segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

RECOMENDAR É FÁCIL

QUANDO UM PRIMEIRO-MINISTRO, em entrevista pública, dá o conselho para que os professores portugueses emigrem para obterem melhores condições de vida, eles e as suas famílias, coisas que, nas condições actuais, não são conseguidas no nosso País, perante esta declaração e sem tomar uma posição precipitada e política com o ar de escândalo e como as que têm sido proferidas por parte de elementos das oposições ao Governo, prefiro e considerando essa proposta no mínimo infeliz, por muito consciente que seja por parte do seu autor que, reconhecendo não ter nas mãos, segundo parece, a solução dos múltiplos problemas por que passa Portugal, decide expor, com toda a franqueza, aquilo que pensa ser melhor para uma parte importante dos naturais deste nosso País, sujeitando-se, como admito que constituiria uma convicção do próprio político, a toda a sorte de críticas que, inevitavelmente, apareceriam no largo espectro de portugueses que andam descontentes com o que está a ocorrer nesta nossa Terra.
Mas, se por um lado, Passos Coelho afirma que “”Portugal começa a crescer em 2013”, então menos aceitável terá de ser este desabafo de “empurrar” para o exterior gente nossa que, por sinal, se situa numa área que tem de merecer o apoio dos poderes soberanos portugueses e que, nos tempos atrasados mais próximos, tem sido alvo de diferentes medidas do sector educativo e, simultaneamente, contestações por parte do grupo sindical esquerdista que tem fomentado desacordos que não contribuem para se encontrarem soluções dentro de uma acalmia que ses torna essencial.
Porém, manda o raciocínio, frio e independente de ideologias políticas, afirmar que, chegados que estamos a este tempo de actuação do Executivo, já é possível apurar algum saldo que nos ponha a aplaudir ou a criticar aquilo que faz parte da obra que o grupo de Passos Coelho/Paulo Portas está a deixar quanto à sua actuação. Por um lado e depois do que constitui a “herança” de José Sócrates, é certo que se tratou de um “presente envenenado”, posto que o montante elevadíssimo de dívidas que o Estado tem por liquidar e suportando os juros pesados que o anterior Governo aceitou – talvez, também, porque não terá tido outra alternativa nas condições de aflição que lhe surgiram na altura -, mesmo não se podendo agora afirmar que constituiu uma surpresa tal panorama, o que sim não pode escapar à observação de quem não se encontra vinculado a qualquer dos lados das posições políticas que se mexem por aí, mas apenas tendo toda a atenção fixada no melhor para Portugal, é que, para além do peso quanto à dívida pública que nos “afoga”, o que tem de constituir prioridade é a urgência em criar condições para que a produção do País suba rapidamente e, para isso, há que desenvolver o espírito de facilidades em relação às condições que oferecemos a todas as iniciativas, tanto nacionais como oriundas do estrangeiro, que representem possibilidade de passarmos a exportar mais e que, ao mesmo tempo, utilizem mão de obra nacional que contribua para diminuir o desemprego que tanto flagela os portugueses. Vem a propósito acrescentar que não é com o aumento de meia hora de trabalho em cada dia que se consegue a subida da produção. Não é preciso trabalhar mais, o que é indispensável é que se trabalhe melhor, com mais sentido de responsabilidade na participação de todos em favor de uma produção que crie riqueza para Portugal.
Ora, é preciso dizê-lo, nesta área, os nossos governantes não têm dado os passos enérgicos e rápidos que dêem mostras de terem essa função como prioritária. Também, no capítulo da redução de gastos por parte do Estado, essa medida, ainda que alguns passos tenham sido dados, não foi tomada com a rapidez que se impunha (e ainda existe matéria para que os dinheiros públicos sejam poupados, com o encerramento, puro e simples, de empresas assu7midas pelo Estado que, sendo inúteis, por serem mantidas com o auxílio de verbas dos contribuintes, não há por que ter cautelas excessivas em limpar a sua existência do mapa), pelo que essa também é uma falta que é preciso criticar o Governo pela sua moleza.
E como a imaginação é necessária para, em múltiplas possibilidades que podem ser seguidas – e, neste blogue, tenho tentado contribuir, por exemplo, com a ideia de encaminhar a juventude portuguesa para a área agrícola, cabendo aos municípios a tarefa de distribuir terras sem cultivo e casas que se encontram abandonadas, constituindo um deserto de população -, ora aqui está uma proposta que, em lugar de encaminhar professores para emigrarem, poderia e deveria fazer com que cá ficassem, arranjando-lhes, evidentemente, ocupação e residência, sobretudo a casais.
Atingi, devo dizer, o fim do tempo que concedi ao Executivo actual para que pudesse encarar as possibilidades de salvar o nosso País do pior e, não estando apenas a prever, tranquilamente, “crescimento económico” para daqui a alguns anos. A situação que os portugueses atravessam é, de tal maneira preocupante que não se pode pensar que se tranquilizam com sugestões de partirem para fora para se libertarem do flagelo que se vive agora.
Assim, não conseguirá Passos Coelho, por mais Conselhos de Ministros que se efectuem como o deste último domingo no Forte der S. Julião da Barra, sem gravata para dar a ilusão de que se esteve a trabalhar a fundo, lançar uma réstia de confiança nas cabeças dos portugueses.
Chegou-se a um ponto tal em que, mesmo que sejam anunciadas melhorias ou até “milagres” para daqui a alguns anos, já não há forma de convencer os portugueses que vale a pena aguentarem o pior, sabendo-se até que o período que está à porta e começa em de 1 de Janeiro será de perspectivas dolorosas.

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