quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

BELAS PRENDAS!

A NOTÍCIA DE QUE O FMI EMPRESTOU mais euros do que o que estava previsto pela troyka representou uma prenda de Natal que, pelos vistos, constituiu uma simpatia posta na bota na chaminé do nosso País, que foi apanhado de surpresa, tal como sucede quando o Pai Natal deixa ficar um brinquedo para os meninos que se portam bem.
No fundo, tratou-se de um presente destinado aos pobres dos portugueses que, nesta altura, se arrastam sujeitos às maiores maldades que foram pregadas por governantes que estiveram instalados no chamado “poder” e que, não mostrando habilidade para exercer as suas funções, só souberam pedir emprestado para que os nacionais que venham a nascer ainda em Portugal sejam apanhados na ratoeira e tenham a surpresa de deparar com os encargos que irão tornar as suas vidas muito complicadas.
Segundo os estudos que já foram feitos, até ao ano de 2026 caberá aos que cá estiverem a incumbência da pesada obrigação de liquidarem qualquer coisa como muitos milhares de milhões de euros. Nem digo quanto para não apavorar os que lerem este blogue. Mas, se não se verificarem perdões de parte da dívida e até um alargamento do prazo, para tornar mais aceitável o sacrifício que os nossos descendentes serão obrigados a fazer, não pode haver dúvidas de que se trata de um panorama que talvez faça, até, com que as mães, nas alturas dos partos, se desloquem lá fora e não esperem por qualquer recomendação de um primeiro-ministro para que emigrem para um País que tenha condições para lhes dar um futuro aceitável.
É que, se já nesta altura e com o ano de 2012 à vista, os portugueses nem doentes podem estar, posto que as cirurgias nos hospitais públicos, devido a terem sido cortadas as horas extraordinárias aos médicos operadores e às respectivas equipas auxiliares, irão tornar as já longas listas de espera para um tempo que, em muitos casos, não permitirão que as intervenções cirúrgicas actuem a tempo de salvar vidas. Este o ponto a que chegámos, nem conseguindo os pobres enfermos e dependentes das referidas operações, colocarem-se em frente do Palácio de S.Bento fazendo greve, para seguir os exemplos de muitos outros reclamantes que, como por exemplo os pilotos da TAP que, esses plenos de boa saúde, também têm tomado tal posição e, ainda em dúvida, se preparam para clamar por mais ordenado, pelo que vão decidir em assembleia dos sindicatos na sexta-feira que se aproxima quais as datas em que não conduzirão os aviões.
Isto quer dizer que, quanto a prendas de Natal, o nosso País está muito bem servido. Ninguém pensa nos enormes prejuízos que causam a Portugal com as reivindicações que surgem, especialmente nos transportes, em que o paralisarem milhares de trabalhadores constitui a oferta de não terem de ir cumprir as suas obrigações nos pontos respectivos onde fazem os seus serviços, tornando esta nossa Pátria numa diminuição cada vez maior de produção, o que se traduz em empresas que fecham as suas portas e, obviamente, no aumento do desemprego que já se situa na casa dos setecentos mil.
Afinal, o Natal sempre constitui motivo para que as movimentações em diferentes áreas do panorama nacional, podendo, de facto, ser uma circunstância casual, mas, como o que é descrito acima do empréstimo suplementar por parte do FMI, se pode apresentar como uma delicadeza natalícia, pelo menos na imaginação dos seguidores zelosos da praxe do Pai Natal, pois deixe-se que se mantenha, enquanto for possível, o hábito das Boas Festas, que isso também amolece, pelo menos por uns dias, as agruras que os homens provocam uns aos outros.

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