segunda-feira, 21 de novembro de 2011

ENTRE OS ANIMAIS, SÃO MELHORES OS HOMENS?

QUANDO EU NÃO ESCONDO, nas múltiplas confissões por escrito que faço, que, de uma forma geral, tenho mais respeito pelos animais do que pelos homens, não estou a pretender sobressair-me e saltar para a mediatização por dar mostras de não confiar muito nos seres humanos.
Mas, se virem as coisas tal como as observo, talvez concluam algo parecido com o meu ponto de vista. E, sem precisar de ir muito longe, ficando apenas por este nosso País, logo descortinamos situações que fazem, pelo menos, levantar a dúvida, o que já seria meio caminho andado.
Os homens, com toda a sua ciência, que assenta também muito no julgar que se é conhecedor absoluto de muita coisa, quando a realidade é bem outra, isto é, de que quanto mais se sabe mais consciência se tem de ter da distância cada vez maior que nos separa da ciência total, esses mesmos indivíduos, que caminham erectos, em confronto com os problemas que a vida lhes apresenta em lugar de tomarem as decisões rápidas para resolverem as questões, preferem deixar passar o tempo, quase sempre por receio de tomarem as decisões e de estarem equivocados, provocando a impaciência e a incompreensão dos povos que aguardam pelas medidas, coisa que, da parte dos animais não se assiste a essa indecisão, pois que se é preciso fazer fazem-no logo.
Eu sei que esta comparação tem o seu quê de ridículo, mas nesta altura em que sofremos, todos nós, dentro de portas mas também fora delas outros sentem o mesmo, não podemos deixar de ficar apreensivos e de deitar mão a qualquer tipo de raciocínio esclarecedor. E vou dar um exemplo:
A situação só agora divulgada, ainda que tenha ocorrido há um bom par de anos, de que um grande número de sujeitos, que estiveram na política, em lugares de destaque, tem vindo a acumular a subvenção vitalícia com rendimentos do sector privado que passaram a receber após a sua saída do postos que antes exerciam, tais como Armando Vara, que recebe por mês 2.000 euros do Estado, por ter exercido as funções de administrador de um banco privado português e de uma empresa construtora brasileira, assim como Ferreira do Amaral, que, como administrador da Lusoponte (empresa que construiu a ponte Vasco da Gama, sobre o Tejo, obra essa concebida pelo mesmo quando exercia as funções de ministro das Obras Públicas), que mete ao bolso todos os meses 3 mil euros da mesma proveniência estatal, como Carlos Melancia, que foi governador de Macau e é agora empresário, sendo-lhe concedido um montante mensal de 9 mil euros, estes que dão mais nas vistas mas que existem muitos em idênticas situações, este apontamento justifica plenamente que se tenha pelos políticos – que são seres humanos – algum sentido de falta de consideração, ao mesmo tempo que passemos a mão, num afago sentido, a um cão absolutamente fiel e a um cavalo que nos conhece e nos dá todo o seu amor.
Uma outra situação pode ser apontada em relação aos custos que os cidadãos portugueses têm de suportar em relação ao montante tão elevado que é necessário para permitir que a RTP mantenha as suas emissões, com uma largueza de canais que, mesmo se não estivéssemos sujeitos à necessidade de redução de despesas, não seria admissível que os responsáveis do Governo apoiassem tal postura. Mas isso ainda se mantém, embora não vá aqui referir os canais que deveriam há muito ter sido fechados, pois o bom senso que deveria existir é coisa que falha muito nas cabeças dos tais homens.
Não me apetece fazer aqui o rolo de circunstâncias que distinguem os seres racionais dos irracionais. Deixo isso para os leitores…
Ainda a tempo e em virtude de se terem realizado ontem as eleições em Espanha para ser encontrado o vencedor para formar governo, tal como se tinha previsto e era anunciado pelas sondagens foi Mariano Rajoy, do PP, quem atingiu esse posto, pelo que, sem ter de dar preferência ao grupo político que saiu vencedor, não posso afastar de mim a esperança de que, nas actuais circunstâncias, essa escolha é mais favorável a que se crie uma atitude de entendimento entre os dois vizinhos ibéricos, tendo em vista que, nos dois lados da Península, existem partidos que estão mais próximos do que aconteceria se se mantivesse o PSOE a encabeçar a Câmara dos Deputados.
Como, neste momento, o mais importante para todos é que, nesta ponta do Continente, se desenvolva uma comunhão de interesses em favor de ambas as Pátrias, pondo de parte ideologias políticas, é por isso que me anima o resultado conseguido na casa dos nossos vizinhos, começa a levantar-se a esperança de que, por esta via, talvez possa nascer um par de países que, neste caso concreto, e pelo facto de serem os seres racionais a tomar as decisões, se consiga que o tal bom senso, mesmo que raramente utilizado pelos homens, sobressaia agora nos comportamentos, ainda que, se se tratassem de animais a decidir, aí revelar-se-ia a amizade e o faro que fosse utilizado levaria a que a conveniência conduziria à aproximação entre as duas partes, não sendo caso para desavenças completamente contrárias ao interesse que juntaria as duas partes.
Vamos a ver o que é que tudo isto dá, se bem que o aperto em que vivemos todos neste momento, não deixe margem para grandes esperas.

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