quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

NOMEAÇÕES

NUMA EXPOSIÇÃO PÚBLICA que o primeiro-ministro entendeu dever fazer para, no seu entender, prestar contas no que diz respeito às nomeações que o Governo sob o seu mando fez, fez até agora, nos inúmeros cargos que são ocupados por individualidades da responsabilidade do poder na ocasião, essa demonstração, que incluiu quadros que, através da televisão, pouco representaram, teve, na minha observação, algo parecido com um pedido de desculpa que não vinha a propósito. E eu explico porquê.
Na verdade, ninguém pode pôr dúvidas de que, numa empresa tal como na política, os lugares que se encontram ou ficam vagos, ao terem de ser ocupados não o serão logicamente por pessoas que sejam adversárias do ou dos partidos que formem o comando. O contrário constituiria, logo à partida, uma entrega ao “inimigo” dos pontos fulcrais que devem ficar nas mãos dos sustentadores da política a seguir. Os que acusam este Executivo de “dar emprego aos boys”, se se encontrassem na posição contrária teriam de sofrer as mesmas acusações, posto que teria de ser gente da sua confiança a receber as ordens e indicações dos que se situavam na posição superior.
E é por isso mesmo que eu considero ridícula a explicação que Pedro Passos Coelho pretendeu dar aos portugueses, pois que bastaria a firmar que, de facto, tinha dado ordens para que as ocupações dos lugares que passavam a estar sem titulares fosse gente competente, isso sim, com um passado que desse o mínimo de garantias que não iriam praticar asneiras, mas que, sem dúvida, se integravam na lista dos seguidores da política do seu grupo. A isto chama-se falar claro e não ter medo de que venham os opositores, como sempre fazem, lançar atoardas sobre as ideologias dos favorecidos com os novos empregos. O que sim seria importante, é que surgissem sempre as regalias, as remunerações e outros favores que, de uma forma geral, são oferecidas aos sortudos com os lugares que, naturalmente, lhes trazem uma melhoria de vida.
Se, mais tarde, se verificar que os escolhidos não correspondem, pela sua actuação, ao que lhes deve exigir como cumprimento, então, nessa altura, não pode faltar a crítica, em primeiro lugar do próprio chefe do Governo, declarando que errou na autorização dada a quem recomendou e não escondendo mesmo quem foi o autor da indicação que claramente lhe criou o problema. Temos de ter presente que assumir um erro é algo que o ser humano, de uma maneira geral, não tem a coragem de fazer, o que, especialmente no exercício da política, sucede com grande frequência.
Só a família que nos calha é que é algo que não se pode escolher. Temos de aceitá-la e assumir os seus procedimentos. Quando muito, a única possibilidade é o afastamento, mas se o seu apelido corresponde ao que nós também usamos, aí o preferível é tentarmos ajudar naquilo que estiver ao nosso alcance. E se essa situação se dá também com cargos públicos, o que tem acontecido por vezes, então actuar radicalmente com a sua demissão é a única maneira de darmos conta aos outros de que cumprimos o nosso dever e que o Estado não tem de sofrer as consequências. Pode custar, mas a ética e o bom senso tem de estar acima de tudo.
        

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