domingo, 5 de fevereiro de 2012

SEM RAZÕES DE QUEIXA

ISTO DE NOS ENCONTRARMOS MAIS PESSIMISTAS uns dias do que outros depende muito da maneira como despertamos cada manhã e do pesadelo de termos a funcionar melhor ou pior a nossa cabeça. Pelo menos, comigo passa-se isso. E não tenho maneira de comandar a orientação que dou aos meus pensamentos. E também as notícias que nos chegam às mãos concorrem para nos conservarmos, mais ou menos, numa das duas direcções.
Como me encontro hoje? Pois, bem contrariado, não posso deixar de suportar no meu íntimo uma revolta que deriva da comunicação chegada pelos jornais de que uns tantos compatriotas não conseguiram esconder as regalias de que usufruem, obtendo salários e reformas – as duas juntas ou só uma delas – que não podem deixar de constituir ofensas a todos os outros nacionais, a maioria, que luta com excessivas dificuldades para poder o que se chama ainda de viver, com um mínimo de decência e de satisfação.
Cada vez são mais os casos que, sucessivamente, são tornados públicos, surgindo nomes e fotografias dos próprios que, imagino eu, ficarão bastante incomodados por se tornarem mediáticos através dessas notícias que eles próprios bem gostariam de manter escondidas dos comentários que têm de provocar. Pois também eu, neste blogue que só é lido por quem vê algum interesse em conhecer as minhas opiniões, não perco a oportunidade para dar alguma publicidade a situações que pertencem à categoria de nos tornarmos cada vez mais pessimistas em relação ao futuro de Portugal.
Começo por um nome que, aparecendo periodicamente nos écrans das televisões, por sinal na época de Sócrates como primeiro-ministro, sempre dava ares de defender a política seguida pelo homem que tanto contribuiu para o estado calamitoso de dívidas. Chama-se ele Emídio Rangel.
O próprio esclareceu que, por se ter aposentado em 2003 como director-geral da RTP, e ter auferido também um bom salário que, com idêntico lugar na SIC, atingiu 50 mil euros por mês, e que a sua reforma é consequência de ter descontado ao longo de 40 anos, algum desse tempo proveniente da sua actividade em Angola, sendo assim, a sua reforma foi calculada em face da média dos 10 melhores salários nos últimos 15 anos de actividade laboral.
Afinal, a lista de reformados felizes, de uma lista extraída de 5770 indivíduos que auferem pensões acima dos 4 mil euros mensais, e que, cada um, com a sua razão, consegue justificar as contas que foram feitas nas respectivas alturas em que se retiraram das funções laborais, e que são de fazer inveja, são figuras conhecidas, e tais situações já são tão públicas como a identidade dos próprios. Uma dessas reformas é alcançada por um homem que tem sido muito falado ultimamente, pela sua actuação como interveniente nas conversações havidas entre o Governo e a Troyka. Trata-se de Eduardo Catroga, cujo valor que mete ao bolso toso meses é de 9.600 euros. Nada mau!...
Mas também Jaime Gama, meu antigo colega quando ele começou no jornal “República” e que atingiu, por mérito próprio, as funções de presidente da Assembleia da República, encontra-se a receber a bagatela de 4.806 euros.
Valerá a pena referir por aí adiante os muitos outros casos que, a pouco e pouco, vão sendo relatados na comunicação social? Eu julgo que não. Ao menos que haja alguns no nosso País que não tenham nada a dizer da situação em que se encontram, mesmo que sejam poucos ao lado dos milhões de nacionais que andam por aí a arrepelar-se para conseguirem gerir as suas existências e a das famílias.

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