Estas mãos
que tanta coisa já fizeram
trabalhos vãos
foram até onde puderam
mas a escrever
foi o que lá conceberam
sempre a temer
pelos erros que cometeram
parem de vez
mãos que teimam sem descansar
pois que talvez
descubram para vosso azar
tempo perdido
e sem nunca encantar
com pouco sentido
sem ter nada para mostrar
mãos bonitas
que já foram muito gabadas
nem as escritas
as mostram agora enrugadas
eram manitas
são hoje umas pouco nadas
já sem visitas
mas engraçadas
hão-de parar
não virá muito longe o dia
p’ra descansar
da que foi grande euforia
uma a outra agarrar
em sinal de letargia
parecendo orar
juntas têm mais valia
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