quarta-feira, 2 de novembro de 2011

RTP - POUPAR

BEM PODEM ALEGAR os leitores que seguem este blogue de que existem em Portugal assuntos bastante mais importantes do que este de se referir à situação actual da Rádio e Televisão Portuguesa. E terão alguma razão. Mas, por outro lado, como a atenção de todos os portugueses – e não só os responsáveis governativos – deve estar voltada para, cada um por seu lado, reduzir os gastos de todas as espécies por forma a contribuir-se para que as dificuldades enormes em se suportar os dias já tão penosos que suportamos, mas também e sobretudo os que surgirão a partir do ano de 2012, possam não constituir a completa desmotivação de continuarmos a ser portugueses, por esse motivo e dado que, os que não idade para isso, não podem optar pela fuga para outros países, como está a acontecer em larga escala por parte da juventude nacional, cabe aos que cá ficam a responsabilidade de estarmos o mais atentos possível no que se refere a dispêndios que o Estado mantém e que têm de terminar quanto antes.
Feito este preâmbulo que, no meu ponto de vista, não se trata de uma conversa fútil, em particular porque o que está a ocorrer com a Grécia nesta altura é uma prevenção para que a sua enfermidade não se pegue a este extremo da Europa, considero que a volta que o Executivo dá indícios de pretender levar a cabo seja feita o mais rapidamente possível e com mão e cabeça que não sejam acusadas de falta de virilidade.
É sabido, pelo menos por aqueles que acompanham estes casos com o mínimo de atenção, que a estação oficial de televisão não tem cuidado, antes e mesmo nesta altura de apertos, por diminuir os gastos que ali se praticam e que caem inopinadamente sobre o Estado. Basta ver as listas de funcionários que participam nos programas que são apresentados e em que desfilam nos écrans dezenas de nomes que, aflitivamente para os pagantes – todos nós, os pagadores de impostos -, tirando mesmo a vontade de assistir a tais apresentações.
Para já, a diminuição de 5 para 3 administradores da RTP constitui um primeiro passo exemplar, faltando saber que salários lhes são pagos e de que benesses usufruem, pois que é corrente serem aplicadas concessões caras, como as que se referem ao uso de viaturas, geralmente “chiques”, que são escolhidas pelos usuários, por aí em todos os lugares de relevo suportados pelo Estado. Mas o que tem de ser feito, quer na televisão oficial como em todas as empresas estatais, é não deixar aos que se sentam nos postos de comando dessas categorias que ultrapassem regras de conduta que resultem em benefícios que aplicam a si próprios.
No que se refere concretamente à televisão que tem a seu cargo o cumprimento de um serviço público, há que retirar-lhe o espírito de competição com as congéneres privadas, não existindo a preocupação primaria de examinar os “shares” e o número de assistentes, posto que esta ânsia é que leva a que, por vezes, não se olhe a gastos apenas com a preocupação de se ser mais visto pelos espectadores do que os outros. Bem sei que, pelo lado de se convencer os meios de publicidade de que a sua entrega de anúncios à RTP é compensatória, no que a isso diz respeito existem formas de canalizar os anunciantes para a estação oficial, sendo que os preços propostos têm uma palavra a dizer.
Mas, não se pode aceitar que se continuem a manter sucursais que façam também competição em relação à sede. Que o Porto, o Algarve, as Ilhas e todas as actuações que obrigam a que se mantenham funcionários que carregam muito nos orçamentos façam parte, pelo menos nesta altura, do conjunto que emite programas. O existir apenas um canal que cubra todo o território e que chegue lá fora, sobretudo aos países onde temos uma larga mancha de emigrantes portugueses, o manter-se o sector que se reveste da maior importância para que não sejam ignorados os nossos compatriotas que foram forçados a avançar para longe da Pátria, isso constitui também um serviço público, da mesma maneira que os programas devem ser escrupulosamente escolhidos, sempre com a intenção de servir os habitantes nacionais, estejam eles onde estejam.
Claro que não é fácil pôr em pé esse tipo de programação que não caia no maçador e, por isso, não atraia os espectadores, pelo que o teatro, a poesia, a literatura, a música portuguesa, as intervenções de actores da nossa nacionalidade, tudo isso deve ser preparado por quem dê provas de que é capaz de atrair as audiências sem cair no pesado e no desinteressante.
E é isto que eu julgo ser importante referir no meu blogue. Haverá quem não pense do mesmo modo. Que a firme que, nestas circunstâncias, corremos o risco de perder gente interessada em ver televisão. Mas há que ter confiança que, sendo bem explicada a mudança na RTP, a população acabará por entender o gesto. Mas, claro, o que é importante é acarinhar os profissionais que dêem provas de que são capazes e, nesse caso, a esses sim, é necessário pagar-lhes para que não fujam…

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