quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

QUEM NOS PODE VALER?

NÃO TERÁ SIDO CERTAMENTE o Carnaval que influenciou os mentores da Europa a concederem o auxílio que a Grécia solicitava, com uma novo e grande volume de euros, mais de 130 mil milhões, para ver se consegue manter-se integrada no conjunto de países que, cada um com o seu problema, se vai sustentando e olhando sempre para o lado, pois que, para além de Portugal, outras nações se encontram na luta para conservar a sua subsistência e as aparências indicam que, mais dia menos dia, outro pedinte saltará à cena de mão estendida, sendo ou não piegas mas a demonstrar que, sem uma ajuda, não conseguirá atingir a meta.
Seja como for, o que há que assinalar é que esta etapa que alguma ansiedade provocou e um certo pavor aos que ainda acreditam no Continente que tem enorme dificuldade de mostrar aos outros que pretende ser exemplar, mesmo até ao último minuto foi criando o “suspense”, fazendo temer que a Grécia estava de partida do grupo dos 27 e o seu euro seria deixado de lado, com todos os perigos que isso representaria.
E Portugal, que se encontra na fila dos que estão sujeitos a múltiplas intervenções oriundas de fora e que, precisamente nesta altura, tem a presença dos membros da tal Troyka a controlar o seu comportamento no que diz respeito ao cumprimento das obrigações que lhe são impostas, e de como se comportará no tempo que se apresenta pela frente, sabendo-se que vários milhares de milhões da moeda comunitária terão de tentar ajudar a equilibrar a nossa situação interna, esses membros da fiscalização a que estamos sujeitos, estranhando certamente que o período carnavalesco, afinal foi de certa maneira gozado, não obstante a decisão governamental de não ser cumprida essa data sem trabalhar, assistiram à  desobediência, com o conluio de várias instituições públicas, há que dizê-lo, também porque Passos Coelho não soube fazer bem o estudo dos prós e dos contras de tal decisão, sobretudo no que diz respeito ao período de tempo necessário para terem sido tomadas as medidas com a necessária antecedência, com todos estes elementos anotados como ficará o nosso País na fotografia dos observadores?
É que, no meio de todas as fantasias carnavalescas que ocorrem nos quatro dias que constituem o período da “farra”, analisando o que se passa por cá há que chegar à conclusão de que o nosso País anda perseguido pela má sorte, não bastando a ausência da tão preciosa chuva que está a causar um prejuízo muito volumoso no sector agrícola e na criação de animais de consumo, na área dos assaltos, roubos e malfeitorias de todas as espécies, as notícias são pródigas em assinalar sucessivas consequências – esperemos que seja só por isso – da situação de debilidade em que se encontra uma grande parte da população, tendo o Algarve como principal zona onde tal mal se verifica, para mais com a participação de gente estrangeira, sabendo-se que a falta de policiamento, também resultado da debilidade económica do Estado, que não pode, dizem, aumentar os efectivos, o que dá uma péssima imagem de Portugal lá fora, com prejuízo no sector do turismo que evitará escolher o nosso destino para gozar – isso, sim, que temos – o bom sol de que desfrutamos… para mal dos pecados da agricultura.
A propósito de falta de dinheiro no sector público (até dá vontade de rir e vindo a calhar com o Carnaval), a notícia chegada a lume de que o ex-ministro da Defesa, Augusto Santos Silva, gozou do privilégio de utilizar um cartão de crédito que lhe permitia efectuar despesas no montante de 10.000 euros mensais, para além de vários membros do seu gabinete que também beneficiavam de tal oferta, utilizando os seus cartões de crédito que, na totalidade de utilizadores, obrigava o Estado a um gasto de 60 mil euros por mês.
Tendo em vista que o Banco de Portugal deu a conhecer que o Estado português, as empresas e os cidadãos portugueses, com excepção do sector financeiro, devem 715 mil milhões de euros (dos quais 304 mil milhões dizem respeito ao sector privado), o que corresponde a 418% do PIB, significando isto que seria necessário reunir toda a riqueza nacional resultante da produção de quatro anos para se conseguir liquidar todas as dívidas contraídas pelo País até 31 de Dezembro de 2011.
Haverá troyka que nos valha para sairmos desta triste situação? Isso quando a própria banca nacional se encontra numa profunda crise de spreads, o que faz com que essas instituições já estejam a cobrar 7% do risco do crédito enquanto as dívidas mal paradas já atingiram um volume assustador.
Por agora parece-me que já chega de notícias carnavalescas que substituem os antigos saquinhos de areia que se atiravam, por vezes com excessiva força, à cabeça dos foliões. Esses deixavam altos no cima das cabeças, mas passavam dias depois. As dívidas vão ser para muitos anos a tentar curar as feridas…

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