terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

DESCENDENTES

JÁ NÃO SE ESCONDE a situação preocupante da pouca natalidade que se verifica, por sinal há bastante tempo, na parte portuguesa dos habitantes neste nosso País. Por outro lado, o aumento de anos de vida que, por via de bastantes cuidados médicos modernos, se verifica na parte dos idosos, esse desequilíbrio faz com que, a olhos vistos, quem anda pelas nossas ruas, especialmente de Lisboa, depare com uma quantidade assinalável da chamada terceira idade e a criançada é, ao contrário, a menor percentagem que se desloca sobretudo pelos bairros que, tempos atrás, contribuía para compensar os que se arrastam agarrados a bengalas.
E então na província, no interior de Portugal, o abandono das vilas e aldeias, com um grande número de casas vazias e a raridade de jovens que, logo que tiveram oportunidade, fugiram para a beira-mar ou até terão emigrado para o estrangeiro, esse panorama é verdadeiramente aflitivo, retirando-nos a possibilidade de enfrentar a luta que tanto se necessita e que consiste na entrega eficaz à produção, por forma a podermos desenvolver as exportações, ao mesmo tempo que o desemprego, que muito aflige as famílias, poderá assistir a uma baixa significativa desse número em que nos encontramos agora superior a um milhão de gente de braços caídos.
Como os sustos não raras vezes ocasionam que, quando damos de caras com as situações de perigo, só então é que deitamos as mãos a uma tarefa, pode muito bem ser que este enorme desequilíbrio entre novos e velhos faça com que se desperte de um quadro que, neste caso, já está a atingir um ponto de que não é fácil nem rápido sair dele. Eu, no meu caso, não me encontrando já na idade da participação na causa de deixar muitos filhos entregues à sua sorte, pelo menos não deixo de lançar o alerta que poderá entusiasmar os potenciais pais ao ponto de assumirem essa responsabilidade.
Sim, porque numa situação económica e financeira que se atravessa em Portugal, lançar ao mundo descendentes impõe ter a cabeça bem assente nos ombros e fazer as contas dos custos que isso ocasiona, para não falar já na responsabilidade de criar novos entes que irão assumir as dívidas volumosas que os governantes que passaram pelo poder, vários que lutaram pelos lugares de comando e que não cuidaram de não gastar mais do que aquilo que um País como o nosso pode suportar, só porque a vida deles é que constituía a principal preocupação e quem viesse atrás que fechasse a porta… e apagasse a luz.
Submarinos, auto-estradas não necessárias nem urgentes, estudos de aeroportos sem se saber sequer onde se situariam, e todos os desperdícios que encheram de orgulhos os mandões dos Executivos onde se situavam, foi isso que obrigou, nas fases seguintes, a que se tivesse de recorrer a dívidas de muitos milhares de milhões de euros que, nas épocas, foram até recomendadas por todos os estabelecimentos de crédito que, por terem essa tarefa como objectivo das suas funções, obviamente porque ocasionavam grandes lucros com os juros que foram exigidos, abriram as portas aos governantes ingénuos.
E é isso que se tem de enfrentar com todo o sentido de responsabilidade que as situações difíceis impõem. É que, daqui a uns tantos anos, ao fazer-se o inventário da população portuguesa, verificar-se-á que cidadãos naturais de Portugal, com características de pele e de costumes bem nacionais, serão até ultrapassados por descendentes de imigrantes de diversas origens e de comportamentos relacionados com a sua cor de pele, não podendo ser considerados como portugueses de cepa, com as características que têm vindo a ser bem vinculadas no que se pode chamar de gente lusitana.
Será grave esta situação? Provavelmente não, até porque o desvio de maneira de ser original talvez traga alguma melhoria de comportamento. Quem sabe? Mas que tenhamos consciência do que se passa e do que virá a acontecer, isso será também importante.

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