domingo, 26 de fevereiro de 2012

IMPEDIMENTOS, ÀS VEZES DÃO JEITO

A SITUAÇÃO CRIADA A CAVACO, com a necessidade de voltar para trás, direito a Belém, quando a polícia tomou conhecimento da espera que estava a ser preparada na altura em que o Presidente da República se dirigia à escola António Arroio, para inaugurar uma melhoria feita naquele estabelecimento escolar (mas pelos vistos, considerada insuficiente), essa precaução para não ser melindrado por cerca de 500 alunos que se colocaram à porta, podendo suceder muita coisa, para além dos cartazes insultuosos que já ali se encontravam, e da suspeita de irem ser atirados ovos contra a figura do Presidente, foi a razão que levou os “protectores” a não aconselhar a continuação da viagem do carro presidencial, tendo sido uma marcha-atrás o que ocorreu, evidentemente com a permissão do Chefe de Estado. E como se estava em pleno Carnaval, pior ainda poderia ser a espera que estava preparada para receber o visitante com o mínimo de salvaguarda das desagradáveis consequências.
Até aqui, tudo parece ter sido uma medida de precaução que não tem de ser considerada como uma atitude não corajosa, pois que, goste-se ou não da figura do principal elemento da escala oficial de Portugal, não poderá ser nunca um festival de má educação aquilo que fará o Presidente sujeitar-se a insultos que, por serem de elementos a gritar em plena rua, se têm de considerar como um acto de liberdade. Muito longe disso.
Liberdade, democracia, relativa concordância com as opiniões dos cidadãos que fazem parte do conjunto de portugueses, neste caso estudantes de uma escola que ia ser visitada, por se tratar de uma manifestação pública que poderá ser transmitida para a comunicação externa, essa atitude só serve, a dar-se, para colocar toda a opinião pública fora de portas a comentar o facto e a comprovar que o ambiente interno do nosso País não se situa na zona da concordância e do bom viver dos portugueses. Não é, independentemente do que se pensar de Cavaco Silva, uma situação que nos deixe bem situados na fotografia dos comentários externos à nossa posição como defensores do respeito pelas opiniões, a favor ou contra, que devem ser sempre manifestadas, mas com total respeito pelos outros, por muito distantes que estejam do nosso gosto.
O que tem de causar até um certo desconsolo, foi a atitude de Cavaco Silva, quando depois da retirada atrás descrita, numa viagem ao Norte, se ter mostrado surpreendido ao tomar conhecimento, naquela altura, da taxa de desemprego de 14% da população activa e 35% dos jovens registados no último trimestre de 2011, como se até então não constituísse um número bem conhecido dos portugueses daqueles que não andam distraídos com os acontecimentos nacionais, pelo que essa demonstração de ignorância não se pode esperar de alguém que se senta no alto da escadaria do poder.
E, igualmente, o desabafo que teve como resposta às perguntas dos jornalistas de um comentário no que dizia respeito a essa aparente fuga da espera dos alunos, em que iludiu a resposta com uma conversa sobre a sua experiência à frente do Governo e agora em Belém, em que os resultados obtidos comprovam a preferência dos portugueses pela sua presença, essa espécie de desculpa não tinha que ser aplicada, pois que não lhe ficava mal ter afirmado que não era a sua pessoa que estava em causa, mas sim o lugar de Supremo Magistrado da Nação, cuja imagem lhe competia proteger de atitudes de multidões que não têm uma personagem que responda pelas atitudes das massas completamente irresponsáveis que se protegem entre os participantes e sem existir quem responda pelas suas acções quase sempre destruidoras.
Não sou eu que tomo posição defensora da liderança política de Cavaco Silva, mas estando essa personagem a exercer as funções máximas da hierarquia nacional, o que compete a cada cidadão responsável é proteger a sua imagem e não deixando que ela seja ofendida pelas turbas de cidadãos que se deixam envolver pelas fúrias que são fáceis de incendiar, mas difíceis de chamar à razão e de não entrarem pelas vias da destruição, como se costuma assistir em muitos locais onde isso se passa.
Se não gostamos de ser comparados à Grécia, então não sigamos as manifestações destruidoras que por lá ocorrem.

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