domingo, 15 de janeiro de 2012

A VERDADE

EU NÃO ESTOU DE POSSE de nenhum elemento que me garanta ser verdade aquilo que veio publicado na Imprensa de que Eduardo Catroga, que foi indicado para exercer o cargo de presidente do Conselho Geral e de Supervisão da EDP, e que garante que este antigo ministro das Finanças e recente membro do grupo que discutiu com a Troyka as negociações para o auxílio que foi pedido e aceite da ajuda financeira ao nosso País, irá auferir um salário mensal de 45.000 euros, acrescidos de outros dez mil, referentes à reforma que já lhe é atribuída. A ser autêntica tal divulgação, não podemos nós todos, portugueses, que, cada um com as suas dificuldades, lutamos contra as restrições que nos são importas pelos condicionalismos a que o Governo obriga, ficarmos indiferentes a tamanha barbaridade, por muito que, neste caso, o dinheiro que é dispendido saia dos cofres de uma empresa que, em grande parte, já está nas mãos dos chineses.
Ao constatarmos que o nosso Presidente da República abdicou de ser beneficiado com o montante da sua reforma como antigo funcionário superior do Banco de Portugal, no que é de aplaudir o exemplo que dá como figura máxima do Portugal de hoje, ficamos perplexos no que diz respeito à falta de atenção que se nota por parte do Governo que nos conduz nesta altura, não metendo mão em verdadeiras selvajarias que se verificam em muitas áreas da nossa vida actual, pois já basta que, por exemplo na área do futebol, se paguem autênticas fortunas por alguns profissionais da bola, mas aí a duração da vida desses jogadores não é muito longa e, por outro lado, o Estado beneficia com a actuação desses seres ditos excepcionais, porque arrastam muito público e a intervenção que é feita em diferentes zonas, como na publicidade, que permite distribuir trabalho e dinheiro por outras entidades.
Agora, não se versificar da parte da governação que temos – e esta nem é pior do que outras anteriores, posto que não somos um País que se possa gabar de possuir gente que se qualifique muito acima da generalidade dos habitantes – uma palavra que mostre que não andam distraídos os elementos que forma o conjunto do Executivo, e que, por muito difícil que seja a intervenção neste particular das condições que as empresas estabelecerem para pagar aos seus administradores (embora neste caso e noutros, o Estado faça parte do capital e até da maioria do mesmo), posto que, quanto mais não seja para mostrar que se verifica uma reacção adversa do primeiro-ministro e dos seus colegas a este tipo de gastos que, obviamente escandaliza toda uma população que se encontra altamente prejudicada pela dita recessão que cada vez se mostra mais apertada.
E como se isto não bastasse, o facto de ter sido tornada pública a decisão, por parte da empresa que tem gozado de uma excepção em condições no capítulo dos lucros que vem obtendo, a Jerónimo Martins, da transferência para a Holanda da sua sede, arrastando com isso a passagem também dos pagamentos de parte dos deveres fiscais e a devida redução nos quantitativos que caberiam a Portugal, essa actuação que, provavelmente já é seguida por outras empresas que, naturalmente, não se situam na categoria das PMEs, pelo que se trata de uma actuação que não é benéfica para o nosso País.
Mas, quanto isto, é preciso deixar bem expresso que, dado que o dinheiro não tem Pátria, há que tratar estas situações com “luvas de peliça”, pois que, se por um lado, necessitamos de grandes investimentos estrangeiros, sobretudo com o acolhimento por nosso lado de boas firmas internacionais que se instalem dentro das nossas portas e que tragam, com isso, capital, indústria e criem postos de trabalho, se é isso que estamos empenhados em que suceda, não podemos, por outro lado, criar dificuldades nas movimentações de dinheiro, assim como não mostrar facilidades a conceder a tais hóspedes, naturalmente bem melhores do que as que são concedidas aos investimentos nacionais. Trata-se de uma actuação que levantaria enormes reclamações vindas, sobretudo, dos partidos de esquerda, mas que, sendo devidamente explicadas, acalmarão os mais exaltados políticos.
Numa palavra: na situação actual em que, por toda a parte, se verificam imensos problemas para que, quer a nível individual, das famílias, quer no campo do empresariado, se consiga uma bem visível luta para que se conseguir sobreviver, não é fácil governar o nosso País, mas será sempre o bom senso e a honestidade de actuações que terá que se sobrepor às tendências de escapar às críticas, porque essas sempre têm de haver, e ainda bem, pois que a Democracia cria essa facilidade: a de fazer e a de criticar.    

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