segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

VIZINHOS UNIDOS

COM A EUROPA CADA VEZ MAIS distante no que diz respeito à união que deveria existir de todos os membros de uma comunidade que se criou exactamente para que não se verificassem grandes diferenças de progresso e de comunhão de interesses, nós, que nos situamos geograficamente numa posição privilegiada, pois que temos os Pirinéus a demarcar uma zona que não deixa dúvidas quanto a existirem dois países que se encontram, pelo menos em teoria, de mãos dadas, o que deveríamos fazer era constituir um par de interesses comuns que, tal como tem sucedido ultimamente entre a Alemanha e a França, servíssemos de exemplo para que se possam concretizar os propósitos para que foi criada a então CEE.
Mas, apesar de até os Governos que têm estado à frente de cada um dos dois países, primeiro com uma política comandada pela ideologia socialista e agora, com uma direita moderada em paralelo, se identificarem mutuamente, mesmo assim não se verificou ainda aquilo que seria da maior utilidade e que era o de formar uma parelha que servisse de exemplo para que outros membros classificados como mais débeis economicamente e, com tal estatuto, fazerem finca pé na Comunidade europeia para que, de uma vez por todas, se atendessem às necessidades que estão a arrastar uns tantos para uma situação que, deixando andar, acabarão por contribuir para que o sonho europeu termine de vez.
Portugal e Espanha, como tenho vindo a proclamar neste blogue, deveriam ter, já há algum tempo, constituído o referido par com uma ideia concreta de não deixar que os outros referidos países, a Alemanha e a França, dessem ares de querer comandar os destinos do nosso Continente, o que, tratando-se de potências da Europa Central, obviamente não confiança de se preocuparem com as nações que se situam mais nas pontas, quer ocidentais quer as de Leste desta mancha europeia.
Como, até na área política, quer Portugal, que começou primeiro, como a Espanha, em que a queda de Franco se verificou um ano depois, as políticas nacionalistas, que é como quem diz, fascistas, acabaram por cair, tendo ambos aderido à Comunidade Económica Europeia dez anos mais tarde e no mesmo dia, coincidentemente também, têm-se igualizado no sector político interno e, sendo que, em 2010, também ambos os países foram considerados como potenciais falências económicas.
Não sei que mais será preciso para que os governantes destes espaços que constituem a Ibéria, numa Península que parece ter sido formada geograficamente para albergar vizinhos que, com as suas característica próprias, as suas línguas distintas, mesmo com Histórias que, ao longo dos séculos, mostraram as suas zangas próprias de quem não tem espaços idênticos e que, por isso, fez o mais pequeno estar sempre de sobreaviso quanto a eventuais avanços que o mais numeroso em habitantes pudesse ambicionar o domínio de todo o território, já nesta altura em que não se justifica existir alguma preocupação por parte dos países mais cerca de que aqui apareça uma Nação forte que lhes faria sombra, para o que sempre utilizaram a intriga para manter Portugal e Espanha de costas voltadas, o que manda o bom senso e o espírito de fortalecimento em todas as áreas dos seus residentes é que se proceda a uma convergência de caminho a dois na difícil conjuntura que a era actual apresenta.
Da minha parte, agora que se verificou o falecimento de um político que conseguiu pertencer ao grupo governamental de Franco e que, após se ter instalado a Democracia aqui ao lado, manteve a sua actividade continuou a sua actividade na mesma área, pois que, como galego de gema, não se deixou abater pelas circunstâncias diferentes, refiro-me a Manuel Fraga Iribarne que, por sinal, pertenceu ao grupo de activos que tive ocasião de entrevistar quando ele tomou posse do lugar de ministro da Informação e, nessa altura, há para aí 50 anos, tinha acabado de chegar ao grupo que constituía o Governo franquista, em tal período, em que não se vislumbrava que, na prática, se formasse essa união franco-salazarista, pois Fraga me confidenciou que era partidário dessa junção que, ainda hoje, os galegos olham com franqueza e franca amizade para o país vizinho.
Eu, ainda que excessivamente tarde para que os resultados de progresso possam ser aproveitados nos dois lados da fronteira, assim mesmo mantenho a convicção de que esse poderia ser um dos “milagres” que portugueses e espanhóis têm ocasião de aproveitar. Tudo depende do tempo que levar a que os governantes dos dois lados encarem tal passo. Se “acordarem” tarde de mais, então que cada um chore por seu lado, mas não será por juntarem as lágrimas que nos salvaremos da agonia final.
E, dado que a Espanha, tal como a Itália, foi hoje avisada pelo FMI de que, se  não actuar rapidamente, corre o risco de cair na banca-rota, mais uma razão para não adiar o que poderá ser uma salvação, pelo menos, para os nossos vizinhos...

Sem comentários:

Enviar um comentário