quarta-feira, 9 de novembro de 2011

GREVES, ELAS AÍ ESTÃO!

É EVIDENTE QUE, EM DEMOCRACIA, as greves, desde que obedeçam aos avisos. Ninguém pode obrigar ninguém a trabalhar e quando são prévios e aos requisitos que as leis ordenam, são perfeitamente legítimas exigidas, por parte dos trabalhadores, alterações ao que estava estabelecido antes ou que, devido a factos novos, impõem renovação do que era anteriormente convencionado, nessa altura os grupos que são formados pelos sindicatos – porque a greve de um só tem solução imediata com o despedimento do faltoso -, com a força que lhes dá o conjunto que tem possibilidades de fazer paralisar por completo uma empresa, nesses casos é que as greves se produzem e, de uma forma geral, com exigência de melhoria dos vencimentos, como pode ser também para reduzir horas de serviço e outras regalias que os empregados consideram essenciais.
Portugal, desde o 25 de Abril e dadas as novas características da política que passou a ser seguida, distante pois da ditadura que aqui permaneceu vários anos, por influência das liberdades que os portugueses tanto desejavam, mas também em virtude da pouca prática em utilizá-las e em confundir com libertinagem a definição dessa expressão tão apregoada pelos “revolucionários de pacotilha”, como eu sempre considerei todos os oportunistas que apanharam o comboio em andamento e logo surgiram a bater no peito apregoando a sua “democracia”, o nosso País sofreu as consequências de um tampão de uma garrafa sair com estrondo entornando-se todo o líquido que se encontra dentro, ou seja, os que antes do acontecimento revolucionário se entregavam abertamente ao sistema e, como no caso de certos jornalistas que eram colaboradores pagos pelo então SNI (e eu conheço bastantes), essas circunstâncias proporcionaram que a tal Democracia tivesse sido mal interpretada e que a Liberdade que passou a viver-se dentro de portas tivesse sido utilizada em proveito próprio de muitos desses seguidores. A Inglaterra, que tem esse estilo político há mais de 300 anos, mesmo assim ainda depara com incumpridores do saber ouvir e com frequência é forçada a chamar à ordem quem não cumpre as regras vitais do regime.
Que dizer, pois, do nosso caso em que a menos má das políticas (como dizia Churchill) só é aplicada há 37 anos e em que, portanto, só os com mais idade é que sofreram as agruras de uma ditadura que não dava ocasiões a que, nem de perto nem de longe, se pensasse em organizar greves.
O que está agora a decorrer da paralisação nos transportes públicos, com os naturais incómodos que provoca no público em geral e que, segundo as contas feitas, faz com que as empresas transportadoras, já por si com elevados prejuízos e a maior parte deles a ser suportados pelo Estado, em virtude de serem obrigadas a parar, especialmente em horas de ponta, ocasionam prejuízos na ordem de 1,2 milhões de euros por dia, sendo que, para além de os funcionários dessas transportadoras não receberem salário em cada dia de paro, um grande número de utilizadores dos comboios, eléctricos, metro, etc., por não poderem chegar aos locais de trabalho não contribuem para a produção de que o nosso País tanto necessita.
Trata-se, portanto, nesta fase crítica que Portugal atravessa, de um verdadeiro atentado contra a força que é preciso empregar para que o afundamento que se está a verificar na economia nacional não seja causador de um fim triste das esperanças que ainda possam existir nalguns portugueses.
Há que fazer todos os esforços para que, no nosso País, não se sigam exemplos perturbadores que se verificam noutras nações, especialmente da Europa, posto que, se o nosso Continente está a dar mostras de falta de dirigentes que sejam capazes de conciliar os interesses da união perfeita, e em que também têm de participar os povos respectivos, posto que são eles que, acima de tudo e de todos, sofrerão com as cabeças perdidas, se isso não ocorrer bem podemos folhear os compêndios que contam os inícios da Grande Guerra Mundial e em que, precisamente na Alemanha de então, apareceu um indivíduo, antigo pinto na Áustria, que conseguiu aglutinar populações inteiras que o seguiram de braço estendido, só porque estavam fartas dos regimes que não os satisfaziam. Esse exemplo, de que os que viveram tal época não se esquecem, é um risco que poderá ocorrer sabe-se lá quando, e, nesse caso, para além das dívidas por pagar que se deixa em testamento, também serão oferecidas ditaduras que, desta vez, precavidas com os tropeções que foram dados, não será fácil fazer cair.
Quem avisa!...

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