de tanto esperar pela actuação do Governo de Pedro Passos Coelho no sentido de terminar de vez com o sustento de gastos exorbitantes com empresas públicas que continuam a pesar no orçamento tão depauperado do Estado. É evidente que, a um Executivo que chega ao poder, há que lhe dar um certo tempo para tomar conhecimento das “trapalhadas” que o seu antecessor, fazendo parte de um político diferente, deixou à mostra ou escondidas. Mas não pode prolongar-se excessivamente o período em que, sobretudo numa altura de crise como a que atravessamos, os governantes dos diferentes ministérios andam a “estudar” a situação e não se vislumbra com rapidez a saída tão desejada que a população aguarda.
E a pergunta a fazer é se é preferível ter todas as cautelas para ser tomada cada decisão de per si, para evitar injustiças, ou se seria melhor que, de uma vez, se encerrasse a maioria das empresas públicas que, visivelmente, só estão a contribuir para que os dinheiros, que tanta falta fazem noutras acções, se gastem e o País seja obrigado a recorrer aos empréstimos do exterior para que se possam cumprir as obrigações primárias. Talvez a primeira decisão seja a mais aconselhável e, com isso, não estarmos com um Governo já a exercer as suas funções há vários meses e a dar motivos para críticas pela sua “moleza” em deitar mão ao que é imprescindível.
De vez em quando a comunicação social dá nota de situações que não abonam em favor da eficiência dos governantes. E foi o que sucedeu por estes dias, em que se apontaram 14 empresas públicas, denominadas POLIS pelo Tribunal de Contas e estando constituídas como sociedades anónimas, que já custaram e continuam a custar, milhões de euros, para não falar naquelas em que se deitaram pela janela muitos milhões com estudos, como foi o caso do aeroporto da Ota, tendo sido abandonado o projecto, e com o comboio de alta velocidade que foi igualmente metido na gaveta. No total, pois, o Estado gastou com investimentos em capital das referidas sugadoras do erário público muitos milhões, o caso do Parque Expo, da Frente Tejo, do Porto Vivo e da Coimbra Viva, do aeroporto de Beja, não sendo pequena a lista de sociedades que nem se entende por que foram criadas e menos ainda o motivo por que continuam a existir, no total trataram-se de enormíssima verbas que, se existissem hoje nos cofres estatais, boa utilidade teriam.
Tenho, por isso, que dar nota negativa ao Executivo que se encontra no poder, pela sua moleza em actuar no que é urgente pôr cobro e nem sequer dar explicações aos portugueses das razões que justifiquem tal atitude.
É uma tristeza, de facto, que, Governo após Governo, não se assista a uma actuação que esteja conforme com as nossas necessidades da maior urgência. Vão todos os políticos no activo para a Assembleia da República discutir, discursar, entrar até em atitudes de pura demagogia ideológica, mas o que é essencial, aquilo que constitui prioridades que estão bem à vista, quanto a isso tudo passa em claro e de um lado e do outro não se escutam críticas que se refiram a faltas de oportunidade na actuação.
A gravidade da situação é que Portugal se mantém agarrado aos empréstimos que um dia terão de ser pagos pelos vindouros e não actua, simultaneamente, nos cortes de despesas que nada nem ninguém pode desculpar que se conservem.
Esperar demais é muito custoso, em paciência e em gastos desnecessários.


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