sábado, 18 de fevereiro de 2012

DESCULPA OH CAETANO...

JÁ ME TENHO POSTO A PENSAR, várias vezes, sobre a forma como me comportaria se me encontrasse perante o dilema de ter de solucionar problemas que se apresentam ao nosso País, dependendo de mim e do grupo que me envolvia enfrentar as situações encontradas e que não afrontassem excessivamente as opiniões das oposições e das forças que sempre surgem a criticar, mais ou menos de forma severa, a prática de uma resolução tomada.
É público e notório que, por exemplo na Assembleia da República, aí se põem em claro os ataques, mesmo violentos, que os partidos ali representados e que não fazem parte do grupo governativo, entendem dever fazer, servindo os seus propósitos políticos e chamando à discussão temas que servem para demonstrar a ineficácia do Poder executivo e que, não raras vezes, até obtêm a concordância de uma boa parte da população.
O caso da tomada de posição de não ser concedida este ano a dispensa de ponto no sector oficial, isto no que se refere ao Dia de Carnaval que se aproxima, tendo sido anunciada poucos dias antes do acontecimento que vem registado nos calendários, tal atitude que mereceu a discordância de quase todo o País, especialmente das muitas cidades e dos respectivos municípios que se insurgiram pelo facto das despesas com os respectivos festivais já terem sido feitas e da falta de entrada de dinheiro que a acção turística recorrente sempre proporciona, em vista disso o que se verifica é uma desobediência total ao que o primeiro-ministro determinou, numa demonstração inegável de que o povo tem mais poder do que aquele que se pode imaginar. E quem saiu mal na fotografia foi Pedro Passos Coelho, que nem terá coragem para voltar a tocar no assunto.
Esta situação leva-me a admitir que, ao contrário do que se passa, não só com o presente Executivo mas também com os anteriores que, de uma forma geral, falam mais e mal do que é necessário, não obstante ser fundamental dar explicações aos portugueses, tanto sobre o que se pretende fazer como no que diz respeito ao que já se fez, mas nisso deve-se também utilizar uma linguagem clara e simples, fugindo de ter a pretensão de ser considerado um intelectual de alto gabarito que usa palavras rebuscadas do dicionário clássicos de português que, por não serem compreendidas pela maioria da população a quem se destinam, logo são completamente providas de utilidade.
A propósito incluo também neste grupo de oradores pouco acessíveis, o próprio Cavaco Silva que, cada vez que saca das folhas escritas antes, provavelmente por algum dos seus assessores, logo aparecem as tais expressões que deixam cheios de dúvidas os normais cidadãos, que ficam a interrogar-se sobre o significado daquilo que foi dito pelo Presidente da República. Ainda na última passagem do Presidente para se referir ao problema de Portugal de não poder contar com muitos nascimentos de crianças, referiu-se ao problema chamando-lhe “baixa natalidade demográfica”, o que, para muita gente pouco identificada com palavras da nossa língua, não terá suscitado grande compreensão, quando era importante que o problema fosse inteiramente entendido.
O exemplo que deu, nas mesmas funções, Mário Soares, que tem o mérito da clareza de expressões e da simplicidade do seu aspecto, mesmo não sendo necessário estar-se de acordo com o que é dito e feito, pelo menos não ficam dúvidas quanto ao que constituiu a intervenção oral do referido político.
Pois é exactamente isso que tento deixar expresso neste blogue. Não tornar difícil o que, usada com modéstia, se transforma numa maneira de comunicar que atinge os objectivos que se desejam alcançar e que é a língua portuguesa.
Da mesma maneira, por muito difícil que se encontrem as saídas que, nesta altura, Portugal pretende encontrar, por isso mesmo só com bem estudadas as eventuais soluções que, depois de discutidas com quem tenha mesmo pontos de vista diferentes, analisadas as consequências que possam resultar das actuações, só depois disso e com relativa cautela é que deverão ser anunciadas e postas em execução. Nunca de ânimo leve e sem deixar de dar as devidas explicações públicas, mesmo que fiquem sujeitas aos comentários adversos que surjam depois.
E, a propósito, são tantos os temas a que o Executivo actual podia deitar a mão, que nem cabe num espaço deste blogue de um dia expô-los todos. Daqui deixo um pequeno exemplo, mas de grande significado no capítulo da atenção que os governantes podem dar à sua actuação. Surgiu hoje a notícia na televisão de que os Bombeiros Voluntários de Marvão vão abastecer de combustíveis as suas viaturas, ao lado, a Espanha, dada a diferença de preço que se verifica em comparação com o que se gasta em Portugal. Então não seria uma medida que demonstrava o cuidado que está permanente nos homens do Poder, se tomassem as medidas para que, num posto gasolineiro da terra, fossem aplicadas as mesmas tarifas, para que não se passasse pela vergonha de até uma instituição nacional dos bombeiros ter de ir bater à porta do lado para se abastecer do que é fundamental? Alguém criticaria essa medida?
É que, emendar o que não resulta, fazendo-o a tempo e com as devidas desculpas pelo engano que é próprio do homem, pois o que vale também são as intenções ainda que essas nem sempre sejam as melhores, essa atitude dá força e confiança a quem demonstra tal franqueza e retira às eventuais críticas da parte daqueles que andam sempre à espreita, pelo menos a importância que lhes seja dada.
Só que isso não se verifica nunca, nas acções dos políticos portugueses que andam por aí…



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