quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

MARIMBANDO

SERÁ ESTA A OCASIÃO para, tanto em Portugal como por essa Europa fora, estarmo-nos a marimbar para o que passa e o que vem já aí?
Ao ler esta expressão lançada por um fulano que se encontra ligado à política nacional, pus-me a perguntar a mim mesmo se, de facto, o melhor que todos nós temos que fazer é não ligar nenhuma aos acontecimentos que ocorrem à nossa volta e aguardar, de olhos fechados e a consciência castigada, apenas deixando que a fantasia possa reinar na nossa cabeça, posto que essa, a imaginação, se o quisermos será brilhante e apetecida de viver.
E isso, porque o arrepelarmo-nos face às gravíssimas penas que temos de suportar, já agora e pior ainda no ano que se avizinha, não melhora nem adianta absolutamente nada que possa afastar os maus presságios que são lançados pelos governantes. Assim, o que eu vou deixar neste meu blogue e na altura das clássicas Boas Festas, é apenas um passagem rápida sobre os acontecimentos que se anunciam e que nos porão ainda mais assustados do que aquilo que andamos.
A rectificação ao Orçamento do Estado, que se encontra ainda em Belém a aguardar que o Presidente da República a promulgue ou a recuse subscrevê-la (o que não é provável, por não existir em Cavaco Silva ideia sobe a forma de solucionar o problema que temos pela frente), esse documento dá mostras de inscrever no próximo ano mais 478 milhões de euros para pagar as pensões dos bancários, visto que os milhares de milhões que o Estado recebeu ao tomar a seu cargo as liquidações sucessivas dessas reformas já deram entrada nos cofres do Estado. E andamos nisto, num tira aqui e tapa ali, mas com o futuro cada vez mais comprometido e o actual bem castigado.
Mas isso de nos estarmos marimbando para tudo o que constitui a circunstância de ainda estarmos viços, essa indiferença não liga com a imposição que a Troyka nos fez de serem despedidos, até 2014, 30 mil funcionários públicos, tanto no Governo central como nos municípios, enquanto, no sector privado já saíram e v irão a caminho novas legislações que facilitam o despedimento de pessoal sem necessidade de serem seguidas regras que facilitam o “pôr na rua” os empregados que não sejam necessários.
Enquanto isso, também na Madeira a autonomia que concedia a Alberto João Jardim a gestão do arquipélago, essa qualidade é-lhe retirada, sobretudo na área da economia e das finanças, o que pôs o seu agora pouco chefe, numa atitude de fúria ainda maior do que é costume ver nele, pelo que até poderá suceder que por aquelas ilhas surja o grito do Ipiranga… o que não é viável pela falta de meios que ali sempre se verificou, não podendo viver apenas dos seus próprios meios.
As decisões que o conjunto de governantes tomaram para enfrentarem os problemas do País, o que ocupou um fim de semana dos “desgravatados” mão podia consistir noutra coisa que não fosse o contrário do marimbanço, mesmo que as medidas que foram encontradas não tenham encontrado uma forma de fazer com que a população nacional não se atormentasse mais do que aquilo que está. Apesar de eu estar em desacordo com algumas das posições que o actual Governo tem tomado, não posso deixar de reconhecer que se, por um lado, aparecem como fazia o grupo de José Sócrates, a mostrar um optimismo doentio e, por outro, põem as cartas na mesa e falam a verdade, nua e crua, com o anúncio das desgraçaas que ainda estão para vir, nenhuma das duas posições merecerá aplausos e haverá sempre quem se escandalize por querer ouvir e ler exactamente o contrário do que foi expresso. É o preso por ter cão e também por o não ter!
Agora, quem se prontifica para assumir as funções que lhe correspondem como governantes de um País em enorme dificuldade, não tem que se lastimar e só lhe resta submeter-se a aplausos, se os houver, e aos assobios, como já está a acontecer até a Pedro Passos Coelho que, há dias, se viu nessa situação. Porém, o que estes homens do Executivo ainda não entenderam é que essas cerimónias das inaugurações, em que aparecem umas comitivas dos “penduras” que, pelo menos, se deliciam com os “lanchezitos” que têm lugar, para além da paralisação dessas personagens que, estando ali não podem ocupar-se dos seus deveres e, ainda por cima, fazem gastar combustíveis com as deslocações, esse gesto de não querer “acólitos” nesses casos não desapareceu nos hábitos que vêm do tempo monárquico e que se desenvolveu largamente durante a ditadura.
Não vou continuar com uma lista enorme de acontecimentos que não podem admitir o marimbar-se que a população possa estar a fazer. Se o procurar não encaixar muito no íntimo as incomportáveis misérias que a vida tem estado a proporcionar e se prepara para aumentá-las ainda mais, pode isso representar uma fuga à realidade, mas não é maneira de se fugir dos efeitos de tais pancadas.
Eu, por mim, infelizmente não me marimbo. Não consigo!

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