quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

CLIENTELISMO


ACONTECEU AGORA EM RELAÇÃO À EDP, com a mudança ocasionada com a compra pela empresa estatal chinesa da maior parte das acções, o que deu ocasião a que os accionistas pudessem mudar os elementos da sua administração. Isto ocorre sempre com as sociedades anónimas, pois está nas mãos dos possuidores da maioria do capital o terem a oportunidade de colocarem à frente dos destinos de cada empresa em tais condições as personalidades que mereçam a sua confiança.
Só que, esta mudança no caso da empresa portuguesa de electricidade, e por ter sido o Estado a dispensar as acções que tinha na sua posse – ocasionando a entrada de muitos milhões de euros nos cofres públicos, de forma imediata e dentro doa prazos estabelecidos na operação -, não se tratando de uma mudança normal no panorama da nossa economia, não podia faltar que as atenções políticas, especialmente por parte das forças das oposições ao Governo, se concentrassem nas escolhas feitas pelo detentores do poder, o PSD e o CDS, e de imediato saltaram os comentários críticos, acusando de clientelismo os que tiveram mão em tais nomeações.
É óbvio que as figuras que foram indicadas para ocupar as posições administrativas da EDP têm de fazer parte do grupo de fiéis seguidores dos dois partidos acima referidos. Nem seria normal que fosse de outra forma. Mas a questão que se põe é a de que, se o Governo fosse composto por outros partidos, os elementos que iriam ocupar os mesmos postos – naturalmente bem pagos e em condições invejáveis que agradariam a qualquer cidadão ter tido essa sorte - , não aconteceria o mesmo, ou seja não recairiam as escolhas sobre elementos que pertencessem ao seguimento partidário e merecessem a confiança dos então governantes. A resposta a dar não é necessário ser exposta. E o mesmo está sucedendo nesta altura no que diz respeito às Águas de Portugal, posto que se trata de uma matéria que calha mesmo bem aos adversários dos partidos que se encontram no poder, para atacarem com o argumento dos “favorezinhos” que o PSD e o CDS fazem aos correligionários que se encontram disponíveis para entrar na onda dos empregos bem pagos.
O mal disto tudo é que, no regime Democrático que se segue em Portugal, como naturalmente em todos os países onde o mesmo regime está instalado, os homens, com a sua habitual disposição para dar preferência aos parente, amigos ou seguidores da ideologia política nos favores que prestam e também na expectativa de se verificar o pagamento se um dia a roda da sorte confie a esses favorecidos a posição contrária –pois neste mundo, e neste caso pode-se usar o mesmo ditado popular, de que “cá se fazem cá se pagam”! – pelo que se verifica, sejam quais forem as forças públicas que esteja na berlinda, sempre a mesma atitude.
Daí que o chamado “clientelismo” seja a norma aplicada sucessivamente, bastando mudar a posse dos elementos governamentais para, de seguida, se presenciar o espectáculo do que se classifica como favor aos “afilhados”, isto é, o depósito em mãos confiáveis algo que, sendo valioso, não pode ficar à mercê dos elementos que se sabe antecipadamente que não pertencem ao grupo de quem tem a possibilidade de escolher.
O que tem servido de “prato forte” da comunicação social destes dias, ou seja a acusação de que os chamados maçons se protegem uns aos outros, tal como sucederá aos membros do Opus Dei, essa atitude não merece o mais pequeno comentário, posto que não é segredo para ninguém que o mais natural é que um membro de uma família procure servir um parente quando se proporciona a oportunidade de entregar um lugar que esteja à disposição do ofertante.
Dediquemo-nos preferencialmente a discutir as formas de resolver os graves problemas que temos às costas no nosso País e deixemos que estas situações que pertencem ao âmbito do mais natural nas acções do ser humano, com elas não percamos tempo e palavreado. É gasto de tempo e não se resolve nada com a sua discussão.

Sem comentários:

Enviar um comentário