quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

SOMOS ASSIM!...

SOMOS, DE FACTO, UM PAÍS, logo um povo, que tem sempre a tendência para complicar a vida dos outros. E isso verifica-se especialmente nas dificuldades que se põem aos cidadãos para desenvolver qualquer actividade, para obter uma autorização no sentido de evoluir a sua actividade, pois que as instituições derivadas do Poder, desde a craveira mais alta e até aos funcionários públicos que, mesmo sem ocuparem um lugar de grande relevo, fazem questão de complicar e demorar a passagem de um dos múltiplos papéis que os portugueses são forçados a preencher e a assinar, pois que é aí que a autoridade das esferas ao serviço do Estado dá mostras do seu mando, obrigando os pedintes a aguardar largo tempo até que lhe chegue às mãos a permissão de fazerem a sua vida.
Este é o motivo por que muitos dos investimentos estrangeiros que dão mostras de querer alargar a sua actividade a Portugal, acabam por desistir, dado que o dinheiro parado a aguardar o bom acolhimento da nossa parte custa caro e é frequente conhecerem-se situações em que essas propostas de se instalarem por cá acabam por desviar caminho noutras direcções onde as dificuldades não existem.
 Tem sido meu costume assinalar nos meus escritos os defeitos que os portugueses fazem questão de assumir, e isso por uma razão: é que somos nós, cá em casa, que devemos fazer todos os esforços para melhorar aquilo que não nos beneficia, e ficando calado, com o complexo de que poderão acusar-me de pouco patriota, com essa atitude corremos o risco de atravessar4mos mais uns tantos séculos, iguais aos que se contam desde o nascimento nacional, por iniciativa de D. Afonso Henriques. E aí, julgo que não haverá muita gente que deseje ficar sempre na mesma, especialmente por ausência de quem, do nosso grupo populacional, não seja capaz de chamar a atenção para o que precisa de ser alterado.
Toda a gente sabe como é difícil, mesmo ao nível das autarquias, ao fazer um pedido para instalar no passeio, por exemplo, uma extensão do estabelecimento (nos casos dos cafés e pastelarias), com chapéus e mesas e cadeiras, o tempo que leva para se obter a necessária autorização, mesmo aumentando as taxas que têm de se liquidar às Câmaras, sendo preferível dar o necessário passo e aguardar depois pela multa, o que, dizem, sai mais barato do que é necessário pagar na altura da petição. E isso quando se trata mesmo de criar emprego, que deveria constituir uma preocupação das ditas autoridades.
Este é um pequeno exemplo das complicações que os portugueses – porque são todos, os que autorizam e os que são autorizados, nacionais deste País – tanto gostam de aplicar, para mostrar quem manda, ainda que mal.
Depois, perdemos todos tempo com situações que, em face agora das enormes dificuldades que o País atravessa, deveriam ser postas de parte. E são diariamente esses caos que preenchem os noticiários, contornando aquilo que merece ser atendido, por constituírem passos importantes da nossa vida, pelo que a opinião pública fica entretida a tomar conhecimento de “biscates”, parecendo ser de propósito para que as aflições maiores passem despercebidas.
Vem mesmo a propósito neste momento sublinhar a importância que tem sido dada à existência da maçonaria – ordem esta que tem centenas de anos e que são as ditaduras as que não autorizam a sua prática, só porque são consideradas secretas, isto é, não passarem para o exterior os princípios que regem o agrupamento -, quando o que nos deve afligir seriamente são os problemas que, esses sim, podem constituir uma mudança de fundo no dia-a-dia dos concidadãos nacionais, como é o desemprego, a baixa produção e o abandono das terras agrícolas e da actividade pesqueira. Mas há outras actuações que os governantes deveriam fazer os possíveis para que se verificasse entre nós um interesse profundo em actuar positivamente.
O caso do acordo ortográfico, que tanto interesse em entrar em funções tem estado na preocupação das altas esferas, fazendo com a língua lusitana se acomode ao que se fala e escreve nos países que fizeram parta das Descobertas no século XV, esse acomodamento ao que, por exemplo, os brasileiros utilizam na sua escrita, é outra das atenções excessivas que deveriam ser postas de parte, pois que, em situações semelhantes no caso do inglês, que os britânicos usam, não é modificado em relação ao que se pratica nos E.U.A, Canadá, Austrália, África do Sul e todos os locais onde a língua é utilizada.
Faz-me pena contemplar esta nossa tendência para, nuns casos, sermos subalternizados a situações estrangeiras e noutros fazermos fincapé em mostrar a nossa autoridade… só que isso só se utiliza em relação aos cidadãos portugueses, os que mandam e os que obedecem. É uma lástima!...

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