domingo, 22 de janeiro de 2012

DESCONSOLOS

POR MAIS QUE SE QUEIRA andar afastado das preocupações que os diversos governantes de Portugal nos têm criado (refiro-me, como é óbvio, aos cidadãos que fazem questão de andar a par dos problemas e das –des- ilusões que sofrem frequentemente), os adiamentos, as molezas, o desinteresse que se verifica constantemente em solucionar problemas que, por difíceis que sejam de levar a cabo, não são aceitáveis que se mantenham, pelo o que apetece é tomar o lugar de um dos responsáveis pelo comando das operações do Estado e actuar de vez para colocar as coisas nos eixos, como se diz popularmente…
Refiro-me hoje à situação que se prolonga há um ror de anos e que não há maneira de ser solucionado: ao diferendo que foi criado entre a Câmara Municipal de Lisboa e a empresa Bragaparques, mantendo-se com o ar de desleixo quer o antigo Parque Mayer quer a antiga Feira Popular, ambos locais de relevo da nossa capital e que, por estes dias, veio de novo à baila em virtude pela condenação a cinco meses de prisão ou, na alternativa, 200 mil euros de multa, pelo Supremo Tribunal de Justiça ao dono da empresa bracarense, por ter tentado subornar, em 2006 – já lá vão 6 anos! – o vereador da C.M.L., José Sá Fernandes, para que este não desse apoio a uma acção popular de contestação ao negócio de permuta dos terrenos do Parque pelos do Campo Pequeno, onde existia a Feira Popular. E esta medida aplica-se quando se encontrava já quase em data de prescrição o crime do empresário em questão!…
Mas com condenação ou sem ela, a verdade é que o aspecto da nossa Lisboa, que é tão linda de origem e que o Marquês de Pombal conseguiu salvar da catástrofe do terramoto de 1755, se mantém com aquelas e tantas outras faltas de um amor profundo para que, mesmo tendo de actuar com mão firme, lhe sejam dados os mimos que tanto merece.
Mas, de facto, analisando profundamente, de uma forma geral, aquilo que se passa em Portugal e a dolência que acompanha as acções que deveriam apelar para a rapidez das soluções – muitas delas nunca chegam a ter esse nome -, chegamos a compreender o motivo por que levamos tempos infinitos a atingir a meta que constitui o ponto final das nossas necessidades.
Por exemplo, leu-se há poucos dias a opinião de alguém bem situado no panorama governativo, afirmando ser incompreensível que não se juntem uns tantos parceiros do grupo europeu, fazendo contraponto à parelha França/Alemanha, por forma a verificar-se uma voz unânime que tenha como objectivo principal a criação de uma onda unânime de entreajuda, especialmente dos países mais necessitados de apoio de todos os géneros e isso, quando, pelo menos por meu lado, se tem apelado para que os dois países ibéricos, até pela sua posição geográfica mas também pelo entendimento de convivência que mesmo a História nos mostra, e em que esta dupla servisse de exemplo para o resto do Continente, por forma a que outros países se juntassem e nascesse então uma verdadeira força europeia que combatesse, a uma voz, todas as dificuldades, especialmente no que diz respeito ao ataque de que está a ser vítima a moeda única, o euro, que necessita de um apoio real e convincente.
Numa altura em que se deu, por cá, tanto relevo à nomeação de Guimarães como Cidade Europeia da Cultura, acto  de facto relevante e que, aparte vantagens económicas daí resultantes, se trata de uma distinção que muito poderá ajudar a dar realce internacional a um local que, afinal, foi o pólo do nascimento do nosso País que – poucos pela Europa o sabem – foi dos primeiros, senão mesmo o primeiro,  a  inteiramente se enquadrar no mapa das nações europeias.
Mas, como nós do que gostamos é de perder tempo com miudezas, com assuntos supérfluos e de patiozinho das comadres, não somos capazes de enaltecer e divulgar com honra aquilo que nos deve honrar, por isso aqui deixo estas linhas que, como português que sou, não me canso de chamar à colação, pois que devemos ser nós próprios a apontar os nossos erros, não deixando que sejam os de fora a pôr os dedos nas nossas feridas.
É, de facto, um desconsolo…, mas, enquanto existirmos, teremos de procurar sermos melhores em nosso próprio proveito!


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