sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

ORTOGRAFIA PORTUGUESA -NOVA?

COMO TEM SIDO CONSTATADO pelos leitores deste blogue, eu não aderi ainda (e espero não andar por cá na altura em que a mesma for obrigatória, lá para 2015) à ortografia dita actual, em que a língua portuguesa se sujeita a modernizações impostas por decreto, alterando-se a forma de escrever que nos foi ensinada, a nós, os da minha geração, e de que não existe motivo para nos termos de submeter a formas utilizadas por países, que, embora considerados e bem lusófonos, receberam o ensinamento da escrita da portugalidade que lá foi chegando ao longo de séculos, nomeadamente o Brasil que, tendo-se tornado numa potência pela sua grandeza de território e também pela expansão populacional e económica, sobretudo nesta altura que dá mostras de ter um peso de produtividade e, por isso, financeira dignas de louvores, não constitui razão para que tenhamos nós de modificar as origens do nosso idioma escrito, o qual, tendo-se vindo a actualizar ao longo da nossa História, pelas naturais mudanças que o nosso próprio povo vai introduzindo, não será pela sua adaptação à forma seguida por um filho que foi nosso aluno, que teremos que nos submeter à pouca verticalidade de uns tantos “patrões” políticos em que não se reconhece qualidade nem conhecimentos suficientes para quererem fazer o que, por exemplo, a Grã Bretanha não fez nunca em relação aos E.U.A. ao Canadá, à Austrália, à nova Zelândia, à África do Sul e em todos os locais em que o inglês se fala e se escreve, deixando que, em cada sítio com a sua forma particular, mas que não obriga a que a origem linguística tivesse de ser modificada num espírito tristonho de existir uma “inglateridade”.
Não é por ocorrer esta imposta mudança que a nossa língua alcança maior expansão de qualquer espécie. Antes pelo contrário, só provocam confusão e dúvidas as mudanças que só destroem aquilo de muitos nos devemos regozijar, por ser uma continuação da língua usada por tão ilustres génios do português, em que se incluem Luís de Camões, Fernando Pessoa e todos os autores de literatura exemplar que fazem parte da riqueza que nos enche de respeito pelas obras publicadas ao longo dos anos.
Cada local, até mesmo no interior do nosso território continental e ilhéu, utiliza as suas forma específicas de pronunciar as palavras portuguesas e isso só representa a riqueza que se junta para dar um cariz próprio ao português falado, sendo também que existem maneiras diferentes de apelidar certos instrumentos de uso corrente. Mas isso não leva a que o resto do território adopte como suas as particularidades de cada zona. Até na escrita literária, têm existido escritores que se serviram de expressões específicas de certas áreas geográficas nacionais para enriquecer as suas obras. Aquilino Ribeiro é um exemplo bem conhecido de se servir da linguística beirã, o que não o tornou, de maneira nenhuma, como um deturpador do português.
O que diriam Eça de Queiroz, Alexandre Herculano, Camilo e todos quantos enriqueceram a língua pátria, se, nesta fase de mortificação do que nos é mais rico, tivessem de modificar completamente os textos que têm de ser lidos pelos alunos que devem aprofundar os conhecimentos do que nos foi deixado pelos antepassados, mesmo que algumas aliterações tivessem sido introduzidas, mas nunca para unificar com antigas colónias ultramarinas. De facto, o “ph” em vez de “f”, teve de sofrer a mudança, mas não porque no Brasil se fizesse questão de não utilizar as “pharmácias”.
Quando a nossa maior preocupação deveria residir na produtividade do nosso País e de encontrarmos formas praticas de acabar de vez  com o desemprego, uns tantos ditos “académicos” dedicam-se a retirar os “hifens” e as letras consideradas mudas, que é o que fazem os brasileiros.
Esta revolta merecia que o Carvalho da Silva, ainda antes de deixar a CGTP, organizasse uma manifestação que mostrasse bem a revolta muda de muitos dos lusitanos por terem de andar “às aranhas” sem saber como devem escrever esta ou aquela palavra.
Eu, por mim, para dar um ar de que aderi a esta ridícula moda, imito a fala brasileira quando, sentado muito repimpado, diz a alguém que telefona a pedir a comparência urgente: “Estou indo!...”
E acabo este texto com um: “Fui!...”

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