sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

CADA VEZ PIOR!...

SE A SITUAÇÃO TERRÍVEL que se atravessa fosse apenas resultante de uma deficiente política económica e financeira ocorrida em Portugal então poder-se-ia dizer que se encontrava exclusivamente nas nossas mãos a forma de escaparmos do actual beco sem saída em que nos debatemos.
Mas não é, de facto, assim. Se bem que nos caibam também grandes culpas por não termos sabido, ao longo dos últimos trinta anos, manobrar com limitação de gastos, o que teria sucedido se os governantes que nos calharam – e são todos os que tomaram lugar em S. Bento – não seguissem uma actuação de desperdício, resultaria agora, neste ano, numa menos melindrosa posição como a que nos causa os maiores calafrios pelo que nos calha já hoje mas, inevitavelmente, pelo que se vai passar já em 2012 e nos anos seguintes que nos são indicados como temíveis de suportar.
É, pois, esta a peregrinação que nos vai caber em sorte, e se hoje já existem motivos para nós, portugueses, nos arrepelarmos, aquilo que vai suceder já no futuro próximo – porque o mais longínquo não há cartomantes que sejam capazes de adivinhar –, e que é verdadeiramente arrepiante, tirando-nos toda a vontade de podermos ser protagonistas de um drama tão horroroso, pois quase desejamos terminar quanto antes a caminhada que nos cabe aguentar.
Se, pelo menos, a Europa comunitária tivesse já reunido todas as suas forças no sentido de se ter formado um bloco de economia que servisse de suporte mútuo, em que os mais fracos (por terem sido mal governados ou por outras razões) recebessem a ajuda dos que estivessem em melhores condições de deitar uma mão, ainda que com condicionantes, não deixando que existissem situações como a que mostra hoje uma Grécia e, já de seguida, se lhe vão acrescentar outras nações que já dão mostras de fragilidade perigosa (Portugal já incluído, a Itália também no molho e a Espanha que se encontra à espreita, bem como o País de Sarkosy que anda a disfarçar) se tal unidade estivesse já em acção, então, mesmo que houvesse que suportar as críticas dos que se encontrassem num plano mais perto do desafogado, no que se refere ao caso português, bem se poderiam alinhar as economias e as finanças que não foram bem tratadas e, até com empréstimos externos mas controlados por observadores saídos da unidade europeia, lá se levantaria cabeça e, como alunos mal comportados, teriam que ser feitos os trabalhos de casa, que o mesmo é dizer não ficar permanentemente subordinados aos contratos de dinheiros que se destinavam a tapar buracos…
Agora, contemplar-se o que ocorre em Portugal, em que as greves já também cá chegaram e o descontentamento do povo é mais do que evidente, não se vendo, da parte das figuras politicas, que só se referem em tese aos problemas que nos invadem, e em que indicações de soluções, porque é disso que se necessita, pedindo o envolvimento dos portugueses para se atingirem tais vias concretas de restabelecimento, essa actuação é que nenhum dos partidos, dos mais extremistas aos mais calmos, conseguiu até agora expor à opinião pública.
Por sua vez, no panorama europeu, e até com a zona do euro a lançar ameaças de que essa moeda única se encontra em riscos de ser abandonada, a imagem não é também animadora e até o grande perigo de terminar tal via de união (para os países que a adoptaram, o que só sucedeu com 17 dos 27 membros da União) esse mesmo poderá ser o princípio do fim e que cada qual se desenrasque como puder.
Face a tal fatalidade e com a agravante de que cada um tenha de encontrar a eventual salvação dos maus momentos que já se encontram a passar, a pergunta que todos nós, portugueses, devemos fazer é simplesmente: Como solucionar isto?
Desde logo, será inevitável renegociar com a troika, procurando obtendo bastante mais tempo para se efectuarem os pagamentos e a diminuição dos juros que foram aceites nas alturas dos apertos, usando então o vício tão nacional do “logo se vê” e deixando para depois as preocupações.
Quando são, neste momento, os próprios bancos portugueses a clamar por dinheiro vindo do Banco Central Europeu, pois necessitam de satisfazer os inúmeros pedidos de financiamento de empresas públicas e privadas e essa é a sua forma de obterem lucros, tanto mais que se habituaram no período antecedente e durante largo tempo a solicitar fora verbas volumosas a juro baixo para emprestarem dentro de portas a juros mais elevados, perante também esta fragilidade que atinge os negócios bancários, chega-se à conclusão que não são abundantes as áreas que, no seio das nossas fronteiras, se encontram em condições de fazer crescer o País.
Se (como se passa agora, ainda que o ministério de Passos Coelho esteja a suportar as consequências de umas atrasadas governações, especialmente a última) os políticos profissionais, quando se propõem e aceitam assumir os cargos, sabendo já com o que contam, e se escusam com os antecedentes, isso não pode servir de desculpa e muito menos de darem ares de surpresa com as descobertas. Porque tudo estava mais do que previsto.
Se é um caminho cada vez pior o que nos está reservado, pois que se façam todos os esforços, sobretudo os impossíveis, para mudar de rumo. E, devo afirmá-lo, a anulação tão tímida dos feriados e das “pontes”, de que o lº de Dezembro é uma amostra e que ontem terá sido o último a ocorrer, é, pelo menos, um sinal de que se começa a levar a sério o que tem de ser mostrado como exemplo, se bem que, nem isso nem as tais meias horas de aumento de trabalho em cada dia possa produzir efeito prático e visível, pois que os portugueses necessitam não é trabalhar um pouco mais, mas sim trabalhar melhor nas horas de actuação das suas profissões.
O que um Governo, consciente das prioridades para mudar radicalmente o nosso ritmo de produção, tem de fazer é estudar as opiniões dos que, mesmo na escrita, são apresentadas. E eu, neste meu blogue, tenho indicado vias práticas. Mas não me calarei enquanto tiver forças para o fazer. Vejam o que está registado nesta página e o que continuarei a fazer, com a convicção de que não é só no dinheiro que temos de ter cuidados, mas também e sobretudo na economia, que essa tem de chamar a atenção dos governantes que parece andarem distraídos…
É preciso salvar o País do descalabro que está há tempos com o pé dentro da porta, deixando para outras alturas as posições ideológicas, especialmente as mais radicais. Quem não proceder assim, o mínimo que se lhes pode chamar é que está a colocar a sua posição política acima do interesse nacional. E isso não tem perdão!

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