quinta-feira, 24 de novembro de 2011

GREVE GERAL RESOLVE TUDO...

HAJA ALEGRIA, ESTÁ DESCOBERTA A FORMA de solucionar os problemas que a crise está a causar. Basta uma greve e se ela for geral, quer dizer se abarcar todas as múltiplas formas de produzir, então os resultados surgirão de imediato e acaba a onda de desemprego, os dinheiros públicos, agora tão escassos, cobrirão todas as necessidades e as empresas passarão a desenvolver-se com um aumento substancial de actividade.
Está bem de ver que nada disto sucede. Que as greves, até hoje, não solucionaram os problemas que puseram os funcionários a beneficiar de regalias e de salários mais elevados ou que substituíram falências de empresas em grandes crescimentos nos negócios. Muito menos que tenham acabado com o desemprego.
Mas observemos, então, com a serenidade que se impõe nas situações mais difíceis de resolver, sem tomar partido por nenhuma das partes, entendendo que os trabalhadores, como membros da população que está a sofrer as consequências da situação que chegou a um ponto que é verdadeiramente difícil de resolver a contento de todos, têm razões para se encontrarem revoltados, especialmente por verem que as suas famílias enfrentam cada vez mais barreiras para encontrar saídas para as suas grandes dificuldades de subsistência, sem paixões ideológicas observemos o que é a realidade pura e crua.
Sendo assim, faz-se a pergunta: então como é que uma greve como a que está marcada para hoje, sendo ela chamada de “geral” e em que os sindicatos, sobretudo a CGTP e a UGT, se põem à cabeça a estimular a não comparência ao trabalho de todas as profissões que existem neste País, sabendo-se, como se sabe, que a grande maioria dos empresários, os que não fecharam ainda as portas, estão a lutar contra todas as correntes negativas que ocasionam uma actuação periclitante que os deixam naquela fase de estar entre o continuar ou o encerrar as suas actividades, como é que se pode admitir que é através de uma paralisação no trabalho que deparamos com todos os problemas resolvidos neste nosso País?
É que não são apenas os funcionários das empresas ainda em funções que, aliciados pelos seus sindicatos, não comparecem nos lugares que lhes competem, mas uma massa enorme de outros trabalhadores nos mais variados sectores, que, sem os transportes públicos que os podem conduzir aos pontos laborais, não têm condições para comparecer e alargam o volume já avantajado de gente que fica em casa e hoje não comparece a cumprir as suas funções. Como haverá muita gente que, aproveitando-se desta atitude de paralisação, mesmo que tenham maneira de se deslocar para chegarem a cumprir os seus deveres no trabalho, se refugiam sob a desculpa de que a ausência de transportes os impedem de chegar até ao sítio da laboração, ainda que seja mais tarde porque teriam de ir a pé…
Mas o que seria necessário perguntar aos impulsionadores das tais greves gerais é se estão contendidos de que, no dia seguinte ao da paragem, tudo aquilo que constitui o desagrado que existe em todos os portugueses – e isso é indiscutível -, a situação difícil que se vive em Portugal muda radicalmente para um mar de felicidade e de problemas resolvidos.
Os Governos – e este não é excepção – cometem erros. Dão prioridades a questões que podem ficar para depois, em que a ordem de actuação não será a mais indicada, até que as exigências que, no nosso caso, são oriundas (ainda que talvez exageradas) de memorandos, como se usa tanta dizer, que impõem o seguimento de regras que, mandadas executar a frio, por gente que não habita no nosso território, castigam excessivamente os portugueses, levando em conta tudo isso a pergunta que se formula neste blogue é se uma greve geral como esta substitui a vida tão difícil por que passamos e nos traz algo parecido com a felicidade.
Dizem os técnicos que o ano que se aproxima ainda trará mais exigências no capítulo das carências de toda a ordem e a retirada dos subsídios do Natal e de férias será apenas uma das várias penitências que se impõem ao nosso povo. É triste, doloroso, muito castigador. Mas terão os responsáveis principais por esta ausência ao trabalho uma medicina técnica que, através da demonstração, faça aparecer todos os benefícios que têm sido e serão retirados aos portugueses? Sim, porque não são somente os chamados trabalhadores (digo assim porque não entendo que se apelide de trabalhadores apenas aqueles que trabalham por conta de outros) que sofrem com esta paragem.
É Portugal inteiro! E se o nosso País já é apontado como sendo de baixa produtividade, ao contemplarem-nos de fora os credores de quem dependemos, a sua preocupação aumentará e se necessitarmos – como vamos precisar – de novos empréstimos, o mais natural é que levantem dificuldades e, por isso, os juros poderão aumentar substancialmente.
Só chamo aqui a atenção dos dois responsáveis principais por esta greve geral: é que as consequências desta atitude poderão atingir também as suas actividades sindicais que lhes dão guarida. E se o que é hoje o seu emprego acabar por ser atingido pela onda de falências que não escolhe as vítimas, então nessa altura já será tarde para pôr os seus neurónios em funcionamento…

Sem comentários:

Enviar um comentário