FALAR E SOBRETUDO ESCREVER sobre os problemas que nos rodeiam, da já enfastiante crise, referirmo-nos ao que ocorre em Portugal quando, por esse mundo fora, são muitos os desentendimentos entre os homens pelas mais variadas razões e, olhando para mais perto, para o Continente em que nos encontramos, não fica margem para nos limitarmos ao que se passa entre portas, proceder assim dá a ideia de um egocentrismo, como se o nosso País fosse a única razão para andarmos preocupados e que no exterior o mudo corre às mil maravilhas.
Passando por alto no que diz respeito aos conflitos que não têm fim na zona do Norte do Mediterrâneo, com a Líbia, a Síria, e a adversidade que não tem solução entre judeus e islamitas, não parando no Afeganistão e noutras zonas em que se nota uma permanente inimizade entre vizinhos, deitamos um olhar para o País que divide connosco a ocupação da Península Ibérica e verificamos que as coisas também não correm tão bem como tanto nós desejaríamos, se bem que a mudança de Governo e de primeiro-ministro em Espanha, em que se contempla a prevista ocupação do lugar por Mariano Rajoy, do PP, que, num confronto com o adversário do PSOE, obteve melhor percentagem de simpatizantes (pelo que deveria o Executivo português ir preparando uma reunião com o mais que certo governante espanhol, para poder ser formada uma aliança firme, com o propósito de surgir nesta ponta da Europa um duo membro da U.E. que se impusesse desde já para que o Continente, tão atarantado para encontrar uma unidade perfeita, pudesse descobrir a verdadeira união que se está a desfazer), pois, tendo em vista todo este panorama pouco há a recomendar quanto a encontrar-se uma mínima consciência do que temos de fazer para que saiamos do beco profundo em que fomos metidos… e já nem vale a pena encontrar causadores, posto que as vítimas nós sabemos perfeitamente quem são!
Com a quebra de natalidade que se verifica neste nosso canto, não sendo um problema de hoje pois já vem desde épocas antigas, ao mesmo tempo que a terceira idade é cada vez mais resistente, visto os avanços tecnológicos da medicina prolongam a vida até ao escalão dos 90 anos, e mais, temos já de fazer as contas ao que vai suceder lá por volta da próxima década e depois, em que o desemprego não para de aumentar assustadoramente, para além de também vir mais tarde a subida da idade da reforma e os postos de trabalho se conservarem mais tempo ocupados, não dando lugar aos novos. Isso, para não referir que também a constante modernização técnica das fábricas e noutras áreas diminuirá substancialmente o recurso à mão-de-obra utilizada, são tudo complementos que obrigarão a que as Nações se vejam na necessidade de alterar completamente os modelos de actuação que hoje vigoram.
Na verdade, por mais que se resista para não se cair no pessimismo que já não há maneira de esconder, o que se nos depara sempre que entendemos dever pensar tranquilamente sobre o que os homens vão enfrentar, nem se tratando de nada que ocorra lá para longe, não se encontra forma de desenhar um futuro risonho e com todos os problemas solucionados. E tudo Isso não ocorrerá somente fora, mas, este nosso País vai defrontar-se com idêntica situação e o que encontrarão os nossos descendentes, quando lhes for dada a ocasião de resolverem os seus próprios problemas, pode-se bem imaginar e de sentir sofrimento por eles.
E, quanto a nós que vivemos este momento, ocorre-me recorrer só a um exemplo que surge a talho de foice: em épocas que nós, em que não nos vinha sequer à ideia a possibilidade de adquirirmos a crédito residências na hora dos casamentos, sendo por isso o habitual alugá-las, de uma forma geral servíamo-nos dos anúncios nos jornais ou procurávamos, em passeios domingueiros, vislumbrar nas janelas dos prédios os avisos que indicavam existir espaço livre e tendo em vista o que se considerava ser o ideal, por estar perto do local do trabalho ou dos estudos e não se afastar muito do resto da família. E lá aparecia o lar que acolhia os novos casais e o seu custo harmonizava-se com os salários que se auferiam, ficando-se morador por largos anos ou se, entretanto a família aumentava, a mudança era fácil para local mais amplo.
Até que tudo deu uma volta e chegou a época da compra de casa e, com os empréstimos bancários que eram oferecido e se mostravam muito fáceis, ainda que fizessem com que se prolongassem por muitos anos, até 50, a duração das prestações. Pois é, mas o que é um mar de rosas numa altura não se mantém por toda a vida e foi aí que o monstro da crise fez das suas. E ei-la a fazer com que as finanças e as economias de muitos pontos do mundo e, naturalmente, também por cá, produzissem um abanão estrondoso que transformou o que era fácil e natural antes numa chuva de impossibilidades depois e os desempregados viram e vêem as suas fontes de receita acabarem, os bancos, também esses, a sofrer a falta de capital tendo tudo ocasionado que o que era fácil antes passasse a ser mesmo impossível, e as falências de todos os géneros, nas empresas e nas famílias, deu origem aos não pagamentos das prestações das casas e, por via disso, a tomada de posse dos credores do que se encontrava a penhorar a dívida.
Hoje, por toda a parte, se contemplam os avisos de “Vende-se”, e, por esse motivo, a deslocação dos habitantes nos referidos andares para passarem a alugar o que, entretanto, apareceu com essas características, constituiu uma nova modalidade, mas com uma diferença: é que os preços de antigamente não têm nada a ver com os de agora e, sem possibilidades de suportar a carestia criou-se um verdadeiro alarme que não é resolvido sem o recurso a malabarismos familiares, pois que só raramente são conseguidos.
Não quero adiantar mais a este panorama terrífico. Não sou capaz de descrever o quadro que conheço como ele é. Deixai-me sair nesta altura, mas, antes, depois de ter ouvido ontem o discurso de Passos Coelho, na presença do presidente da Comunidade Europeia, em Lisboa, em que deixou a marca que tem constituído, neste blogue uma insistência que, sob a minha óptica, poderia constituir um passos importante do nosso País, em que se referiu à dificuldade que tem existido de as nações europeias darem as mãos e os braços para caminharem para uma solução para todos, pois esta afirmação é uma nota de optimismo que aqui sublinho. Para não ser sempre pessimista!
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