segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

UNIÃO FAZ A FORÇA

ENTENDO PERFEITAMENTE O MOTIVO que leva certos políticos da nossa praça a darem mostras de uma aversão suprema em relação aos dois parceiros europeus que se apresentam sempre como formando uma equipa muito unida, chegando a levar tal animosidade ao extremo de os acusar de pretenderem dominar toda a Comunidade. O que leva esses furiosos a trazer para a praça pública o seu descontentamento feroz em relação aos chefes da Alemanha e da França assenta, sobretudo, no facto de ambos estarem inscritos em partidos ditos de Direita, sobrepondo esse facto ao que deveria interessar verdadeiramente e que é o de se verificar se essa parelha traz algum benefício ao conjunto do continente europeu que não há maneira de encontrar uma união autêntica de interesses, tanto económicos como financeiros, pois que é isso que mais deve preocupar todos os comandantes de cada País e não as famílias políticas a que pertencem.
Por meu lado, ainda que entenda a excessiva ligação de Sarkosy a Merkel, pois tudo indica tratar-se de uma defesa do representante gaulês que, como se está já a entender, os franceses não se situam numa posição muito confortável e necessitam do apoio da Nação mais forte no conjunto de todos os parceiros, mesmo assim não julgo que essa situação dê azo a críticas ou até a constituir uma caso anedótico de um “namoro” falsificado, porque numa altura em que a Europa dos 27 tanto necessita de formar um bloco consciente das dificuldades que se apresentam, em lugar de se levantarem oposições despropositadas por parte de alguns membros que, tendo aderido a uma causa, desejam manter certas diferenças e até pondo-se a jeito para se situarem “a meias” no que diz respeito ao que esteve na origem da sua adesão, muito embora eu não dê muita guarida a junções políticas, mesmo assim reconheço que esses dois países foram os que tomaram a iniciativa de propor a realização de uma Cimeira que tinha como objectivo procurar pôr todos os membros a raciocinar sobre o problema geral e convidá-los a retirar certas reticências e a moldarem-se mais rigidamente ao interesse do conjunto.
Um mérito teve esse encontro em Bruxelas: o de distinguir os países que compreendem o problema e dão o máximo que podem para que se verifiquem mais convergências do que afastamentos, o que quer dizer que, no mínimo, ao obrigar o nosso Continente a demonstrar inequivocamente as posições dos seus membros, descortinando o que estava ainda pouco esclarecido de que funcionam com andamentos diferentes e com duas velocidades não coincidentes, perante essa revelação, pelo menos aqueles que se encontrarem com um atraso em relação ao ideal terão de actuar com maior empenho para não caírem num fosso que os leve a permanecerem dependentes dos empréstimos externos continuados e da não evolução das suas economias.
No nosso caso, há que dizê-lo, ainda que persista na manutenção de um ponto de vista que considero ser adequado às circunstâncias de vida que atravessamos, ou seja de que valeria a pena que o exemplo germano/francês fosse seguido por outros membros da Comunidade, o que, no que a nós concerne, representaria a formação de um bloco denominado Ibérico, em que Portugal e Espanha defendessem os nossos interesses prioritários, ao não se terem dado os passos nesse sentido (o que, em qualquer altura, podem surgir) conviria que os dois líderes de um lado e de outro da Península fossem trocando opiniões e formando o conjunto que, dessa forma, teria muito mais força do que cada um isoladamente. É evidente que nessa posição tal como noutra, o serviço a prestar só poderá ter interesse se o objectivo for o da unidade europeia económica e financeira e nunca a da consistência política, pois que esta, com o valor inegável que representa, não é a que poderá estar na base do fortalecimento dos meios materiais que permitem a resistência a todos os abalos que as crises idênticas à que nos assola causam.
A política é essencial na vida de uma Nação, mas sem um mínimo de consolidação de base de uma economia não é possível arregimentar as populações a juntarem-se em redor de uma causa. Pela via da fome unem-se os reclamantes. Na prosperidade juntam-se as ideologias.

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